ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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trataria <strong>de</strong> outro tiro, e <strong>de</strong> outra morte: isto é, estaríamos na frente <strong>de</strong><br />
uma outra dupla <strong>de</strong> eventos (IBID.). A mudança <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> (o<br />
barulho do tiro) faz com que a morte seja outra morte, causada por outro<br />
tiro. Portanto, a falta <strong>de</strong> uma conexão necessária entre o barulho do tiro<br />
e a morte <strong>de</strong> Sicrano não po<strong>de</strong> ser um critério útil para po<strong>de</strong>rmos<br />
afirmar que o barulho do tiro é um epifenomeno, ou seja, não teve<br />
eficácia causal sobre a morte <strong>de</strong> Sicrano.<br />
A este ex<strong>em</strong>plo se aplica a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> superveniência, segundo a<br />
qual uma mudança <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> mental <strong>em</strong> um evento não po<strong>de</strong><br />
ocorrer s<strong>em</strong> que ocorra uma mudança <strong>em</strong> alguma sua proprieda<strong>de</strong><br />
física. Analogamente, a ausência do barulho do disparo não po<strong>de</strong><br />
ocorrer s<strong>em</strong> que mu<strong>de</strong> alguma proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nível inferior. Por<br />
ex<strong>em</strong>plo, um disparo s<strong>em</strong> barulho provocaria um evento morte, diferente<br />
por alguma sua proprieda<strong>de</strong> física. Assim, segundo Davidson, uma<br />
mudança numa proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nível superior <strong>de</strong>ve ter eficácia causal,<br />
pois <strong>de</strong>termina alguma mudança nas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nível inferior.<br />
Neste sentido, as proprieda<strong>de</strong>s mentais possu<strong>em</strong>, segundo Davidson,<br />
eficácia causal (IBID.).<br />
Kim, porém, acredita que o conceito <strong>de</strong> superveniência <strong>de</strong> Davidson,<br />
por ser um conceito fraco <strong>de</strong> superveniência, compatível com a<br />
anomalia do mental, po<strong>de</strong> gerar meramente generalizações psicofísicas<br />
<strong>de</strong> fato, e não leis, estritas ou não estritas. Não po<strong>de</strong>ndo expressar uma<br />
conexão necessária entre as proprieda<strong>de</strong>s ou os tipos mentais e físicos,<br />
mas somente uma conexão contingente, (cf. KIM, 2003, p. 131), o<br />
conceito fraco <strong>de</strong> superveniência po<strong>de</strong> suportar, com muito otimismo, no<br />
máximo a mera relevância causal das proprieda<strong>de</strong>s mentais, nunca sua<br />
eficácia causal (IBID., p. 132).<br />
Assim, para Kim, as proprieda<strong>de</strong>s mentais supervenientes, no<br />
sentido <strong>de</strong> Davidson, po<strong>de</strong>m até ser causalmente relevantes, mas<br />
nunca causalmente eficazes ou produtivas (IBID., p. 130). Davidson,<br />
para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>monstrar que o mental é causalmente eficaz, precisa,<br />
segundo Kim, que seu conceito <strong>de</strong> superveniência sustente não a mera<br />
relevância causal das proprieda<strong>de</strong>s mentais, mas sua eficácia causal.<br />
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