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ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

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do barulho do motor, que não joga nenhum papel causal sobre os<br />

fenômenos físicos dos quais é efeito. Se, ao contrário, supusermos que<br />

o mundo físico não é fechado causalmente, admitimos que a<br />

consciência po<strong>de</strong> ter efeitos causais sobre o nosso corpo e na produção<br />

<strong>de</strong> nosso comportamento físico. Mas, neste caso, nos encontrariamos<br />

frente a um novo probl<strong>em</strong>a, um probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> sobre<strong>de</strong>terminação causal:<br />

isto é, t<strong>em</strong>os o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> explicar como é que exist<strong>em</strong> duas distintas<br />

histórias causais para o mesmo comportamento, uma reconduzível a<br />

causas mentais e outra reconduzível a causas físicas, nenhuma das<br />

quais é redutível à outra (IBID.). Supomos, por ex<strong>em</strong>plo, que eu quero<br />

que meu braço levante, e que meu braço levanta. Po<strong>de</strong>mos agora<br />

perguntar: o braço levantou por uma causa mental, ou seja, por causa<br />

<strong>de</strong> meu <strong>de</strong>sejo, ou por causas físicas, como os disparos neuronais, a<br />

ativida<strong>de</strong> dos neurotransmissores, e as contrações dos músculos?<br />

Ambas as alternativas são plausíveis. Mas como as duas explicações<br />

po<strong>de</strong>riam ser conciliadas?<br />

Perguntas como a prece<strong>de</strong>nte r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> a uma questão <strong>de</strong> natureza<br />

mais geral, que, como assinala Searle (cf. SEARLE, 1984, p. 12;<br />

CHALMERS, 2002, p. 1), concerne a relação entre a nossa concepção<br />

<strong>de</strong> senso comum <strong>de</strong> nossa mente 7 e a nossa concepção do Universo<br />

enquanto sist<strong>em</strong>a físico: estas duas concepções, aparent<strong>em</strong>ente<br />

conflitantes, po<strong>de</strong>m ser conciliadas? Para po<strong>de</strong>r abordar esta questão é<br />

preciso introduzir noções como a <strong>de</strong> “intencionalida<strong>de</strong>”, <strong>de</strong> “relato <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong> proposicional”, e <strong>de</strong> “psicologia popular”, tocando <strong>em</strong> probl<strong>em</strong>as<br />

que concern<strong>em</strong> a teoria da ação humana e da linguag<strong>em</strong>. Estas noções,<br />

que são abordadas nas três próximas seções, constitu<strong>em</strong> um nó crítico<br />

ao redor do qual é hoje <strong>de</strong>batido o probl<strong>em</strong>a mente-corpo.<br />

1.2.1 A intencionalida<strong>de</strong><br />

Uma importante característica comumente atribuída aos estados<br />

mentais como crenças, <strong>de</strong>sejos, intenções, esperanças, etc., é a<br />

7<br />

Segundo Searle, esta concepção r<strong>em</strong>ete à tradição do dualismo cartesiano (cf.<br />

SEARLE, 1984, p. 15).<br />

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