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Reportagem<br />

24 . Olimpo . Janeiro 2012<br />

A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL<br />

No aniversário dos 103 anos do COP,<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> pessoas foram premiadas após um<br />

Entrevista<br />

José Vicente Moura, presi<strong>de</strong>nte<br />

do COP, faz um balanço dos 15 anos<br />

à frente da instituição<br />

discurso do presi<strong>de</strong>nte da instituição.<br />

Reportagem<br />

Um dia com... Rui Costa, atleta<br />

olímpico <strong>de</strong> ciclismo, entre<br />

ginásio e treinos <strong>de</strong> estrada<br />

Nº 134, Dezembro <strong>de</strong> 2012<br />

Publicação mensal<br />

FESTA OLÍMPICA<br />

Opinião<br />

José Manuel Costa, Jurista<br />

e Membro da Comissão<br />

Instaladora Arbitral <strong>de</strong> Desporto


Reportagem<br />

2 . Olimpo . Abril 2012


4 EDITORIAL<br />

6 BREVES<br />

10 TEMA DE CAPA<br />

CELEBRAÇÃO DOS 103 ANOS<br />

DO COP<br />

14 ENTREVISTA<br />

JOSÉ VICENTE MOURA,<br />

PRESIDENTE DO COP<br />

18 UM DIA COM…<br />

RUI COSTA, ATLETA<br />

OLÍMPICO DE CICLISMO<br />

20 OPINIÃO<br />

JOSÉ MANUEL COSTA,<br />

JURISTA E MEMBRO DA<br />

COMISSÃO INSTALADORA<br />

DO TRIBUNAL ARBITRAL DE<br />

DESPORTO<br />

22 PUBLIREPORTAGEM<br />

SAMSUNG<br />

10 TEMA DE CAPA<br />

ANIVERSÁRIO<br />

DO COP<br />

Momentos <strong>de</strong> glória foram<br />

recordados na celebração<br />

dos 103 Anos do <strong>Comité</strong><br />

<strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> (COP).<br />

Após um breve balanço dos<br />

últimos 30 anos por José<br />

Vicente Moura, presi<strong>de</strong>nte<br />

do COP, <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> pessoas<br />

foram premiadas.<br />

Sumário<br />

14 ENTREVISTA<br />

JOSÉ VICENTE<br />

MOURA<br />

O presi<strong>de</strong>nte do COP,<br />

fala-nos dos 15 anos <strong>de</strong><br />

activida<strong>de</strong> à frente do<br />

COP e do sentimento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ver cumprido. Reformou<br />

e mo<strong>de</strong>rnizou o <strong>Comité</strong><br />

e fê-lo passar <strong>de</strong> uma<br />

instituição dispensável<br />

e amadora à “maior<br />

instituição <strong>de</strong>sportiva<br />

portuguesa”.<br />

18 UM DIA COM...<br />

RUI COSTA<br />

A Olimpo foi acompanhar<br />

o dia <strong>de</strong> Rui Costa, Atleta<br />

<strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> ciclismo,<br />

o homem que acabou<br />

<strong>de</strong> bater pelos votos<br />

o futebolista Cristiano<br />

Ronaldo na conquista do<br />

título <strong>de</strong> Melhor Atleta<br />

Masculino <strong>de</strong> 2012.<br />

Ficha<br />

Técnica<br />

Proprieda<strong>de</strong> e Edição<br />

<strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Portugal</strong>, Travessa da<br />

Memória, 36 1300-403<br />

LisboaTel.: 21 361 72 60<br />

Fax: 21 363 69 67<br />

Director<br />

José Vicente Moura<br />

Director Executivo<br />

Francisco Empis<br />

Textos<br />

Cunha Vaz & Associados<br />

Fotos<br />

Fernando Piçarra,<br />

Getty Images<br />

Projecto Gráfico<br />

e Paginação<br />

Cunha Vaz & Associados<br />

Impressão<br />

Sig, Socieda<strong>de</strong> Industrial-<br />

Gráfica, Lda.<br />

Rua Pêro Escobar, 21,<br />

2680-574 Camarate -<br />

Lisboa<br />

Tiragem<br />

2.500 exemplares<br />

Periodicida<strong>de</strong><br />

Mensal<br />

Numero <strong>de</strong> Registo ICS<br />

102203<br />

Depósito Legal<br />

9083/95<br />

Distribuição gratuita<br />

Dezembro 2012 . Olimpo . 3


Editorial<br />

JOSÉ VICENTE MOURA<br />

Presi<strong>de</strong>nte do <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong><br />

UM ESTUDO “IRRELEVANTE”?<br />

Baseado num conjunto <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> hipóteses,<br />

foi apresentado durante este mês <strong>de</strong><br />

Novembro um estudo sobre a avaliação do<br />

impacto do financiamento público, supostamente<br />

global, aos Ciclos <strong>Olímpico</strong>s e Paralímpicos<br />

2001-2012.<br />

Definido um ponto <strong>de</strong> partida pela reputada<br />

PricewaterhouseCoopers, construíram-<br />

-se regressões e estatísticas, diferenciaram-<br />

-se análises, <strong>de</strong>finiram-se instrumentos.<br />

Inversamente ao que seria expectável e cientificamente<br />

aceite, concluiu-se com a formulação<br />

<strong>de</strong> perguntas para o Governo, alegadamente<br />

com a estrutura do <strong>de</strong>sporto<br />

nacional, <strong>de</strong>finir prospectivamente a política<br />

<strong>de</strong>sportiva.<br />

Através <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo e <strong>de</strong> indicadores<br />

importados, sem que se perceba a diferença<br />

entre normalização dos dados ou eliminação<br />

dos mesmos, formulando as perguntas<br />

4 . Olimpo . Dezembro 2012<br />

“Os Jogos <strong>Olímpico</strong>s são o epítome<br />

da activida<strong>de</strong> não-politizada.”<br />

pertinentes, é predito ‘a posteriori’ que <strong>Portugal</strong><br />

<strong>de</strong>via ter ganho 5 medalhas nos Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres 2012?<br />

Terminados os Jogos, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> reter que 50% das medalhas em disputa<br />

foram conquistadas por um conjunto<br />

<strong>de</strong> 10 países. Essa razão leva-nos a duvidar<br />

sobre a aplicabilida<strong>de</strong> das mencionadas<br />

regressões ou correlações a países como<br />

<strong>Portugal</strong>.<br />

Não conseguimos compreen<strong>de</strong>r a previsão<br />

das 5 medalhas a <strong>Portugal</strong>. O número <strong>de</strong><br />

praticante da modalida<strong>de</strong> é irrelevante enquanto<br />

variável explicativa dos resultados?<br />

Assim, e segundo a literatura que terá<br />

sido compulsada pela empresa autora, consi<strong>de</strong>ramos<br />

que <strong>de</strong>veriam ter sido consi<strong>de</strong>rados<br />

os resultados <strong>de</strong>sportivos anteriores, em<br />

linha com as predições da Infostrada, USA<br />

Today ou SportsMyriad, entre outras. Deve-<br />

Michael Johnson<br />

ria ter-se em conta também a avaliação dos<br />

factores relacionados com o crescimento<br />

do envolvimento, consi<strong>de</strong>rados pela Goldman<br />

Sachs.<br />

Serão as 20 variáveis-chave indiscutíveis?<br />

Não seria <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar as 17 variáveis<br />

que ficaram por avaliar? Talvez a resposta<br />

não esteja na dúvida inerente à avaliação,<br />

mas sim no entendimento sobre o viés em<br />

que o estudo po<strong>de</strong>rá ter incorrido.<br />

No que respeita às recomendações e<br />

linhas orientadoras propostas pela PwC,<br />

cabe-nos sugerir uma leitura atenta às obrigações<br />

vertidas nos contratos-programa,<br />

anexos e relatórios <strong>de</strong> avaliação. Isto para<br />

que possam ser rectificadas no sentido <strong>de</strong><br />

um efectivo contributo para o Desporto em<br />

<strong>Portugal</strong>.<br />

Que se façam mudanças, mas não para<br />

que tudo fique na mesma!


Breves<br />

SAÚDE<br />

SEGURO DO PRATICANTE<br />

DE ALTO RENDIMENTO<br />

OFICIALIZADO<br />

O Seguro do Praticante <strong>de</strong> Alto Rendimento,<br />

previsto na legislação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1990, foi<br />

finalmente oficializado. O acto <strong>de</strong>correu na<br />

Secretaria <strong>de</strong> Estado do Desporto e Juventu<strong>de</strong><br />

através da assinatura <strong>de</strong> contrato entre o<br />

Instituto Português do Desporto e Juventu<strong>de</strong> e a<br />

seguradora Império Bonança.<br />

O seguro que terá o Estado como tomador pelo<br />

preço <strong>de</strong> 238 mil Euros abrange as coberturas<br />

<strong>de</strong> assistência hospitalar (15 767€), assistência<br />

ambulatória (1 577€), invali<strong>de</strong>z permanente<br />

absoluta (52 556€) e invali<strong>de</strong>z permanente<br />

parcial (52 556€), <strong>de</strong>stinando-se a um<br />

universo <strong>de</strong> aproximadamente 450 atletas <strong>de</strong><br />

modalida<strong>de</strong>s olímpicas, paralímpicas e outras.<br />

PEDRO FRAGA E NUNO<br />

MENDES CONQUISTAM<br />

PRATA NO EUROPEU<br />

REMO<br />

A dupla portuguesa <strong>de</strong> remadores,<br />

Pedro Fraga e Nuno Men<strong>de</strong>s,<br />

conquistou a Medalha <strong>de</strong> Prata em<br />

LM2x no Campeonato da Europa<br />

<strong>de</strong> Remo, que <strong>de</strong>correu no mês <strong>de</strong><br />

