ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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tintas usadas para a pintura possu<strong>em</strong> a proprieda<strong>de</strong> física P, então as<br />
proprieda<strong>de</strong>s do misterioso sorriso possu<strong>em</strong> a proprieda<strong>de</strong> estética M”.<br />
Isto não é afirmar que, se a proprieda<strong>de</strong> estética tivesse sido diferente<br />
<strong>de</strong> M, então as tintas usadas teriam tido proprieda<strong>de</strong>s físicas diferentes<br />
<strong>de</strong> P (cf. KIM, 2003, p. 130). Neste sentido, uma proprieda<strong>de</strong> estética <strong>de</strong><br />
uma obra <strong>de</strong> arte é um epifenómeno, com relação às proprieda<strong>de</strong>s<br />
físicas das tintas usadas, justamente porque não há uma eficácia causal<br />
da proprieda<strong>de</strong> estética sobre alguma proprieda<strong>de</strong> física, não havendo<br />
alguma conexão necessária entre as proprieda<strong>de</strong>s mentais e as<br />
proprieda<strong>de</strong>s físicas. Analogamente, segundo Kim, sendo que o<br />
conceito <strong>de</strong> superveniência <strong>de</strong> Davidson não po<strong>de</strong> expressar uma<br />
conexão necessária entre as proprieda<strong>de</strong>s mentais e físicas, o mental<br />
<strong>de</strong>ve ser um epifenómeno (IBID.).<br />
Davidson propõe um diferente ex<strong>em</strong>plo para tentar mostrar que a<br />
posição epifenomenalista não po<strong>de</strong> ser aplicada à superveniência:<br />
supomos que Fulano atire <strong>em</strong> Sicrano e o mate (cf. DAVIDSON, 1993,<br />
p. 200). T<strong>em</strong>os aqui dois eventos <strong>em</strong> seqüência, o disparo <strong>de</strong> Fulano e<br />
a morte <strong>de</strong> Sicrano. Po<strong>de</strong>ríamos perguntar: se o tiro não tivesse sido<br />
barulhento, ou seja, se tivesse sido disparado com um silencioso, o tiro<br />
teria matado da mesma forma ou não? Supor uma conexão necessária<br />
entre a proprieda<strong>de</strong> superveniente do tiro, a <strong>de</strong> ser barulhento, e a<br />
proprieda<strong>de</strong> do tiro <strong>de</strong> ser mortal, quer dizer afirmar que, se o tiro não<br />
tivesse sido barulhento, não teria matado da mesma forma. Neste<br />
sentido, um epifenomenalista não supõe uma conexão necessária entre<br />
a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer barulho e a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> matar, e alegaria que<br />
o tiro, se tivesse sido disparado com um silencioso, teria matado<br />
exatamente da mesma forma: pois não é o barulho que causa a morte,<br />
mas o impacto da bala. Ou seja, para um epifenomenalista, as<br />
proprieda<strong>de</strong>s supervenientes não possu<strong>em</strong> eficácia causal. O que<br />
possui eficácia causal são as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nível inferior, como, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, a força <strong>de</strong> penetração da bala.<br />
Segundo Davidson, porém, o uso do contrafatual não é apropriado<br />
neste caso: pois, se o tiro tivesse sido disparado com um silencioso, se<br />
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