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Nicolau Maquiavel - aeflup.com

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<strong>Nicolau</strong> <strong>Maquiavel</strong><br />

O Príncipe<br />

Florença, Itália – 03 Maio 1469 d.C<br />

+ Florença, Itália – 20 Junho 1527 d.C<br />

<strong>Maquiavel</strong> exortava o Príncipe a se adequar às representações de<br />

virtude do povo que pretendia dominar.<br />

<strong>Maquiavel</strong> nasceu em Florença, na Itália, no ano de 1469. Seu pai era<br />

advogado e membro de uma proeminente família italiana.<br />

Segundo o historiador Garin, a família de <strong>Maquiavel</strong> não era<br />

aristocrática nem rica. Seu pai, advogado <strong>com</strong>o um típico renascentista,<br />

era um estudioso das humanidades, tendo se empenhado em transmitir<br />

uma aprimorada educação clássica para seu filho. <strong>Maquiavel</strong> <strong>com</strong> 12<br />

anos, já escrevia no melhor estilo e, em latim.<br />

São escassas as informações sobre <strong>Maquiavel</strong> até ele entrar no serviço<br />

da República de Florença, após a queda do governo clerical de<br />

Savonorola.<br />

<strong>Nicolau</strong> <strong>Maquiavel</strong> apesar do brilhantismo precoce, só em 1498, <strong>com</strong><br />

29 anos exerce seu primeiro cargo na vida pública. Foi nesse ano que<br />

<strong>Nicolau</strong> passou a ocupar a segunda chancelaria. Isso se deu após a<br />

deposição de Savonarola, a<strong>com</strong>panhado de todos os detentores de<br />

cargos importantes da república florentina. Nessa actividade, cumpriu<br />

uma série de missões, tanto fora da Itália <strong>com</strong>o internamente,<br />

destacando-se sua diligência em instituir uma milícia nacional. Serviu<br />

na administração da República de Florença, de 1498 a 1512, na<br />

segunda Chancelaria, tendo substituído Adriani, e <strong>com</strong>o secretário do


Conselho dos Dez da Guerra (Dieci di Libertà et Pace), a instituição que<br />

na Signoria tratava da guerra e da diplomacia.<br />

Mais de quatro séculos nos separam da época em que viveu <strong>Maquiavel</strong>.<br />

Muitos leram e <strong>com</strong>entaram sua obra, mas um número<br />

consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo menos os<br />

termos que aí tem sua origem.<br />

Com a queda de soverine, em 1512, a dinastia Médici volta ao poder,<br />

desesperando <strong>Maquiavel</strong>, que é envolvido em uma conspiração,<br />

torturado e deportado. É permitido que se mude para São Cassiano,<br />

cidade pequena próxima de Florença, onde escreve sobre a Primeira<br />

década de Tito Lívio, mas interrompe esse trabalho para escrever sua<br />

obra-prima: O Príncipe, segundo alguns, destinado a que se reabilitasse<br />

<strong>com</strong> os aristocratas, já que a obra era nada mais que um manual da<br />

política.<br />

<strong>Maquiavel</strong> viveu uma vida tranquila em S. Cassiano. Pela manhã,<br />

ocupava-se <strong>com</strong> a administração da pequena propriedade onde está<br />

confinado. À tarde, jogava cartas numa hospedaria <strong>com</strong> pessoas<br />

simples do povoado. E à noite vestia roupas de cerimonia para conviver,<br />

através da leitura <strong>com</strong> pessoas ilustres do passado, fato que levou<br />

algumas pessoas a considerá-lo louco.<br />

“Maquiavélico e maquiavelismo” são adjectivo e substantivo que estão<br />

tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-adia.<br />

Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem nenhuma<br />

cerimonia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas<br />

acepções, porém, o maquiavelismo está associado a ideia de perfídia, a<br />

um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões<br />

pejorativas sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no<br />

espaço, apenas alastrando-se da luta política para as desavenças do<br />

quotidiano.”<br />

Assim, hoje em dia, na maioria das vezes, <strong>Maquiavel</strong> é mal interpretado.<br />

<strong>Maquiavel</strong>, ao escrever sua principal obra, O Príncipe, criou um<br />

“manual da política”, que pode ser interpretado de muitas maneiras<br />

diferentes.<br />

*****<br />

Talvez por isso sua frase mais famosa:<br />

”Os fins justificam os meios” seja tão mal interpretada. Mas para<br />

entender <strong>Maquiavel</strong> em seu real contexto, é necessário conhecer o<br />

período histórico em que viveu. É exactamente isso que vamos fazer.<br />

<strong>Nicolau</strong> <strong>Maquiavel</strong>, um dos mais conhecidos filósofos políticos de todos<br />

os tempos, se tornou famoso por defender a visão de que um


governante, se necessário, deveria ser cruel e fraudulento para obter e<br />

manter o poder.<br />

Seus críticos o denunciam <strong>com</strong>o um homem que foi desprovido de<br />

moralidade, porém, seus admiradores afirmam que ele foi um dos<br />

únicos realistas que verdadeiramente entendiam o mundo político e que<br />

teve a coragem de descrevê-lo <strong>com</strong>o ele realmente é. Em todo caso,<br />

séculos após terem sido publicados, os trabalhos de <strong>Maquiavel</strong><br />

continuam sendo lidos e analisados por estudantes de filosofia, história<br />

e política.<br />

Na época, no ápice do Renascimento, a Itália estava dividida em<br />

pequenos principados, enquanto outros países <strong>com</strong>o Espanha,<br />

