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ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

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O que significa, então, dizer que um evento è mental, ou que um<br />

evento é físico? Davidson respon<strong>de</strong> dizendo que, grosso modo, um<br />

evento é mental se e somente se possui uma <strong>de</strong>scrição mental, e é<br />

físico se e somente se po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito segundo o vocabulário físico<br />

(IDEM, 1970b, p. 210).<br />

O que caracteriza fundamentalmente um evento mental não é ser<br />

privado, subjetivo, ou imaterial, mas é, simplesmente, possuir uma<br />

<strong>de</strong>scrição no vocabulário mental, uma <strong>de</strong>scrição que contém pelo<br />

menos um verbo mental, como “crer”, “<strong>de</strong>sejar”, “esperar”, etc. Um<br />

evento ou estado mental, para Davidson, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito por meio <strong>de</strong><br />

um relato <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> proposicional, e é “intencional” num sentido próximo<br />

ao que Brentano 13 dava a este termo (IBID., p. 211).<br />

Um critério mais preciso para a individuação <strong>de</strong> um evento mental é<br />

enunciado por Davidson nos termos seguintes: individuamos um evento<br />

mental se e somente se é possível encontrar uma <strong>de</strong>scrição no<br />

vocabulário mental que é verda<strong>de</strong>ira somente para aquele evento. Um<br />

evento mental “x” é individuado univocamente se há uma <strong>de</strong>scrição<br />

mental que é verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> “x” e somente <strong>de</strong> “x” (IBID.).<br />

Os conteúdos mentais, segundo Davidson, são referencialmente<br />

opacos, não gozam da extensionalida<strong>de</strong>, pois os verbos mentais são<br />

completados por frases subordinadas <strong>em</strong> que as normais regras da<br />

substituição parec<strong>em</strong> falhar (IBID., p. 210). Neste sentido, “…po<strong>de</strong>mos<br />

saber que um evento é a morte <strong>de</strong> Scott s<strong>em</strong> saber que é a morte do<br />

autor <strong>de</strong> Waverley” (IDEM, 1969, p.177). Isto é, a extensão do termo “Sir<br />

Walter Scott” coinci<strong>de</strong> com a extensão do termo “O autor <strong>de</strong> Waverley”,<br />

pois ambos os termos se aplicam a um e ao mesmo indivíduo, a pessoa<br />

<strong>de</strong> Sir Walter Scott. Porém, a verda<strong>de</strong> da frase “Paulo crê que Sir Walter<br />

Scott é um gran<strong>de</strong> escritor” não implica a verda<strong>de</strong> da frase “Paulo crê<br />

que o autor <strong>de</strong> Waverley é um gran<strong>de</strong> escritor”, pois Paulo po<strong>de</strong> não<br />

saber que Sir Walter Scott é a mesma pessoa que escreveu Waverley.<br />

A opacida<strong>de</strong> referencial è a fonte <strong>de</strong> uma ulterior dificulda<strong>de</strong> na análise<br />

13 Franz Brentano <strong>de</strong>screve a intencionalida<strong>de</strong> afirmando que todo fenômeno psíquico<br />

é caracterizado pela referência a um conteúdo e a direção para um objeto, que não<br />

<strong>de</strong>ve ser entendido como efetivamente existente. No amor algo é amado, no ódio algo<br />

é odiado, no <strong>de</strong>sejo algo é <strong>de</strong>sejado, etc. (cf. BRENTANO, 1997, p. 154-155).<br />

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