I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
I Memorial do ICHS - ICHS/UFOP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
I <strong>Memorial</strong> <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
NOSSA HISTÓRIA COM TODAS AS LETRAS<br />
Caderno de Resumos<br />
09 a 12 de novembro de 2004<br />
Universidade Federal de Ouro Preto<br />
Instituto de Ciências Humanas e Sociais
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
E562n Encontro <strong>Memorial</strong> <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais/<strong>UFOP</strong><br />
(1. : 2009 : Mariana, MG)<br />
Nossa história com todas as letras : caderno de resumos <strong>do</strong> I<br />
Encontro <strong>Memorial</strong> <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais/<strong>UFOP</strong><br />
Mariana, Minas Gerais, Novembro 09-12, 2004 / Organiza<strong>do</strong> por<br />
Luciano de Oliveira Fernandes e Rosimeire da Fonseca. - Mariana :<br />
<strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong>, 2009.<br />
94 p.<br />
ISBN 978-85-288-0069-2<br />
1. Literatura - História e crítica - Teoria, etc. 2. Lingüística.<br />
3. Educação. I. Fernandes, Luciano de Oliveira. II. Fonseca,<br />
Rosimeire da. III. Título. IV. Título: Caderno de resumos <strong>do</strong> I<br />
Encontro <strong>Memorial</strong> <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais/<strong>UFOP</strong>.<br />
- 2 -<br />
CDU: 82.02
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO<br />
Dirceu <strong>do</strong> Nascimento<br />
Reitor<br />
Marco Antonio Tourinho Furta<strong>do</strong><br />
Vice-Reitor<br />
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS<br />
Ivan Antônio de Almeida<br />
Diretor<br />
Keila Deslandes<br />
Vice-Diretora<br />
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO<br />
Chefe: Adriana Maria de Figueire<strong>do</strong><br />
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA<br />
Chefe: Ronal<strong>do</strong> Pereira de Jesus<br />
DEPARTAMENTO DE LETRAS<br />
Chefe: Glória Maria Guiné de Mello<br />
- 3 -
REALIZAÇÃO<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Instituto de Ciências Humanas e Sociais/<strong>UFOP</strong><br />
COMISSÃO ORGANIZADORA<br />
Drª Andréa Lisly Gonçalves – Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Evento<br />
Departamento de História<br />
Dr. Celso Taveira<br />
Departamento de História<br />
Dr. Valdei Lopes de Araujo<br />
Departamento de História<br />
Drª Célia Maria Fernandes Nunes<br />
Departamento de Educação<br />
Drª Maria Amália de Almeida Cunha<br />
Departamento de Educação<br />
Ms. Glória Maria Guiné de Mello<br />
Departamento de Letras<br />
Dr. José Benedito Dona<strong>do</strong>n-Leal<br />
Departamento de Letras<br />
Ms. Heliana Maria Brina Brandão<br />
Ex-Professora <strong>do</strong> Departamento de Letras<br />
Ms. Álvaro de Araújo Antunes<br />
Ex-Aluno <strong>do</strong> Curso de História<br />
Luciano de Oliveira Fernandes<br />
Ex-Aluno <strong>do</strong> Curso de Letras<br />
Marli Elias Veisac<br />
Secretária <strong>do</strong> Departamento de História<br />
Rosimeire da Fonseca<br />
Secretária da Diretoria <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
- 4 -
COMISSÃO CIENTÍFICA<br />
Departamento de Educação<br />
Drª Adriana Maria de Figueire<strong>do</strong><br />
Drª Célia Maria Fernandes Nunes<br />
Drª Rosana Areal de Carvalho<br />
Departamento de História<br />
Drª. Andréa Lisly Gonçalves<br />
Drª. Christiane Figueire<strong>do</strong> Pagano de Mello<br />
Ms. Rafael de Freitas e Souza<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Departamento de Letras<br />
Ms. Glória Maria Guiné de Mello<br />
Dr. José Luiz Foureaux de Souza Júnior<br />
Dr. José Luiz Vila Real Gonçalves<br />
SECRETÁRIO<br />
Giovanni Gonçalves Ferreira Spineli<br />
PATROCÍNIO<br />
Universidade Federal de Ouro Preto<br />
Prefeitura Municipal de Mariana<br />
NEASPOC/<strong>UFOP</strong><br />
- 5 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
APRESENTAÇÃO<br />
- 6 -<br />
“O passa<strong>do</strong> também é urgente”<br />
( J. G. Rosa em discurso de posse na ABL)<br />
O Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto<br />
completa 25 anos de sua fundação. Oficializa<strong>do</strong> pela Portaria 048, de 25 de março de 1980, foi<br />
instala<strong>do</strong> no antigo prédio <strong>do</strong> Seminário Menor de Nossa Senhora da Boa Morte, em Mariana,<br />
MG, cidade marco da história e da educação em nosso país, por ter si<strong>do</strong> a primeira cidade de<br />
Minas Gerais e onde funcionaram os primeiros estabelecimentos educacionais <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />
Desde sua fundação, em 09 de novembro de 1979, este Instituto vem funcionan<strong>do</strong> neste local,<br />
oferecen<strong>do</strong> os cursos de História e de Letras ten<strong>do</strong> habilita<strong>do</strong>, no decorrer desse tempo,<br />
muitos profissionais de relevante atuação nesta e em outras instituições de ensino, no país e no<br />
exterior. Mantém, também, em seus quadros, professores de igual relevância.<br />
Para marcar a passagem de um quarto de século de serviços presta<strong>do</strong>s à educação por<br />
este Instituto, um grupo de professores, alunos e funcionários que estão ou estiveram liga<strong>do</strong>s<br />
ao <strong>ICHS</strong> se reuniu com o propósito de realizar o I Encontro <strong>Memorial</strong> que pudesse levantar e<br />
atualizar a memorabilia das produções humanísticas <strong>do</strong>s profissionais liga<strong>do</strong>s a essa instituição.<br />
A Comissão Organiza<strong>do</strong>ra
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
SUMÁRIO<br />
SAIBA ONDE E QUANDO ............................................................................................................ 8<br />
PROGRAMAÇÃO DO I MEMORIAL DO <strong>ICHS</strong> ..................................................................... 18<br />
RESUMOS .......................................................................................................................................... 25<br />
CONFERÊNCIAS ................................................................................................... 26<br />
PALESTRAS ............................................................................................................ 28<br />
MESAS-REDONDAS .............................................................................................. 29<br />
COMUNICAÇÕES .................................................................................................. 37<br />
EDUCAÇÃO ........................................................................................................... 38<br />
HISTÓRIA .............................................................................................................. 47<br />
