ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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podemos compreender um particular enunciado sem conhecer o papel que as palavras que o compõem jogam em outros possíveis enunciados da língua. Para interpretarmos um ato lingüístico singular, temos que compreender as disposições não atuadas do falante para outros atos lingüísticos (IBID., p. 255). A descrição física da disposição complexa da capacidade lingüística de Art é a de um estado, um mecanismo efetivo, que atua em seu cérebro. Porém, mesmo que conseguíssemos identificar e descrever em detalhe o mecanismo físico que atua quando Art emite um certo enunciado, não teríamos ainda uma correlação em forma de lei estrita entre o mecanismo físico e o comportamento lingüístico. Um ato lingüístico singular deve ser interpretado no quadro de uma teoria da linguagem do falante, a qual nos diz as condições de verdade de cada enunciado entre um número infinito de enunciados que o falante poderia pronunciar. Estas condições são relativas ao tempo e às circunstâncias da proferência. Na elaboração desta teoria, não é possível apreender os significados das palavras um por um, para depois coligar-los através de determinadas regras. Começamos com o inferir uma inteira estrutura: é a partir da inteira estrutura da linguagem de alguém que passamos a inferir, ou inventar, os significados dos enunciados utilizados. Os significados são construtos arbitrários, constituem o aspecto operativo da estrutura, são uma nossa construção. Esta indeterminação da tradução não representa um insucesso da interpretação, mas é análoga à arbitrariedade da escolha de uma unidade de medida (IBID., p. 256-257). Os enunciados que um falante acredita verdadeiros são determinados por aquilo que ele quer dizer com suas palavras e por aquilo que ele crê sobre o mundo. Não é possível reconstruir a crença e o significado univocamente, a partir do comportamento lingüístico. A interpretação é uma construção que pode proceder pois podemos aceitar uma qualquer entre um certo número de teorias sobre o que alguém quer dizer (IBID., p. 257). Esta construção deve ser holística: o que deve ser interpretado é a inteira estrutura. Por esta razão, não é possível localizar os “correlatos físicos do significado”, não podemos 114
associar alguma parte fixa do cérebro de Art com os critérios do uso de uma palavra. Depois de ter desmontado a máquina, poderíamos somente dizer o que a máquina faria em circunstâncias determinadas, mas não poderíamos determinar uma lei rígida para o seu comportamento. É preciso interpretar a estrutura global do comportamento de Art, atribuindo a priori um amplo grau de coerência e racionalidade. Sem esta atribuição não poderíamos atribuir algum significado. É preciso, também, assumir uma estrutura de crenças e desejos que esteja em concordância com a nossa, para ter uma base para interpretar os desacordos. Todas estas condições não podem ser formuladas num vocabulário puramente físico, então a psicologia não pode ser reduzida às ciências físicas. Os argumentos de Davidson de que a psicologia não pode ser uma ciência são limitados às áreas da psicologia que se referem a atitudes proposicionais, ou seja, a estados e eventos mentais que exibem o caráter da intencionalidade. Além disso, Davidson afirma, cautelosamente, que “seria desonesto resumir estas observações dizendo que a psicologia (a parte da qual nos estamos ocupando) não é uma ciência; a conclusão é mais no sentido de que a psicologia se distingue das outras ciências de um modo importante e interessante” (IDEM, 1974, p. 241). Davidson, ao colocar a psicologia num plano bem diferente de todas aquelas ciências que tomam como modelo a ciência física, parece pelo menos querer conceder à psicologia a qualificação de “ciência” como título honorífico. 115
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A <strong>de</strong>scrição física da disposição complexa da capacida<strong>de</strong> lingüística<br />
<strong>de</strong> Art é a <strong>de</strong> um estado, um mecanismo efetivo, que atua <strong>em</strong> seu<br />
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entre o mecanismo físico e o comportamento lingüístico.<br />
Um ato lingüístico singular <strong>de</strong>ve ser interpretado no quadro <strong>de</strong> uma<br />
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uma inteira estrutura: é a partir da inteira estrutura da linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
alguém que passamos a inferir, ou inventar, os significados dos<br />
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constitu<strong>em</strong> o aspecto operativo da estrutura, são uma nossa construção.<br />
Esta in<strong>de</strong>terminação da tradução não representa um insucesso da<br />
interpretação, mas é análoga à arbitrarieda<strong>de</strong> da escolha <strong>de</strong> uma<br />
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com suas palavras e por aquilo que ele crê sobre o mundo. Não é<br />
possível reconstruir a crença e o significado univocamente, a partir do<br />
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A interpretação é uma construção que po<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r pois po<strong>de</strong>mos<br />
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alguém quer dizer (IBID., p. 257). Esta construção <strong>de</strong>ve ser holística: o<br />
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