Inglaterra e França eram nações unificadas. Não surpreende que<br />

naquele momento a Itália estivesse politicamente e militarmente fraca,<br />

apesar de seus grandes alcances culturais.<br />

Durante a juventude de <strong>Maquiavel</strong>, Florença era governada pelo famoso<br />

Lorenzo Medici, o Magnífico. Em 1492, Medici morreu e sua família foi<br />

expulsa de Florença, que se tornou uma república em 1498. Aos 29<br />

anos de idade, <strong>Maquiavel</strong> conquistou um alto cargo na administração<br />

civil da república.<br />

Ao longo dos quatorze anos seguintes, ele participou de diversas<br />

missões diplomáticas, tendo viajado pela França, Alemanha e pelo<br />

interior da Itália.<br />

Florença à época de <strong>Maquiavel</strong><br />

<strong>Maquiavel</strong> viveu durante a Renascença Italiana, o que explica boa parte<br />

das suas ideias.<br />

Na Itália do Renascimento reina grande confusão. A tirania impera em<br />

pequenos principados, governados despoticamente por casas reinantes


sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do<br />

poder gera situações de crise instabilidade permanente, onde somente o<br />

cálculo político, a astúcia e a acção rápida e fulminante contra os<br />

adversários são capazes de manter o príncipe. Esmagar ou reduzir à<br />

impotência a oposição interna, atemorizar os súbitos para evitar a<br />

subversão e realizar alianças <strong>com</strong> outros principados constituem o eixo<br />

da administração.<br />

Como o poder se funda exclusivamente em actos de força, é previsível e<br />

natural que pela força seja deslocado, deste para aquele senhor. Nem a<br />

religião nem a tradição, nem a vontade popular legitimaram e ele tem de<br />

contar exclusivamente <strong>com</strong> sua energia criadora. A ausência de um<br />

Estado central e a extrema multipolarização do poder criam um vazio,<br />

que as mais fortes individualidades têm capacidade para ocupar.<br />

Até 1494, graças aos esforços de Lourenço, o Magnífico, a península<br />

experimentou uma certa tranquilidade.<br />

Entretanto, desse ano em diante, as coisas mudaram muito. A<br />

desordem e a instabilidade ficaram incontroláveis. Para piorar a<br />

situação, que já estava grave devido aos conflitos internos entre os<br />

principados, somaram-se as constantes e desestruturados invasões dos<br />

países próximos <strong>com</strong>o a França e a Espanha. E foi nesse cenário<br />

conturbado, onde nenhum governante conseguia se manter no poder<br />

por um período superior a dois meses, que <strong>Maquiavel</strong> passou a sua<br />

infância e adolescência.<br />

Algumas máximas maquiavélicas<br />

“Os fins justificam os meios”<br />

“Não se pode chamar de “valor” assassinar seus cidadãos, trair seus<br />

amigos, faltar a palavra dada, ser desapiedado, não ter religião.<br />

Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à<br />

glória”<br />

“Homens ofendem por medo ou por ódio”<br />

“Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos, vencer por força<br />

ou por fraude, fazem-se amar a e temer pelo povo, ser seguido e<br />

respeitado pelos soldados, destruir os que podem ou devem causar<br />

dano, inovar <strong>com</strong> propostas novas as instituições antigas, ser<br />

severo e agradável, magnânimo e liberal, destruir a milícia infiel e<br />

criar uma nova, manter as amizades de reis e príncipes, de modo<br />

que lhe devam beneficiar <strong>com</strong> cortesia ou <strong>com</strong>bater <strong>com</strong> respeito,<br />

não encontrará exemplos mais actuais do que as acções do duque.”<br />

“Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca, em<br />

tempo de paz, ficar ocioso”"


“…Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é<br />

natural que se arruíne entre tantos que não são bons.”<br />

“… vindo a necessidade <strong>com</strong> os tempos adversos, não se tem tempo<br />

para fazer o mal, e o bem que se faz não traz benefícios, pois julgase<br />

feito à força, e não traz reconhecimento.”<br />

“Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do<br />

animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se<br />

defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força<br />

bruta dos lobos. Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as<br />

armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos.”<br />

“Pelo que se nota que os homens ou são aliciados ou aniquilados”<br />

Busto de <strong>Maquiavel</strong> em Florença, Itália<br />

*****<br />

<strong>Maquiavel</strong> casou em 1502 <strong>com</strong> Marietta Corsini, de quem teve quatro<br />

filhos e duas filhas.<br />

Em 1510, inspirado por sua leitura sobre a história romana, organizou<br />

uma milícia civil da República de Florença. Todavia, em Agosto de<br />

1512, um exército espanhol entrou na Toscana e saqueou Prato.<br />

Aterrorizados, os florentinos depuseram seu governante, Pier Soderini,<br />

a quem <strong>Maquiavel</strong> havia caracterizado <strong>com</strong>o “bom, porém fraco”, e<br />

permitiram a volta da família Medici ao poder.<br />

Em 7 de Novembro do mesmo ano, pouco após os Medici assumirem<br />

novamente o poder, <strong>Maquiavel</strong> foi demitido de seu cargo, e no ano<br />

seguinte, foi preso por ter supostamente colaborado contra a família<br />

Medici.


