I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Maria Teresa Gonçalves PEREIRA<br />
Maria José Ferro de SOUSA<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
HISTÓRIA<br />
REORGANIZANDO SONS E VIDAS<br />
Pretendemos, neste artigo, expor o processo de reorganização <strong>do</strong> acervo de manuscritos <strong>do</strong><br />
Museu da Música de Mariana, desenvolvi<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> de 2001 a 2003. O Projeto Acervo da<br />
Música Brasileira - Restauração e Difusão de Partituras, da Fundação Cultural e Educacional da<br />
Arquidiocese de Mariana, financia<strong>do</strong> pela Petrobrás e coordena<strong>do</strong> pelo Santa Rosa Bureau<br />
Cultural. O qual foi nortea<strong>do</strong> através de procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos que são fruto de<br />
recentes e constantes discussões das áreas de musicologia, arquivologia, paleografia, grafologia<br />
e história. Conseqüentemente, a interdisciplinaridade nos possibilitou estreitar o diálogo entre<br />
estas diversas áreas e reorganizarmos os <strong>do</strong>cumentos manuscritos musicais <strong>do</strong>s Séculos XVIII<br />
a XX, assim como também adquirimos, um manancial de informações das pessoas envolvidas<br />
com a música encontradas nas mais variadas situações, tais como: sociais, econômicas,<br />
funcionais, artísticas, históricas, psicológicas, etc., incorporadas ao <strong>do</strong>cumento na sua trajetória<br />
temporal e espacial, resgatadas através de um banco de da<strong>do</strong>s.<br />
Para melhor conhecermos a inserção <strong>do</strong> músico no mun<strong>do</strong> como sujeito histórico analisamos<br />
estes indivíduos e suas obras dentro <strong>do</strong> contexto histórico, sócio-econômico e simbólico que<br />
lhes eram imanentes. Neste senti<strong>do</strong>, os manuscritos <strong>do</strong> Museu da Música de Mariana não<br />
contêm apenas os registros musicais destes séculos. Trazem também, indícios <strong>do</strong> vivi<strong>do</strong> das<br />
pessoas envolvidas cotidianamente com o universo musical, na sua pluralidade espacial e<br />
temporal. Estes <strong>do</strong>cumentos nos legaram uma gama importantíssima de informações sobre o<br />
músico. Esse indivíduo multifaceta<strong>do</strong> que aparece como compositor, copista, proprietário,<br />
educa<strong>do</strong>r, desenhista, e nos relacionamentos com seus pares. Assim, o diálogo entre as diversas<br />
áreas acima nomeadas nos possibilitou organizarmos a parte física e musical <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos e<br />
resgatarmos indícios <strong>do</strong> vivi<strong>do</strong> destas pessoas inseridas neste universo.<br />
A utilização da imagem como representação cultural passível de uma análise histórica:<br />
uma abordagem culturalista<br />
CRISTIANO OLIVEIRA DE SOUSA 24<br />
O uso de imagens como fontes para uma análise histórica pode ser plenamente empregada em<br />
conjunto com a abordagem culturalista, que vê a cultura como sen<strong>do</strong> socialmente construída<br />
através da escolha de determina<strong>do</strong>s símbolos e representações para explicar a visão de mun<strong>do</strong>,<br />
os valores, enfim, a realidade de um determina<strong>do</strong> povo situa<strong>do</strong> no espaço e no tempo,<br />
conforme propõe o historia<strong>do</strong>r Roger Chartier. Segun<strong>do</strong> Eduar<strong>do</strong> França Paiva desde os<br />
primeiros tempos <strong>do</strong> cristianismo as imagens sempre foram utilizadas como instrumentos<br />
pedagógicos poderosos e eficazes. Partin<strong>do</strong> deste pressuposto podemos realizar, por exemplo,<br />
uma análise das representações imagéticas presentes no interior da capela da Ordem Terceira<br />
de São Francisco de Assis de Ouro Preto, capela esta que foi construída pelos membros desta<br />
ordem que correspondiam à nobreza colonial da época; homens brancos, ricos e influentes de<br />
Vila Rica, que não escolheram aleatoriamente os símbolos e representações imagéticas que ali<br />
24 Graduan<strong>do</strong> <strong>do</strong> 8º perío<strong>do</strong> de História da Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
- 47 -