ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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DAVIDSON, 1970b, p. 208). Destas três pr<strong>em</strong>issas, Davidson infere a<br />
verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma versão da teoria da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (IBID., p. 209): a<br />
conclusão do argumento é a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das ocorrências, ou seja, os<br />
eventos mentais são idênticos a eventos físicos. Pois se, pelo terceiro<br />
princípio, o mental é anômalo, a lei estritamente <strong>de</strong>terminística que<br />
concerne os eventos, ou seja, a lei mencionada no segundo princípio,<br />
po<strong>de</strong> ser somente uma lei física, que coloca <strong>em</strong> conexão tipos físicos<br />
com tipos físicos. Então, os eventos que aparec<strong>em</strong> na relação binária <strong>de</strong><br />
causalida<strong>de</strong> são ambos físicos, sendo que instanciam uma lei física.<br />
Portanto, os eventos mentais são eventos físicos. (IBID., p. 223-224).<br />
Como foi afirmado na terceiro capítulo da dissertação, o monismo<br />
anômalo é um argumento sobre a relação mente-corpo, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />
uma posição fisicalista não-reducionista. É uma forma <strong>de</strong> monismo<br />
fisicalista, pois afirma que os eventos mentais são eventos físicos 24 . É<br />
um fisicalismo não redutivo, pois alega que o mental é anômalo, isto é,<br />
as proprieda<strong>de</strong>s mentais não são governadas pelas leis estritas que<br />
governam as proprieda<strong>de</strong>s físicas. É uma forma <strong>de</strong> fisicalismo que<br />
afirma que cada evento individual é um evento físico (cf. KIM, 2003, p.<br />
124). Davidson adota uma ontologia mínima, baseada <strong>em</strong> eventos<br />
particulares não repetíveis, individuados por termos singulares, com<br />
coor<strong>de</strong>nadas espaço-t<strong>em</strong>porais (cf. DAVIDSON, 1970b, p. 209). Na sua<br />
<strong>de</strong>fesa da ontologia monista e da anomalia do mental, Davidson não<br />
adota o fisicalismo baseado na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos tipos, mas um fisicalismo<br />
baseado numa versão mais fraca da teoria da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, chamada <strong>de</strong><br />
teoria da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das ocorrências (tokens), que sustenta que toda<br />
ocorrência <strong>de</strong> um evento mental é uma ocorrência <strong>de</strong> um evento físico<br />
(neural), s<strong>em</strong> exigir que os tipos dos eventos mentais correspondam a<br />
tipos <strong>de</strong> eventos físicos. Ou seja, toda vez que me encontro num<br />
<strong>de</strong>terminado estado mental, este é idêntico a um estado físico (cf. KIM,<br />
2003, p. 124), mas nada garante que o estado físico seja o mesmo <strong>em</strong><br />
cada ocasião <strong>em</strong> que eu (ou outra pessoa) esteja naquele mesmo<br />
estado mental. Isto é um pouco como <strong>de</strong>screver o mesmo objeto, ao<br />
24 Todo evento que é subsumido por um tipo mental, isto é, que t<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>scrição<br />
psicológica, cai também <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> um tipo físico, isto é, t<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>scrição física.<br />
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