Setembro em Varese, Itália.<br />

Os remadores portugueses<br />

concluíram a prova em 6.22,27<br />

tendo ficado a apenas 0.0,29 da<br />

dupla campeã europeia, os gregos<br />

Panagiotis Magdanis e Spyridon<br />

Giannaros. O pódio ficou fechado<br />

com a dupla britânica, Chris Boddy<br />

e Michael Mottram, com a marca <strong>de</strong><br />

6.23,34.<br />

Recor<strong>de</strong>-se que Pedro Fraga e Nuno<br />

Men<strong>de</strong>s conquistaram nos Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres o 5.º lugar,<br />

naquela que foi a melhor prestação<br />

<strong>de</strong> sempre <strong>de</strong> uma dupla portuguesa<br />

numa competição Olímpica.<br />

6 . Olimpo . Dezembro 2012<br />

FRANCISCO<br />

EMPIS<br />

NOVO<br />

RESPONSÁVEL<br />

PELO MARKETING<br />

E COMUNICAÇÃO<br />

DO COP<br />

Francisco Empis<br />

é o novo director<br />

<strong>de</strong> marketing e<br />

comunicação do<br />

<strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> (COP).<br />

A nomeação surge<br />

na continuida<strong>de</strong><br />

da parceria entre o<br />

COP e a agência <strong>de</strong><br />

comunicação Cunha<br />

Vaz & Associados.<br />

Francisco Empis<br />

veio substituir João<br />

Malha, que dirigiu<br />

o <strong>de</strong>partamento<br />

durante os Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong><br />

Londres 2012.<br />

Francisco Empis,<br />

<strong>de</strong> 28 anos, é<br />

licenciado em<br />

Comunicação Social<br />

pela Escola Superior<br />

<strong>de</strong> Propaganda<br />

e Marketing do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, no<br />

Brasil. Antes <strong>de</strong><br />

assumir funções<br />

no COP, trabalhou<br />

como assessor<br />

<strong>de</strong> imprensa no<br />

Conselho da Europa,<br />

e em campanhas<br />

<strong>de</strong> integração <strong>de</strong><br />

imigrantes em<br />

<strong>Portugal</strong>. Encontra-<br />

-se actualmente<br />

a completar uma<br />

pós-graduação em<br />

Direito Europeu.<br />

RIO 2016<br />

CONCURSO<br />

PARA SELECÇÃO DE<br />

MASCOTES DOS JOGOS<br />

O<br />

<strong>Comité</strong> Organizador dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s e Paralímpicos<br />

Rio2016 lançou, em Novembro, um concurso para a esco-<br />

lha <strong>de</strong> uma mascote para os Jogos <strong>Olímpico</strong>s e para os Jo-<br />

gos Paralímpicos. As mascotes serão apresentadas<br />

ao público dois anos antes dos Jogos,<br />

no segundo semestre<br />

<strong>de</strong> 2014. As<br />

mascotes são um<br />

importante veículo <strong>de</strong><br />

transmissão da mensagem<br />

do maior evento multi<strong>de</strong>sportivo do<br />

planeta, especialmente para o público<br />

infanto-juvenil. O processo, que<br />

contará com a consultoria da empresa<br />

Anima Mundi, terá um prémio <strong>de</strong><br />

50 mil Reais (cerca <strong>de</strong> 19 mil Euros).<br />

No concurso apenas são admitidos<br />

profissionais e empresas brasileiras. Profissionais liberais também<br />

po<strong>de</strong>rão participar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que associados a alguma empresa,<br />

tais como produtoras <strong>de</strong> animação, produtoras cinematográficas,<br />

agências <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign, <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e estúdios <strong>de</strong> ilustração. O objectivo<br />

é que a mascote olímpica e a mascote paralímpica estejam em<br />

linha com os pilares do Rio2016 e com os valores do movimento<br />

<strong>Olímpico</strong> e Paralímpico.<br />

O regulamento está disponível em http://www.rio2016.com/<br />

comiteorganizador/bens-e-servicos<br />

LIVRO<br />

GUSTAVO MARCOS LANÇA<br />

“KELFI E OS JOGOS OLÍMPICOS”<br />

O livro “Kelfi e os Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s”, <strong>de</strong> Gustavo Marcos,<br />

foi lançado no mês <strong>de</strong> Outubro no<br />

auditório do <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Portugal</strong> (COP). O livro, editado<br />

pelo <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong><br />

em colaboração com o <strong>Comité</strong><br />

Paralímpico <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> (CPP),<br />

<strong>de</strong>stina-se a crianças do ensino<br />

básico e preten<strong>de</strong> dar-lhes a<br />

conhecer o universo <strong>Olímpico</strong>.<br />

A obra aborda vários temas, como<br />

as origens das olimpíadas, as<br />

diferentes modalida<strong>de</strong>s Olímpicas<br />

e as edições dos jogos mo<strong>de</strong>rnos,<br />

e também temas didácticos como<br />

a importância do <strong>de</strong>sporto para a<br />

saú<strong>de</strong>. O personagem principal, o<br />

Kelfi, leva os leitores a conhecer<br />

estes temas com várias perguntas<br />

e activida<strong>de</strong>s práticas ao longo da<br />

história.


ARQUITECTURA<br />

VENCEDOR DO CONCURSO<br />

DA SEDE DO CAMPO OLÍMPICO<br />

DE GOLFE É ANUNCIADO<br />

O JOVEM arquiteto Pedro Évora, neto <strong>de</strong> um medalhista olímpico,<br />

vai assinar o projecto da se<strong>de</strong> do campo olímpico <strong>de</strong> Golfe. “Uma<br />

gran<strong>de</strong> varanda”, que valoriza a paisagem tropical exuberante da<br />

Barra da Tijuca num ambiente <strong>de</strong> convivência e contacto com a<br />

natureza, com o espírito carioca, é a marca do projecto vencedor.<br />

Pedro Évora e Pedro Rivera, do Rio <strong>de</strong> Janeiro, são, respectivamente,<br />

autor e co-autor do projecto, que contaram com a colaboração <strong>de</strong><br />

Carina Batista, José <strong>de</strong> Latorre, Thiago Tarsitano, Romulo Milanese e<br />

Mariana Vilallonga. Ao todo, 82 equipas <strong>de</strong> arquitectos e paisagistas,<br />

<strong>de</strong> diversas cida<strong>de</strong>s do Brasil, foram a concurso, com um total <strong>de</strong> 57<br />

projectos entregues.<br />

“Tínhamos o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> abrir as portas para a cultura brasileira e<br />

<strong>de</strong> dar esta oportunida<strong>de</strong> aos jovens arquitetos do nosso país. Eles<br />

apresentaram trabalhos que enobrecem e orgulham a arquitectura<br />

brasileira. Estou encantado com o resultado”, afirma Carlos Arthur<br />

Nuzman, presi<strong>de</strong>nte do <strong>Comité</strong> organizador dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s e<br />

Paralímpicos Rio2016.<br />

O júri foi composto pelos arquitetos Gustavo Nascimento, gerente<br />

<strong>de</strong> Arquitectura e Design <strong>de</strong> Instalações Desportivas do Rio<br />

2016, e Michael Johnson, americano especialista em projetos <strong>de</strong><br />

campos <strong>de</strong> golfe, como representantes do Rio 2016, além <strong>de</strong> três<br />

arquitetos do IAB-RJ, Nivaldo Vieira <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Junior, Eduardo<br />

Horta e Fernando Alencar.<br />

1980<br />

Ano em<br />

que se<br />

realizaram<br />

pela<br />

primeira<br />

vez as<br />

Olimpiadas<br />

na Rússia.<br />

INFRAESTRUTURAS<br />

REVITALIZAÇÃO DA<br />

REGIÃO DO PORTO<br />

DO RIO JÁ COMEÇOU<br />

As primeiras obras <strong>de</strong> infraestrutura que<br />

fazem parte do plano <strong>de</strong> revitalização da<br />

região do porto do Rio <strong>de</strong> Janeiro, intitulado<br />

“Porto Maravilha”, já começaram. Durante<br />

os Jogos <strong>Olímpico</strong>s e Paralímpicos Rio2016,<br />

muitos espectadores irão <strong>de</strong>sembarcar na<br />

cida<strong>de</strong> em navios transatlânticos, que ficarão<br />

atracados e servirão <strong>de</strong> hospedagem para os<br />

turistas.<br />

O objectivo é reintegrar a <strong>de</strong>gradada região<br />

do porto à cida<strong>de</strong>, mo<strong>de</strong>rnizando-a mas<br />

preservando a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Um dos<br />

símbolos da nova fase será o Museu <strong>de</strong> Arte<br />

do Rio (MAR), que está a ser construído na<br />

região.<br />

123 dias<br />

A sensivelmente um ano da chegada da Tocha Olímpica à Rússia,<br />

o <strong>Comité</strong> Organizador dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Inverno Sochi2014<br />

divulgou a rota que a Tocha Olímpica e os seus portadores<br />

percorrerão, que será a mais longa da história.<br />

Ao longo <strong>de</strong> 123 dias, a Chama Olímpica irá viajar mais <strong>de</strong> 65 000km<br />

a pé, <strong>de</strong> carro, <strong>de</strong> avião, <strong>de</strong> comboio e até mesmo <strong>de</strong> “troika”, um<br />

trenó tradicional russo. A Tocha será transportada por cerca <strong>de</strong> 14 mil<br />

portadores e irá visitar mais <strong>de</strong> 2 900 locais ao longo das 83 regiões<br />

da Rússia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Kaliningrado a Vladivostok, passando a uma hora<br />

<strong>de</strong> distância <strong>de</strong> 90% da população do país, ou seja, cerca <strong>de</strong> 130<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas po<strong>de</strong>rão participar das celebrações.<br />

