ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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Porém, a crítica <strong>de</strong> Kim atinge o alvo no sentido <strong>de</strong> que <strong>de</strong>sperta a<br />
atenção na direção do seguinte ponto obscuro na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Davidson:<br />
se a existência da relação <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> entre eventos mentais e<br />
eventos físicos tomados <strong>em</strong> extensão é suficiente para garantir a<br />
eficácia causal do mental, qual é a função das generalizações não<br />
estritas?<br />
No monismo anômalo, não parece que se possa dizer que a função<br />
<strong>de</strong> garante da relação causal seja própria das generalizações não<br />
estritas, e o mesmo parece valer para as proprieda<strong>de</strong>s mentais.<br />
Davidson não diz que as proprieda<strong>de</strong>s mentais funcionam como as<br />
garantes da relação causal. Com relação a este t<strong>em</strong>a, Davidson afirma<br />
o seguinte: “As proprieda<strong>de</strong>s mentais são causalmente eficazes se<br />
faz<strong>em</strong> uma diferença para o que os eventos individuais causam”<br />
(DAVIDSON, 1993, p. 198). É a superveniência, segundo Davidson, que<br />
assegura esta “diferença” (IBID.). Acredito que a afirmação, um pouco<br />
obscura, <strong>de</strong> que as proprieda<strong>de</strong>s mentais po<strong>de</strong>m fazer uma diferença<br />
para o que os eventos mentais causam, não parece trazer maior luz<br />
sobre a seguinte questão: a eficácia causal é imputável, afinal, aos<br />
eventos tomados extensionalmente, ou às suas proprieda<strong>de</strong>s? No<br />
mesmo movimento <strong>em</strong> que Davidson parece atribuir às proprieda<strong>de</strong>s<br />
mentais uma eficácia causal (enquanto afirma que as proprieda<strong>de</strong>s<br />
mentais faz<strong>em</strong> uma diferença com relação à causação), ele afirma<br />
também que o que causa, o que faz a função <strong>de</strong> causar, são os eventos<br />
individuais.<br />
4.2.3 Sobre as conclusões <strong>de</strong> Davidson <strong>em</strong> relação à eficacia causal do<br />
mental no monismo anômalo<br />
Davidson reconhece, afinal, que o monismo anômalo é, sim,<br />
consistente com a tese epifenomenalista <strong>de</strong> que o mental não causa<br />
nada enquanto “mental”, isto é, com a tese <strong>de</strong> que as proprieda<strong>de</strong>s<br />
mentais dos eventos não são causalmente eficazes (cf. DAVIDSON,<br />
1993, p. 196). Porém, segundo ele, esta consistência não é suficiente<br />
para <strong>de</strong>sacreditar o monismo anômalo, pois <strong>de</strong>la não segue que o<br />
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