LETRAS .................................................................................................................. 75<br />
- 7 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
SAIBA ONDE E QUANDO<br />
Saiba onde e quan<strong>do</strong> você apresentará o (s) seu (s) trabalho (s) no I <strong>Memorial</strong> <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>. A lista<br />
abaixo está organizada pelos nomes <strong>do</strong>s participantes em ordem alfabética, segui<strong>do</strong>s <strong>do</strong> título <strong>do</strong><br />
trabalho, <strong>do</strong> dia, horário e local da apresentação.<br />
Abigail Guedes Magalhães<br />
O professor de português: fundamentação teórica e prática pedagógica<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:00h, na sala I.01.<br />
Adelma Lúcia O. S. Araújo<br />
O programa Praat 4.0.2c: uma ferramenta auxiliar no ensino de fonética e fonologia<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Adelma Lúcia O. S. Araújo<br />
A variabilidade <strong>do</strong> /a/ pretônico em contexto inicial, medial e próximo à sílaba tônica, em palavras polissilábicas<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Adelma Lúcia O. S. Araújo<br />
Breve introdução ao programa de análises estatísticas com múltiplas variáveis Goldvarb, versão 2001<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Alan Nardi de Souza<br />
O criminoso segun<strong>do</strong> a Câmara de Mariana (1800-1810)<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Alexandre Alves F. de Mesquita<br />
A influência das crenças sob o olhar sociocultural no processo de ensino/aprendizagem de Inglês como língua estrangeira<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.29.<br />
Aline Fonseca Carvalho<br />
Alertar pelo riso: o Binômio e o Dia de Tiradentes em Ouro Preto<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Aline Peixoto Gravina<br />
O "Recrea<strong>do</strong>r Mineiro" como fonte para o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> português oitocentista<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.28.<br />
Álvaro de Araújo Antunes<br />
À face da justiça: aspectos socioculturais de um advoga<strong>do</strong> setecentista<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
André Soares da Cunha<br />
O trabalho de crianças livres em Mariana na Primeira metade <strong>do</strong> século XIX<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
- 8 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Andrea Trus<br />
Abordagens sobre os homens de negócios em fins <strong>do</strong> século XVIII e início <strong>do</strong> XIX no Termo de Mariana<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
Antônio Luiz Vieira<br />
Messianismo da razão: as representações da utopia<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Antônio Netto Júnior<br />
NEASPOC-<strong>UFOP</strong>: uma experiência de indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Arnal<strong>do</strong> José Zangelmi<br />
A construção da identidade <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais (1979-1985)<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Bruno Franco Medeiros<br />
História, memória e identidade no Arquivo Público Mineiro<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
Caio Pinheiro Teixeira<br />
Debates historiográficos: 1964, causas e personagens<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Camila Carolina Flausino<br />
Tráfico interno em Mariana: 1861-1886<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Camila de Jesus Nunes<br />
A formação de professores na <strong>UFOP</strong>: uma análise curricular <strong>do</strong>s cursos de licenciatura<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.01.<br />
Carla Aparecida Almeida<br />
Esperanças da Revolução: ideais marxistas e a influência de Antônio Gramsci em Gaibéus<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
Carla Aparecida Almeida<br />
Práticas de linguagem no ambiente escolar: a reprodução das desigualdades sociais?<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Carlo Guimarães Monti<br />
Transição para liberdade<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
Cecília M. F. Figueire<strong>do</strong><br />
Os termos de arrematação e contratos - aspectos de uma fonte <strong>do</strong>cumental<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
- 9 -
Celso Taveira<br />
A Idade Média no Oriente. Perspectiva de pesquisa<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
César Francioso Martins<br />
A "negritude" africana de expressão portuguesa através da literatura - <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> ao nacional<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
Ciro Medeiros Mendes<br />
Aspectos socioculturais das crenças de uma professora de Inglês como língua estrangeira<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.29.<br />
Cláudio Lúcio de Carvalho Diniz<br />
Tristeza Tupiniquim<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30 às 18:00h, na sala I.03.<br />
Clóvis Domingos <strong>do</strong>s Santos<br />
A terceira idade da vida, a terceira margem <strong>do</strong> rio, o terceiro olhar da arte: Des (re) construin<strong>do</strong> imagens através <strong>do</strong>s jogos<br />
<strong>do</strong> Teatro <strong>do</strong> Oprimi<strong>do</strong><br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Cristiano Oliveira de Sousa<br />
A utilização da imagem como representação cultural passível de uma análise histórica: uma abordagem culturalista<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
Danúbia Aline Silva<br />
Gil Vicente: A literatura portuguesa e a intertextualidade bíblica<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
Débora Martins C. Barbosa<br />
O discurso cristão evangélico nas eleições para a presidência <strong>do</strong> Brasil - 2002<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.28.<br />
Deise Simões Rodrigues<br />
História oral: relatos da trajetória <strong>do</strong> último mestre canteiro de Minas Gerais<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Délia Ribeiro Leite<br />
O popular na obra de Oswald de Andrade<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.28.<br />
Diego Omar da Silveira<br />
Santo Rosário X Ateísmo vermelho: conserva<strong>do</strong>rismo católico no discurso anti-janguista<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Diego Omar da Silveira<br />
Esperanças da Revolução: ideais marxistas e a influência de Antônio Gramsci em Gaibéus<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
- 10 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Eclair Antonio Almeida Filho<br />
Jacques Prévert e o Surrealismo : a Revolução Surrealista sempre<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.28.<br />
Edmar de Assis Campelo Ávila<br />
"Amar, verbo intransitivo" - o retrato literário de uma sociedade de aparências<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.28.<br />