O percurso da Chama Olímpica começará em Moscovo antes <strong>de</strong><br />

visitar várias áreas históricas, culturais e pitorescas da Rússia,<br />

incluindo Yasnaya Polyana, a parte russa <strong>de</strong> Curonian Spit, os vulcões<br />

<strong>de</strong> Avachinskiy e a Reserva <strong>de</strong> Kizhi, culminando na Cerimónia <strong>de</strong><br />

Abertura dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Inverno Sochi2014, no dia 7 <strong>de</strong><br />

Fevereiro <strong>de</strong> 2014.<br />

Dezembro 2012 . Olimpo . 7


Breves<br />

CANDIDATURAS<br />

ORGANIZAÇÃO DOS<br />

JO JUVENTUDE 2018<br />

As cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Buenos Aires (ARG), Glasgow (GBR),<br />

Guadalajara (MEX), Me<strong>de</strong>llín (COL) e Roterdão<br />

(HOL) submeteram as suas candidaturas para<br />

colherem os Jogos <strong>Olímpico</strong>s Juventu<strong>de</strong> 2018. As<br />

cida<strong>de</strong>s finalistas serão anunciadas pelo Conselho<br />

Executivo do <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> Internacional (COI)<br />

em Fevereiro <strong>de</strong> 2013, em Lausanne. Após uma<br />

avaliação mais profunda, os membros do COI irão<br />

eleger a cida<strong>de</strong> anfitriã. A eleição final está marcada<br />

para 4 <strong>de</strong> Julho do próximo ano.<br />

TRIATLO<br />

JOÃO SILVA NO ‘TOP TEN’<br />

MUNDIAL<br />

Um ano <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se ter tornado em Yokohama<br />

o primeiro atleta masculino português a vencer<br />

uma etapa do Campeonato do Mundo <strong>de</strong> Triatlo,<br />

João Silva voltou<br />

a conquistar<br />

o primeiro<br />

lugar na prova<br />

nipónica, sétima<br />

e penúltima etapa<br />

do Campeonato<br />

do Mundo 2012,<br />

com o tempo <strong>de</strong><br />

01:48:44.<br />

O outro português em prova, João Pereira,<br />

terminou no 31.º lugar com a marca <strong>de</strong> 1:55.49.<br />

Graças a esta vitória e ao 21.º lugar na Gran<strong>de</strong><br />

Final do Mundial <strong>de</strong> triatlo em Auckland (Nova<br />

Zelândia), João Silva fecha o campeonato no Top-<br />

10 com 2682 pontos.<br />

O triatleta que, pela terceira vez consecutiva, foi o<br />

melhor português na competição volta a integrar<br />

o ‘top ten’ da modalida<strong>de</strong>.<br />

JANTAR-REUNIÃO<br />

COP RECEBE<br />

CONGÉNERE CHINÊS<br />

A <strong>de</strong>legação chinesa, chefiada pelo vice-<br />

-presi<strong>de</strong>nte do <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> Chinês e vice-<br />

-ministro do Desporto, Sr. Xiao Tian, foi recebida<br />

pelo Presi<strong>de</strong>nte do COP, Comandante Vicente<br />

Moura, acompanhado pelo secretário-geral Eng.º<br />

Marques da Silva e pela Dr.ª Angelica Santos,<br />

Vogal da Comissão Executiva.<br />

No <strong>de</strong>correr da reunião foi feito um convite para<br />

uma <strong>de</strong>legação do COP visitar, no próximo ano,<br />

o <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> Chinês em Pequim, durante a<br />

qual será assinado um protocolo <strong>de</strong> entendimento<br />

entre as duas entida<strong>de</strong>s em áreas <strong>de</strong>sportivas<br />

8 . Olimpo . Dezembro 2012<br />

CONFERÊNCIA<br />

“OLÍMPICOS<br />

2012 DÁ O<br />

MELHOR<br />

DE TI”<br />

O Pavilhão da Escola<br />

Professor Noronha<br />

Feio, em Queijas,<br />

foi palco no passado<br />

dia 20 <strong>de</strong> Novembro<br />

da Conferência<br />

“<strong>Olímpico</strong>s 2012 -<br />

Dá o melhor <strong>de</strong> ti”. A<br />

conferência contou<br />

com a presença<br />

dos atletas David<br />

Rosa (Ciclismo) e<br />

Sara Carmo (Vela),<br />

que fizeram parte<br />

da Missão Londres<br />

2012, bem como<br />

do Presi<strong>de</strong>nte da<br />

Comissão <strong>de</strong> Atletas<br />

<strong>Olímpico</strong>s (CAO)<br />

e Medalhado <strong>de</strong><br />

Bronze nos Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Atlanta<br />

1996, Nuno Barreto<br />

(Vela). Os oradores<br />

enalteceram o<br />

papel do <strong>de</strong>sporto<br />

na formação<br />

individual, através<br />

da sua experiência.<br />

O <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> (COP)<br />

esteve representado<br />

por Angélica<br />

Santos, membro da<br />

Comissão Executiva<br />

do COP.<br />

Nesta ocasião foi<br />

também premiada<br />

a Escola Professor<br />

Noronha Feio, que<br />

com o ‘slogan’<br />

“Ganhar ou per<strong>de</strong>r,<br />

com ‘fair-play’ é<br />

vencer” venceu o<br />

concurso lançado<br />

pela Câmara<br />

Municipal <strong>de</strong> Oeiras<br />

às Escolas do 2º, 3º<br />

Ciclos e Secundárias<br />

no âmbito do<br />

Programa Municipal<br />

<strong>de</strong> Promoção do<br />

Espírito Desportivo.<br />

VELA<br />

CLASSE RS:X MANTÉM-SE<br />

NO PROGRAMA DOS JOGOS<br />

OLÍMPICOS<br />

A<br />

classe <strong>de</strong> Vela RS:X<br />

continuará a figurar<br />

no programa dos Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2016. A continuida<strong>de</strong> da classe<br />

ficou <strong>de</strong>cidida no Congresso da<br />

Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> Vela<br />

(ISAF), que <strong>de</strong>correu na Irlanda<br />

no início <strong>de</strong> Novembro. Esta <strong>de</strong>cisão<br />

vem revogar uma votação<br />

anterior que ditava a substituição<br />

A 15ª Conferência Mundial<br />

do COI, subordinada ao tema<br />

“Desporto para Todos”, terá<br />

lugar em Lima (Perú) entre os<br />

dias 24 e 27 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2013.<br />

O encontro, que terá como<br />

anfitriões o Governo Municipal<br />

<strong>de</strong> Miraflores e o Instituto<br />

da classe RS:X pelo Kitesurf no<br />

programa dos próximos Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s.<br />

Nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres<br />

2012, <strong>Portugal</strong> foi representado<br />

nesta classe pelo velejador<br />

João Rodrigues, que conta já<br />

com seis presenças em Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s e que assim po<strong>de</strong>rá<br />

almejar alcançar no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2016 a sua sétima presença.<br />

LIVRO<br />

15ª CONFERÊNCIA<br />

MUNDIAL “SPORTS FOR ALL”<br />

Peruano do Desporto, está a<br />

ser organizado pelo COI em<br />

conjunto com o <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong><br />

do Perú e em colaboração<br />

com a SportAccord.<br />

De referir que a conferência<br />

mundial “Sport For All”,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua primeira edição,<br />

em 1986, <strong>de</strong>dica-se a<br />

promover a saú<strong>de</strong>, o ‘fitness’<br />

e o bem-estar e a incentivar<br />

um maior número <strong>de</strong><br />

pessoas <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s<br />

a participarem em activida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>sportivas e a experimentarem<br />

os valores olímpicos.<br />

Inscrição através do sítio<br />

www.sportforall2013.org


Tema <strong>de</strong> Capa<br />

CELEBRAÇÃO DOS 103 ANOS DO COP<br />

MOMENTOS DE GLÓRIA<br />

RECORDADOS EM FESTA OLÍMPICA<br />

Foi com emoção e sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver cumprido que dirigentes, atletas,<br />

treinadores e amantes do Desporto celebraram os 103 anos <strong>de</strong> existência<br />

do <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> (COP). Várias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> pessoas foram<br />

premiadas após Vicente Moura, presi<strong>de</strong>nte do COP, ter feito um breve balanço<br />

dos últimos 30 anos que o ligam ao Movimento <strong>Olímpico</strong> português. Alexandre<br />

Mestre, o representante do Governo, <strong>de</strong>safiou ainda o lí<strong>de</strong>r do COP - que está<br />

em final <strong>de</strong> mandato - a colaborar no sentido <strong>de</strong>, com o seu saber, melhorar o<br />

paradigma do <strong>de</strong>sporto nacional.<br />

10 . Olimpo . Dezembro 2012<br />

Fotos Fernando Piçarra


DEZENAS DE GALARDOADOS COM PRÉMIOS DE MÉRITO OLÍMPICO<br />

Foram <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> atletas,<br />

treinadores, dirigente fe<strong>de</strong>rativos,<br />

do <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> e amantes<br />

do <strong>de</strong>sporto os homenageados<br />

na festa do centésimo terceiro<br />

aniversário do COP. Pelo palco<br />

instalado no Pavilhão das Galeotas<br />

do Museu da Marinha passaram<br />

dirigentes olímpicos como Vasco<br />

Lince, Geral<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira, Manuel<br />

da Silva Moura, Carlos Cardoso,<br />

Jorge Cruz, Mário Várias Cardoso,<br />

Miguel Nobre Ferreira ou José<br />

Manuel Fia<strong>de</strong>iro, alguns <strong>de</strong>les<br />

companheiros <strong>de</strong> caminhada <strong>de</strong><br />

José Vicente Moura no seu primeiro<br />

mandato à frente do COP.<br />

// José Vicente Moura, presi<strong>de</strong>nte do COP,<br />

homenageia o secretário <strong>de</strong> Estado do<br />

Desporto e da Juventu<strong>de</strong> com uma placa <strong>de</strong><br />

gratidão e reconhecimento. Os remadores<br />

Emanuel Silva e Fernando Pimenta receberam<br />

a Medalha Olímpica do COP após terem<br />

conquistado a medalha <strong>de</strong> prata nos Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres 2012<br />