Ele foi torturado, mas ainda assim insistiu ser inocente. Foi libertado<br />

naquele mesmo ano, e a partir de então, se isolou, vivendo em uma<br />

pequena propriedade em San Casciano, próximo a Florença. Sem<br />

perspectivas de conseguir uma nomeação para o novo governo,<br />

<strong>Maquiavel</strong> se dedicou a escrever livros.<br />

Durante os 14 anos seguintes, <strong>Maquiavel</strong> escreveu diversos livros. Sua<br />

obra mais famosa foi “O Príncipe” (1513). Também escreveu “A Arte da<br />

Guerra” e “História de Florença”. Mas seu mais brilhante e conhecido<br />

trabalho é, sem dúvida, “O Príncipe”.<br />

*****<br />

O Príncipe<br />

O Príncipe – Capa da edição de 1580<br />

Em sua obra “O Príncipe”, <strong>Nicolau</strong> <strong>Maquiavel</strong> mostra a sua preocupação<br />

em analisar acontecimentos ocorridos ao longo da história, de modo a<br />

<strong>com</strong>pará-los à actualidade de seu tempo<br />

O Príncipe consiste de um manual prático dado ao Príncipe Lorenzo de<br />

Médici <strong>com</strong>o um presente, o qual envolve experiência e reflexões do<br />

autor. <strong>Maquiavel</strong> analisa a sociedade de maneira fria e calculista e não<br />

mede esforços quando trata de <strong>com</strong>o obter e manter o poder.<br />

A obra-prima de <strong>Maquiavel</strong> pode ser considerada um guia de conselhos<br />

para governantes. O tema central do livro é o de que para permanecer<br />

no poder, o líder deve estar disposto a desrespeitar qualquer<br />

consideração moral, e recorrer inteiramente à força e ao poder da<br />

decepção. <strong>Maquiavel</strong> escreveu que um país deve ser militarmente forte e<br />

que um exército pode confiar somente nos cidadãos de seu país – um<br />

exército que dependia de mercenários estrangeiros era fraco e<br />

vulnerável.


A obra é dividida em 26 capítulos, que podem ser agregados em<br />

cinco partes, a saber:<br />

*capítulo I a XI: análise dos diversos grupo de pricipados e meios de<br />

obtenção e manutenção destes;<br />

capítulo XII a XIV: discussão da análise militar do Estado;<br />

capítulo XV a XIX: estimativas sobre a conduta de um Príncipe;<br />

capítulo XX a XXIII: conselhos de especial interesse ao Príncipe;<br />

capítulo XXIV a XXVI: reflexão sobre a conjuntura da Itália à sua<br />

época.<br />

<strong>Maquiavel</strong> mostra, através de claros exemplos, a importância do<br />

exército, a dominação <strong>com</strong>pleta do novo território através de sua estadia<br />

neste; a necessidade da eliminação do inimigo que no país dominado<br />

encontrava-se e <strong>com</strong>o lidar <strong>com</strong> as leis pré-existentes à sua chegada; o<br />

consentimento da prática da violência e de crueldades, de modo a obter<br />

resultados satisfatórios, onde se encaixa perfeitamente seu tão famoso<br />

postulado de que “os fins justificam os meios” <strong>com</strong>o os pontos mais<br />

importantes.<br />

O pensamento de <strong>Maquiavel</strong>, na obra, reflecte sobre os perigos e<br />

dificuldades que tem o Príncipe <strong>com</strong> suas tropas, <strong>com</strong>postas de forças<br />

auxiliares, mistas e nacionais, e destaca a importância da guerra para<br />

<strong>com</strong> o desenvolvimento do espírito patriótico e nacionalista que vem a<br />

unir os cidadãos de seu Estado, de forma a torná-lo forte.<br />

<strong>Maquiavel</strong> afirma ainda que um líder deve buscar o apoio de seu povo.<br />

Para a surpresa de muitos, o autor explicou que ao assumir o poder<br />

“deve-se <strong>com</strong>eter todas as crueldades de uma só vez, para não ter que<br />

voltar a elas todos os dias…Os benefícios devem ser oferecidos<br />

gradualmente, para que possam ser melhor apreciados.”<br />

<strong>Maquiavel</strong> também ensinou que para obter sucesso, um líder deve estar<br />

cercado por ministros leais, <strong>com</strong>petentes e confiáveis.<br />

Um dos temas mais importantes de “O Príncipe” é o debate sobre a<br />

seguinte questão: “é preferível que um líder seja amado ou temido?”<br />

<strong>Maquiavel</strong> responde que é importante ser amado e temido, porém, é<br />

melhor ser temido que amado.<br />

Ele explica que o amor é um sentimento volúvel e inconstante, já que as<br />

pessoas são naturalmente egoístas e podem frequentemente mudar sua<br />

lealdade. Porém, o medo de ser punido é um sentimento que não pode<br />

ser modificado ou ignorado tão facilmente.