Elisson F. Morato<br />
Análise semiolingüística da obra de Cláudio Manoel da Costa<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
Elisson F. Morato<br />
Presença da Filosofia kantiana na semiótica de C. S. Peirce<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
Elke Beatriz Felix Pena<br />
Artigos e ensaios científicos: <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s de uma mesma moeda?<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.28.<br />
Erlaine Aparecida Januário<br />
Jóias de a<strong>do</strong>rno, como investimento e de devoção<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30 às 18:00h, na sala I.01.<br />
Everton Moreira Magalhães<br />
Interdisciplinaridade, por uma pedagogia contra a especialização<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Fabiana Fernanda de Jesus Parreira<br />
Competência tradutória e curso de tradução<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.25.<br />
Fábio Oliveira Araújo<br />
Construções retóricas nos Anais de Tácito: a oposição Sêneca/Tigelino<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.03.<br />
Fernanda Borges Ferreira<br />
Estratégias argumentativas na política de cotas nas instituções públicas<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.25.<br />
Fernan<strong>do</strong> Alves Sales<br />
O menino e o vento; o inicia<strong>do</strong> <strong>do</strong> vento - tradução fílmica<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.25.<br />
Flávia Florentino Varella<br />
A construção e utilização da figura de Agripina como instrumento de formação da imagem <strong>do</strong> governo de Nero<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.03.<br />
- 11 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Francis Wellington de Barros Andrade<br />
O aspecto anticomunista na conjuntura política <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> pré-1964<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Franciso Elias Simão Merçon<br />
A construção <strong>do</strong> Ethos kafkiano<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.28.<br />
Germano Moreira Campos<br />
Ideais de fé, conduta e salvação em Clemente de Alexandria<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.03.<br />
Gilmar Bueno Santos<br />
Estratégias argumentativas na política de cotas nas instituções públicas<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.25.<br />
Giovanni Gonçalves Ferreira Spineli<br />
A identificação ideológica no espectro esquerda-direita como condicionante da decisão de voto<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Gleice de Andrade Neves<br />
Redução das vogais postônicas [I, U] no português brasileiro: análise auditiva/acústica<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Ingrid Trioni Nunes Macha<strong>do</strong><br />
Competência tradutória e curso de tradução<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.25.<br />
Isabel Cristina Leite<br />
Santo Rosário X Ateísmo vermelho: conserva<strong>do</strong>rismo católico no discurso anti-janguista<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Isabel Cristina Leite<br />
Os militares a a "Banalidade <strong>do</strong> Mal"<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Isabela Silva Ribeiro<br />
A orientação profissional: facilita<strong>do</strong>ra da dinâmica da aprendizagem<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.01.<br />
João Alegria<br />
Um sonho, um belo sonho: a educação transforma<strong>do</strong>ra pelo cinema<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.01.<br />
João Alegria<br />
A tecnologia na sala de aula<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Juliana Costa Moreira<br />
O vocativo em corpus <strong>do</strong> Dialeto mineiro oitocentista: uma abordagem variacionista<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
- 12 -
Juliano Ferreira<br />
Olhares sobre a cidade Ouro Preto: as "falas <strong>do</strong> cidadão"<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Juliano Ferreira<br />
Outros olhares sobre a cidade Ouro Preto: as "falas <strong>do</strong> cidadão"<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Karina Sarto Szpak<br />
Competência tradutória e curso de tradução<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.25.<br />
Karla Pereira Cunha<br />
A busca de uma identidade latino-americana através da Literatura<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30 às 18:00h, na sala I.03.<br />
Kelly Cristina Nascimento<br />
As representações <strong>do</strong> feminino na imprensa mineira<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Laura Silveira Botelho<br />
As construções agentivas em x-liro: uma aborgadem sociocognitivista<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
Leandro Braga de Andrade<br />
A historiografia sobre o debate acerca da economia colonial brasileira<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
Ligia Garcia Diniz<br />
Olhares sobre a cidade Ouro Preto: as "falas <strong>do</strong> cidadão"<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Ligia Garcia Diniz<br />
Outros olhares sobre a cidade Ouro Preto: as "falas <strong>do</strong> cidadão"<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Lilian Mara D. C. <strong>do</strong>s Santos<br />
Práticas pedagógicas <strong>do</strong>s professores de Língua Portuguesa <strong>do</strong> Ensino Médio: perspectivas de mudanças<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Lucia F. Men<strong>do</strong>nça Cyranka<br />
O professor de português: fundamentação teórica e prática pedagógica<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:00h, na sala I.01.<br />
Luís Henrique de Oliveira<br />
O comportamento camponês: características econômico-sociais <strong>do</strong> campesinato e inovação de técnicas agrícolas - Piranga:<br />
1780-1880<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
- 13 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Luiz Gustavo Santos Cota<br />
Um direito sagra<strong>do</strong> - os advoga<strong>do</strong>s de Mariana e sua atuação nas Ações de Liberdade (1781-1788)<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Mani Scorza<br />
Mitos: criação e permanência<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.25.<br />
Marcia Conceição da Massena<br />
Olhares sobre a cidade Ouro Preto: as "falas <strong>do</strong> cidadão"<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Marcia Conceição da Massena<br />
Outros olhares sobre a cidade Ouro Preto: as "falas <strong>do</strong> cidadão"<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Marcia Conceição da Massena Arévalo<br />
Lugares de memória ou a prática de preservar o invisível através <strong>do</strong> concreto<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Marger da Conceição Ventura Viana<br />
Crise ou falta de educação em valores?<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:00h, na sala I.01.<br />