Outros se seguiram no trabalho<br />

em prol do Movimento <strong>Olímpico</strong> e<br />

por isso tiveram honras <strong>de</strong> serem<br />

recordados: Victor Nogueira, Artur<br />

Lopes, Vítor Fonseca da Mota,<br />

João Correia, Norberto Rodrigues,<br />

Manuel Marques da Silva, Raúl<br />

Martins, João Matos, Alípio <strong>de</strong><br />

Oliveira, José Vasques Osório, Mário<br />

Saldanha, António Feu e Nuno<br />

Simões; mas também António<br />

Roquette, António Aleixo, Manuel<br />

Boa <strong>de</strong> Jesus, Pedro Sousa Ribeiro<br />

e Maria João Vitorino ou Vicente<br />

Araújo e Celeste Gil (ausentes),<br />

Paulo Frischknecht, Susana Feitor,<br />

Florindo Morais, Nuno Fernan<strong>de</strong>s e<br />

Sílvio Rafael. Na leva mais recente<br />

<strong>de</strong> dirigentes do COP pontuam<br />

Carlos Lopes, José Luís Ferreira,<br />

Mário Santos, Angélica Santos,<br />

Pedro Sarmento, Sandra Monteiro,<br />

Rui Coelho, João Salgado da Silva e<br />

Nuno Barreto.<br />

Os prémios anuais do COP foram<br />

entregues ao velejador João<br />

Rodrigues (Prémio Especial COP),<br />

à judoca Ana Hormigo (Prémio<br />

Fair Play), ambos ausentes em<br />

viagem, e a Tomás Araújo, 13<br />

anos, praticante <strong>de</strong> artes marciais<br />

chinesas (Prémio Juventu<strong>de</strong>). A<br />

Medalha <strong>de</strong> Mérito foi entregue<br />

a Alda Corte-Real (Ginástica)<br />

Mais <strong>de</strong> duas centenas <strong>de</strong> dirigentes<br />

<strong>de</strong>sportivos, atletas, treinadores<br />

e responsáveis políticos<br />

na área do <strong>de</strong>sporto marcaram presença na<br />

cerimónia <strong>de</strong> comemoração dos 103 anos do<br />

<strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> (COP) que se<br />

realizou no Pavilhão das Galeotas do Museu<br />

<strong>de</strong> Marinha, em Lisboa. O valor <strong>de</strong> uma instituição<br />

como o COP ficou vincado no rico <strong>de</strong>scritivo<br />

histórico elencado pelo seu presi<strong>de</strong>nte<br />

e ainda pelas palavras proferidas pelo actual<br />

secretário <strong>de</strong> Estado do Desporto e Juventu<strong>de</strong>,<br />

Alexandre Mestre: “Só instituições ímpares,<br />

com valia, enraizamento e prestígio junto dos<br />

cidadãos portugueses é que conseguem manter<br />

a chama acesa durante mais <strong>de</strong> cem anos.<br />

Neste caso a Chama Olímpica”, frisou.<br />

Foi com a voz embargada que o comandante<br />

José Vicente Moura anunciou aos<br />

convidados da festa do 103º aniversário a<br />

notícia do falecimento <strong>de</strong> Manuel Ribeiro<br />

da Silva, um ilustre cientista do Porto, praticante<br />

<strong>de</strong> basquetebol na juventu<strong>de</strong>, que<br />

e a Vítor Carvalho (C.P.C.C.R).<br />

A Medalha Olímpica coube à<br />

dupla Emanuel Silva e Fernando<br />

Pimenta (Canoagem) e a da Or<strong>de</strong>m<br />

Olímpica, o mais alto galardão<br />

do COP, a Miguel Nobre Ferreira<br />

(comissão jurídica).<br />

No final da cerimónia ainda houve<br />

lugar à entrega <strong>de</strong> prémios a Maria<br />

Helena Saraiva, colaboradora há<br />

mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos no COP; a Ricardo<br />

Florêncio, ‘Managing Partner’ da<br />

Desportímedia; a António Cunha<br />

Vaz, ‘Chairman’ da consultora em<br />

comunicação CV&A; e ao Contra-<br />

Almirante António Bossa Dionísio,<br />

director do Museu do Mar.<br />

ao Movimento <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong>u o seu tempo<br />

e saber para a criação da Aca<strong>de</strong>mia Olímpica<br />

<strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>. Fez-se um sentido minuto<br />

<strong>de</strong> silêncio e <strong>de</strong> seguida o presi<strong>de</strong>nte fez a<br />

evocação dos momentos altos do passado<br />

recente do COP e do movimento olímpico<br />

português.<br />

O comandante Vicente Moura revelou<br />

como, em 1981, acabou, por mero acaso,<br />

eleito numa lista candidata aos órgãos sociais<br />

do COP. “Por imperativo estatutário, houve<br />

duas listas a sufrágio. Numa <strong>de</strong>las, a vencedora,<br />

li<strong>de</strong>rada pelo engenheiro Lima Belo, figurava<br />

o meu nome, sem o meu conhecimento,<br />

sendo eu então secretário-geral da Fe<strong>de</strong>ração<br />

Portuguesa <strong>de</strong> Natação. O presi<strong>de</strong>nte da minha<br />

fe<strong>de</strong>ração inclui-me na lista <strong>de</strong> Lima Belo<br />

e este ganhou. Vi-me então, <strong>de</strong> um momento<br />

para o outro, catapultado para o convívio com<br />

gran<strong>de</strong>s figuras do olimpismo português”, recordou,<br />

explicando assim como surgiu o seu<br />

contacto com a instituição máxima do olimpismo<br />

português.<br />

Dezembro 2012 . Olimpo . 11


Tema <strong>de</strong> Capa<br />

// Dois parceiros do COP foram homenageados em noite <strong>de</strong> festa. O director do Museu do Mar, o Contra-Almirante<br />

Bossa Dionísio e o presi<strong>de</strong>nte do <strong>Comité</strong> Paralímpico <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, Humberto Santos<br />

12 . Olimpo . Dezembro 2012<br />

Três anos mais tar<strong>de</strong>, em 1984, coube a<br />

José Vicente Moura chefiar a Missão Olímpica<br />

que levou 37 atletas até Los Angeles.<br />

“Obtivemos três medalhas, a histórica medalha<br />

<strong>de</strong> ouro <strong>de</strong> Carlos Lopes e duas <strong>de</strong><br />

bronze, <strong>de</strong> Rosa Mota e do nosso saudoso<br />

António Leitão”, referiu, acrescentando a<br />

esse mandato os feitos olímpicos <strong>de</strong> Seul<br />

em 1988: “a participação culminou com a<br />

medalha <strong>de</strong> ouro <strong>de</strong> Rosa Mota, a maior maratonista<br />

<strong>de</strong> sempre”, disse-o, sendo interrompido<br />

pela audiência com uma enorme<br />

salva <strong>de</strong> palmas.<br />

Um ano <strong>de</strong>pois, 1989, foi a vez <strong>de</strong> José<br />

Vicente Moura ser eleito pela primeira vez<br />

como presi<strong>de</strong>nte do COP. “Nesse mandato<br />

merece referência os esforços que envidámos<br />

para a criação da Fundação do Desporto,<br />

a criação da assembleia do <strong>de</strong>sporto<br />

fe<strong>de</strong>rado que <strong>de</strong>u origem à Confe<strong>de</strong>ração<br />

do Desporto e a participação intensíssima<br />

na primeira lei <strong>de</strong> bases do <strong>de</strong>sporto”, recordou,<br />

explicando as razões pelas quais<br />

tomou, em 1993, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> não se recandidatar:<br />

“o facto <strong>de</strong> em Barcelona não se ter<br />

GOVERNO CONVIDA VICENTE MOURA<br />

A PARTILHAR SOLUÇÕES<br />

Como as instituições são uma emanação das pessoas<br />

que as criam e dinamizam, importa dar os parabéns<br />

a todos os dirigentes e funcionários que emprestaram<br />

o seu tempo e saber, décadas a fio e todos os atletas,<br />

treinadores e <strong>de</strong>mais dirigentes <strong>de</strong>sportivos, que trouxeram<br />

reconhecimento ao COP sempre em nome do País”. Foi <strong>de</strong>sta<br />

forma que Alexandre Mestre, actual Secretário <strong>de</strong> Estado<br />

do Desporto e Juventu<strong>de</strong>, felicitou todos os responsáveis<br />

pelo COP durante a cerimónia do seu 103º aniversário, que<br />

<strong>de</strong>correu no Museu da Marinha, em Lisboa.<br />

Sabendo estar o presi<strong>de</strong>nte do COP em final <strong>de</strong> mandato,<br />

o governante com a tutela do Desporto criticou e lançou<br />

um repto à pessoa <strong>de</strong> José Vicente Moura, pedindo-lhe<br />

“um compromisso institucional e pessoal na remessa <strong>de</strong><br />

contributos para o futuro programa <strong>de</strong>sportivo 2012-2024,<br />

gizando connosco o futuro do <strong>de</strong>sporto português em geral<br />

e do olimpismo português em particular”. Concordando<br />

com as premissas do presi<strong>de</strong>nte do COP em funções – que<br />

assumiu publicamente estar “o nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>sportivo<br />

esgotadíssimo, obsoleto, ultrapassado, <strong>de</strong>sarticulado e<br />

sem profundida<strong>de</strong>, precisando <strong>de</strong> mudar o paradigma” –<br />