<strong>Maquiavel</strong> também afirma que, se necessário, um governante deve<br />

mentir e trapacear. O autor declara que é melhor para um líder caluniar<br />

do que agir de acordo <strong>com</strong> suas promessas, se estas forem resultar em<br />

consequências adversas para sua administração e seus interesses.<br />

Da mesma forma que <strong>Maquiavel</strong> acreditava que os líderes deveriam ser<br />

falsos quando preciso, ele os aconselhava a ficarem atentos em relação<br />

às promessas de outros: eles também podem estar mentindo caso seja<br />

de interesse deles.<br />

Mostra a necessidade de uma certa versatilidade que deve adoptar o<br />

governante em relação ao seu modo de ser e de pensar a fim de que se<br />

adapte às circunstâncias momentâneas”qualidades”, em certas<br />

ocasiões, <strong>com</strong>o afirma o autor, mostram-se não tão eficazes quanto<br />

“defeitos”, que , nesse caso, tornam-se próprias virtudes;<br />

da temeridade dele perante a população à afeição, <strong>com</strong>o medida de<br />

precaução à revolta popular, devendo o soberano apenas evitar o ódio;<br />

da utilização da força sobreposta à lei quanto disso dependeram<br />

condições mais favoráveis ao seu desempenho; e da sua boa imagem em<br />

face aos cidadãos e Estados estrangeiros, de modo a evitar possíveis<br />

conspirações.<br />

Há claramente um questionamento das utilidades das fortalezas e<br />

outros meios em vistas fins de protecção do Príncipe;<br />

o modo em que encontrará mais serventia em pessoas que<br />

originalmente lhe apresentavam suspeitas em contrapartida às<br />

primeiras que nele depositavam confiança;<br />

<strong>com</strong>o deve agir para obter confiança e maior estima entre seus súbitos;<br />

a importância da boa escolha de seus ministros; e uma espécie de guia<br />

sobre o que fazer <strong>com</strong> os conselhos dados, estes, raramente úteis,<br />

quando se considera o interesse oculto de quem os dá.<br />

Na última parte, que abrange os três capítulos finais, <strong>Maquiavel</strong> foge de<br />

sua análise propriamente “maquiavélica” na forma de um apelo à<br />

família real, de modo que esta adote resoluções em favor da libertação<br />

da Itália, dominada então pelos bárbaros.<br />

*****<br />

Tornou-se um conhecedor profundo dos mecanismos políticos e viajou<br />

incessantemente participando em vinte e três embaixadas a cortes<br />

italianas e europeias, conhecendo vários dirigentes políticos, <strong>com</strong>o Luís<br />

XII de França, o Papa Júlio II, o Imperador Maximiliano I, e César<br />

Bórgia.


Em 1500 foi enviado a França onde se encontra <strong>com</strong> Luís XII e <strong>com</strong> o<br />

Cardeal de Orleães.<br />

A sua missão mais memorável, acontecida em 1502 quando visitou<br />

César Bórgia estabelecido na Romagna, foi objecto de um relatório de<br />

1503 intitulado «Descrição da Maneira empregue pelo Duque Valentino<br />

[César Bórgia] para Matar Vitellozzo Vitelli, Oliverotto da Fermo, Signor<br />

Pagolo e o Duque de Gravina, Orsini», no qual descreveu <strong>com</strong> uma<br />

precisão cirúrgica os assassinatos políticos do filho do Papa Alexandre<br />

VI Bórgia, explicando sub-repticiamente a arte política ao principal<br />

dirigente de Florença, o indeciso e timorato Pier Soderini.<br />

Em 1504 regressa a França, e no regresso, inspirado nas suas leituras<br />

sobre a História Romana, apresenta um plano para a reorganização das<br />

forças militares de Florença, que é aceito.<br />

Em 1508 é enviado a corte do imperador Maximiliano, estabelecido em<br />

Bolzano, e em 1510 está de novo em França.<br />

Em 1509 dirigiu o pequeno exército miliciano de Florença para ajudar a<br />

libertar Pisa, missão que foi coroada de sucesso.<br />

Em Agosto de 1512, devido a invasão espanhola do território da<br />

república, a população depôs Sonderini e acolheu os Médici.<br />

<strong>Maquiavel</strong> foi demitido em 7 de Novembro, devido a sua ligação ao<br />

governo republicano, retirando-se da vida pública.<br />

Tendo-se tornado suspeito, em 1513, de envolvimento numa<br />

conspiração contra o novo governo, foi preso e torturado.<br />

Tirando algumas nomeações para postos temporários e sem<br />

importância, em que se conta em 1526 uma <strong>com</strong>issão do Papa<br />

Clemente VII para inspeccionar as muralhas de Florença, e do seu<br />

amigo Francesco Guicciardini, Comissário Papal da Guerra na<br />

Lombardia, que o empregou em duas pequenas missões diplomáticas,<br />

passou a dedicar-se a escrita, vivendo em San Casciano, a alguns<br />

quilometros de Florença.<br />

Em Maio de 1527, tendo os Médici sido expulsos de Florença<br />

novamente, <strong>Maquiavel</strong> tentou reocupar o seu lugar na Chancelaria, mas<br />

o posto foi-lhe recusado devido a reputação que O Príncipe já lhe tinha<br />

granjeado.<br />

Pouco tempo depois morreu, pouco tempo depois do saque de Roma.


Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio<br />

“Discursos”, <strong>com</strong>o também é conhecida a referida obra, foi escrito por<br />

<strong>Maquiavel</strong> quatro anos após haver concluído “O Príncipe”, o que<br />

justifica suas perceptíveis semelhanças <strong>com</strong> o primeiro.<br />

No entanto, o que o distingue de “O Príncipe” é a análise detalhada da<br />

república, em que o autor claramente se coloca em favor desta, a<br />

apontar suas principais características observadas no decorrer da<br />

história e modos de melhorá-la, ou de ao menos mantê-la.<br />

Assim, pode-se considerar <strong>Maquiavel</strong> <strong>com</strong>o sendo, indubitavelmente,<br />

um pensador indutivo utiliza-se de inúmeros exemplos históricos <strong>com</strong> o<br />

fim de sustentar suas afirmações. No entanto, seu propósito não é<br />

sempre impecavelmente atingido, mesmo porque a realidade não segue<br />

regras e é, portanto, muito mais <strong>com</strong>plexa do que se pode teorizar.<br />

A obra é <strong>com</strong>eçada <strong>com</strong> a citação da origem das cidades, que podem<br />

estabelecer-se devido a um grupo de cidadãos juntar-se a visar maior<br />

segurança; a estrangeiros que querem assegurar o território<br />

conquistado, a estabelecer, ali, colónias; ou mesmo a fim de exaltar-se a<br />

glória do Príncipe.<br />

As repúblicas nascem <strong>com</strong> o surgimento das cidades e, assim,<br />

constituem três espécies, que são: a monarquia, aristocracia e<br />

despotismo. Três que podem evoluir para o despotismo, oligarquia e<br />

anarquia, respectivamente. É claro, neste ponto, o pessimismo de <strong>com</strong>o<br />

a sociedade é vista por <strong>Maquiavel</strong>: é a dialéctica de dois termos, que<br />

trata da sucessão entre ascendência e decadência, a formar um ciclo<br />

vicioso. <strong>Maquiavel</strong> acredita, ainda, que todos princípios corrompem-se e<br />

degeneram-se, a ser possível ser corrigido somente via acidente externo<br />

(fortuna) ou por sabedoria intrínseca (virtu).<br />

A voltar-se às espécies de repúblicas, chega-se à conclusão de que a<br />

sua melhor forma seria o equilíbrio, dito <strong>com</strong>o ser a “justa medida”,<br />

segundo Aristóteles. Tal equilíbrio pode manter-se através das próprias<br />

discordâncias entre o povo e o Senado, já que estes, em conjunto,<br />

representam e lutam pelos interesses gerais do Estado.<br />

O Estado é, então, definido <strong>com</strong>o o poder central soberano; é o<br />

monopólio do uso legítimo da força, <strong>com</strong>o diria Weber. As leis são<br />

estabelecidas nas práticas virtuosas da sociedade e <strong>com</strong> o cuidado de<br />

não repetir o que não teve de êxito. Por isso, é dito que não há nada pior<br />

do que a deixar ser desrespeitada.<br />

Se isso ocorrer, tornar-se clara a falha do exercício do poder de quem a<br />

corrompe. Em contrapartida, em se tratando de Estado, tudo é válido,<br />

desde a violação de leis e costumes e tudo mais que for necessário para<br />

atingirem-se as consequências visadas: os fins justificam os meios.


Nessa visão de poder do Estado, é clara a importância da religião, pois<br />

em nome dela são feitas valer muitas causas em favor do Estado. A<br />

religião é, sob a visão de <strong>Maquiavel</strong>, um instrumento político é usado<br />

de modo a justificar interesses os mais peculiares e, também, <strong>com</strong>o<br />

conforto à população, que anda sempre em busca de ideais, a estar<br />

disposta até mesmo a conceder sua vida em busca destes.<br />

O êxito de uma república, consoante o autor, pode ser estrategicamente<br />

obtido através da sucessão dos governantes. Se se intercalar os<br />

virtuosos <strong>com</strong> os fracos, o Estado poderá manter-se. Mas, se,<br />

diferentemente, dois ruins sucederem-se, ou apenas um, mas que seja<br />

duradouro, a ruína do Estado será inevitável, já que, desse modo, o<br />

segundo governo não poderá utilizar-se dos bons frutos do governo<br />

anterior.<br />

Destarte, cita a importância das república, já que nela os próprios<br />

cidadãos escolhem seus governantes, de modo a aumentar a chance de<br />

ter-se, consecutivamente, bons governos.<br />

Com relação à política de defesa, onde há pessoas e não um exército, é<br />

notada um clara in<strong>com</strong>petência por parte do soberano, pois é de sua<br />

exclusiva <strong>com</strong>petência formar um exército próprio para a defesa da<br />

nação.<br />

É, também, de extrema importância saber-se a hora própria para<br />

instituir-se a ditadura, que, em ocasiões excepcionais, é necessária a<br />

fim de tomarem-se decisões rápidas, a dispensar, assim, consultar as<br />

tradicionais instituições do Estado.<br />

Contudo, ela deve-se instituir por período limitado, de modo a não se<br />

corromper e deve existir até quando o motivo o qual a fez precisar-se for<br />

eliminado. Após uma análise teórica e <strong>com</strong>parativa em termos<br />

históricos é colocada ainda a importância da fortuna, a qual tem<br />

contingência própria e o poder de mudar os fatos. Assim, o autor define<br />

o papel do homem na história: desafiá-la.<br />

Com base na teoria do equilíbrio, conclui-se, então, que o ideal é que se<br />

estabeleça um meio-termo entre as formar de governo a serem<br />

adoptadas, a observar-se que a <strong>com</strong>binação das já existentes pode<br />

mostrar-se muito mais eficiente.<br />

A forma que se é administrado um Estado deve adaptar-se ao seu<br />

contingente populacional, e não as pessoas às suas leis.<br />

O Príncipe é um tratado político em 25 capítulos <strong>com</strong> uma conclusão<br />

que propõem a libertação da Itália das intervenções de franceses e de<br />

espanhóis, considerados bárbaros.<br />

Escrito originalmente em 1513 e dedicado a Giuliano de Médici, em<br />

1516 passou a ser dedicado ao sobrinho deste Lorenzo di Medici, antes<br />

deste se tornar duque de Urbino.


