ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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crenças, os <strong>de</strong>sejos, as intenções, que caracterizaram durante longo<br />
t<strong>em</strong>po as reflexões sobre o mental? Uma psicologia científica se<br />
encontraria <strong>em</strong> conflito com a psicologia do senso comum?<br />
A discussão sobre o probl<strong>em</strong>a mente-corpo, como este é formulado<br />
no âmbito do monismo e da psicologia fisicalistas, concerne o probl<strong>em</strong>a<br />
do estatuto das proprieda<strong>de</strong>s mentais num mundo constituído<br />
exclusivamente por objetos e eventos físicos. Estas proprieda<strong>de</strong>s, que<br />
alguns inclu<strong>em</strong> ordinariamente na rubrica do “mental”, por parecer<strong>em</strong><br />
ser próprias <strong>de</strong> criaturas com crenças, <strong>de</strong>sejos, e intenções, são<br />
expressas pelas atitu<strong>de</strong>s proposicionais, enquanto possuiriam<br />
características intencionais e s<strong>em</strong>ânticas que as diferenciam<br />
radicalmente das proprieda<strong>de</strong>s dos objetos físicos (cf. KIM, 1996, p. 14).<br />
Portanto, uma das perguntas que surg<strong>em</strong> para os fisicalistas,<br />
concerne o estatuto das atitu<strong>de</strong>s proposicionais atribuídas na explicação<br />
intencional do comportamento: como incluir no âmbito do mundo<br />
natural, e da teoria unificada do mundo, da qual a ciência física seria o<br />
árbitro, estes estados, proprieda<strong>de</strong>s e eventos mentais ou “psicológicos”<br />
que parec<strong>em</strong> possuir um conteúdo s<strong>em</strong>ântico e intencional? Qual o<br />
estatuto dos conteúdos e dos conceitos intencionais, se não for possível<br />
integrá-los à <strong>de</strong>scrição naturalista do mundo?<br />
Neste contexto, o fisicalista encontra-se frente a um dil<strong>em</strong>a: ou é<br />
possível integrar as proprieda<strong>de</strong>s com conteúdo s<strong>em</strong>ântico e intencional<br />
na <strong>de</strong>scrição naturalista do mundo, especificando para elas suficientes<br />
condições não intencionais e não s<strong>em</strong>ânticas, ou é preciso excluir da<br />
<strong>de</strong>scrição científica do mundo aquele conjunto <strong>de</strong> noções, conceitos,<br />
generalizações, princípios e leis que fundam as nossas práticas<br />
cotidianas <strong>de</strong> atribuição <strong>de</strong> estados mentais intencionais e s<strong>em</strong>ânticos<br />
aos indivíduos. O probl<strong>em</strong>a para o fisicalista é, então, o <strong>de</strong> tentar<br />
encontrar suficientes condições não-intencionais e não-s<strong>em</strong>ánticas (isto<br />
é, a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong>scrições <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> processos neurofisiológicos)<br />
para os estados com conteúdo, ou estados representacionais (isto é, os<br />
estados <strong>de</strong>scritos por atitu<strong>de</strong>s proposicionais) (cf. BAKER, 1987, p. 5).<br />
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