ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

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12.04.2013 Views

mentais intencionais que possuímos e que constituem o motivo das nossas ações (IBID.). 1.2.2 Os relatos de atitudes proposicionais Os estados mentais intencionais podem ser atribuídos às pessoas através de relatos de atitudes proposicionais, enunciados de caráter intencional, que expressam propriedades mentais. Exemplos de relatos de atitudes proposicionais são expressões como “Paulo acredita que seu carro está velho”, “Maria deseja que a Seleção ganhe o jogo”, “José tem medo de que o fim dos tempos se aproxime”. Contendo verbos que expressam uma atitude (pensar, esperar, temer, crer, etc.) de alguém em relação a uma proposição, os relatos de atitudes proposicionais denotam propriedades ou conceitos psicológicos, e possuem um conteúdo proposicional, um conteúdo semântico ou um significado (cf. CHURCHLAND, 2004, p. 107). O conteúdo da atitude proposicional, ou seja, o conteúdo da crença, ou do desejo, etc., é atribuído sempre por uma “cláusula-que” (cf. BAKER, 1987, p. 16), e é constituído pela própria proposição introduzida pela “cláusula-que”. Ao crer que “amanha vai chover”, eu estou instanciando, ou exemplificando, uma determinada propriedade, a de ter a crença de que amanha vai chover. A forma canônica dos relatos de atitudes proposicionais oferece dois graus de liberdade, dados pelo verbo e pela proposição: é possível ter a mesma atitude para com proposições diferentes, ou atitudes diferentes para com a mesma proposição (cf. BECHTEL, 1992, p. 77-78). A “cláusula-que” introduz um modo ontologicamente neutro para podermos distinguir uma crença de outra, ou um desejo de outro, etc. Ou seja, uma crença difere de outra, ou um medo difere de outro, em função da diferença do significado atribuído pela “cláusula-que”. Por exemplo, a “crença de que a neve é branca” difere da “crença de que a erva é verde”, em virtude do fato de que o que está sendo expresso pela “cláusula-que” da primeira expressão é distinto do que está sendo expresso pela segunda (cf. BAKER, 1987, p. 16). É neste sentido que 26

dizemos que outra característica que as atitudes proposicionais têm em comum, além da intencionalidade 8 , é a de ter um conteúdo semântico. 1.2.3 A psicologia popular Em termos gerais, a psicologia popular é uma serie de pressupostos ou hipóteses relativas ao uso que fazemos, na vida de todos os dias, de um vocabulário “mental” ou “psicológico”, que inclui termos como “crer”, “esperar”, “desejar”, “sentir”, “julgar”, “imaginar”, que usamos para atribuir aos indivíduos propriedades mentais (cf. ENGEL, 2000, p. 98). É possível pensar a mente como uma propriedade extremamente complexa, ou como um imenso conjunto de propriedades profundamente e estritamente relacionadas entre si, e, neste sentido, os fenômenos que podem ser classificados como “mentais”, ou “psicológicos”, constituem uma variedade extremamente diversificada. Para tentar explicar as razões das ações nossas e das pessoas com as quais interagimos, articulamos cotidianamente um complexo padrão de crenças, desejos, intenções, etc. A rede dos estados mentais que atribuímos aos outros para fazer predições sobre o seu comportamento, constitui o núcleo da concepção de senso comum do mental, que constitui a base da nossa compreensão diária da experiência humana. Esta concepção de senso comum foi pensada como constituindo, também, o cerne de um tipo de teoria popular, chamada de “psicologia popular”, ou folk psychology, (cf. BAKER, 1987, p. 15), um conjunto de padrões e regularidades psicológicas que, segundo alguns, conhecemos tacitamente, talvez do mesmo modo em que conhecemos a linguagem que falamos sem sermos capazes de estabelecer alguma regra explicita de gramática (cf. KIM, 1996, p. 107). O vocabulário da psicologia de senso comum, e a concepção de senso comum do mental, são caracterizados e dominados pela rede dos estados e eventos mentais identificados pelo seu conteúdo intencional e 8 As atitudes proposicionais não podem se referir a estados e eventos mentais como dores, cócegas, sensações, pois estes não são intencionais, nem possuem conteúdo proposicional (cf. BAKER, 1987, p.19). 27

mentais intencionais que possuímos e que constitu<strong>em</strong> o motivo das<br />

nossas ações (IBID.).<br />

1.2.2 Os relatos <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s proposicionais<br />

Os estados mentais intencionais po<strong>de</strong>m ser atribuídos às pessoas<br />

através <strong>de</strong> relatos <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s proposicionais, enunciados <strong>de</strong> caráter<br />

intencional, que expressam proprieda<strong>de</strong>s mentais. Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> relatos<br />

<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s proposicionais são expressões como “Paulo acredita que<br />

seu carro está velho”, “Maria <strong>de</strong>seja que a Seleção ganhe o jogo”, “José<br />

t<strong>em</strong> medo <strong>de</strong> que o fim dos t<strong>em</strong>pos se aproxime”.<br />

Contendo verbos que expressam uma atitu<strong>de</strong> (pensar, esperar,<br />

t<strong>em</strong>er, crer, etc.) <strong>de</strong> alguém <strong>em</strong> relação a uma proposição, os relatos <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong>s proposicionais <strong>de</strong>notam proprieda<strong>de</strong>s ou conceitos<br />

psicológicos, e possu<strong>em</strong> um conteúdo proposicional, um conteúdo<br />

s<strong>em</strong>ântico ou um significado (cf. CHURCHLAND, 2004, p. 107). O<br />

conteúdo da atitu<strong>de</strong> proposicional, ou seja, o conteúdo da crença, ou do<br />

<strong>de</strong>sejo, etc., é atribuído s<strong>em</strong>pre por uma “cláusula-que” (cf. BAKER,<br />

1987, p. 16), e é constituído pela própria proposição introduzida pela<br />

“cláusula-que”. Ao crer que “amanha vai chover”, eu estou instanciando,<br />

ou ex<strong>em</strong>plificando, uma <strong>de</strong>terminada proprieda<strong>de</strong>, a <strong>de</strong> ter a crença <strong>de</strong><br />

que amanha vai chover.<br />

A forma canônica dos relatos <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s proposicionais oferece dois<br />

graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, dados pelo verbo e pela proposição: é possível ter a<br />

mesma atitu<strong>de</strong> para com proposições diferentes, ou atitu<strong>de</strong>s diferentes<br />

para com a mesma proposição (cf. BECHTEL, 1992, p. 77-78). A<br />

“cláusula-que” introduz um modo ontologicamente neutro para<br />

po<strong>de</strong>rmos distinguir uma crença <strong>de</strong> outra, ou um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> outro, etc.<br />

Ou seja, uma crença difere <strong>de</strong> outra, ou um medo difere <strong>de</strong> outro, <strong>em</strong><br />

função da diferença do significado atribuído pela “cláusula-que”. Por<br />

ex<strong>em</strong>plo, a “crença <strong>de</strong> que a neve é branca” difere da “crença <strong>de</strong> que a<br />

erva é ver<strong>de</strong>”, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> do fato <strong>de</strong> que o que está sendo expresso pela<br />

“cláusula-que” da primeira expressão é distinto do que está sendo<br />

expresso pela segunda (cf. BAKER, 1987, p. 16). É neste sentido que<br />

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