Maria Clara Versiani Galery<br />
Retóricas <strong>do</strong> Olhar<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.25.<br />
Maria José Ferro de Sousa<br />
Reorganizan<strong>do</strong> sons e vidas<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
Maria Luiza Elias Junqueira<br />
Aspectos socioculturais das crenças de uma professora no ensino/aprendizagem de língua inglesa<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.29.<br />
Maria Teresa Gonçalves Pereira<br />
Reorganizan<strong>do</strong> sons e vidas<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
Marina de Oliveira Furlan<br />
O Oriente Sagra<strong>do</strong>: os santos na sociedade bizantina e orto<strong>do</strong>xa<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Marina de Souza Jacob<br />
O terceiro nível de amor na novela Buriti, de Guimarães Rosa<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
Maysa de Pádua Teixeira<br />
Estratégias argumentativas na política de cotas nas instituções públicas<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.25.<br />
- 14 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Moacir Rodrigo de Castro Maia<br />
Amplian<strong>do</strong> a família: as relações de compadrio e apadrinhamento entre escravos na Mariana setecentista<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30 às 18:00h, na sala I.01.<br />
Newton Car<strong>do</strong>so Júnior<br />
Tradição, Memória, Ressignificação Cultural: a trajetória <strong>do</strong> Zé Pereira da Chácara <strong>do</strong>s anos 60 aos dias de hoje<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Paulo Coelho Mesquita Santos<br />
A participação da província de Minas Gerais e da Escola de Minas de Ouro Preto nas Exposições Universais <strong>do</strong> final<br />
<strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> século XX<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.03.<br />
Rafael Carneiro Tibo<br />
Boboletas tatuadas: contracultura e arte contra a cultura<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.28.<br />
Rafael Mansano Dalbon<br />
O "Regime de Themata" em Bizâncio: economia agrária, sociedade e militarização<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Rafael Martins<br />
A filosofia da História numa perspectiva kantiana<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.03.<br />
Renata Fernandes e Silva<br />
O ensino de História na década de 1970 na cidade de Ipuã - SP<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:00h, na sala I.01.<br />
Renato Viana Boy<br />
Debates sobre a natureza <strong>do</strong> Cristo no Oriente no Primeiro Milênio e sua relação com a crise iconoclasta<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Ricar<strong>do</strong> Batista de Oliveira<br />
Índios e caipiras: destribalização indígena e a conquista da fronteira agrícola na Zona da Mata mineira (1770-1830)<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Ricar<strong>do</strong> Carvalho de Figueire<strong>do</strong><br />
O futebol na escola: um estu<strong>do</strong> sobre a produção de práticas lúdicas no recreio<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.01.<br />
Ricar<strong>do</strong> Carvalho de Figueire<strong>do</strong><br />
Arte-Educação: o "Ouro das Minas"<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:00h, na sala I.01.<br />
- 15 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Ricar<strong>do</strong> Carvalho de Figueire<strong>do</strong><br />
A terceira idade da vida, a terceira margem <strong>do</strong> rio, o terceiro olhar da arte: Des (re) construin<strong>do</strong> imagens através <strong>do</strong>s jogos<br />
<strong>do</strong> Teatro <strong>do</strong> Oprimi<strong>do</strong><br />
Dia 11/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Rita de Cássia Silva<br />
Aspectos diacrônicos <strong>do</strong>s ditongos em Língua Portuguesa<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
Rivânia Maria Trotta Sant'Ana<br />
Terra ignota: os senti<strong>do</strong>s da palavra "Sertão" em Os Sertões, de Euclides da Cunha<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.28.<br />
Roberto Marin Viestel<br />
Educação ambiental e processo civiliza<strong>do</strong>r<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:00h, na sala I.01.<br />
Rodrigo Castro Rezende<br />
As nossas "Áfricas"...<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.23.<br />
Rodrigo de Araújo Ferreira<br />
Estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> comportamento político-eleitoral no perío<strong>do</strong> de 1985-1989<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.23.<br />
Rodrigo Leonar<strong>do</strong> S. Oliveira<br />
Banditismo nas Minas colonial: o ban<strong>do</strong> <strong>do</strong> lendário "Mão de Luva". (Macacu: 1783-1786)<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30 às 18:00h, na sala I.01.<br />
Romilda Oliveira Alves<br />
Mulheres solteiras chefes de <strong>do</strong>micílios: 1800-1822<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30 às 18:00h, na sala I.01.<br />
Sérgio Flores Pedroso<br />
Leitura, literatura e tradução: uma adequação possível no ensino de línguas não-maternas<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.25.<br />
Simone Cristina de Faria<br />
As elites coloniais e a Coroa na formação da sociedade mineira: os cobra<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s quintos reais em Mariana (1713-<br />
1724)<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
Sônia Maria de Magalhães<br />
Abastecimento alimentar em Goiás no século XIX: escassez, carestia e fome<br />
Dia 12/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.01.<br />
Tânia Guedes Magalhães<br />
O professor de português: fundamentação teórica e prática pedagógica<br />
Dia 11/nov/04, das 11:00h às 12:00h, na sala I.01.<br />
- 16 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Thaís Flores Nogueira Diniz<br />
Adaptan<strong>do</strong> Angela Carter: Companhia <strong>do</strong>s Lobos, de Neil Jordan<br />
Dia 10/nov/04, das 16:30h às 18:00h, na sala I.25.<br />
Thiago Rabelo Sales<br />
Guerra <strong>do</strong> Paraguai: controvérsias da historiografia sobre as causas <strong>do</strong> conflito<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30 às 18:00h, na sala I.03.<br />
Valéria Cristina Rodrigues de Souza<br />
A construção Historiográfica <strong>do</strong> Movimento de 1842<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30 às 18:00h, na sala I.03.<br />
Walisson Antônio Pereira<br />
Quan<strong>do</strong> a fé é remédio: benzeduras, ex-votos e medicina no século XVIII na região das Minas<br />
Dia 11/nov/04, das 16:30 às 18:00h, na sala I.01.<br />
William Augusto Menezes<br />
Estratégias argumentativas na política de cotas nas instituções públicas<br />
Dia 10/nov/04, das 11:00h às 12:30h, na sala I.25.<br />
- 17 -
DIA 09 DE NOVEMBRO DE 2004<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
