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ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

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elatos <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s proposicionais, que ajudam a selecionar e <strong>de</strong>marcar<br />

o evento. Po<strong>de</strong>mos r<strong>em</strong>eter a um mesmo evento particular através <strong>de</strong><br />

vários termos singulares (cf. DAVIDSON, 1967b, p. 160). Mas os termos<br />

singulares, além <strong>de</strong> nomes, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong>finidas (IDEM,<br />

1969, p. 164). Neste sentido, acredito que isto torne possível uma leitura<br />

que vê a noção davidsoniana do mental como uma expressão<br />

lingüística. A própria noção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das ocorrências, <strong>em</strong><br />

Davidson, po<strong>de</strong> ser interpretada como tendo um caráter lingüístico, no<br />

sentido <strong>de</strong> que ela po<strong>de</strong> ser vista como expressando a idéia <strong>de</strong> que os<br />

eventos são particulares que estão sujeitos a <strong>de</strong>scrições físicas e<br />

mentais. Po<strong>de</strong>mos, ao mesmo t<strong>em</strong>po, pensar que a locução que<br />

Davidson utiliza para <strong>de</strong>finir os eventos mentais, ou seja, “um evento é<br />

mental se e somente se possui uma <strong>de</strong>scrição mental” (cf. DAVIDSON,<br />

1970b, p. 211), trata o mental como se este fosse uma característica<br />

contingente<br />

<strong>de</strong> um evento 37 .<br />

O <strong>de</strong>bate entre Davidson e Kim, como foi apresentado no quarto<br />

capítulo da dissertação, parece mostrar que a solução <strong>de</strong> Davidson para<br />

o mental, baseada na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das ocorrências e na extensionalida<strong>de</strong><br />

da relação causal, é uma solução epifenomenalista, pois dificilmente<br />

po<strong>de</strong>ria suportar a alegação da eficácia causal do “mental”. Estou<br />

inclinado a concordar com Kim no sentido <strong>de</strong> que, no monismo<br />

anômalo, a anomalia do “mental” e a eficácia causal do mental são<br />

incompatíveis entre si. Isto significa dizer que o próprio coração do<br />

37 Em relação a estas questões, que requer<strong>em</strong> um tipo <strong>de</strong> aprofundamento que se<br />

encontra fora do escopo <strong>de</strong>sta dissertação, po<strong>de</strong>m ser consultados autores como<br />

Johnston (JOHNSTON, 1985, p. 420-421), ou Horgan & Tye (HORGAN & TYE, 1985,<br />

p. 442). Horgan e Tye, por ex<strong>em</strong>plo, afirmam que no monismo anômalo os eventos<br />

mentais ca<strong>em</strong> na mesma categoria dos sorrisos, das milhas, dos estilos, são ficções<br />

lógicas cuja não-existência é mascarada pela enganadora gramática da linguag<strong>em</strong><br />

ordinária. Esta tese, porém, não é necessariamente uma tese eliminativista. Segundo<br />

os eliminativistas como Feyerabend, Rorty, ou Churchland, os enunciados da<br />

psicologia popular são falsos, como as bruxas, o fluido calórico, e o flogisto. Segundo<br />

Horgan & Tye, estes enunciados sao frequent<strong>em</strong>ente verda<strong>de</strong>iros, mas possu<strong>em</strong> uma<br />

forma lógica que nao requer alguma referência a eventos mentais (cf. HORGAN &<br />

TYE, 1985, p. 442). Os enunciados psicológicos meramente aparec<strong>em</strong>, na sua forma<br />

gramatical, <strong>de</strong>notar eventos mentais, mas não é necessário introduzir eventos mentais<br />

para dar conta do discurso psicológico ordinário.<br />

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