ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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através <strong>de</strong> relatos <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s proposicionais que inclu<strong>em</strong> verbos como<br />
crer, esperar, saber, <strong>de</strong>sejar, perceber, etc. Estas formas verbais são<br />
chamadas por Davidson <strong>de</strong> verbos mentais ou psicológicos, verbos que<br />
se encontram <strong>em</strong> frases cujos sujeitos se refer<strong>em</strong> a pessoas, e que<br />
expressam atitu<strong>de</strong>s proposicionais como “crer que”, “enten<strong>de</strong>r que”,<br />
“<strong>de</strong>sejar que”, “esperar que”, “saber que”, “perceber que”, “dar-se conta<br />
<strong>de</strong> que”, “l<strong>em</strong>brar que” (IDEM, 1970b, p. 210). São ex<strong>em</strong>plo disso: “notar<br />
que é hora <strong>de</strong> almoçar”, “ver que o vento está mudando”, “l<strong>em</strong>brar o<br />
nome da Camboja” (IDEM, 1994 p. 231).<br />
Os eventos como particulares não são somente mudanças, como<br />
também estados. Neste sentido, os estados mentais são eventos. Para<br />
Davidson, os estados, os processos e os atributos mentais são eventos<br />
individuais (IDEM, 1970b, p. 210). Neste aspecto, os eventos mentais<br />
são similares a muitos outros gêneros <strong>de</strong> eventos (IDEM, 1969, p. 176):<br />
um evento mental, por ex<strong>em</strong>plo, é análogo a um objeto material, como<br />
uma pedra ou uma caneta, por ser não repetível e por ser capaz <strong>de</strong><br />
suportar muitas <strong>de</strong>scrições diferentes. Porém, as <strong>de</strong>scrições dos<br />
eventos mentais possu<strong>em</strong>, contrariamente às <strong>de</strong>scrições dos objetos<br />
físicos, um conteúdo intencional e s<strong>em</strong>ântico.<br />
O monismo do mental <strong>de</strong> Davidson não <strong>de</strong>ve ser entendido no<br />
sentido <strong>de</strong> que o mental, ou o físico, seriam categorias ontológicas. O<br />
mental e o físico não são substâncias, mas dois modos <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver<br />
eventos particulares. Davidson não confere dignida<strong>de</strong> metafísica às<br />
coisas ou aos objetos materiais. O que caracteriza a ontologia <strong>de</strong><br />
Davidson é a particularida<strong>de</strong> dos eventos, e não sua materialida<strong>de</strong> ou<br />
não materialida<strong>de</strong>. Os eventos, como particulares, não são<br />
necessariamente materiais, mesmo que haja a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>screvê-los <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas formas, por ex<strong>em</strong>plo, como eventos<br />
físicos ou mentais (IDEM, 1970b, p. 210). O mesmo evento po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>scrito como físico e como mental, assim como o mesmo objeto po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>scrito como uma gravata e como um presente <strong>de</strong> Natal. Neste<br />
sentido, dizer que os eventos mentais são físicos, não é dizer que eles<br />
são não-mentais (IDEM, 1994, p. 231).<br />
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