I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
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I M e m o r i a l d o I C H S<br />
uma religiosidade enraizada nos princípios e nas verdades presentes neste livro sagra<strong>do</strong>. O<br />
estu<strong>do</strong> dessa intertextualidade visa a identificar e comparar as relações diretas entre estes textos<br />
da Literatura Portuguesa e textos bíblicos específicos. Durante a comparação, são aponta<strong>do</strong>s<br />
os contextos em que se encontra o fragmento de texto da obra literária, assim como o<br />
respectivo texto a que se refere na Bíblia. Ao realizarem-se as comparações e as relações entre<br />
os textos, é feito um estu<strong>do</strong> da história <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> dentro da obra vicentina, enfocan<strong>do</strong> a<br />
presença <strong>do</strong>s sete peca<strong>do</strong>s capitais (avareza, ira, gula, inveja, luxúria, preguiça e vaidade).<br />
Uma pesquisa séria e fundamentada da intertextualidade bíblica dentro das Barcas e de outras<br />
obras de Gil Vicente abre um importante leque de novas possibilidades de interpretações e<br />
conclusões para o entendimento crítico <strong>do</strong>s estudiosos.<br />
O TERCEIRO NÍVEL DO AMOR NA NOVELA BURITI, DE GUIMARÃES ROSA<br />
Marina de Souza Jacob 67<br />
O tema <strong>do</strong> amor na obra de Guimarães Rosa conta como um <strong>do</strong>s principais críticos Benedito<br />
Nunes, o qual enfoca a perspectiva amorosa a partir das idéias platônicas. De acor<strong>do</strong> com o<br />
crítico o percurso <strong>do</strong> amor em Guimarães Rosa “parte <strong>do</strong> mais baixo para atingir o mais alto”.<br />
Este amor ‘mais baixo’ está relaciona<strong>do</strong> à matéria, ao prazer sexual, enquanto o ‘mais alto’ ligase<br />
ao nível espiritual, à ascese da alma.<br />
Verifica-se, por outro la<strong>do</strong>, que a interpretação <strong>do</strong> estudioso de Guimarães Rosa, Luis Roncari,<br />
parece divergir da de Benedito Nunes. Roncari, ao analisar o “São Marcos”, de Sagarana,<br />
relaciona o simbolismo de três árvores existentes na estória deste conto com três níveis de<br />
amor presentes na obra rosiana. Assim, o amor carnal, sexual – considera<strong>do</strong> ‘baixo’ para Nunes<br />
- é visto sob nova perspectiva, a qual será abordada neste trabalho cuja atenção se volta para a<br />
novela Buriti.<br />
TERRA IGNOTA: OS SENTIDOS DA PALAVRA “SERTÃO” EM OS SERTÕES,<br />
DE EUCLIDES DA CUNHA<br />
Rivânia Maria Trotta Sant’Ana 68<br />
O trabalho ora proposto para comunicação apresenta uma primeira versão da análise da visão<br />
<strong>do</strong> Brasil presente em Os Sertões, de Euclides da Cunha, através da observação <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s<br />
atribuí<strong>do</strong>s à palavra “sertão” em sua narrativa.<br />
Partimos <strong>do</strong> pressuposto de que o livro de Euclides se insere na tradição <strong>do</strong>s relatos de<br />
estrangeiros e brasileiros em viagem pelo País, empenha<strong>do</strong>s em conhecer seu território e<br />
também em revelar/denunciar as mazelas <strong>do</strong> povo brasileiro.<br />
Consideramos, porém, que a narrativa euclidiana transcende essa tradição, na medida em que<br />
não só denuncia as condições de aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> sertão e <strong>do</strong> sertanejo, mas aponta também na<br />
direção contrária, fazen<strong>do</strong> um paralelo entre sertão e litoral brasileiros, para revelar<br />
semelhanças trágicas subjacentes entre essas regiões.<br />
67 Graduanda em Licenciatura de Língua Portuguesa, <strong>UFOP</strong><br />
68 Professora da Universidade Federal de Ouro Preto, mestranda em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais.<br />
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