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ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

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físico e consi<strong>de</strong>rar sua causa mental. Uma ca<strong>de</strong>ia causal que começa<br />

com um evento físico po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o domínio físico e entrar no domínio<br />

mental (causação que vai do físico para o mental), vaguear aí,<br />

(causação que vai do mental para o mental), e voltar <strong>em</strong> seguida para o<br />

domínio físico (causação que vai do mental para o físico). Segue-se,<br />

segundo Kim, que no dualismo cartesiano não po<strong>de</strong> haver alguma<br />

completa teoria física do domínio físico, e isto tornaria a abordag<strong>em</strong><br />

dualista <strong>de</strong>sinteressante para os fisicalistas (cf. KIM, 1996, p. 147).<br />

1.2 O PROBLEMA DAS PROPRIEDADES MENTAIS<br />

No âmbito do <strong>de</strong>bate naturalista <strong>em</strong> filosofia da mente, o probl<strong>em</strong>a<br />

mente-corpo teria perdido o seu interesse? Não, na medida <strong>em</strong> que<br />

existiriam modos alternativos <strong>de</strong> falar do mental, que não tratam a<br />

mente como uma substância. Aceitar a hipótese <strong>de</strong> que existe somente<br />

uma única substância, a matéria, não quer dizer necessariamente<br />

<strong>de</strong>scartar todo tipo <strong>de</strong> dualismo. Isto é, permanece ainda aberta a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crer que a matéria possua, além <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s<br />

físicas, proprieda<strong>de</strong>s mentais não físicas.<br />

Segundo Kim, o que está <strong>em</strong> questão no atual <strong>de</strong>bate sobre o<br />

probl<strong>em</strong>a mente-corpo, não é a relação entre duas substâncias, mas é a<br />

natureza da relação entre as proprieda<strong>de</strong>s físicas e mentais (cf. KIM,<br />

1996, p. 212): o cerne da controvérsia entre os fisicalistas concerne<br />

então o estatuto das proprieda<strong>de</strong>s mentais num mundo constituído<br />

exclusivamente por objetos e eventos físicos.<br />

Há uma concepção que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> dualismo que não é<br />

um dualismo cartesiano, conhecida como “dualismo das proprieda<strong>de</strong>s” 6 ,<br />

6 Para encontrar uma orig<strong>em</strong> histórica do dualismo das proprieda<strong>de</strong>s, segundo<br />

Putnam, t<strong>em</strong>os que retroce<strong>de</strong>r até Spinoza (cf. PUTNAM, 1992, p. 109-110; RORTY,<br />

1988, p. 26), que, no século XVII, propôs uma teoria que hoje é conhecida como<br />

“teoria do duplo aspecto”, e que sustenta que os objetos e os eventos possu<strong>em</strong> dois<br />

conjuntos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s essenciais mutuamente irredutíveis, o mental e o físico (cf.<br />

NAGEL, 2004, p. 48). Segundo Kim, Spinoza enxergava a mente e o corpo como dois<br />

aspectos correlatos <strong>de</strong> uma única substância, que, <strong>em</strong> si, não era n<strong>em</strong> física n<strong>em</strong><br />

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