<strong>de</strong>safiou o ainda responsável máximo pelo <strong>de</strong>sporto olímpico<br />

a “partilhar soluções, experiências e a sua visão, como<br />

agente incontornável que é, no sistema <strong>de</strong>sportivo nacional”.<br />

“Não nos po<strong>de</strong>mos dar ao luxo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdiçar este ‘knowhow’”,<br />

garantiu.<br />

conquistado nenhuma medalha marcou<br />

negativamente a minha prestação enquanto<br />

presi<strong>de</strong>nte do COP, sem apoio visível não<br />

me recandidatei”.<br />

Quatro anos <strong>de</strong>pois, Vicente Moura está<br />

<strong>de</strong> volta como cabeça <strong>de</strong> uma lista vencedora.<br />

É então que começa a verda<strong>de</strong>ira revolução<br />

que mudou o rosto do <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong>.<br />

“Alteraram-se os estatutos, nome e logótipo<br />

do COP por forma a mo<strong>de</strong>rnizar a sua visibilida<strong>de</strong>.<br />

Tivemos uma boa participação nos<br />

Jogos <strong>de</strong> Sydney 2000, on<strong>de</strong> se obtiveram<br />

duas medalhas <strong>de</strong> bronze, Fernanda Ribeiro<br />

e Nuno Delgado”, relembrou. “Em 2001<br />

voltei a ser reeleito. Criámos a Comissão <strong>de</strong><br />

Atletas <strong>Olímpico</strong>s (a CAO) e colocámos <strong>de</strong> pé<br />

a ACOLOP. Nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Atenas<br />

tivemos uma excelente participação: 3 medalhas,<br />

duas <strong>de</strong> prata, uma <strong>de</strong> Sérgio Paulinho e<br />

outra <strong>de</strong> Francis Obikwelu, e uma <strong>de</strong> bronze<br />

<strong>de</strong> Rui Silva”, salientou.<br />

Reeleita em 2005, a equipa li<strong>de</strong>rada por<br />

Vicente Moura preparou a gestão do projecto<br />

dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Pequim 2008,<br />

criou os Jogos da Lusofonia, preparou um


estudo <strong>de</strong> candidatura <strong>de</strong> Lisboa à realização<br />

dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s que nunca passou do<br />

papel e reforçou as relações com o <strong>de</strong>sporto<br />

paralímpico e universitário. Foi nessa época<br />

que se lançou o projecto <strong>de</strong> criação do Tribunal<br />

Arbitral Desportivo e mais tar<strong>de</strong> propos<br />

a criação <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> Detecção <strong>de</strong><br />

Talentos do Desporto.<br />

Em Pequim dois atletas regressaram medalhados,<br />

Nélson Évora com ouro e Vanessa<br />

Fernan<strong>de</strong>s com prata; em Londres 2012<br />

uma medalha <strong>de</strong> prata chegou a <strong>Portugal</strong> ao<br />

peito dos remadores Manuel Silva e Fernando<br />

Pimenta.<br />

“Esta será a minha última intervenção enquanto<br />

presi<strong>de</strong>nte do COP, na plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

funções”, confessou emocionado José Vicente<br />

Moura, relembrando que está “prestes a<br />

terminar um longo e trabalhoso período” da<br />

sua vida, agra<strong>de</strong>cendo a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “<strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> uma longa carreira na Armada que<br />

muito me orgulha, ter vivido uma segunda<br />

vida ao serviço do Movimento <strong>Olímpico</strong>. Foi<br />

um longo período <strong>de</strong> tempo que vivi intensamente<br />

e fui muito feliz”, rematou.<br />

LANÇAMENTO DE LIVRO<br />

E DESCERRAMENTO DE<br />

PLACA COMEMORATIVA<br />

Antes do jantar, houve tempo para<br />

o lançamento do Livro Evocações<br />

Olímpicas, <strong>de</strong> David Sequerra,<br />

na se<strong>de</strong> do COP. Segundo o<br />

autor, o livro <strong>de</strong>ixa aos leitores<br />

“testemunhos <strong>de</strong> historietas<br />

e situações especiais, entre<br />

emocionantes e caricatas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1952 até aos dias <strong>de</strong> hoje.”<br />

O lançamento foi precedido<br />

do <strong>de</strong>scerramento da placa<br />

comemorativa do feito alcançado<br />

por Emanuel Silva e Fernando<br />

Pimenta, que em Londres<br />

conquistaram a Medalha <strong>de</strong> Prata<br />

em Canoagem K2 1000m. Esta<br />

placa junta-se assim, no mural<br />

Fama Olímpica, às Medalhas<br />

Olímpicas conquistadas por<br />

<strong>Portugal</strong>.<br />

// Rosa Mota foi ovacionada com uma enorme salva <strong>de</strong> palmas. O hino nacional interpretado<br />

pelo Coral Vértice emocionou os presentes que aproveitaram o momento para reencontrar e<br />

conviver com amigos <strong>de</strong> longa <strong>de</strong> data<br />

Dezembro 2012 . Olimpo . 13


Entrevista<br />

JOSÉ VICENTE MOURA<br />

PRESIDENTE DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL (COP)<br />

“As condições reais para<br />

medalhas em Londres eram escassas”<br />

Reformou e mo<strong>de</strong>rnizou o <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> e fê-lo passar <strong>de</strong> uma instituição dispensável<br />

e amadora à “maior instituição <strong>de</strong>sportiva portuguesa”. Sai do COP ao fim <strong>de</strong> 15<br />

anos com sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver cumprido. Frontal e directo, relembra que a crónica falta <strong>de</strong> política<br />

<strong>de</strong>sportiva nacional terá reflexos negativos já nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Quinze anos a li<strong>de</strong>rar o <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, mais três como<br />

Chefe <strong>de</strong> Missão, qual é o balanço que faz do trabalho concretizado?<br />

O balanço tem que ser positivo. Quando assumi funções no <strong>Comité</strong><br />

<strong>Olímpico</strong>, especialmente quando me tornei presi<strong>de</strong>nte, her<strong>de</strong>i<br />

uma instituição com <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> anos a trabalhar à margem do<br />

associativismo <strong>de</strong>sportivo. Era uma instituição que não dava o mínimo<br />

contributo para o <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>de</strong>sporto português.<br />

Diria que estava mais interessada em se perpetuar a si própria do<br />

que propriamente intervir e contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

<strong>de</strong>sporto português. Introduzi alterações estatutárias e garanti a<br />

entrada, nas dinâmicas do comité, das fe<strong>de</strong>rações, e com elas o<br />

dirigismo português. Transformei o <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> uma instituição<br />

dispensável na maior instituição <strong>de</strong>sportiva portuguesa.<br />

Quer dizer que no COP não havia rumo, não havia objectivos, apenas<br />

a manutenção do status quo? Foi isso que encontrou quando aqui<br />

chegou?<br />

Sim. Havia um <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> com dirigentes <strong>de</strong> elevado nível<br />

mas que não tinham nenhuma intervenção. Reuniam-se periodicamente.<br />

Era mais um grupo <strong>de</strong> amigos que se reunia, trocavam<br />

algumas impressões sobre a política <strong>de</strong>sportiva do país e não intervinham<br />

em nenhum aspecto. De quatro em quatro anos faziam<br />

uma selecção dos atletas que iam às edições dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s,<br />

pediam a cada fe<strong>de</strong>ração que indicassem os atletas e preparavam a<br />

Missão. Faziam o trabalho com os atletas que aparecessem.<br />

14 . Olimpo . Dezembro 2012<br />

Po<strong>de</strong>-se então falar em amadorismo organizacional?<br />

Totalmente e duplamente amador. Ninguém recebia dinheiro,<br />

mas não havia responsabilida<strong>de</strong>s. Respeito o amadorismo dos dirigentes<br />

que até punham dinheiro do seu próprio bolso.<br />

Como é que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> toda esta lufada <strong>de</strong> ar fresco no <strong>Comité</strong> encara<br />

um sistema <strong>de</strong>sportivo nacional obsoleto, como já afirmou. Como é<br />

que esta mudança conviveu com a falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> para captar<br />

novos atletas olímpicos?<br />

Esse é um dos problemas atávicos do nosso país. Logo a seguir ao<br />

25 <strong>de</strong> Abril ainda houve uma fase em que o Estado percebeu que<br />

o <strong>de</strong>sporto era importante, que po<strong>de</strong> ser motivador da auto-estima<br />

nacional, mas <strong>de</strong>pois falhou porque não houve captação<br />

<strong>de</strong> jovens <strong>de</strong>sportistas. É muito complicado termos<br />

atletas talentosos, não aparecem. O indivíduo que tem<br />

condições morfológicas por vezes não é captado para<br />

a modalida<strong>de</strong> correcta por falta <strong>de</strong> infraestruturas<br />

e <strong>de</strong> orientação. Tenho pena dos talentos que se<br />

per<strong>de</strong>ram.<br />

Acha que é um problema <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> orientadores<br />

ou apenas <strong>de</strong> má vonta<strong>de</strong> política?<br />

É um problema <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong><br />

política porque as décadas passam<br />

e essas interrogações colocamse<br />

sempre e não há soluções<br />

políticas para os


Fotos Fernando Piçarra<br />

Dezembro 2012 . Olimpo . 15


Entrevista<br />

problemas. Precisamos que os jovens pratiquem <strong>de</strong>sporto. Ponto<br />

final. Para mim é indiferente o local on<strong>de</strong> o praticam. O pior é que<br />

o grau <strong>de</strong> prática é muito baixo.<br />

Perante este cenário qual é o futuro do <strong>de</strong>sporto olímpico em<br />

<strong>Portugal</strong>?<br />

É aquilo para o qual tenho vindo a alertar, se nada se alterar, menos<br />

atletas e menos modalida<strong>de</strong>s já nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