PROGRAMAÇÃO DO I MEMORIAL DO <strong>ICHS</strong><br />
de 13:00h às 17:00h – Local: Secretaria <strong>do</strong> Evento<br />
Entrega de Material<br />
19:00h – Local: Auditório <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Abertura<br />
19:30h às 20:30h – Local: Auditório <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Conferência<br />
Tema: Os primórdios <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Conferencista: Côn. José Geral<strong>do</strong> Vidigal de Carvalho<br />
20:30h às 21:00h – Local: Sala de Reuniões<br />
Inauguração da galeria de fotos <strong>do</strong>s Ex-Diretores<br />
21:00h – Local: Capela <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Apresentação de Canto Coral <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Apresentação de Canto Coral <strong>do</strong> CEFET<br />
Maestro Chiquinho de Assis<br />
1ª Audição Mundial da Canção: “Vinte e cinco gritos de evoé”.<br />
Música: Ian Guest<br />
Letra: Fernan<strong>do</strong> Alves Sales – aluno <strong>do</strong> Curso de Letras<br />
21:30h – Local: Sala Affonso Ávila<br />
Exposição: Nossa história, nossas imagens.<br />
Apresentação Musical – Voz e Violão<br />
Ricar<strong>do</strong> Carlos Ferreira e Thales Carneiro de Avelar – alunos <strong>do</strong> Curso de História<br />
Local: Capela<br />
Exposição: Vozes Latinas <strong>do</strong>s Monumentos Sacros de Ouro Preto e Mariana<br />
Autor: Prof. Al<strong>do</strong> Eustáquio Assir Sobral –professor <strong>do</strong> Curso de Letras<br />
Local: Galeria de Exposição<br />
Exposição: Uma inusitada história <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong> em charges; 2002-2004.<br />
Autor: Walisson Antônio Pereira – aluno <strong>do</strong> Curso de História<br />
Local: Galeria de Exposição<br />
Exposição: Projeto Lu<strong>do</strong> – Mariana. Brinque, conhecen<strong>do</strong> nossa cidade.<br />
Autor: Prof. Cristiano Cassimiro <strong>do</strong>s Santos – ex-aluno <strong>do</strong> Curso de Letras<br />
Local: Galeria de Exposição<br />
Exposição: Barroco Eletrônico<br />
Autor: Djalma Santiago – ex-aluno <strong>do</strong> Curso de História<br />
- 18 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
- 19 -
DIA 10 DE NOVEMBRO DE 2004<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
08:30h às 10:30h – Local: Auditório <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Mesa Re<strong>do</strong>nda<br />
Tema: América Portuguesa e o Brasil Imperial<br />
Prof. Ângelo Alves Carrara<br />
Prof. João Pinto Furta<strong>do</strong><br />
Prof. Francisco Eduar<strong>do</strong> de Andrade<br />
Prof. Jurandir Malerba<br />
Media<strong>do</strong>r: Andréa Lisly Gonçalves<br />
08:30h às 10:30h – Local: Capela<br />
Mesa Re<strong>do</strong>nda<br />
Tema: Estu<strong>do</strong>s Literários no <strong>ICHS</strong><br />
Prof. Carlos Eduar<strong>do</strong> Lima Macha<strong>do</strong><br />
Prof. Luiz Tyller Pirola<br />
Profª Lúcia Helena Vilela<br />
Profª Maria Edith Maroca A. R. de Oliveira<br />
Media<strong>do</strong>r: Prof. José Luiz Foureaux de Souza Junior.<br />
10:30h às 11:00h - Local: Re<strong>do</strong>n<strong>do</strong><br />
Pedaços da manhã<br />
Atividade: Cama e Mesa – Esquetes<br />
Projeto: Canta<strong>do</strong>res de “Causos” e Histórias”<br />
Coordena<strong>do</strong>ra: Hebe Maria Rola Santos<br />
Direção: Alcides Ramos – Ex-aluno de Letras<br />
Alunos de iniciação teatral <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
11:00h às 12:30h – Local: Prédio de Salas de aula<br />
Comunicação<br />
14:00h às 16:00h – Local: Capela<br />
Palestra<br />
O <strong>ICHS</strong> e a Comunidade<br />
Profª Emérita Hebe Maria Rola Santos<br />
16:30h às 18:00h – Local: Prédio de salas de aula<br />
Comunicação<br />
19:30h às 20:30h – Local: Capela<br />
Conferência<br />
Universidade, Cultura e o <strong>ICHS</strong>.<br />
Conferencista: Profª Drª Solange Ribeiro de Oliveira<br />
20:30h às 21:00h - Local: Re<strong>do</strong>n<strong>do</strong><br />
- 20 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Pedaços da noite<br />
Atividade: Ensaio aberto<br />
Lanterna de Ilusões<br />
Texto: Prof. José Benedito Dona<strong>do</strong>n Leal<br />
Direção: Helen Cristina Patrício Novaes<br />
21:00h – Programação Cultural<br />
Local: Auditório <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Teatro: Peça infanto-juvenil “O que os meninos pensam delas”<br />
Autora: Adélia Nicolete<br />
Direção: Aguinal<strong>do</strong> Elias - ex-aluno <strong>do</strong> Curso de História<br />
Realização: Grupo CEOP -Centro Educacional Ouro Preto<br />
22:00h – 24:00h - Local: Auditório <strong>do</strong> Prédio Anexo<br />
Banda: Pilsen Blues – Governa<strong>do</strong>r Valadares<br />
- 21 -
Dia 11 de novembro de 2004<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
08:30h às 10:30h – Local: Auditório <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Mesa Re<strong>do</strong>nda<br />
Tema: Da Frase ao Discurso<br />
Prof. Mônica Guieiro Ramalho Alkmim<br />
Prof. Margareth de Souza Freitas<br />
Prof. Ida Lucia Macha<strong>do</strong> Borges<br />
Prof. Jânia Martins Ramos<br />
Media<strong>do</strong>r: Prof. José Benedito Dona<strong>do</strong>n-Leal<br />
08:30h às 10:30h – Local: Capela<br />
Mesa Re<strong>do</strong>nda<br />
Tema: O Brasil Contemporâneo<br />
Prof. Anny Jackeline Torres Silveira<br />
Prof. Sônia Cristina da Fonseca Macha<strong>do</strong> Lino<br />
Prof. Priscila Carlos Brandão Antunes<br />
Prof. Pio Penna Filho<br />
Media<strong>do</strong>r: Adriano Sérgio Lopes da Gama Cerqueira<br />
10:30h às 11:00h - Local: Re<strong>do</strong>n<strong>do</strong><br />
Pedaços da manhã<br />
Atividade: Cama e Mesa – Esquetes<br />
Projeto: Canta<strong>do</strong>res de “Causos” e Histórias”<br />
Coordena<strong>do</strong>ra: Hebe Maria Rola Santos<br />
Direção: Alcides Ramos – ex-aluno <strong>do</strong> Curso de Letras<br />
Alunos de iniciação teatral <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
11:00h às 12:30h – Local: Prédio Salas de aula<br />
Comunicação<br />
14:00h às 16:00h – Local: Auditório <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Mesa Re<strong>do</strong>nda<br />
Tema: As diversas Abordagens Históricas<br />
Prof. José Antonio Dabdab Trabulsi<br />
Prof. Tarcísio Rodrigues Botelho<br />
Prof. Guiomar de Grammont<br />
Prof. Joaci Furta<strong>do</strong><br />
Media<strong>do</strong>r: Celso Taveira<br />
14:00h às 16:00h – Local: Capela<br />
Mesa Re<strong>do</strong>nda<br />
Tema: Lingüística Aplicada: contribuições para o ensino-aprendizagem de língua estrangeira e<br />
para tradução<br />
Prof. Jose Luiz Vila Real Gonçalves<br />
Prof. Leina Claudia Viana Jucá<br />
Prof. Fernan<strong>do</strong> Gonçalves Ferreira Junior<br />
Prof. Edson José Martins Lopes<br />
- 22 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Media<strong>do</strong>r: Prof. Maria Clara Versiani Galery<br />
