12.04.2013 Views

ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Este resultado mostra como é fácil interpretar o comportamento <strong>de</strong><br />

escolha <strong>de</strong> forma a atribuir-lhe um padrão consistente e racional. Se<br />

quisermos <strong>de</strong>screver os comportamentos, t<strong>em</strong>os que pressupor um alto<br />

grau <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> e coerência na estrutura do comportamento<br />

humano, das crenças, dos <strong>de</strong>sejos (IBID., p. 237).<br />

Uma outra consi<strong>de</strong>ração, que não é marginal, é a <strong>de</strong> que, ao<br />

atribuirmos crenças e <strong>de</strong>sejos, utilizamos todas as subtis distinções<br />

disponíveis na linguag<strong>em</strong>. Neste sentido, atribuir uma crença é um<br />

probl<strong>em</strong>a idêntico ao da interpretação do discurso <strong>de</strong> alguém. O<br />

probl<strong>em</strong>a da interpretação do comportamento lingüístico é um probl<strong>em</strong>a<br />

análogo ao probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Ramsey na teoria da <strong>de</strong>cisão. Na teoria da<br />

<strong>de</strong>cisão não po<strong>de</strong>mos inferir das escolhas as crenças e os <strong>de</strong>sejos a<br />

não ser simultaneamente. Analogamente, na interpretação do<br />

comportamento lingüístico se trata <strong>de</strong> inferir cont<strong>em</strong>poraneamente o<br />

significado e as crenças. Ou seja, para interpretar o discurso <strong>de</strong> alguém,<br />

t<strong>em</strong>os que po<strong>de</strong>r saber quando ele acha verda<strong>de</strong>iro um enunciado que<br />

pronuncia. Os enunciados são tidos como verda<strong>de</strong>iros <strong>em</strong> parte por<br />

causa do que o falante quer dizer com suas palavras, ou seja, por causa<br />

<strong>de</strong> seu significado, <strong>em</strong> parte por causa do que ele crê. Portanto, para<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cidir sobre o significado <strong>de</strong> um discurso, t<strong>em</strong>os que construir,<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po, uma teoria sobre as crenças da pessoa que o<br />

pronuncia (IBID., p. 238).<br />

Ao elaborarmos uma teoria sobre as crenças do falante t<strong>em</strong>os que<br />

seguir uma estratégia fundamental, que consiste <strong>em</strong> assumir que um<br />

falante que ainda não compreen<strong>de</strong>mos é <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte coerente nas<br />

suas crenças. Somente seguindo esta estratégia torna-se possível<br />

acoplar enunciados do falante com enunciados nossos. É importante,<br />

então, ao fazermos uma interpretação, refletir sobre a inutilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rar as palavras e os enunciados do falante um por um, <strong>de</strong> tomálos<br />

isoladamente, abstraídos da estrutura das crenças, <strong>de</strong>sejos,<br />

intenções do falante. Esta estratégia, aplicada <strong>de</strong> forma sist<strong>em</strong>ática,<br />

torna-se um método <strong>de</strong> tradução. Não po<strong>de</strong>mos dar um sentido aos<br />

erros s<strong>em</strong> ter estabelecido uma base <strong>de</strong> concordância. Compreen<strong>de</strong>r<br />

uma língua significa traduzi-la no nosso sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> conceitos. O mesmo<br />

110

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!