É o futuro! Para irmos aos Jogos são sempre precisos incentivos<br />

mais altos e nós não estamos a chegar lá. O país não foi capaz e não<br />

fez uma política integrada <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sportivo como <strong>de</strong>via.<br />

Por muito que o COP faça o seu trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> estratégia,<br />

<strong>de</strong> organização e que as coisas possam funcionar bem, há <strong>de</strong>pois uma<br />

falta <strong>de</strong> ambição e <strong>de</strong> estratégia por parte dos <strong>de</strong>cisores políticos que<br />

se reflecte no atletas e na falta <strong>de</strong> medalhas?<br />

Reflecte-se em tudo. Temos um mo<strong>de</strong>lo que está esgotado. Disse-o<br />

e está escrito em todos os lados. An<strong>de</strong>i a tentar encontrar caminhos<br />

e vias para ultrapassar isto. Em finais da década <strong>de</strong> 90 comecei<br />

a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a candidatura <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> à realização <strong>de</strong> uns Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s para daí a uma década: a i<strong>de</strong>ia era juntar responsáveis<br />

políticos, fe<strong>de</strong>rações, empresas, comunicação social e <strong>de</strong>senvolver<br />

o <strong>de</strong>sporto em <strong>Portugal</strong>. Era uma cenoura à frente do nariz dos<br />

responsáveis políticos para transformarem o <strong>de</strong>sporto.<br />

Quando foi assinado o protocolo <strong>de</strong> 2009, o Governo disponibilizou<br />

14,6 milhões <strong>de</strong> euros e estabeleceu metas, disse quantas medalhas<br />

exigia?<br />

Não. O COP <strong>de</strong>finiu os critérios para todas as modalida<strong>de</strong>s, em<br />

comum acordo com todas as fe<strong>de</strong>rações. O atleta que fizer aquele<br />

resultado entra no projecto. Se entra no projecto tem uma bolsa.<br />

Não tem resultados sai e per<strong>de</strong> a bolsa. Isto funcionou assim <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2005 até agora. Este sistema passou pelo comité, o responsável<br />

pelo seu funcionamento sou eu.<br />

Daí que nos Jogos <strong>de</strong> Londres tenha vindo <strong>de</strong> imediato assumir todas<br />

as responsabilida<strong>de</strong>s…<br />

O responsável sou eu. A única diferença é que para os Jogos <strong>de</strong> Pequim<br />

o Estado exigiu medalhas. Eram 4 ou 5 objectivos e um <strong>de</strong>les<br />

quantificava o número <strong>de</strong> medalhas. Eu consultei as fe<strong>de</strong>rações e<br />

concluímos que po<strong>de</strong>ríamos ganhar 3 ou 4 medalhas. O Estado ao<br />

assinar o contrato tinha-as passado para 4 a 5.<br />

Subiram a fasquia.<br />

Subiram. E eu, consciente <strong>de</strong> que era possível assinei. Por isso comecei<br />

a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r publicamente a conquista das quatro medalhas.<br />

Em Pequim não ganhámos. Não me enganei. Tivemos pouca sorte,<br />

o 4.º lugar <strong>de</strong> Gustavo Lima, a não qualificação <strong>de</strong> Nai<strong>de</strong> Gomes,<br />

etc. Em Londres foi <strong>de</strong>cido retirar o objectivo das medalhas<br />

porque se dizia que condicionava os atletas e lhes impunha uma<br />

gran<strong>de</strong> carga psicológica. Agora <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o contrário.<br />

Partiu então para Londres com elevado receio. Qual era a sua<br />

percepção quanto a medalhas?<br />

16 . Olimpo . Dezembro 2012<br />

Vicente Moura com<br />

planos para o futuro<br />

Aos 75 anos, José Vicente Moura, Capitão<br />

<strong>de</strong> Mar e Guerra na reserva, já planou o que<br />

vai fazer <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2013, data em<br />

que passará o testemunho da li<strong>de</strong>rança do<br />

<strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> (COP). “Tenho<br />

alguns convites para várias coisas, até para<br />

dar aulas e fazer palestras sobre <strong>de</strong>sporto”,<br />

adianta, estando na calha a hipótese <strong>de</strong><br />

elaborar estudos sobre estratégias <strong>de</strong> captação<br />

<strong>de</strong> talentos e acompanhar o processo<br />

<strong>de</strong> implementação do Tribunal Arbitral do<br />

Desporto.<br />

Após 15 anos intercalados a comandar os<br />

<strong>de</strong>stinos da maior instituição <strong>de</strong>sportiva portuguesa,<br />

José Vicente Moura afirma que o<br />

seu único receio no dia seguinte à sua saída<br />

do COP será “a minha ocupação <strong>de</strong> tempo”,<br />

não querendo passar “do 100 para o zero”.<br />

“Estou habituado a trabalhar <strong>de</strong>z horas por<br />

dia e tenho 75 anos. Se estiver muito tempo<br />

parado arranjo qualquer coisa para fazer,<br />

nem que seja ir para a pesca”, garante o<br />

presi<strong>de</strong>nte, que tem como rotina levantar-se<br />

todos os dias às 7h15m e que várias vezes<br />

surge em eventos <strong>de</strong>sportivos ao final da<br />

noite revelando uma energia contagiante.<br />

Da mesma forma que parti para Pequim com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que havia<br />

condições para ganhar três ou quatro medalhas, sabia que as condições<br />

reais para Londres eram pouco optimistas. E disse-o várias<br />

vezes. Se em Pequim levava uma comitiva com doze campeões da<br />

Europa e do mundo com 72 medalhas ganhas nas suas modalida<strong>de</strong>s<br />

numa perspectiva 30% <strong>de</strong> êxito dava as quatro medalhas. Para Londres<br />

levávamos uma campeã da Europa, a Telma Monteiro. Quanto<br />

muito íamos conseguir um terço <strong>de</strong> medalha. Logo as hipóteses<br />

eram muito baixas. Atletas <strong>de</strong> nível mundial estavam lesionados.<br />

Para mim, pelo esforço e <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong>sta missão, não ganharam<br />

uma medalha, ganharam <strong>de</strong>z.<br />

Estamos con<strong>de</strong>nados à dimensão do país e ao facto <strong>de</strong> as fe<strong>de</strong>rações<br />

não conseguirem captar jovens candidatos a talentos olímpicos?<br />

Acho que estamos à espera <strong>de</strong> um milagre. Já tivemos milagres<br />

no <strong>de</strong>sporto em <strong>Portugal</strong>. O Ronaldo, por exemplo é um milagre.<br />

Tivemos em tempos o Joaquim Agostinho, o Carlos Lopes e a Rosa<br />

Mota. Todos foram milagres e nenhum <strong>de</strong>les foi resultado <strong>de</strong> uma<br />

política <strong>de</strong>sportiva. Os gran<strong>de</strong>s atletas da década <strong>de</strong> 80 foram quase<br />

<strong>de</strong> geração espontânea.


Perante este cenário como vê então a participação <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro em 2016?<br />

Se nada mudar, e espero e faço votos que mu<strong>de</strong>, teremos menos<br />

atletas e menos modalida<strong>de</strong>s. Se não tivermos cuidados colectivos<br />

não conseguiremos ir a lado nenhum nem conseguir uma medalha<br />

que se veja.<br />

Foi aquilo que apelidou <strong>de</strong> participação irrelevante e residual no Rio?<br />

Sim, residual. Agora temos esta consciência <strong>de</strong> que todos os países<br />

estão a subir em termos qualitativos e nós temos que investir,<br />

trabalhar diferente e trabalhar melhor. Não basta por dinheiro em<br />

cima do problema. É preciso investir nos jovens.<br />

É a mudança <strong>de</strong> paradigma que falta?<br />

Exactamente. E isso <strong>de</strong>mora <strong>de</strong>z anos a fazer. No Rio e por aí fora<br />

vamos ter dificulda<strong>de</strong>s em ganhar medalhas, mas se aumentarmos a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens praticantes <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s aparecerá uma plêia<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> jovens capazes <strong>de</strong> se baterem pelos lugares cimeiros olímpicos.<br />

Quando olha para as treze medalhas conquistadas sob o seu comando,<br />

pensa que estão aqui mais <strong>de</strong> 50% das medalhas conquistadas em 103<br />

anos por <strong>Portugal</strong>? Ficaram aquém dos seus objectivos?<br />

Ficaram muito aquém dos meus objectivos iniciais. Em todas<br />

as circunstâncias podíamos ter ganho mais medalhas. Acho<br />

que isso tem a ver com uma certa forma <strong>de</strong> ser dos portugueses:<br />

somos muito críticos <strong>de</strong> nós próprios e, em vez <strong>de</strong> procurarmos<br />

motivação para nos suplantarmos, assumimos um<br />

certo fatalismo e as coisas pioram. Temos que nos libertar disso,<br />

mesmo em relação a este ciclo económico. Foi isso que<br />

me faz sentir <strong>de</strong>sapontado em relação às medalhas perdidas.<br />

