ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
imputável à extensionalida<strong>de</strong> da relação entre eventos, ou às<br />
proprieda<strong>de</strong>s mentais dos eventos? Acredito que, <strong>em</strong> falta <strong>de</strong> uma<br />
resposta para esta pergunta, não se po<strong>de</strong> afirmar que o monismo<br />
anômalo po<strong>de</strong> suportar a alegação da eficácia causal do “mental”.<br />
Acredito também que a leitura 33 <strong>de</strong> Kim do segundo princípio do<br />
monismo anômalo, o princípio do caráter nomológico da causalida<strong>de</strong>,<br />
apresente um probl<strong>em</strong>a. Segundo este princípio, a existência <strong>de</strong> uma<br />
relação causal entre os eventos é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do fato <strong>de</strong> que a lei que<br />
a subsume seja por nós conhecida. Isto é, po<strong>de</strong> se chegar a formular,<br />
na linguag<strong>em</strong> da ciência física, uma lei estrita que governa o caso <strong>em</strong><br />
questão, a qual subsume os eventos que estão causalmente<br />
relacionados, se ela, associada a um enunciado que afirma que o<br />
evento (<strong>de</strong>scrito apropriadamente) ocorreu, implica um enunciado que<br />
afirma a existência do efeito, apropriadamente <strong>de</strong>scrito (IBID., p. 191).<br />
Uma lei, então, envolve as <strong>de</strong>scrições que po<strong>de</strong>mos encontrar para os<br />
eventos.<br />
Portanto, não po<strong>de</strong>ríamos dizer que, no monismo anômalo, os<br />
eventos são causas só enquanto instanciam leis. No monismo anômalo,<br />
as relações causais e os po<strong>de</strong>res causais são inerentes a eventos<br />
particulares, e o modo <strong>em</strong> que estes eventos são <strong>de</strong>scritos e as<br />
proprieda<strong>de</strong>s que utilizamos para caracteriza-los, não po<strong>de</strong>m afetar o<br />
que eles causam.<br />
Porém, parece que a idéia <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> baseada na<br />
extensionalida<strong>de</strong> dos eventos não é suficiente para respon<strong>de</strong>r<br />
plenamente à exigência naturalista e fisicalista, segundo a qual se trata<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a eficácia causal das proprieda<strong>de</strong>s mentais. A ineficácia<br />
causal do mental é um preço muito alto a ser pago, para um naturalista,<br />
para garantir a anomalia do mental.<br />
Segundo uma leitura forte do monismo anômalo, as proprieda<strong>de</strong>s<br />
mentais não po<strong>de</strong>m comparecer <strong>em</strong> alguma lei, ou seja, nenhum<br />
33 Kim afirma que, no monismo anômalo, os eventos são causas só enquanto<br />
instanciam leis, e estas leis são físicas. Portanto, a anomalia do mental implica a<br />
ineficácia causal do mental (cf. KIM, 2003, p. 125).<br />
147