A obra de <strong>Maquiavel</strong> é toda fundamentada em sua própria experiência,<br />

seja ela <strong>com</strong> os livros dos grandes escritores que o antecederam, ou<br />

sejam os anos <strong>com</strong>o segundo chanceler, ou até mesmo a sua<br />

capacidade de olhar de fora e analisar o <strong>com</strong>plicado governo do qual<br />

terminou fazendo parte.<br />

Enfim, em 1527, <strong>com</strong> a queda dos Médici e a restauração da república,<br />

<strong>Maquiavel</strong> que achava estarem findos os seus problemas, viu-se<br />

identificado por jovens republicanos <strong>com</strong>o alguém que tinha ligações<br />

<strong>com</strong> os tiranos depostos. Então viu-se vencido. Esgotaram-se suas<br />

forças. Foi a gota de água que estava faltando. A república considerou-o<br />

seu inimigo. Desgostoso, adoece e morre em junho.<br />

Mas nem depois de morto, <strong>Maquiavel</strong> terá descanso. Foi posto no Índex<br />

pelo concílio de Trento, o que levou-o, desde então a ser objecto de<br />

excreção dos moralistas.<br />

Separando a ética da política<br />

<strong>Maquiavel</strong> faleceu sem ter visto realizados os ideais pelos quais se lutou<br />

durante toda a vida. A carreira pessoal nos negócios públicos tinha sido<br />

cortada pelo meio <strong>com</strong> o retorno dos Médici e, quando estes deixaram o<br />

poder, os cidadãos esqueceram-se dele, “um homem que a fortuna tinha<br />

feito capaz de discorrer apenas sobre assuntos de Estado”. Também não<br />

chegou a ver a Itália forte e unificada.<br />

Deixou porém um valioso legado: o conjunto de ideias elaborado em<br />

cinco ou seis anos de meditação forçada pelo exílio. Talvez nem ele<br />

mesmo soubesse avaliar a importância desses pensamentos dentro do<br />

panorama mais amplo da história, pois ” especulou sempre sobre os<br />

problemas mais imediatos que se apresentavam”. Apesar disso,<br />

revolucionou a história das teorias políticas, constituindo-se um marco<br />

que modificou o fato das teorias do Estado e da sociedade não<br />

ultrapassarem os limites da especulação filosófica.<br />

O universo mental de <strong>Nicolau</strong> <strong>Maquiavel</strong> é <strong>com</strong>pletamente diverso. Em<br />

São Casciano, tem plena consciência de sua originalidade e trilha um<br />

novo caminho. Deliberadamente distancia-se dos ” tratados<br />

sistemáticos da escolástica medieval” e, à semelhança dos<br />

renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física, rompe<br />

<strong>com</strong> o pensamento anterior, através da defesa do método da<br />

investigação empírica.<br />

Princípios maquiavélicos<br />

<strong>Maquiavel</strong> nunca chegou a escrever a sua frase mais famosa: “os fins<br />

justificam os meios”. Mas <strong>com</strong> certeza ela é o melhor resumo para sua<br />

maneira de pensar. Seria praticamente impossível analisar num só<br />

trabalho , todo o pensamento de <strong>Nicolau</strong> <strong>Maquiavel</strong> , portanto, vamos


analisá-lo baseados nessa máxima tão conhecida e tão diferentemente<br />

interpretada.<br />

Ao escrever O Príncipe, <strong>Maquiavel</strong> expressa nitidamente os seus<br />

sentimentos de desejo de ver uma Itália poderosa e unificada. Expressa<br />

também a necessidade ( não só dele mas de todo o povo Italiano ) de um<br />

monarca <strong>com</strong> pulso firme, determinado que fosse um legítimo rei e que<br />

defendesse seu povo sem escrúpulos e nem medir esforços.<br />

Em O Príncipe, <strong>Maquiavel</strong> faz uma referência elogiosa a César Bórgia,<br />

que após ter encontrado na recém conquistada Romanha , um lugar<br />

assolado por pilhagens , furtos e maldades de todo tipo, confia o poder a<br />

Dom Ramiro d’Orco. Este, por meio de uma tirania impiedosa e<br />

inflexível põe fim à anarquia e se faz detestado por toda parte. Para<br />

recuperar sua popularidade, só restava a Bórgia suprimir seu ministro.<br />

E um dia em plena praça , no meio de Cesena, mandou que o partissem<br />

ao meio. O povo por sua vez ficou, ao mesmo tempo, satisfeito e<br />

chocado.<br />

Para <strong>Maquiavel</strong>, um príncipe não deve medir esforços nem hesitar,<br />