Quando é que tomou a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> <strong>de</strong>finitivamente não se candidatar<br />

ao COP?<br />

Eu na minha vida sei o que quero fazer e quando. Felizmente tenho<br />

tido sempre responsabilida<strong>de</strong>s que me dão prazer. Tinha feito<br />

este trajecto e <strong>de</strong>cidido que sairia nos Jogos <strong>de</strong> Pequim. Fiz a minha<br />

previsão: pensei que com quatro ou cinco medalhas e uma<br />

se<strong>de</strong> nova era a<strong>de</strong>us até à vista e vou-me embora. Infelizmente as<br />

coisas não correram assim, então quero sair pelo meu próprio pé a<br />

dizer obrigado e a<strong>de</strong>us. Saio bem comigo próprio.<br />

Dezembro 2012 . Olimpo . 17


Reportagem<br />

UM DIA COM...<br />

RUI COSTA<br />

ATLETA OLÍMPICO<br />

DE CICLISMO<br />

Um brilho nos olhos,<br />

um sorriso na cara<br />

e a atenção na meta<br />

18 . Olimpo . Dezembro 2012<br />

// Treino <strong>de</strong> estrada, idas ao ginásio e<br />

caminhadas fazem parte do trabalho<br />

diário <strong>de</strong> Rui Costa. A bateria é lazer<br />

total


Fotos Ivo Pereira<br />

Tenho apenas 26 anos mas já sou<br />

muito rodado”. Esta frase, associada<br />

a um sorriso franco e genuíno<br />

estampado nos lábios, po<strong>de</strong>ria, com toda a<br />

legitimida<strong>de</strong>, já ter sido proferida pela boca<br />

do maior ciclista português da actualida<strong>de</strong>.<br />

O homem – que acabou <strong>de</strong> bater pelos votos<br />

o futebolista Cristiano Ronaldo na conquista<br />

do título <strong>de</strong> Melhor Atleta Masculino <strong>de</strong> 2012<br />

– é o ciclista Rui Costa, o rapaz da Póvoa <strong>de</strong><br />

Varzim que vibra com “ritmos altos” e “boas<br />

sensações”, especialmente em provas duras<br />

<strong>de</strong> montanha. O mesmo atleta que, com essas<br />

mesmas “boas sensações” e muita “auto<br />

motivação”, se sagrou vencedor da Volta à<br />

Suíça em 2012, num dos percursos mais duros<br />

do World Tour, uma das muitas vitórias<br />

no ano em se catapultou para o 9.º lugar no<br />

ranking dos melhores ciclistas do mundo.<br />

A Olimpo aproveitou um interregno no<br />

intenso calendário das provas <strong>de</strong> competição<br />

internacional para conhecer os segredos que<br />

fazem <strong>de</strong>ste jovem atleta em ascensão uma<br />

verda<strong>de</strong>ira “máquina” a galgar montanhas.<br />

O truque é simples, embora ele nunca o diga<br />

abertamente: disciplina. Senão vejamos, Rui<br />

Costa levanta-se todos os dias às 8h00 da<br />

manhã. Equipa-se para o treino e, entre olha<strong>de</strong>las<br />

para as notícias na televisão, toma um<br />

calórico pequeno-almoço. Sobre a mesa não<br />

faltam o imprescindível pão, frutas secas, frutas<br />

da época, doce, iogurtes, um queijo da ilha<br />

<strong>de</strong> São Miguel que Rui não troca por nada<br />

<strong>de</strong>ste mundo, ou o azeite Vila Flor gourmet,<br />

que o patrocina e com o qual muitas vezes<br />

barra o pão, e um café bem forte para estar<br />

sempre atento no meio do trânsito.<br />

Com o estômago relativamente cheio, eis<br />

que é chegada a hora do ciclista se fazer à<br />

estrada. E no caso <strong>de</strong>le o trajecto não é brin-<br />

ca<strong>de</strong>ira: todos os dias em que tem treino <strong>de</strong><br />

recuperação, o ciclista português que compete<br />

profissionalmente com as cores da equipa<br />

espanhola Movistar, pedala uma média diária<br />

<strong>de</strong> seis horas, num total <strong>de</strong> quase 100 quilómetros<br />

<strong>de</strong> asfalto. Faça chuva ou faça sol.<br />

Sempre a pedalar e sempre com um sorriso<br />

nos lábios. Um sorriso, aliás, que já se tornou<br />

a sua imagem <strong>de</strong> marca <strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong> fronteiras.<br />

Apesar dos treinos intensivos <strong>de</strong> estrada<br />

que conjuga com idas semanais ao ginásio<br />

e caminhadas a pé para tonificar os músculos,<br />

especialmente os das pernas, Rui Costa<br />

reconhece não ter (nem procurar) margem<br />

<strong>de</strong> manobra para gran<strong>de</strong>s programas fora da<br />

sua rotina. “Sou muito fiel ao meu <strong>de</strong>scanso”,<br />

assegura, garantindo que além do equilíbrio<br />

em cima das duas rodas encontra “muita felicida<strong>de</strong>”<br />

na companhia da namorada Carla<br />

Coelho, a jovem jornalista que “raptou” há<br />

cinco anos à ilha da Ma<strong>de</strong>ira, e também em<br />

momentos <strong>de</strong> lazer em casa a ver televisão ou<br />

a tocar a sua bateria.<br />

O rapaz que aos 13 anos per<strong>de</strong>u o medo<br />

<strong>de</strong> andar <strong>de</strong> bicicleta – esquecendo o susto<br />

<strong>de</strong> um quase atropelamento que sofrera dois<br />

anos antes – e venceu provas locais em cima<br />

da sua “bicla”, sabe que todo o esforço para<br />

ser o melhor ciclista <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> po<strong>de</strong> falhar<br />

com um simples <strong>de</strong>slize. “Quem está no ciclismo<br />

tem mesmo que gostar do que faz. Eu<br />

sei que tenho que trabalhar todos os dias. Sei<br />

que tenho que me esforçar. Sei que não posso<br />

parar. Sei também que se po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r todo<br />

o trabalho <strong>de</strong> meses numa noite <strong>de</strong> copos<br />

com os amigos ou com a família e por isso<br />

procuro ro<strong>de</strong>ar-me <strong>de</strong> coisas e pessoas que<br />

me proporcionem boas sensações”, confessa,<br />

sempre a sorrir.<br />

Dezembro 2012 . Olimpo . 19


Opinião<br />

JOSÉ MANUEL COSTA<br />

Jurista, Membro da Comissão Instaladora do Tribunal Arbitral <strong>de</strong> Desporto<br />

Ao ter sido aprovado em Conselho <strong>de</strong> Ministros,<br />

a 3 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong>ste ano, um anteprojeto<br />

<strong>de</strong> proposta <strong>de</strong> lei (PPL-84-GOV) que institui,<br />

sob a égi<strong>de</strong> do <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong><br />

(COP), o Tribunal Arbitral do Desporto<br />

(TAD), foi cumprido o Programa do XIX<br />

Governo Constitucional, on<strong>de</strong> é <strong>de</strong>fendida<br />

como medida <strong>de</strong> política para a área da Justiça<br />

a aposta no <strong>de</strong>senvolvimento da justiça<br />

arbitral. Esta medida refere que o Estado,<br />

os cidadãos e as empresas darão um passo<br />

importante se tiverem meios alternativos<br />

aos Tribunais do Estado, po<strong>de</strong>ndo entregar<br />

a resolução dos seus litígios aos Tribunais<br />

Arbitrais.<br />

Foi igualmente materializado um mecanismo<br />

estruturante para o Desporto, através<br />

do qual se preten<strong>de</strong> contribuir para uma<br />

melhor justiça <strong>de</strong>sportiva, disponibilizando<br />

uma instância in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> arbitragem<br />

e recurso, aliviando <strong>de</strong>ste modo a pressão<br />

sobre os órgãos próprios das Fe<strong>de</strong>rações e a<br />

tentação <strong>de</strong> levar os litígios para os tribunais<br />

comuns.<br />

A referida proposta <strong>de</strong> lei i<strong>de</strong>ntifica que<br />

20 . Olimpo . Dezemnbro 2012<br />

CRIAÇÃO DO TRIBUNAL<br />

ARBITRAL DO DESPORTO<br />

SOB A ÉGIDE DO COMITÉ<br />

OLÍMPICO DE PORTUGAL<br />

se trata <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> jurisdicional in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

nomeadamente dos órgãos da<br />

administração pública do <strong>de</strong>sporto, <strong>de</strong>sgovernamentalizada<br />

e dispondo <strong>de</strong> autonomia<br />

administrativa e financeira, com a futura<br />

se<strong>de</strong> no COP, entida<strong>de</strong> idónea à qual incumbe<br />

promover a instalação e funcionamento<br />

do TAD.<br />

Esta aprovação constituiu o corolário<br />

do <strong>de</strong>sígnio <strong>de</strong>fendido pelo Presi<strong>de</strong>nte do<br />

COP, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, <strong>de</strong>senvolvido a partir <strong>de</strong><br />

2005 pela Comissão Instaladora do TAD, a<br />

qual viria a apresentar ao Ministro da Justiça,<br />

em 2007, uma proposta <strong>de</strong> criação <strong>de</strong><br />

uma instância arbitral <strong>de</strong>sportiva instruída<br />

com os respetivos Estatutos e Regulamentos.<br />

A referida apresentação ocorreu após<br />

aprovação unânime das Fe<strong>de</strong>rações em<br />

Assembleia Plenária do COP, na sequência<br />

da harmonização dos Estatutos e Regulamentos<br />

em concertação com o Gabinete<br />

para a Resolução Alternativa <strong>de</strong> Litígios do<br />

mesmo Ministério.<br />

Em reação à iniciativa do Governo foi apresentado<br />

pelo Partido Socialista o Projeto <strong>de</strong><br />

Lei (PJL-236-PS), que na exposição <strong>de</strong> motivos<br />

tece consi<strong>de</strong>rações enviesadas, com o intuito<br />

<strong>de</strong> controverter a génese, natureza e percurso<br />

histórico do Tribunal Arbitral du Sport<br />

/ Court of Arbitration for Sport (TAS/CAS).<br />

A argumentação expendida preten<strong>de</strong> estabelecer<br />

um nexo <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> entre o<br />

papel, alegadamente pernicioso, <strong>de</strong>sempenhado<br />

pelo <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> Internacional<br />

(COI) e pelo <strong>Comité</strong> português enquanto<br />

impulsionadores <strong>de</strong>sta i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> justiça ao<br />

serviço do Desporto. Insinua que características<br />

<strong>de</strong> “isenção e in<strong>de</strong>pendência” não<br />

po<strong>de</strong>m ser garantidas caso o COP — organização<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do Governo e alheia<br />

a quaisquer influências <strong>de</strong> natureza política<br />

e económica — assuma esta missão, <strong>de</strong><br />

interesse público, <strong>de</strong> prover à instalação do<br />

TAD.<br />

Justifica-se, portanto, <strong>de</strong>smistificar a exposição<br />

<strong>de</strong> motivos do Projeto do Partido<br />

Socialista, inclusivamente porque contraria<br />

inúmeros exemplos incontestavelmente positivos,<br />

como são os casos <strong>de</strong> Espanha, França,<br />

Bélgica, Itália ou Luxemburgo.


