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ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

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2.1 A ONTOLOGIA MÍNIMA DE DAVIDSON<br />

Seria impossível compreen<strong>de</strong>r o conceito <strong>de</strong> mental <strong>em</strong> Davidson s<strong>em</strong><br />

levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que, na sua ontologia, os eventos são individuais<br />

(cf. DAVIDSON, 1969, p. 165): Davidson está comprometido com uma<br />

ontologia mínima, uma ontologia <strong>de</strong> eventos particulares, ou “concrete<br />

individuals” (IDEM, 1970a, p. 181), individuais concretos: tudo o que<br />

existe, <strong>em</strong> seu universo, são eventos particulares. Um evento é, para<br />

Davidson, um particular não repetível e colocado no t<strong>em</strong>po (IDEM,<br />

1967a, p. 137; IDEM, 1970a, p. 181; IDEM, 1970b, p. 209), isto é, uma<br />

entida<strong>de</strong> individual localizável no t<strong>em</strong>po e no espaço através <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nadas espaço-t<strong>em</strong>porais, como a efetuação do Campeonato<br />

Mundial <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong> 1958 na Suécia, como a erupção do Vesúvio <strong>em</strong><br />

79 <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Cristo, como o nascimento ou a morte <strong>de</strong> uma pessoa<br />

(IDEM, 1970b, p. 209-210), ou como a proferência [utterance] histórica<br />

das palavras “O senhor Livingston, eu suponho”.<br />

Esta alegação, ontológica e metafísica, <strong>de</strong> que há eventos, ocupa<br />

um lugar central na especulação <strong>de</strong> Davidson: s<strong>em</strong> ela, segundo<br />

Davidson, os nossos discursos comuns seriam incompreensíveis (IDEM,<br />

1967b, p. 162). Mesmo <strong>em</strong> nosso discurso cotidiano, nos referimos<br />

constant<strong>em</strong>ente a eventos particulares (IDEM, 1969, p. 166).<br />

Os eventos po<strong>de</strong>m ter, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições físicas, efetuadas nos<br />

termos do vocabulário da ciência física, outras <strong>de</strong>scrições que são<br />

igualmente legitimas do ponto <strong>de</strong> vista epist<strong>em</strong>ológico. São, estas,<br />

<strong>de</strong>scrições que utilizam o vocabulário mental, ou seja, que faz<strong>em</strong><br />

referência às atitu<strong>de</strong>s proposicionais com as quais tentamos explicar as<br />

ações humanas. Davidson afirma que não exist<strong>em</strong> coisas como<br />

“mentes”, mas as pessoas possu<strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s mentais, e isto quer<br />

dizer que a elas po<strong>de</strong>m ser atribuídos certos predicados psicológicos<br />

que estão continuamente mudando (IDEM, 1994 p. 231). Isto é,<br />

outorgamos às outras pessoas processos <strong>de</strong> modificação <strong>de</strong> estados<br />

mentais, como <strong>de</strong>terminadas crenças, <strong>de</strong>sejos, intenções. Estas<br />

mudanças são eventos mentais, dos quais po<strong>de</strong>mos dar <strong>de</strong>scrições<br />

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