16:00h às 16:30h - Local: Re<strong>do</strong>n<strong>do</strong><br />
Pedaços da tarde<br />
Atividade: Voz e violão<br />
Alice Meira Inácio – aluna <strong>do</strong> Curso de Letras<br />
16:30h às 18:00h – Local: Prédio de Salas de Aula<br />
Comunicação<br />
19:30h às 20:30h – Local: Capela<br />
Conferência<br />
Fazen<strong>do</strong> história: O <strong>ICHS</strong> e a produção historiográfica<br />
Conferencista: Profª Drª Andréa Lisly Gonçalves<br />
20:30h às 21:00h - Local: Re<strong>do</strong>n<strong>do</strong><br />
Pedaços da noite<br />
Atividade: Apresentação Teatral: Trupe <strong>do</strong>s Modernistas<br />
Autora: Cristina Ávila<br />
Direção: Helen Cristina Patrício Novaes<br />
21:00h – Programação Cultural<br />
Local: Auditório <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Grupo: Nau Catrineta<br />
Peça: As faces <strong>do</strong> amor na Poesia Portuguesa – Seleção de textos e músicas<br />
portuguesas.<br />
Direção: Profa. Dra. Lúcia Miranda – UNIMAR<br />
Participação: Carlos Manoel Viana Júnior ex-aluno <strong>do</strong> Curso de Letras<br />
22:00h – 24:00h - Local: Auditório <strong>do</strong> Prédio Anexo<br />
Banda: Angu, Feijão e Couve – ex-alunos <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
- 23 -
Dia 12 de novembro de 2004<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
08:30h às 10:30h – Local: Auditório <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Mesa Re<strong>do</strong>nda<br />
Tema: Itinerários Profissionais: Perspectivas <strong>do</strong> Trabalho em Educação.<br />
Prof. Luiz Carlos Villalta<br />
Prof. Luiz Otávio Carvalho Gonçalves de Souza<br />
Prof. Vanderlice <strong>do</strong>s Santos Andrade Sol<br />
Prof. Rosa Maria Drumond Costa<br />
Media<strong>do</strong>r: Profª Adriana Maria de Figueire<strong>do</strong><br />
10:30h às 11:00h - Local: Re<strong>do</strong>n<strong>do</strong><br />
Pedaços da manhã<br />
Atividade: Cama e Mesa – Esquetes<br />
Projeto: Canta<strong>do</strong>res de “Causos” e Histórias”<br />
Coordena<strong>do</strong>ra: Hebe Maria Rola Santos<br />
Direção: Alcides Ramos – ex-aluno <strong>do</strong> Curso de Letras<br />
Alunos de iniciação teatral <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
11:00h às 12:30h – Local: Prédio de Salas de Aula<br />
Comunicação<br />
14:00h – Local: Sala de Aula<br />
Assembléia da Associação Ex-alunos<br />
Organização: Públio Athayde – ex-aluno <strong>do</strong> Curso de História<br />
18:30h – Local: Capela<br />
Encerramento<br />
Apresentação Organista Elisa Freixo<br />
19:30h – Local: Sala Affonso Ávila<br />
Lançamento de Livros<br />
Apresentação Musical: Quarteto Por Acaso – Ex-alunos <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Apresentação teatral<br />
Tema: -Uai, eu?<br />
Apresentação de um conto <strong>do</strong> livro Tutaméia, de João Guimarães Rosa.<br />
Encenação de Mário Lute com Aguinal<strong>do</strong> Elias<br />
22:00h às 02:00h – Local: Auditório <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Festa dançante<br />
- 24 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
RESUMOS *<br />
* Os textos e a digitação <strong>do</strong>s resumos são de responsabilidade <strong>do</strong>s autores <strong>do</strong>s trabalhos que serão apresenta<strong>do</strong>s.<br />
- 25 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
CONFERÊNCIAS<br />
Nome: Prof. Cônego José Geral<strong>do</strong> Vidigal de Carvalho<br />
Atualmente Professor na Faculdade Arquidiocesana de Mariana - Mariana - MG<br />
Especialização em História <strong>do</strong> Brasil (PUC/MG), Graduação em Filosofia e História<br />
(Faculdade Dom Bosco de São João del Rei); Graduação em Filosofia e Teologia<br />
(Seminário Maior de Mariana).<br />
Diretor <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong> (1979-1989- JULHO).<br />
Introdução: importância da comemoração <strong>do</strong>s 25 anos <strong>do</strong><br />
<strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong><br />
Origens <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Dois empreendimentos, um único objetivo: Os Cursos de Licenciatura,<br />
Extensão em Mariana da Universidade Católica de Minas Gerais, e a implantação da <strong>UFOP</strong>.<br />
O reconhecimento <strong>do</strong>s Cursos de Licenciatura<br />
Glorioso 9 de novembro de 1979<br />
Importância <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong> para a <strong>UFOP</strong><br />
Objetivos <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong><br />
Organização <strong>do</strong>s Departamentos<br />
Excelência <strong>do</strong> Corpo Docente<br />
A tônica <strong>do</strong> nove anos e meio iniciais<br />
A valorização das Ciências Sociais<br />
Conclusões<br />
Nome: Solange Ribeiro de Oliveira<br />
Titulação- Docente Livre e Doutor em Letras, UFMG<br />
Professora Associada da Universidade de Londres<br />
Ex-diretora e professora <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais da <strong>UFOP</strong><br />
Professora Emérita da UFMG<br />
Título: Universidade, Cultura e o Instituto de Ciências Humanas e Sociais da<br />
<strong>UFOP</strong><br />
A conferência versa sobre a contribuição <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong> para a produção cultural da universidade<br />
brasileira. Partin<strong>do</strong> de uma interpretação de cultura como uma rede de significa<strong>do</strong>s partilhada<br />
por um grupo social, tece algumas considerações sobre o significa<strong>do</strong> da criação <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong> e da<br />
<strong>UFOP</strong>, no contexto da universidade brasileira. Segue-se uma análise sintética da produção<br />
acadêmica <strong>do</strong> Instituto, <strong>do</strong> início até o presente. Não obstante seus inevitáveis riscos, a<br />
proposta busca debuxar um perfil acadêmico da instituição, oferecen<strong>do</strong>-o à comunidade como<br />
um convite à reflexão sobre seu futuro.<br />
Nome: Andréa Lisly Gonçalves (Professora Adjunta <strong>do</strong> Departamento de História da <strong>UFOP</strong>.<br />
Doutora e Pós-Doutora pela USP)<br />
Título: Fazen<strong>do</strong> História: o <strong>ICHS</strong> e a produção historiográfica<br />
Já não parece restar dúvidas de que as efemérides são propícias à realização de balanços,<br />
inclusive os de natureza historiográfica. No caso específico desta conferência, pretende-se,<br />
através <strong>do</strong> levantamento de uma amostra <strong>do</strong>s trabalhos de pesquisa produzi<strong>do</strong>s por<br />
professores e ex-professores, alunos e ex-alunos <strong>do</strong> Departamento de História <strong>do</strong> Instituto de<br />
Ciências Humanas e Sociais da <strong>UFOP</strong>, apontar as principais tendências e os debates trava<strong>do</strong>s<br />
- 26 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
