ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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4. ANOMALIA DO MENTAL E MONISMO FISICALISTA<br />
A tentativa <strong>de</strong> Davidson <strong>de</strong> combinar a idéia <strong>de</strong> que os conceitos<br />
psicológicos gozam <strong>de</strong> autonomia com relação aos conceitos físicos,<br />
com uma ontologia monista e com uma análise causal da ação, foi<br />
submetida a críticas severas. A idéia <strong>de</strong> que, para po<strong>de</strong>rmos explicar as<br />
ações <strong>de</strong> alguém, t<strong>em</strong>os que interpretá-las no quadro <strong>de</strong> uma estrutura<br />
<strong>de</strong> eventos mentais, dá lugar a uma dificulda<strong>de</strong> no interior da filosofia <strong>de</strong><br />
Davidson, relativa à conciliação <strong>de</strong> seu projeto interpretativo com seu<br />
projeto causal (cf. EVNINE, 1991, p. 175).<br />
Como afirma McDowell (cf. Mc DOWELL, 2005, p. 98), na posição<br />
assumida por Kant, inspiradora da idéia <strong>de</strong> Davidson <strong>de</strong> conciliar a<br />
anomalia do mental com o papel causal dos eventos mentais no mundo<br />
físico, há a idéia <strong>de</strong> que a liberda<strong>de</strong> humana po<strong>de</strong> ser reconduzida a um<br />
<strong>em</strong>preendimento ativo no qual o sujeito exerce um controle racional e<br />
ativo sobre a mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> <strong>de</strong> seu pensamento. Aceitar esta posição s<strong>em</strong><br />
mais n<strong>em</strong> menos, no âmbito da explicação da ação intencional, inclui<br />
um risco: torna-se fácil, <strong>de</strong>ste modo, per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista a conexão que<br />
existe entre o espaço das razões e o espaço da causalida<strong>de</strong> natural, e<br />
esquecer que os eventos mentais atuam num mundo governado por leis<br />
naturais (IBID.).<br />
Esta dificulda<strong>de</strong> é compatível com a instabilida<strong>de</strong> da posição<br />
assumida por Davidson no âmbito da explicação da ação intencional. Se<br />
o mental é anômalo, e se as explicações racionais-causais das ações<br />
humanas não são causais no mesmo sentido <strong>em</strong> que o são as<br />
explicações da ciência física, então, <strong>de</strong> que forma as primeiras po<strong>de</strong>m<br />
aparecer na or<strong>de</strong>m causal própria do mundo natural?<br />
Para introduzir o tipo <strong>de</strong> questões que po<strong>de</strong> ser levantado a este<br />
respeito, po<strong>de</strong> ser interessante citar duas objeções contra o monismo<br />
anômalo, que foram apresentadas pelo próprio Davidson na apêndice<br />
<strong>de</strong> seu artigo “Psychology as Philosophy” (cf. DAVIDSON, 1974, p. 242-<br />
243). A primeira, avançada por Robin Attfield, afirma que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
dos eventos psicológicos e físicos implica a existência <strong>de</strong> leis<br />
psicofísicas, enquanto a segunda, <strong>de</strong>vida a Les Holborrow, afirma que,<br />
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