mesmo que diante da crueldade ou da trapaça, se o que estiver em jogo<br />

for a integridade nacional e o bem do seu povo.<br />

” sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois a<br />

fortuna( oportunidade) é mulher e, para conservá-la submissa, é<br />

necessário (…) contrariá-la.<br />

Vê-se , que prefere, não raramente, deixar-se vender pelos ousados do<br />

que pelos que agem friamente. Por isso é sempre amiga dos jovens, visto<br />

terem eles menos respeito e mais ferocidade e subjugarem-na <strong>com</strong> mais<br />

audácia”.<br />

Para <strong>Maquiavel</strong>, <strong>com</strong>o renascentista que era, quase tudo que veio antes<br />

estava errado. Esse tudo deve incluir os pensamentos e as idéias de<br />

Aristóteles. Ao contrário deste, <strong>Maquiavel</strong> não acredita que a prudência<br />

seja o melhor caminho. Para ele, a coerência está contida na arte de<br />

governar. <strong>Maquiavel</strong> procura a prática.<br />

A execução fria das observações meticulosamente analisadas, feitas<br />

sobre o Estado, a sociedade. <strong>Maquiavel</strong> segue o espírito renascentista,<br />

inovador. Ele quer superar o medieval. Quer separar os interesses do<br />

Estado dos dogmas e interesses da igreja.<br />

<strong>Maquiavel</strong> não era o vilão que as pessoas pensam. O termo<br />

maquiavélico tem sido constantemente mal interpretado.


Os fins justificam os meios.<br />

<strong>Maquiavel</strong> , ao dizer essa frase, provavelmente não fazia ideia de quanta<br />

polémica ela causaria. Ao dizer isso, <strong>Maquiavel</strong> não quis dizer que<br />

qualquer atitude é justificada dependendo do seu objectivo. Seria<br />

totalmente absurdo. O que <strong>Maquiavel</strong> quis dizer foi que os fins<br />

determinam os meios. É de acordo <strong>com</strong> o seu objectivo que você vai<br />

traçar os seus planos de <strong>com</strong>o atingi-los.<br />

A contribuição de <strong>Nicolau</strong> <strong>Maquiavel</strong> para o mundo é imensa. Ensinou,<br />

através da sua obra, a vários políticos e governantes. Aliás, a obra de<br />

<strong>Maquiavel</strong> entrou para sempre não só na história, <strong>com</strong>o na nossa vida<br />

quotidiana actual, já que é aplicável a todos os tempos.<br />

É possível perceber que “<strong>Maquiavel</strong>, fingindo ensinar aos governantes,<br />

ensinou também ao povo”. E é por isso que até hoje, e provavelmente<br />

para sempre, ele será reconhecido <strong>com</strong>o um dos maiores pensadores da<br />

história do mundo.<br />

O Legado de <strong>Maquiavel</strong><br />

<strong>Maquiavel</strong> foi muito criticado pelas ideias que ele defendeu em “O<br />

Príncipe”.<br />

Contudo, é importante ressaltar que ele preferia uma república à<br />

ditadura. Tinha uma preocupação <strong>com</strong> a fraqueza militar e política da<br />

Itália, e desejava ver um governante forte que unificasse o país e<br />

expulsasse os invasores estrangeiros que estavam devastando a Itália.<br />

Por um lado, <strong>Maquiavel</strong> era defensor de tácticas severas e cínicas, por<br />

outro, ele era um patriota idealista.<br />

Poucos filósofos políticos foram tão condenados quanto <strong>Maquiavel</strong>. Seu<br />

nome virou sinónimo, inclusive na língua portuguesa, de duplicidade e<br />

manipulação: “maquiavélico”. As ideias de <strong>Nicolau</strong> <strong>Maquiavel</strong> podem<br />

não ter sido morais, mas foram certamente influentes.<br />

O próprio <strong>Maquiavel</strong> declarou que elas não eram originais: seus<br />

conselhos já haviam sido adoptados na prática por diversos governantes<br />

bem-sucedidos. “O Príncipe” tornou-se notório após ter sido lido<br />

por diversos vilões da história.<br />

Benito Mussolini, o líder fascista italiano durante a Segunda Guerra<br />

Mundial, um homem que trouxe muita destruição para seu país,<br />

elogiou publicamente o livro. Dizem que Napoleão Bonaparte dormia<br />

<strong>com</strong> um exemplar do livro sob seu travesseiro. No entanto, deve-se<br />

lembrar que <strong>Maquiavel</strong> apenas apresentou, e não criou, a realidade<br />

amoral da política.


<strong>Maquiavel</strong> acreditava na capacidade humana de determinar seu próprio<br />

destino. Para ele, os fins justificavam os meios: um governante deveria<br />

fazer qualquer coisa para atingir seus objectivos. Ao escrever “O<br />

Príncipe”, <strong>Maquiavel</strong> desejava guiar os governantes, alertando-os sobre<br />

as armadilhas da selva política. Seu livro é um manual de autopreservação<br />

para líderes mundiais.<br />

Independente de admiradores e críticos, não se pode negar a influência<br />

de <strong>Maquiavel</strong>. Seu trabalho e suas ideias continuam sendo amplamente<br />

lidas e discutidas e ele é considerado um dos principais filósofos<br />

políticos de todos os tempos.<br />

Se a teoria política moderna é discutida hoje <strong>com</strong> tamanho realismo,<br />