com a Historiografia Nacional e Internacional. De forma complementar, mas não menos<br />
importante, serão considera<strong>do</strong>s os centros de estu<strong>do</strong>s e pesquisas, as publicações e os eventos<br />
promovi<strong>do</strong>s por iniciativa <strong>do</strong> Departamento de História, no âmbito <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>, nesses vinte e<br />
cinco anos de existência <strong>do</strong> curso.<br />
- 27 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
PALESTRAS<br />
Nome: Hebe Maria Rola Santos<br />
Titulação: Especialista em Língua Portuguesa<br />
Profa. Emérita <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais<br />
Resumo:<br />
Histórico da relação <strong>ICHS</strong> e Comunidade;<br />
Projetos de extensão e receptividade popular;<br />
Pronunciamento de promotores de ações extensionistas – corpos <strong>do</strong>cente, discente e<br />
administrativo – e de usuários destas ações;<br />
Produtos de projetos e crescimento <strong>do</strong> binômio “<strong>ICHS</strong> e Comunidade”;<br />
Considerações finais<br />
- 28 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
MESAS-REDONDAS<br />
Tema: América Portuguesa e o Brasil Imperial<br />
Nome: Angelo Alves Carrara<br />
Titulação: Doutor<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong>: Universidade Federal de Juiz de Fora<br />
Título da apresentação: A administração <strong>do</strong>s contratos da Capitania de<br />
Minas: João Rodrigues de Mace<strong>do</strong>, 1775-1780<br />
Resumo da Conferência: De to<strong>do</strong>s os contrata<strong>do</strong>res que ao longo <strong>do</strong> século XVIII<br />
arremataram os contratos <strong>do</strong>s grandes tributos - dízimos e entradas - da Capitania de Minas<br />
Gerais, <strong>do</strong>is de longe se destacam de maneira muito especial: João de Souza Lisboa e João<br />
Rodrigues de Mace<strong>do</strong>. O primeiro foi o contrata<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s dízimos em quatro triênios, de 1750 a<br />
1758, e de 1762 a 1764, e das entradas, de 1762 a 1764. Foi também contrata<strong>do</strong>r das passagens<br />
<strong>do</strong>s rios de 1749 a 1761. O perío<strong>do</strong> de atuação de João de Souza Lisboa como contrata<strong>do</strong>r<br />
coincide com o de maior produção aurífera da capitania, seu papel só muito recentemente<br />
começou a ser estuda<strong>do</strong>. João Rodrigues de Mace<strong>do</strong> arrematou contratos numa conjuntura<br />
muito diversa: a partir de 1761 já estavam começan<strong>do</strong> a ficar claros para as autoridades os<br />
problemas decorrentes <strong>do</strong> decréscimo <strong>do</strong>s rendimentos <strong>do</strong>s quintos. Depois desse ano estes<br />
não mais atingiram as cem arrobas anuais, e os administra<strong>do</strong>res da Capitania começaram a se<br />
indagar sobre os méto<strong>do</strong>s capazes de tornar mais eficazes a cobrança <strong>do</strong>s tributos, no intuito<br />
de evitar "a tão evidente como fatal ruína da Capitania", nas palavras de um governa<strong>do</strong>r. Este<br />
trabalho tem por objetivo analisar a administração <strong>do</strong>s contratos deste último arrematante <strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>is maiores tributos da Capitania de Minas Gerais.<br />
Nome: João Pinto Furta<strong>do</strong><br />
Titulação: Doutor em História Social pela USP<br />
Instituição: Prof. da UFMG – Depto de História<br />
Título <strong>do</strong> trabalho: Tempo de lembrar: a historiografia da Inconfidência Mineira e os lugares<br />
da memória.<br />
Resumo: A sedição abortada entre os anos de 1788 e 1789 era um movimento, ao contrário <strong>do</strong><br />
que comumente se afirmou, bastante heterogêneo, tanto no que respeita à extração social <strong>do</strong>s<br />
agentes e suas motivações econômicas quanto às idéias que alimentavam quanto ao senti<strong>do</strong><br />
último <strong>do</strong> projeto sedicioso. Mesmo no contexto de uma celebração de efeméride<br />
comemorativa, o historia<strong>do</strong>r Sérgio Buarque de Holanda já havia a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> linha de investigação<br />
provocativa em relação ao tema: “De fato não é forçoso ficar em prudentes reservas, em meias verdades quan<strong>do</strong><br />
se queira falar <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> de Minas. Aqui, como em outras partes <strong>do</strong> Brasil, mais, talvez, que em outras partes <strong>do</strong><br />
Brasil, imperaram longamente as tumultuosas ambições, as desordens, prepotências e tiranias”. Evocan<strong>do</strong> a<br />
reafirmação <strong>do</strong> compromisso com a objetividade na perspectiva histórica, Sérgio Buarque de<br />
Holanda introduz, a partir de um tema aparentemente secundário – o aspecto de um<br />
fenômeno histórico e seu tratamento pela memória – sua própria concepção <strong>do</strong> papel das<br />
efemérides comemorativas. Se acompanharmos Sérgio Buarque de Holanda e ampliamos o<br />
campo de visão sobre os personagens presentes na trama de 1788-1789 e, ainda, pensamos no<br />
testemunho de seus contemporâneos, os protagonistas poderão apresentar muitas outras<br />
facetas interessantes e diversificadas. Se, nas Minas Gerais, imperavam desde longa data “as<br />
tumultuosas ambições, desordens, prepotências e tiranias”, é possível afirmar que muitos <strong>do</strong>s<br />
- 29 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
inconfidentes, co-partícipes e gestores das estruturas de poder implantadas, não seriam<br />
completamente infensos a estes comportamentos. Exigir de homens e mulheres <strong>do</strong> século<br />
XVIII certos padrões de coerência e comportamentos compatíveis com expectativas <strong>do</strong> século<br />
XIX ou XX é sempre uma temeridade, compreensível quanto às “urdiduras” da memória<br />
nacional no século XIX, mas incompatível com os horizontes de historiografia e prática<br />
profissional comprometidas com a objetividade histórica em sua concepção contemporânea. É<br />
interessante perceber o fato de que algumas das evidências a serem trabalhadas estão presentes<br />
em muitos <strong>do</strong>s textos que tratam <strong>do</strong> tema, mas é preciso que se procure com olhar muito<br />
atento. O que quer que possa “deslustrar” os inconfidentes, seja <strong>do</strong> ponto de vista moral, seja<br />
<strong>do</strong> ponto de vista de sua existência material e cotidiana, com freqüência, é coloca<strong>do</strong> em<br />
segun<strong>do</strong> plano, quan<strong>do</strong> não ignora<strong>do</strong> ou cita<strong>do</strong> em notas absolutamente secundárias. Nesse<br />
senti<strong>do</strong>, podemos afirmar que algumas das opções interpretativas <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res, eivadas de<br />
