I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
O PERCURSO DA NEGRITUDE NAS LITERATURAS AFRICANAS<br />
DE EXPRESSÃO PORTUGUESA<br />
-<strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> ao nacionalismo-<br />
César Francioso Martins*<br />
O trabalho aqui apresenta<strong>do</strong> propõe-se a, através de análises e interpretações crítico-literárias,<br />
identificar, definir e sistematizar através da literatura o que se convencionou chamar negritude<br />
nas culturas africanas de expressão portuguesa.<br />
Para tal, como pressupostos teóricos a embasar a pesquisa, lança-se mão de duas<br />
sistematizações lítero-culturais profundamente dialogantes entre si e intensamente baseadas no<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> termo-conceito negritude através da história de tais países africanos de<br />
expressão portuguesa (a saber: Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique).<br />
Trata-se de estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Prof. Dr. da Universidade de Coimbra Luís Pires Laranjeira e <strong>do</strong> poetaensaísta<br />
e intelectual português profundamente envolvi<strong>do</strong> com a causa africana de expressão<br />
portuguesa Alfre<strong>do</strong> Margari<strong>do</strong>.<br />
Assim, a partir <strong>do</strong> confrontamento desses <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s (extremamente apoia<strong>do</strong>s na idéia e no<br />
desenvolvimento da chamada negritude em tais culturas) sistematiza<strong>do</strong>res das fases líteroculturais<br />
das literaturas africanas de expressão portuguesa acompanha<strong>do</strong> de análises literárias<br />
de textos referentes a cada uma das fases sistematizadas pelos referi<strong>do</strong>s estudiosos, procurarse-á<br />
traçar o percurso, refleti<strong>do</strong> através da literatura, desse tão controverso e expressivo termoconceito<br />
encontra<strong>do</strong> nas culturas africanas, desde sua gênese –quan<strong>do</strong> ainda de cunho<br />
estritamente sagra<strong>do</strong> e vincula<strong>do</strong> às raízes tribais-, passan<strong>do</strong> pelo pan-africanismo e pelo<br />
independentismo de inícios <strong>do</strong> século XX até o momento nacionalista e globalizatório em que<br />
hoje podemos encontrar parte de tais culturas.<br />
Esperanças da Revolução: ideais marxistas e a influência de Antonio Gramsci em<br />
Gaibéus.<br />
Carla Aparecida de Almeida 69<br />
Diego Omar da Silveira 70<br />
Pretendemos no trabalho ora proposto notar e refletir de que forma Alves Re<strong>do</strong>l, importante<br />
expoente <strong>do</strong> neo-realismo português, expressa na obra Gaibéus seus ideais marxistas, que<br />
acreditamos manifestar-se por uma profunda influência gramsciana. Já no prólogo <strong>do</strong> livro ao<br />
qual nos referimos e nos propomos analisar, Re<strong>do</strong>l conta-nos a importância de alguns filósofos<br />
e teóricos marxistas para a maturidade de seu pensamento e a leitura, refletida em Gaibéus, que<br />
ele próprio faria das situações de exclusão e marginalidade em que se encontravam os<br />
trabalha<strong>do</strong>res portugueses de então. A obra da qual tratamos constitui, por sua força e<br />
densidade, o primeiro romance neo-realista português. Foi e é uma obra militante e política, a<br />
favor de um ideal comum, a favor <strong>do</strong> povo, e por isso mesmo um romance social que traz<br />
consigo suas Ideologias. Trata-se de um livro que, sen<strong>do</strong> um “embrião”, como disse o próprio<br />
Re<strong>do</strong>l, é um romance belo e contagiante, pois nos leva a experimentar esta<strong>do</strong>s diversos ao<br />
longo da leitura: êxtase, <strong>do</strong>r, revolta, nojo, pena... Mas acima de tu<strong>do</strong>, força. Gaibéus incomoda,<br />
porque toca a ferida social <strong>do</strong> realizar-se humano, em uma tentativa séria de solução <strong>do</strong>s<br />
69 Aluna <strong>do</strong> 4° perío<strong>do</strong> de Letras / <strong>ICHS</strong> / <strong>UFOP</strong>.<br />
70 Aluno <strong>do</strong> 5° perío<strong>do</strong> de História / <strong>ICHS</strong> / <strong>UFOP</strong>.<br />
- 80 -