Na verda<strong>de</strong>, o TAS/CAS surge em 1984,<br />

sob autorida<strong>de</strong> administrativa e financeira<br />

do Conselho Internacional <strong>de</strong> Arbitragem<br />

em Matéria <strong>de</strong> Desporto, face à ausência <strong>de</strong><br />

uma autorida<strong>de</strong> especializada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

na resolução <strong>de</strong> litígios <strong>de</strong>sportivos. A i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> uma jurisdição específica do <strong>de</strong>sporto é<br />

atribuída ao então Presi<strong>de</strong>nte do COI, Juan<br />

Antonio Samaranch, tendo sido criado em<br />

1981 um grupo <strong>de</strong> trabalho li<strong>de</strong>rado pelo<br />

Juiz do Tribunal Internacional <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong><br />

Haia, Kéba Mbaye, que culminou na criação<br />

<strong>de</strong> uma jurisdição arbitral com procedimentos<br />

rápidos, eficazes e pouco onerosos. O<br />

Estatuto do TAS/CAS <strong>de</strong> 1984 vigorou até<br />

1990, ano em que foi ligeiramente modificado,<br />

sendo <strong>de</strong> referir que nesse período foi<br />

o COI que suportou as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> funcionamento,<br />

uma vez que os procedimentos<br />

arbitrais eram em princípio gratuitos.<br />

Em 1994 é operada uma reforma <strong>de</strong>terminada<br />

pelo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral Suíço, com<br />

base no facto <strong>de</strong> o TAS/CAS ser financiado<br />

quase exclusivamente pelo COI, nomear<br />

uma percentagem significativa dos seus<br />

membros e <strong>de</strong>ter a competência para alterar<br />

o Estatuto, posição que era susceptível <strong>de</strong><br />

colocar em causa a sua in<strong>de</strong>pendência, mormente<br />

nos casos em que o COI fosse parte<br />

<strong>de</strong> um procedimento.<br />

Foi sob este prisma que o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Suíço se pronunciou, no sentido <strong>de</strong> que<br />

era necessário garantir a in<strong>de</strong>pendência do<br />

TAS/CAS relativamente ao COI. E é na sequência<br />

do “Arrêt Gun<strong>de</strong>l” que é operada<br />

uma importante reforma no Tribunal Arbitral<br />

do Desporto <strong>de</strong> Lausanne, sendo criado<br />

um Conselho Internacional <strong>de</strong> Arbitragem<br />

que passou a assegurar a gestão e o seu funcionamento.<br />

A reforma atrás referida foi<br />

complementada com a adopção do Código<br />

<strong>de</strong> Arbitragem em Matéria <strong>de</strong> Desporto, que<br />

entrou em vigor a 22 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1994.<br />

Compulsada quer a Proposta <strong>de</strong> Lei do<br />

Governo quer o Projeto <strong>de</strong> Estatutos do<br />

TAD, este último apresentado por requerimento<br />

dirigido ao Ministro da Justiça em<br />

2007, nenhuma similitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá ser estabelecida<br />

que sustente que o TAD, enquanto<br />

instância <strong>de</strong> recurso, não reveste caracterís-<br />

ticas <strong>de</strong> isenção e in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>vido a ter<br />

a sua se<strong>de</strong> no COP.<br />

É pertinente assinalar que o TAD <strong>de</strong>verá<br />

autofinanciar-se, não estando na <strong>de</strong>pendência<br />

financeira do COP ou <strong>de</strong> qualquer outra<br />

entida<strong>de</strong>, pública ou privada, dispondo <strong>de</strong><br />

autonomia administrativa e financeira, com<br />

receitas próprias. Fica salvaguardada, em<br />

todos os casos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recurso<br />

para o Tribunal Constitucional e <strong>de</strong> impugnação<br />

da <strong>de</strong>cisão com os fundamentos e<br />

nos termos previstos na Lei da Arbitragem<br />

Voluntária. A composição do Conselho <strong>de</strong><br />

Arbitragem, o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>signação da<br />

presidência e vice-presidência do TAD, a<br />

composição do Conselho Diretivo e o processo<br />

e requisitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>signação dos árbitros<br />

nenhuma similitu<strong>de</strong> têm com o mo<strong>de</strong>lo que<br />

vigorou antes na reforma do TAS/CAS.<br />

Recapitulando, as reservas suscitadas no<br />

aludido Projeto PJL-236-PS não têm a<strong>de</strong>são<br />

à realida<strong>de</strong>, procurando apenas contrariar o<br />

Associativismo Desportivo com base num<br />

processo, <strong>de</strong> âmbito internacional, inserido<br />

num contexto evolutivo próprio.<br />

Dezembro 2012 . Olimpo . 21


Publireportagem<br />

SAMSUNG<br />

30 ANOS A INOVAR EM PORTUGAL<br />

Ao longo <strong>de</strong> três décadas, a Samsung Eletrónica Portuguesa tem vindo a inspirar <strong>Portugal</strong> e a<br />

vida dos consumidores, com uma forte ligação ao mundo do <strong>de</strong>sporto e ao i<strong>de</strong>al <strong>Olímpico</strong>.<br />

Em 2012, a Samsung Electrónica<br />

Portuguesa celebra 30 anos <strong>de</strong><br />

vida, que são 30 anos a criar, a<br />

inovar e a ser criativo. Hoje a Samsung assume-se<br />

como um projeto empresarial que<br />

ultrapassa, largamente, o estatuto <strong>de</strong> mera<br />

empresa tecnológica. No entanto não esquece<br />

todos aqueles que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1982, abriram<br />

caminhos e rasgaram horizontes, rumo a<br />

uma realida<strong>de</strong> que tanto orgulha a empresa<br />

<strong>de</strong> origem sul-coreana.<br />

O sucesso <strong>de</strong> uma empresa é avaliado<br />

não só pelos seus feitos empresariais, mas<br />

também pelo modo como serve a comunida<strong>de</strong><br />

e faz a diferença na vida das pessoas. A<br />

Samsung abraça a sua responsabilida<strong>de</strong> em<br />

contribuir como um bom cidadão, agindo a<br />

nível global para promover uma socieda<strong>de</strong><br />

melhor. E é nesta filosofia que assenta a forte<br />

ligação da marca ao <strong>de</strong>sporto.<br />

Nos últimos 20 anos, a marca envolveu-<br />

-se, <strong>de</strong> diferentes formas, em várias modalida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>sportivas. No futebol, por exemplo,<br />

consi<strong>de</strong>rado por muitos o “<strong>de</strong>sporto-rei”,<br />

a empresa é patrocinadora <strong>de</strong> cinco clubes<br />

(Chelsea FC, FC Bayern Munich, Real Madrid,<br />

FC Internazionale Milano e FC Olympiakos)<br />

e <strong>de</strong> quatro iniciativas, em sete países<br />

do continente Europeu.<br />

Mas quando se fala em eventos <strong>de</strong>sportivos,<br />

é quase inevitável não falar em Jogos<br />

22 . Olimpo . Dezembro 2012<br />

<strong>Olímpico</strong>s, o maior evento <strong>de</strong>sportivo do<br />

mundo, com o qual a marca mantém uma<br />

relação duradoura. A Samsung <strong>de</strong>u início<br />

à estreita parceria com os Jogos <strong>Olímpico</strong>s<br />

como patrocinador local, na edição dos Jogos<br />

<strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Seul, em 1988. A partir<br />

dos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Inverno <strong>de</strong> Nagano,<br />

no mesmo ano, a empresa engran<strong>de</strong>ceu o<br />

seu envolvimento e tornou-se Worldwi<strong>de</strong><br />

Olympic Partner, na categoria <strong>de</strong> Equipamentos<br />

<strong>de</strong> Comunicação Wireless. Estas<br />

inovadoras tecnologias <strong>de</strong> comunicação<br />

móvel vieram garantir, à Família Olímpica,<br />

informação em tempo real nos serviços <strong>de</strong><br />

comunicação.<br />

Este ano, nos Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres<br />

2012, a Samsung foi ainda mais longe<br />

e <strong>de</strong>senvolveu uma campanha mundial que<br />

nomeou os portadores da Tocha Olímpica. A<br />

atleta júnior, Filipa Ferreira, a presi<strong>de</strong>nte do<br />

Banco Alimentar Contra a Fome e da Entrajuda,<br />

Isabel Jonet e o Presi<strong>de</strong>nte da EISA,<br />

Jorge Gonçalves, foram as personalida<strong>de</strong>s<br />

que, com orgulho, dignificaram o nome <strong>de</strong><br />

<strong>Portugal</strong> e cumpriram a sua parte neste percurso<br />

com gran<strong>de</strong> significado.


OS GRANDES DESAFIOS CONTAM<br />

COM O APOIO DE UMA GRANDE REDE<br />

Patrocinadora Oficial do <strong>Comité</strong> <strong>Olímpico</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> para<br />

os Jogos <strong>Olímpico</strong>s <strong>de</strong> Londres 2012, a REN apoia <strong>Portugal</strong><br />

e os atletas que representam o País com orgulho e distinção.


Reportagem<br />

24 . Olimpo . Abril 2012

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