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FILOSOFIA DA TEORIA POLÍTICA: ALGUNS MOMENTOS

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cadernos ufs - filosofia<br />

Considerando essa relação de quase-identidade entre política e soberano,<br />

Hobbes tratará, na obra citada, dos métodos para a manutenção do Estado. O<br />

medo é talvez um dos instrumentos mais importantes a ser utilizado pelo<br />

soberano para esse fim, já que a moral não apresenta “razões suficientes”<br />

para se tornar efetiva 14 . Para o filósofo, que observa sua teoria como capaz de<br />

colocar em ordem o caos social por meio da instituição de um tipo de organização<br />

pública duradoura, convém mais se direcionar ao soberano – possuidor<br />

de força e técnicas – que ao povo – excessivamente movido pelas paixões e<br />

por cálculos mal feitos.<br />

Hobbes se pretende fundador da “ciência política”. Para tanto, ele certamente<br />

teve que se perguntar sobre o papel dessa ciência; sua resposta: conservar<br />

o Estado. Fica clara sua resposta pelo aspecto de conselho que a obra<br />

possui. Adiar o fim do Estado depende, antes de tudo, do soberano; só ele<br />

pode conferir utilidade à obra:<br />

5) KANT<br />

[“Quando atento ao fato de que”] nem Platão nem qualquer<br />

outro filósofo até agora ordenou e provou com suficiência ou<br />

probabilidade todos os teoremas da doutrina moral, que os<br />

homens podem aprender a partir daí não só a governar como<br />

a obedecer, fico novamente com alguma esperança de que<br />

essa minha obra venha um dia a cair nas mãos de um soberano<br />

que (...) pelo exercício da plena soberania, protegendo o<br />

ensino público dessa obra, transformará essa verdade especulativa<br />

na utilidade da prática. (Hobbes, 1999; p.271.)<br />

O processo de racionalização do poder que verificamos em Hobbes e que<br />

se segue nos autores posteriores é encontrado em Kant em seu extremo.<br />

Certamente que a racionalização do poder se dá, principalmente, por considerações<br />

acerca do direito, o que torna difícil falar de uma teoria propriamente<br />

política do autor, uma vez que o poder, apesar de claramente presente em<br />

suas obras 15 , possui papel secundário se comparado ao direito. Trata-se mais<br />

de uma teoria jurídica, mas, como a política não está ausente, pode-se compreender<br />

que a teoria política de Kant está em função de sua teoria jurídica.<br />

14 A educação é também elemento importante de consideração do autor, mas suas observações acerca da<br />

educação se dão mais com um aspecto de crítica ao tipo de educação da época do que como algo propositivo.<br />

Suas proposições referentes à educação dizem essencialmente que o Estado deve se ocupar dela a fim de<br />

garantir seu próprio interesse.<br />

15 A análise do poder, de fato, não é a preocupação principal do autor; talvez por esse motivo, a presença do<br />

poder na teoria kantiana é freqüentemente ignorada por aqueles que a retomam. No entanto, a leitura de<br />

seus textos revela alguns momentos nos quais o autor considera a questão. Já na introdução de A Metafísica<br />

dos costumes (Kant, 2003.), por exemplo, há um parágrafo com o título “O Direito está ligado à competência<br />

de exercer coerção”, no qual, ainda que o poder apareça em sua ligação com o direito, ele é mostrado como<br />

elemento que não pode ser excluído das relações entre os indivíduos.<br />

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