12.04.2013 Views

ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

parecido, como “produzir”, “resultar <strong>em</strong>”, “ter como consequência”, etc.<br />

(IBID., p. 202-203).<br />

Segundo Davidson, qu<strong>em</strong> acredita que um enunciado singular <strong>de</strong><br />

causalida<strong>de</strong> implica a existência <strong>de</strong> uma lei estrita que o suporta, <strong>de</strong>ve<br />

<strong>de</strong> alguma forma indicar alguma lei particular que regula o caso <strong>em</strong><br />

questão. Porém, fazer isto é probl<strong>em</strong>ático. Os enunciados singulares <strong>de</strong><br />

causalida<strong>de</strong> são extensionais: seu valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> não muda ao<br />

substituir ao nome ou à <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um evento um outro nome ou<br />

<strong>de</strong>scrição do mesmo evento. Assim, se Sócrates foi o marido <strong>de</strong><br />

Xantipa, e “o beber a cicuta por parte <strong>de</strong> Socrates causou a morte <strong>de</strong><br />

Sócrates”, segue-se que “o beber a cicuta por parte <strong>de</strong> Sócrates causou<br />

a morte do marido <strong>de</strong> Xantipa”. Porém, dadas as possibilida<strong>de</strong>s<br />

inesgotáveis que t<strong>em</strong>os para re<strong>de</strong>screvermos os eventos <strong>em</strong> termos<br />

não-equivalentes, muitas vezes não t<strong>em</strong>os pistas, através dos conceitos<br />

que usamos para <strong>de</strong>finir um evento, para chegar a caracterizar uma<br />

apropriada lei que governa o caso <strong>em</strong> questão (IBID.).<br />

Segue-se, para Davidson, que o princípio do caráter nomológico da<br />

causalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser lido 29 no seguinte sentido: se um enunciado<br />

singular <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> é verda<strong>de</strong>iro, há uma lei que governa o caso <strong>em</strong><br />

questão, e nós po<strong>de</strong>mos saber isto s<strong>em</strong> saber qual seja esta lei (IBID.,<br />

p. 202).<br />

Segundo Davidson, não é verda<strong>de</strong> que, no monismo anômalo, os<br />

eventos são causas e efeitos somente enquanto instanciam leis. No<br />

monismo anômalo, os eventos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m causalmente um do outro,<br />

29 Como já foi afirmado no segundo capítulo <strong>de</strong>sta dissertação, esta leitura do princípio<br />

do caráter nomológico da causalida<strong>de</strong> é um dos pilares do fisicalismo não reducionista<br />

<strong>de</strong> Davidson, pois, segundo ele, permite separar duas questões que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre<br />

foram a<strong>de</strong>quadamente distinguidas pela tradição <strong>em</strong>pirista humeana, ou seja, a<br />

questão da explicação causal <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong>s nomológicas, da ulterior<br />

questão da causação como relação entre eventos (cf. DAVIDSON, 1967b, p. 160). A<br />

causalida<strong>de</strong>, assim como a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, é uma relação entre eventos individuais, não<br />

importa como <strong>de</strong>scritos. Mas as leis são lingüísticas. Isto é, o probl<strong>em</strong>a da explicação<br />

causal e das leis concerne a <strong>de</strong>scrição numa linguag<strong>em</strong>. Assim, os eventos po<strong>de</strong>m<br />

instanciar leis, e portanto ser explicados ou previstos na luz <strong>de</strong> leis, somente se são<br />

<strong>de</strong>scritos <strong>de</strong> uma ou <strong>de</strong> outra forma (cf. DAVIDSON, 1970b, p. 215). Numa explicação<br />

causal, a <strong>de</strong>pendência causal é armada segundo a forma <strong>em</strong> que as coisas estão<br />

<strong>de</strong>scritas. O que está envolvido numa lei, é uma explicação <strong>em</strong> que são relevantes as<br />

<strong>de</strong>scrições dos eventos que estão causalmente relacionados (IDEM, 1993, p. 199).<br />

132

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!