ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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como nomes, <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong>finidas, pronomes <strong>de</strong>monstrativos, <strong>em</strong> geral<br />
expressões que se refer<strong>em</strong> a uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada (IBID., p. 164).<br />
Por ex<strong>em</strong>plo, “O passeio que Mario <strong>de</strong>u ont<strong>em</strong>” é um termo singular que<br />
utilizamos na nossa linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> todos os dias, e que referencia um<br />
evento particular. Ainda, “A erupção do Vesúvio <strong>em</strong> 1906 d.C.”, “A<br />
vitória do Brasil na final da Copa do Mundo <strong>de</strong> Futebol <strong>em</strong> 1958”, “O<br />
furacão Katrina”, “Este aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> carro”, são termos singulares. É<br />
possível, assim, construir enunciados [stat<strong>em</strong>ents] <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ao<br />
redor <strong>de</strong> eventos individuais, como, por ex<strong>em</strong>plo: “A morte <strong>de</strong> Scott = a<br />
morte do autor <strong>de</strong> Waverley”, ou “A erupção do Vesúvio <strong>em</strong> 79 d.C. = a<br />
causa da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Pompéia” (IDEM, 1970b, p. 210).<br />
Segundo Davidson, uma razão da exigência <strong>de</strong> uma ontologia <strong>de</strong><br />
eventos como entida<strong>de</strong>s particulares é a <strong>de</strong> que a teoria da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
entre mente e corpo requer a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados eventos<br />
mentais com <strong>de</strong>terminados eventos fisiológicos: ou seja, a i<strong>de</strong>ntificação<br />
<strong>de</strong> eventos como individuais. Esta exigência ontológica, afirma<br />
Davidson, po<strong>de</strong> ser referenciada pelo l<strong>em</strong>a: “não há i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> s<strong>em</strong><br />
entida<strong>de</strong>” (IDEM, 1969, p. 164).<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po não é possível, para Davidson, nenhuma<br />
afirmação ou negação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> s<strong>em</strong> a existência dos termos<br />
singulares que aparec<strong>em</strong> na relação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (IBID.). Qualquer<br />
enunciado <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre eventos particulares não po<strong>de</strong> prescindir<br />
do uso dos termos particulares para r<strong>em</strong>eter a estes eventos. Para<br />
referir-se a esta segunda exigência, <strong>de</strong>sta vez não <strong>de</strong> caráter ontológico<br />
mas lingüístico, Davidson utiliza o l<strong>em</strong>a: “não há enunciado <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> s<strong>em</strong> termos singulares” (IBID.).<br />
Há uma outra razão, que Davidson consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> primária<br />
importância, para precisarmos r<strong>em</strong>eter a uma ontologia <strong>de</strong> eventos<br />
particulares, e é a <strong>de</strong> que somente utilizando uma tal ontologia é<br />
possível construir uma teoria da ação intencional. Neste sentido, a<br />
importância dos termos singulares na teoria <strong>de</strong> Davidson é <strong>de</strong>vida<br />
principalmente ao fato <strong>de</strong> que as entida<strong>de</strong>s às quais eles r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> são<br />
el<strong>em</strong>entos dos enunciados que utilizamos na explicação da ação<br />
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