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I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP

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I M e m o r i a l d o I C H S<br />

desde o início de 2004. O ensaio referente a este resumo, é concernente à relação <strong>do</strong> aspecto<br />

anticomunista, próprio das matérias veiculadas em tais periódicos, com a conjuntura política<br />

<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> já indica<strong>do</strong>. No caso mais específico, a fonte utilizada para a formalização deste<br />

texto será um desses periódicos, qual seja, “O Arquidiocesano” da cidade de Mariana. A<br />

exposição privilegiará, como já sublinha<strong>do</strong>, a relação da linha editorial deste periódico com a<br />

conjuntura sócio-política percebida entre os anos de 1961 e 1964, mais precisamente entre<br />

junho/61 e junho/64. O principal pressuposto teórico a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como nortea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> trabalho<br />

até aqui desenvolvi<strong>do</strong>, parte da conceitualização da Igreja Católica como um “aparelho priva<strong>do</strong> de<br />

hegemonia” de acor<strong>do</strong> com o conceito gramsciano, isto é, passível de influência <strong>do</strong> cenário<br />

político não só em sua linha editorial única e exclusivamente, mas sim e principalmente, no que<br />

se refere às decisões de seus responsáveis quanto à questão das matérias de cunho<br />

anticomunistas que tinham sua veiculação aceita ou não. Dessa forma, o que vem sen<strong>do</strong><br />

aprecia<strong>do</strong> no trato das fontes de maneira geral, é a heterogeneidade da Igreja Católica, não se<br />

constituin<strong>do</strong> assim, como um simples bloco monolítico e homogêneo, ou seja, apenas um<br />

“aparelho ideológico de Esta<strong>do</strong>” na expressão althusseriana.<br />

Santo rosário x ateísmo vermelho: conserva<strong>do</strong>rismo católico no discurso anti-janguista<br />

Diego Omar Silveira 28<br />

Isabel Cristina Leite 29<br />

Pretendemos neste trabalho apresentar alguns <strong>do</strong>s motivos católicos recorrentes nas falas <strong>do</strong>s<br />

setores anti-janguistas nos anos que antecederam imediatamente ao golpe de 1964. Anos nos<br />

quais em meio a uma classe média amedrontada pelo “perigo vermelho”, fez-se brotar uma<br />

grande onda conserva<strong>do</strong>ra que arregimentou elites políticas de to<strong>do</strong> nosso país, sobretu<strong>do</strong> da<br />

região sudeste. É notável neste perío<strong>do</strong> a insistência com que os setores da direita utilizavam-se<br />

de um discurso caricaturalmente católico (e anti-comunista), colocan<strong>do</strong>-se como defensores da<br />

moral, da família e <strong>do</strong>s bons costumes. Baseamo-nos, assim, nos trabalhos de Heloísa Starling,<br />

René Dreifus, Solange Simões e Flávio Deckes, para traçar pontos de convergência entre o<br />

discurso <strong>do</strong>s diversos grupos envolvi<strong>do</strong>s no processo que culminaria na derrubada <strong>do</strong><br />

Governo Goulart, como, por exemplo, a CAMDE (Campanha da Mulher pela Democracia), a<br />

LIMDE (Liga da Mulher Democrata), o MAF (Movimento de Arregimentação Feminina) e a<br />

TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, da Família e da Propriedade). Dois pontos<br />

de destaque no trabalho ora proposto são: a notação de que embora estas ligas femininas<br />

sugerisse a existência de um movimento pensa<strong>do</strong> e concretiza<strong>do</strong> pelas próprias mulheres, tal<br />

fato fica bastante obscureci<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> notamos a atuação <strong>do</strong>s IPÊS, uma organização<br />

masculina cujos integrantes muitas das vezes eram casa<strong>do</strong>s com as mulheres militantes e<br />

idealiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s movimentos em que elas militavam. Em seguida ressaltamos o fato de que o<br />

discurso integrista de alguns setores católicos não correspondeu, em momento algum, ao<br />

discurso de toda a instituição, onde desde muito ce<strong>do</strong> apareceram posicionamentos favoráveis<br />

a sustentação de um governo eleito democraticamente e a realização das reformas de base por<br />

ele propostas.<br />

28 Aluno <strong>do</strong> 5° perío<strong>do</strong> de História / <strong>ICHS</strong> / <strong>UFOP</strong>.<br />

29 Aluna <strong>do</strong> 6° perío<strong>do</strong> de História / <strong>ICHS</strong> / <strong>UFOP</strong>.<br />

Os Militares e a “Banalidade <strong>do</strong> Mal”<br />

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