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I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP

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I M e m o r i a l d o I C H S<br />

aduaneira, com o objetivo de manter linhas defensivas permanentes sob o coman<strong>do</strong> civil e<br />

militar de um estratego. Podemos caracterizar um sistema agrário de amplas repercussões sociais,<br />

militares e fiscais; através de um regime em que o camponês passa a exercer também funções<br />

militares (além das fiscais), o chama<strong>do</strong> estratíotai. Visamos por tanto, apresentar uma discussão<br />

historiográfica sobre as origens, organização e repercussões desse sistema em Bizâncio; ten<strong>do</strong><br />

como principais referenciais teóricos: Paul Lemerle e Georg Ostrogorsky. Mesmo diante de<br />

uma ampla escassez de fontes diretamente referentes ao contexto de formação <strong>do</strong> thema, seus<br />

trabalhos apresentam fatores em que o regime <strong>do</strong>s themata podem ser considera<strong>do</strong>s a base fiscal<br />

e administrativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> século VII. O tema se apresenta de fundamental<br />

importância para analisarmos o sistema agrário bizantino e suas implicações - econômicas,<br />

sociais e militares - no desenvolvimento <strong>do</strong> Império no Oriente a partir desse perío<strong>do</strong>. Devi<strong>do</strong><br />

ao fato de terem possibilita<strong>do</strong> a formação de uma importante organização civil e militar, diante<br />

das peculiaridades contextuais em que a História de Bizâncio está inserida, os themata<br />

representaram o eixo principal de manutenção e desenvolvimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Bizantino até o<br />

século XII.<br />

Debates sobre a natureza <strong>do</strong> Cristo no Oriente no primeiro milênio e sua relação com a<br />

crise iconoclasta<br />

Renato Viana Boy *<br />

Nesse trabalho estaremos analisan<strong>do</strong> um argumento teológico muito bem formula<strong>do</strong> pelo<br />

impera<strong>do</strong>r bizantino Constantino V, apresenta<strong>do</strong> no síno<strong>do</strong> iconoclasta de Hieria, em 754,<br />

através <strong>do</strong> qual o culto de imagens dentro <strong>do</strong> cristianismo passou a ser encara<strong>do</strong> não somente<br />

como peca<strong>do</strong> de i<strong>do</strong>latria, mas foi habilmente relaciona<strong>do</strong> aos pensamentos heréticos em torno<br />

das naturezas <strong>do</strong> Cristo.<br />

Trabalhamos com a idéia de que a heterogeneidade da população bizantina, particularmente na<br />

parte asiática <strong>do</strong> Império, formava um campo favorável não só para o surgimento, mas<br />

também proliferação e manutenção desses conceitos, principalmente nas províncias orientais.<br />

Prova disso é que, mesmo três séculos após o Concílio da Calcedônia (451), que teoricamente<br />

teria encerra<strong>do</strong> a discussão em torno das naturezas <strong>do</strong> Cristo, uma definição a respeito <strong>do</strong><br />

iconoclasmo retorna a duas dessas discussões para justificar a destruição de ícones. Segun<strong>do</strong><br />

Constantino V, para que um Cristão cultue uma imagem sacra, ele deve obrigatoriamente<br />

escolher entre <strong>do</strong>is caminhos, ambos heréticos: ou se crê que o Verbo foi circunscrito com a<br />

carne, sen<strong>do</strong> sua representação assim digna de culto, ou se admite apenas a representação<br />

humana <strong>do</strong> Cristo, separada <strong>do</strong> Verbo. Dessa forma, condena-se o cristão ou por prática de<br />

monofisismo, que admite em Cristo apenas a natureza divina, ou de nestorianismo, que<br />

distingue suas duas naturezas, a humana e a divina.<br />

As definições <strong>do</strong> concílio de 754 foram destruídas pelos iconófilos após o Concílio Ecumênico<br />

de Nicéia, em 787, favorável às imagens. Entretanto, o historia<strong>do</strong>r consegue hoje reconstruir<br />

os argumentos de Hieria indiretamente, através das próprias atas de Nicéia, visto que antes das<br />

definições iconófilas, há nessa <strong>do</strong>cumentação a reconstituição <strong>do</strong> pensamento iconoclasta,<br />

formulada por Constantino V. Portanto, nossa investigação parte de fontes indiretas, o que se<br />

constitui num obstáculo para o historia<strong>do</strong>r, embora vejamos essa destruição <strong>do</strong>cumental<br />

também como uma fonte importante de informações a respeito <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />

* Licencia<strong>do</strong> e Bacharel em História pela Universidade Federal de Ouro Preto<br />

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