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I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP

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I M e m o r i a l d o I C H S<br />

O CRIMINOSO SEGUNDO A CÂMARA DE MARIANA (1800-1810)<br />

ALAN NARDI DE SOUZA 60<br />

A perspectiva da história vista de baixo atraiu de imediato aqueles historia<strong>do</strong>res ansiosos por<br />

ampliar os limites de sua disciplina, abrir novas áreas de pesquisa e explorar as experiências<br />

históricas daqueles homens e mulheres, cuja existência é freqüentemente ignorada. Para Jim<br />

Sharpe, mesmo hoje, grande parte da história ensinada nas universidades considera a<br />

experiência da massa <strong>do</strong> povo no passa<strong>do</strong> como inacessível ou sem importância. Segun<strong>do</strong><br />

Sharpe, aqueles que escrevem a história vista de baixo não apenas proporcionam um campo de<br />

trabalho que nos permite conhecer mais sobre o passa<strong>do</strong>, mas também tornam claro que<br />

existem muitos segre<strong>do</strong>s que poderiam ser conheci<strong>do</strong>s e que ainda estão encobertos por<br />

evidências inexploradas. É com esta perspectiva, a da “história vista de baixo”, que buscamos<br />

desenvolver a pesquisa. Em fins <strong>do</strong> século XIX e mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX uma grande<br />

quantidade de mudanças ocorreu no Brasil, atingin<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os níveis da experiência social.<br />

Nunca, em um perío<strong>do</strong> anterior, tantas pessoas foram envolvidas de mo<strong>do</strong> tão completo e tão<br />

rápi<strong>do</strong> num intenso processo de transformação de seus hábitos cotidianos. Em meio a estas<br />

mudanças, introduzem-se no cenário brasileiro, teorias de pensamento até então desconhecidas<br />

no país, como o positivismo, o evolucionismo e o darwinismo. A antropologia criminal é mais<br />

um componente da produção científica brasileira no início <strong>do</strong> século XX, que visava, através<br />

de práticas de prevenção e repressão criminais, identificar, criminalizar e punir certos<br />

indivíduos através da crença de que seus caracteres biológicos, frente às adversidades sociais e<br />

climáticas, determinavam comportamentos anti-sociais. Ao que parece, a abordagem proposta<br />

pela antropologia criminal, já teria si<strong>do</strong> implementada um século antes na cidade mineira de<br />

Mariana. De forma incomum, encontramos entre a <strong>do</strong>cumentação da Cadeia de Mariana,<br />

referente ao início <strong>do</strong> século XIX, autos de prisão que caracterizavam de forma detalhada os<br />

criminosos, de maneira semelhante à antropologia criminal da escola Positiva de Lombroso,<br />

Ferri e Garofalo. É com esta hipótese que procuramos trabalhar.<br />

A participação da Província de Minas Gerais e da Escola de Minas de Ouro Preto nas<br />

Exposições Universais <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> século XX<br />

Paulo Coelho Mesquita Santos 61<br />

Este trabalho pretende apresentar os resulta<strong>do</strong>s iniciais <strong>do</strong> projeto “ORGANIZAÇÃO,<br />

RESTAURAÇÃO E DIFUSÃO DO ACERVO TÉCNICO CIENTÍFICO DA <strong>UFOP</strong>:<br />

NOVOS ELEMENTOS PARA A HISTÓRIA DA CIÊNCIA NO BRASIL”. O material que<br />

vem sen<strong>do</strong> levanta<strong>do</strong> e analisa<strong>do</strong> consiste em <strong>do</strong>cumentos relativos a Escola de Minas desde a<br />

sua fundação.<br />

A Escola de Minas de Ouro Preto, fundada em 1876 com vinda de engenheiros franceses, fez<br />

parte de uma política de incentivo ao desenvolvimento da ciência a<strong>do</strong>tada pelo governo<br />

imperial <strong>do</strong> Brasil na segunda metade <strong>do</strong> século XIX. Nesse processo de estruturação <strong>do</strong><br />

capitalismo na Europa e na América <strong>do</strong> Norte, consolida-se a figura <strong>do</strong> engenheiro como<br />

profissional capaz de viabilizar o progresso da humanidade através da aplicação <strong>do</strong><br />

60 Graduan<strong>do</strong> <strong>do</strong> 8º perío<strong>do</strong> de História da Universidade Federal de Ouro Preto.<br />

61 Estudante de História <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong> - <strong>UFOP</strong>.<br />

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