ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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intencionalida<strong>de</strong>, isto é, a característica dos estados mentais <strong>de</strong> se<br />
dirigir<strong>em</strong> a objetos e estados <strong>de</strong> coisas diferentes <strong>de</strong>les mesmos (cf.<br />
SEARLE, 1984, p. 21; PUTNAM, 1992, p. 24). Isto quer dizer que os<br />
estados mentais são consi<strong>de</strong>rados possuir um <strong>de</strong>terminado po<strong>de</strong>r, o<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> referir (cf. PUTNAM, 1992, p. 39), <strong>de</strong> representar os objetos do<br />
mundo como algo que é <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> outro modo. Franz Brentano, na<br />
segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, afirmou que a intencionalida<strong>de</strong> é a<br />
característica fundamental da consciência mesma, aquela característica<br />
que separa todos os fenômenos mentais dos fenômenos físicos:<br />
somente os fenômenos mentais possu<strong>em</strong> um conteúdo para o qual se<br />
dirig<strong>em</strong> (cf. BRENTANO, 1997, p. 154-155). Um estado mental como<br />
uma crença, por ex<strong>em</strong>plo, é s<strong>em</strong>pre algo acerca <strong>de</strong> alguma coisa, assim<br />
como um <strong>de</strong>sejo, um t<strong>em</strong>or, uma esperança. Isto é, Brentano usa o<br />
termo intencionalida<strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong> transitivida<strong>de</strong>, direção para algum<br />
objeto ou conteúdo que po<strong>de</strong> não existir na realida<strong>de</strong> do mundo. Por<br />
ex<strong>em</strong>plo, “acreditar <strong>em</strong> Papai Noel” é um estado mental intencional<br />
(cf. RORTY, 1988, p. 29; LYCAN, 2007, p. 2).<br />
Nada <strong>de</strong> físico t<strong>em</strong> intencionalida<strong>de</strong> (cf. PUTNAM, 1992, p. 24). Um<br />
neurônio, por ex<strong>em</strong>plo, que é constituído por matéria física, não po<strong>de</strong> se<br />
referir a algo, não po<strong>de</strong> ser acerca <strong>de</strong> algo. Não há intencionalida<strong>de</strong> nas<br />
reações eletroquímicas que acontec<strong>em</strong> <strong>em</strong> nosso cérebro, elas não são<br />
acerca <strong>de</strong> nada.<br />
A noção <strong>de</strong> intencionalida<strong>de</strong> é uma noção-chave no contexto do<br />
estudo do comportamento e da ação (cf. SEARLE, 2002, p. 3). As ações<br />
humanas são intencionais, no sentido <strong>de</strong> que, como afirma Colin<br />
McGinn, elas não po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas como meros movimentos<br />
corporais, ou eventos que meramente acontec<strong>em</strong>, pois envolv<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>cisões, <strong>de</strong>sejos, intenções, acerca <strong>de</strong> algo (cf. McGINN, 2004, p.<br />
144). Elas parec<strong>em</strong> envolver algo “mental”, no sentido <strong>de</strong> que, ao<br />
levantar meu braço para cumprimentar um amigo, por ex<strong>em</strong>plo, estou<br />
executando uma ação intencional, uma ação que envolve um meu<br />
<strong>de</strong>sejo, uma minha crença, ou uma minha intenção. Nós agimos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminadas formas, <strong>em</strong> razão <strong>de</strong> crenças, <strong>de</strong>sejos e outros estados<br />
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