ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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uma tarefa da qual a Psicologia Experimental po<strong>de</strong> completamente dar<br />
conta. Se os fenómenos psicológicos não constitu<strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a<br />
fechado, se as generalizações que os subsum<strong>em</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />
unicamente generalizações heteronómicas, e se comportamento<br />
humano é fundamentalmente intencional, como a Psicologia po<strong>de</strong><br />
justificar sua pretensão <strong>de</strong> reconduzir as ações humanas a previsões<br />
precisas ou leis estritas?<br />
Segundo Davidson, as condições <strong>de</strong> coerência geral e coesão<br />
racional que orientam a explicação e interpretação dos eventos mentais,<br />
orientam também a explicação do comportamento lingüístico e do<br />
comportamento <strong>em</strong> geral. Se quisermos atribuir, <strong>de</strong> um modo<br />
compreensível, crenças, <strong>de</strong>sejos, intenções e atitu<strong>de</strong>s, não po<strong>de</strong>mos<br />
não supor um alto grau <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> e coerência na estrutura do<br />
comportamento, da crença, do <strong>de</strong>sejo.<br />
Mesmo que a ação intencional não esgote todo o comportamento, os<br />
eventos cessam <strong>de</strong> ser ações ou comportamentos quando não é<br />
possível <strong>de</strong>screvê-los <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> intenção. A intencionalida<strong>de</strong> possui<br />
características que a distingu<strong>em</strong> conceitualmente dos conceitos físicos,<br />
sendo um conceito central para o comportamento <strong>em</strong> geral, e não<br />
somente para o comportamento <strong>de</strong>scrito <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s<br />
proposicionais (IDEM, 1974, p. 229-230).<br />
Uma teoria do comportamento a<strong>de</strong>quada, para Davidson, <strong>de</strong>ve<br />
reconciliar duas consi<strong>de</strong>rações <strong>em</strong> aparente <strong>de</strong>sacordo. Deve levar <strong>em</strong><br />
conta que, <strong>de</strong> um lado, as ações humanas faz<strong>em</strong> parte da or<strong>de</strong>m<br />
natural, causando e sendo causadas por eventos externos ao hom<strong>em</strong>, e<br />
que, do outro lado, os pensamentos, as crenças, os <strong>de</strong>sejos, e a ação<br />
voluntária não po<strong>de</strong>m ser reconduzidos <strong>de</strong>ntro das leis estritas da física<br />
(IBID., p. 230).<br />
Se não há a possibilida<strong>de</strong> da existência <strong>de</strong> leis <strong>de</strong>terminísticas do<br />
comportamento, então é preciso distinguir a psicologia e as ciências<br />
sociais da ciência física. As leis que operam nas ciências sociais são<br />
correlações estatísticas que não po<strong>de</strong>m ser aperfeiçoadas <strong>de</strong> forma<br />
ilimitada. Os eventos <strong>de</strong>scritos no dicionário do pensamento e da ação<br />
não po<strong>de</strong>m ser incorporados num sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>terminístico fechado,<br />
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