grande parte disso deve-se ao autor de “O Príncipe”.<br />

A Sociedade à época de <strong>Maquiavel</strong> (1469-1527)<br />

Cristandade em decadência: conflitos entre o poder divino (Igreja) e o<br />

poder temporal (Estado)<br />

Processo de ascensão do capitalismo: mercantilismo<br />

Desenvolvimento do Estado Nacional: soberanos locais são absorvidos<br />

pelo fortalecimento das monarquias e pela crescente centralização das<br />

instituições políticas (cortes de justiça, burocracias e exércitos)<br />

Estado absoluto: preserva a ordem de privilégios aristocráticos<br />

(mantendo sob controle as populações rurais), incorpora a burguesia e<br />

subordina o proletariado incipiente<br />

Inglaterra e França: consolidam poder central<br />

Itália não realiza unificação nacional: é um conglomerado de pequenas<br />

cidades estados rivais, disputados pelo Papa, Alemanha, França e<br />

Espanha.<br />

Concepção de homem em <strong>Maquiavel</strong><br />

Racionalidade instrumental: busca o êxito, sem se importar <strong>com</strong><br />

valores éticos<br />

Cálculo de custo/benefício: teme o castigo<br />

Natureza humana:<br />

Homem possui capacidades: força, astúcia e coragem<br />

Homem é vil, mas é capaz de actos de virtude<br />

Mas não se trata da virtude cristã<br />

Não incorpora a ideia da sociabilidade natural dos antigos<br />

O homem não muda: não incorpora o dogma do pecado original:<br />

natureza decaída que pode se regenerar pela salvação divina.


Concepção da História em <strong>Maquiavel</strong><br />

Perspectiva cíclica, pessimista, de inspiração platónica<br />

Tudo se degenera, se sucede e se repete fatalmente<br />

Todo princípio corrompe-se e degenera-se<br />

Isto só pode ser corrigido por acidente externo (fortuna) ou por<br />

sabedoria intrínseca (virtu)<br />

Não manifesta perspectiva teleológica humanidade não tem um<br />

objectivo a ser atingido<br />

A política não admite a teleologia cristã: o caminho da salvação, a<br />

construção do Reino de Deus entre os homens.<br />

Também não pensa a história sob a perspectiva dos modernos: não<br />

menciona a ideia do progresso à estrutura cíclica<br />

Concepção de Política em <strong>Maquiavel</strong><br />

Política: pela primeira vez é mostrada <strong>com</strong>o esfera autónoma da vida<br />

social.<br />

Não é pensada a partir da ética nem da religião: rompe <strong>com</strong> os<br />

antigos e <strong>com</strong> os cristãos.<br />

Não é pensada no contexto da filosofia: passa a ser campo de estudo<br />

independente.<br />

Vida política: tem regras e dinâmica independentes de considerações<br />

privadas, morais, filosóficas ou religiosas.<br />

Política: é a esfera do poder por excelência.<br />

Política: é a actividade constitutiva da existência colectiva: tem<br />

prioridade sobre todas as demais esferas.<br />

Política é a forma de conciliar a natureza humana <strong>com</strong> a marcha<br />

inevitável da história: envolve fortuna e virtude.<br />

Fortuna: contingência própria das coisas políticas: não é manifestação<br />

de Deus ou Providência Divina.


Há no mundo, a todo momento, igual massa de bem e de mal: do seu<br />

jogo resultam os eventos (e a sorte).<br />

Virtude: qualidades <strong>com</strong>o a força de carácter, a coragem militar, a<br />

habilidade no cálculo, a astúcia, a inflexibilidade no trato dos<br />

adversários.<br />

Pode desafiar e mudar a fortuna: papel do homem na história.<br />

Concepção de Estado em <strong>Maquiavel</strong><br />

Não define Estado: infere-se que percebe o Estado <strong>com</strong>o poder central<br />

soberano que se exerce <strong>com</strong> exclusividade e plenitude sobre as questões<br />

internas externa de uma colectividade.<br />

Estado: está além do bem e do mal: o Estado é!<br />

Estado: regulariza as relações entre os homens: utiliza-os nos que eles<br />

têm de bom e os contém no que eles têm de mal.<br />

Sua única finalidade é a sua própria grandeza e prosperidade.<br />

Daí a ideia de “razão de Estado”: existem motivos mais elevados que<br />

se sobrepõem a quaisquer outras considerações, inclusive à própria lei.<br />

Tanto na política interna quanto nas relações externas, o Estado é o<br />

fim: e os fins justificam os meios.<br />

O Príncipe: não se destina aos governos legais ou constitucionais.<br />

Questão: <strong>com</strong>o constituir e manter a Itália <strong>com</strong>o um Estado livre, coeso<br />

e duradouro? Ou <strong>com</strong>o adquirir e manter principados?<br />

A tirania é uma resposta prática a um problema prático.<br />

O Príncipe: não há considerações de direito, mas apenas de poder: são<br />

estratégias para lidar <strong>com</strong> criações de força.<br />

Teoria das relações públicas: cuidados <strong>com</strong> a imagem pública do<br />

governante.


Teoria da cultura política: religião nacional, costumes e ethos social<br />

<strong>com</strong>o instrumentos de fortalecimento do poder do governante.<br />

Teoria da administração pública: probidade administrativa, limites à<br />

tributação e respeito à propriedade privada.<br />

Teoria das relações internacionais<br />

Exércitos nacionais permanentes, em lugar de mercenários.<br />

Conquista, defesa externa e ordem interna.<br />

A guerra é a verdadeira profissão de todo governante e odiá-la só traz<br />

desvantagens.

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