12.04.2013 Views

I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP

I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP

I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

I M e m o r i a l d o I C H S<br />

O ORIENTE SAGRADO: OS SANTOS NA SOCIEDADE BIZANTINA E<br />

ORTODOXA<br />

Marina de Oliveira Furlan 32<br />

O estu<strong>do</strong> da vida <strong>do</strong>s santos situa-se no <strong>do</strong>mínio da hagiografia. Trata-se de área pouco<br />

estudada, o que não corresponde à importância histórica que a beatificação assume na história<br />

social tanto no Ocidente como no Oriente cristãos. Assim, partimos da seguinte premissa, que<br />

é uma interrogação: o por que da necessidade sentida pela sociedade de cultuar um<br />

determina<strong>do</strong> tipo de indivíduo, num mecanismo que, por princípio, contradiz uma religião que<br />

se apresenta como monoteísta, ou seja, cultua um Deus único.<br />

Para o presente estu<strong>do</strong>, o que pode ser considera<strong>do</strong> como fonte primária é constituí<strong>do</strong>, na<br />

verdade, por referências secundárias, que são as vidas de santos, muitas vezes redigidas<br />

posteriormente ao tempo de vida <strong>do</strong>s mesmos.<br />

O Oriente cristão foi escolhi<strong>do</strong> para o nosso estu<strong>do</strong> por vários motivos: primeiramente pelo<br />

fato de ainda não ter si<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong> em nosso país; em segun<strong>do</strong> lugar o fato de que é lá que<br />

surge o fenômeno histórico <strong>do</strong> santo nos primeiros séculos <strong>do</strong> Cristianismo, assim como é lá<br />

que tem origem um outro fenômeno interliga<strong>do</strong> que é o monaquismo; também devemos<br />

registrar o fato de lá terem floresci<strong>do</strong> inúmeras divergências acerca da questão fundamental da<br />

religião cristã, qual seja: como estabelecer consenso acerca da natureza de um Deus que foi<br />

também homem?<br />

Por extensão, pretendemos abordar a importante questão <strong>do</strong>s mecanismos através <strong>do</strong>s quais<br />

surge ao longo da história e tornam necessária a figura <strong>do</strong> santo.<br />

A construção e utilização da figura de Agripina como instrumento de formação da<br />

imagem <strong>do</strong> governo de Nero.<br />

Flávia Florentino Varella 33<br />

Na construção da imagem <strong>do</strong> principa<strong>do</strong> de Nero, 54–68 d.C., Tácito se utiliza de diversos<br />

instrumentos para caracterizar seu governo como bom ou mau. Um <strong>do</strong>s instrumentos<br />

negativos emprega<strong>do</strong>s nessa construção foi a participação feminina na administração <strong>do</strong><br />

principa<strong>do</strong>. Nossa comunicação se concentra, principalmente, em analisar como Tácito<br />

descreve a figura de Agripina na conjuntura política <strong>do</strong> governo de Nero e a emprega como<br />

instrumento na construção da imagem deste governo. Agripina, mãe de Nero, é a personagem<br />

feminina que obteve maior destaque por Tácito nos Anais, sen<strong>do</strong> caracterizada como uma<br />

mulher de grande lascívia e ambição. A posição de Nero como impera<strong>do</strong>r é atribuída por<br />

Tácito a Agripina. Foi através das artimanhas e crimes de sua mãe que Nero se tornou o<br />

sucessor <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r Cláudio. Tácito relata que, quan<strong>do</strong> Agripina casou-se com Cláudio, suas<br />

primeiras articulações dentro da Domus Caesaris foram para garantir que Nero fosse o futuro<br />

impera<strong>do</strong>r. Com isso, Tácito caracteriza Nero como sen<strong>do</strong> deve<strong>do</strong>r de seu império a uma<br />

mulher. No decorrer da sua construção retórica, Tácito atribuí à Agripina uma acentuada<br />

participação em decisões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que não deveriam passar pelas mãos de uma mulher,<br />

mesmo sen<strong>do</strong> está mãe <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r. A atuação política da mulher era juridicamente nula,<br />

32 Graduanda em História pela Universidade Federal de Ouro Preto – bolsista PIVIC- orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Celso Taveira<br />

33 Graduanda em História pela <strong>UFOP</strong>.<br />

- 54 -

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!