ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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vezes, è preciso po<strong>de</strong>rmos <strong>de</strong>screver e re<strong>de</strong>screver a mesma ação<br />
muitas vezes, para conferir à ação um lugar num mo<strong>de</strong>lo explicativo.<br />
Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, <strong>de</strong>screver e re<strong>de</strong>screver os eventos faz sentido<br />
somente se assumimos que exist<strong>em</strong> entida<strong>de</strong>s para ser <strong>de</strong>scritas e<br />
re<strong>de</strong>scritas. Estas entida<strong>de</strong>s são eventos particulares (IDEM, 1969, p.<br />
165).<br />
Por ex<strong>em</strong>plo, para explicar a ação intencional <strong>de</strong> Pedro <strong>de</strong>scrita<br />
como “Pedro queimou um documento importante”, po<strong>de</strong>mos ter que<br />
recorrer a várias re<strong>de</strong>scrições do mesmo evento, como “Pedro queimou<br />
uma folha <strong>de</strong> papel”, e “Pedro queimou a folha <strong>de</strong> papel pois não sabia<br />
que era um documento importante” (IBID.). Em geral, toda vez que<br />
tentamos explicar o porque <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado evento, como “a<br />
catástrofe que aconteceu ont<strong>em</strong> na ilha”, precisamos re<strong>de</strong>screvê-lo. Por<br />
ex<strong>em</strong>plo, po<strong>de</strong>ríamos re<strong>de</strong>screvê-lo como “o mar<strong>em</strong>oto que tirou a ilha<br />
do mapa”. Po<strong>de</strong>mos ainda re<strong>de</strong>screver este evento, por ex<strong>em</strong>plo, como<br />
“um terr<strong>em</strong>oto submarino cujo epicentro tinha uma <strong>de</strong>terminada<br />
distância da ilha”. Para tentar refinar a nossa explicação, po<strong>de</strong>riamos<br />
continuar ulteriormente com as nossas re<strong>de</strong>scrições do mesmo evento,<br />
utilizando um vocabulário s<strong>em</strong>pre mais preciso, até o ponto <strong>de</strong><br />
conseguir explicar porque o mar<strong>em</strong>oto aconteceu naquele dia, naquela<br />
área, etc. Po<strong>de</strong>ríamos também <strong>de</strong>screver a causa do mar<strong>em</strong>oto,<br />
tentando proce<strong>de</strong>r no nosso trabalho explicativo, refinando-o<br />
ulteriormente, pensando que, mesmo que não as conhec<strong>em</strong>os, <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />
existir <strong>de</strong>scrições do mar<strong>em</strong>oto e da sua causa que po<strong>de</strong>m constituir<br />
instâncias <strong>de</strong> uma lei causal verda<strong>de</strong>ira (IBID.).<br />
O ponto central <strong>de</strong>sta discussão é o <strong>de</strong> que as explicações, as<br />
<strong>de</strong>scrições, e as re<strong>de</strong>scrições pressupõ<strong>em</strong> a existência <strong>de</strong> eventos<br />
particulares que possam ser explicados e <strong>de</strong>scritos. Porém, a afirmação<br />
<strong>de</strong> que há eventos particulares não po<strong>de</strong> ser feita s<strong>em</strong> analisar como<br />
vamos individuar estas entida<strong>de</strong>s. Para po<strong>de</strong>rmos falar <strong>de</strong> eventos<br />
como entida<strong>de</strong>s particulares, é preciso saber quais seriam as condições<br />
para sua individuação, ou para sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />
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