ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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psicologia popular: a psicologia do senso comum, que formula suas<br />
generalizações <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> conteúdos <strong>de</strong> estados mentais, po<strong>de</strong><br />
fundar suas explicações das ações humanas <strong>em</strong> generalizações ou leis<br />
análogas à da ciência física? (IBID.) Esta questão r<strong>em</strong>ete ao probl<strong>em</strong>a<br />
mais geral <strong>de</strong> como conciliar a noção <strong>de</strong> intencionalida<strong>de</strong> como<br />
característica fundamental da mente, com a visão naturalista do mundo.<br />
A intencionalida<strong>de</strong>, como característica atribuída aos estados mentais e<br />
não às coisas materiais, po<strong>de</strong> levar-nos a suspeitar que os nossos<br />
estados mentais não estão sujeitos às leis da física, como o são as<br />
coisas materiais.<br />
Para ex<strong>em</strong>plificar e introduzir um dos probl<strong>em</strong>as que a<br />
intencionalida<strong>de</strong> dos estados mentais levanta no âmbito do naturalismo,<br />
po<strong>de</strong>mos l<strong>em</strong>brar que, ao tentarmos articular explicações <strong>de</strong> senso<br />
comum das ações humanas, explicações baseadas nos conteúdos dos<br />
estados mentais, articulamos explicações que, no nosso vocabulário <strong>de</strong><br />
senso comum, nos parec<strong>em</strong> <strong>de</strong> tipo causal (cf. ENGEL, 2000, p. 100).<br />
Pensamos que há uma causação mental, ou seja, pensamos que<br />
efetivamente po<strong>de</strong>mos afetar, através <strong>de</strong> nossos estados mentais, o<br />
mundo físico (cf. SEARLE, 1984, p. 22). Por ex<strong>em</strong>plo, para tentar<br />
explicar a ação <strong>de</strong> Maria <strong>de</strong> viajar até Madrid para assistir a final do<br />
campeonato mundial, po<strong>de</strong>ríamos afirmar que ”a crença <strong>de</strong> que a<br />
Seleção ganharia a copa do mundo conduziu Maria até Madrid para<br />
assistir a final”. Uma tal explicação está fundada no conteúdo <strong>de</strong> um<br />
estado mental, no sentido <strong>de</strong> que a ação <strong>de</strong> Maria <strong>de</strong> ir até Madrid para<br />
assistir a final, é explicada <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da crença <strong>de</strong> que “a Seleção<br />
ganharia a copa”. Mas po<strong>de</strong>ríamos nós afirmar que as explicações do<br />
comportamento humano são causais no mesmo sentido <strong>em</strong> que o são<br />
muitas regularida<strong>de</strong>s e leis com as quais a ciência física procura<br />
explicar e prever os fenômenos naturais? As ações humanas po<strong>de</strong>m ser<br />
previstas segundo generalizações que possu<strong>em</strong> a mesma forma das<br />
leis que governam os fenômenos fisicos?<br />
Qual é, neste contexto, o estatuto da psicologia popular? Esta<br />
<strong>de</strong>veria abandonar a referência aos conteúdos intencionais, ou seja, as<br />
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