ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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Surgiu assim a noção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre “tipos”, e com ela a teoria da<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos tipos mente-cérebro (cf. BECHTEL, 1992, p.157-158), ou<br />
fisicalismo tipo-tipo (cf. KIM, 1996, p. 58).<br />
A expressão “tipo” é usada para r<strong>em</strong>eter a uma classe <strong>de</strong> estados ou<br />
eventos, e marcar a diferença entre a classe e os eventos particulares<br />
que pertenc<strong>em</strong> à classe, chamados <strong>de</strong> ocorrências. Por ex<strong>em</strong>plo, pelo<br />
termo “Fiat Uno” me refiro a um tipo <strong>de</strong> objeto, mas “o meu Fiat Uno” se<br />
refere a uma ocorrência, uma instância daquele tipo (cf. EVNINE, 1991,<br />
p. 61). Falar <strong>de</strong> “tipos” <strong>de</strong> estados ou <strong>de</strong> eventos, é equivalente a falar<br />
<strong>de</strong> “proprieda<strong>de</strong>s” <strong>de</strong> estados ou <strong>de</strong> eventos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que cada<br />
proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados ou <strong>de</strong> eventos po<strong>de</strong> ser pensada como<br />
<strong>de</strong>finindo um tipo <strong>de</strong> evento ou <strong>de</strong> estado (cf. KIM, 1996, p. 59).<br />
Criticando o dualismo da substância e das proprieda<strong>de</strong>s, a teoria da<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos tipos postula que os tipos <strong>de</strong> estados mentais são<br />
idênticos aos tipos <strong>de</strong> estados físicos, isto é, todas as ocorrências <strong>de</strong><br />
um <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> estado mental, por ex<strong>em</strong>plo, ver uma<br />
<strong>de</strong>terminada cor, são idênticas às ocorrências <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> evento<br />
neuroquímico, como o metabolismo <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />
neurotransmissor no Sist<strong>em</strong>a Nervoso Central (cf. BECHTEL, 1992, p.<br />
158).<br />
Hilary Putnam, na segunda meta<strong>de</strong> dos anos sessenta do século<br />
passado, levantou contra a teoria da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> psiconeural uma<br />
importante objeção que faz apelo a um argumento <strong>em</strong>pírico, chamado<br />
<strong>de</strong> argumento da múltipla realização dos eventos psicológicos: um<br />
mesmo tipo mental po<strong>de</strong> ter múltiplas realizações físicas (cf. KIM, 1993,<br />
p. 271; KIM, 1996, p.69-70, CHURCHLAND, 2004, p. 69). Por ex<strong>em</strong>plo,<br />
uma sensação <strong>de</strong> dor idêntica à minha po<strong>de</strong> ser experienciada por uma<br />
criatura diferente <strong>de</strong> mim, como um polvo, <strong>em</strong> que os neurônios que<br />
possu<strong>em</strong> uma função nociceptiva (a função <strong>de</strong> ter sensibilida<strong>de</strong> para a<br />
dor) são muito diferentes dos neuronios que possu<strong>em</strong> a mesma função<br />
nos seres humanos, chamados <strong>de</strong> “fibras-C”. Um <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong><br />
estado mental, então, po<strong>de</strong> ser realizável <strong>de</strong> forma múltipla, isto é, numa<br />
gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturas biológicas e físicas, e até na estrutura<br />
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