anacronismos de toda espécie, podem obscurecer aspectos importantes na interpretação <strong>do</strong><br />
tema da Inconfidência Mineira e sua memória.<br />
Nome: Francisco Eduar<strong>do</strong> de Andrade<br />
Título da comunicação: Artes <strong>do</strong> descobri<strong>do</strong>r na América portuguesa: relatos e roteiros<br />
sertanistas (séculos XVII e XVIII)<br />
O trabalho avalia a prática <strong>do</strong>s descobri<strong>do</strong>res, particularmente de minerais preciosos, de fazer<br />
roteiros ou mapas de suas entradas no sertão. Procura-se conjugar tal prática à arte de<br />
sertanejar. Esta significa um saber-fazer das coisas <strong>do</strong> sertão que, como capital simbólico,<br />
mostrou sua eficácia no jogo político e social estabeleci<strong>do</strong> entre os bandeiristas (identifica<strong>do</strong>s<br />
com os paulistas), autoridades régias e outros segmentos da população colonial. Na minha<br />
interpretação, as relações orais, e sobretu<strong>do</strong> escritas, <strong>do</strong>s bandeiristas não foram simplesmente<br />
acessórios ou auxiliares da ação descobri<strong>do</strong>ra, mas participaram diretamente da construção<br />
significativa <strong>do</strong> feito. De certa forma, a narrativa e seus personagens, nas relações, causaram o<br />
fato da descoberta de minas preciosas<br />
Nome: Jurandir Malerba<br />
Titulação: Doutor<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong>: Universidade Estadual Paulista Júlio<br />
de Mesquita (UNESP), campus de Franca<br />
Título da apresentação: De América Portuguesa a Brasil Imperial: revisões recentes <strong>do</strong><br />
processo de Independência.<br />
Resumo da Conferência: A produção sobre a história da Independência <strong>do</strong> Brasil viveu<br />
sensível alento nos últimos 20 anos. Entre os principais temas persegui<strong>do</strong>s por essa<br />
historiografia revisionista recente, a serem amiúde explora<strong>do</strong>s nesta mesa re<strong>do</strong>nda, estão os da<br />
nação e da unidade brasileiras face a Portugal na virada <strong>do</strong> século XVIII para o XIX, a<br />
dimensão efetiva da atuação das camadas populares no processo e as questões <strong>do</strong> 'caráter' e <strong>do</strong><br />
‘senti<strong>do</strong>’ da Independência.<br />
- 30 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
TEMA: ESTUDOS LITERÁRIOS NO <strong>ICHS</strong><br />
Nome: Carlos Eduar<strong>do</strong> Lima Macha<strong>do</strong><br />
Titulo: Estu<strong>do</strong>s Literários: uma reformulação<br />
necessária.<br />
Titulação: Pós-<strong>do</strong>utor<br />
Instituição: Instituto de Letras da UERJ - Programa de<br />
Pós-Graduação<br />
Resumo <strong>do</strong> trabalho a ser apresenta<strong>do</strong>: Um exame das carências atuais <strong>do</strong> percurso para a<br />
formação <strong>do</strong> bacharel em Estu<strong>do</strong>s Literários, com argumentação orientada para uma<br />
reformulação que inclua tanto uma dimensão interdisciplinar, quanto uma<br />
maior especificidade e aprofundamento de estu<strong>do</strong>s no âmbito da literatura.<br />
Luiz Tyller Pirola<br />
Titulação: Mestre em "Comunicação e Semiótica", PUC/São Paulo; Doutor em Letras, USP;<br />
Atualmente, fazen<strong>do</strong> pós-<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> na UNESP, Campus de Araraquara.<br />
Título da palestra: "A Palavra e a Ação".<br />
Resumo: A literatura e sua autonomia estética e a ação no seu senti<strong>do</strong> mais atual, o senti<strong>do</strong><br />
revolucionário. Um breve estu<strong>do</strong> das possibilidades da literatura e da pretensão de se<br />
transformá-la em movimento, atrelada a alguma causa.<br />
Nome: Lúcia Helena de Azeve<strong>do</strong> Vilela<br />
Titulação: Doutor em Literatura Comparada<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong>: UFMG<br />
Título da apresentação: Caminhos que se bifurcam: o cânone e as alteridades<br />
Resumo da Conferência: Toma-se o enigma proposto por Borges para que sejam exploradas<br />
assimetrias de tempo e espaço e a noção de passa<strong>do</strong>s presentes. Percorre-se o universo<br />
alquímico mítico entre a Irlanda e o Brasil pelos olhares de Yeats e Rosa. Pelas mãos de Silko e<br />
Mukherjee, examina-se a possibilidade de espaços aparentemente restritos se<br />
metamorfosearem em continentes, através de uma visão da narrativa das literaturas étnicas que<br />
abarca passa<strong>do</strong> presente e futuro em uma noção de passa<strong>do</strong>s presentes. Cânone e alteridades<br />
se des<strong>do</strong>bram em um número infinito de direções, em uma rede de forças e caminhos<br />
simultaneamente convergentes e divergentes, que não são nem absolutos e nem simétricos.<br />
Nome:Maria Edith Maroca de Avelar Rivelli de Oliveira<br />
Titulação mestre<br />
Instituição a qual esta vinculada UFMG (<strong>do</strong>utoranda)<br />
Tema: Entre o fato e a ficção: o indígena na narrativa de fundação da nação brasileira<br />
Resumo: Nesta apresentação abordaremos a difícil inserção <strong>do</strong> indígena na história <strong>do</strong> Brasil,<br />
no momento da fundação da Nação. Entre a narrativa histórica e a literária as opiniões<br />
divergiam, demonstran<strong>do</strong> as dificuldades de elaboração da narrativa de fundação. Tentaremos<br />
então retomar estas divergências, principalmente a partir de <strong>do</strong>is autores: Jose de Alencar e<br />
Francisco A<strong>do</strong>lpho de Varnhagen que, atuan<strong>do</strong> em áreas diversas: Literatura e História<br />
respectivamente, nos darão a perceber as verdadeiras dimensões <strong>do</strong> debate indianista à época.<br />
- 31 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
TEMA: O BRASIL CONTEMPORÂNEO<br />
Nome: Anny Jackeline Torres Silveira<br />
Titulação: Doutora em História - UFF<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong>: Coltec/UFMG<br />
Título da apresentação:História e Saúde<br />
Resumo da Conferência: A História da Saúde tem si<strong>do</strong> um campo em franca expansão no<br />
interior das Ciências Humanas, mobilizan<strong>do</strong> os historia<strong>do</strong>res em abordagens que tematizam a<br />
percepção social das <strong>do</strong>enças, a constituição de agendas de saúde pública, as práticas oriundas<br />
da medicina e de outros agentes de cura. No Brasil, esse crescimento pode ser mesura<strong>do</strong> pelo<br />
surgimento de grupos de trabalho, periódicos e programas de pós-graduação volta<strong>do</strong>s para a<br />
História da Saúde. Através dessa apresentação buscamos apontar algumas das perspectivas que<br />
têm orienta<strong>do</strong> as análises no interior desse campo de estu<strong>do</strong>s.<br />
Nome: Priscila Carlos Brandão Antunes<br />
Doutoranda em Ciências Sociais<br />
Núcleo de Estu<strong>do</strong>s Estratégicos<br />
Universidade de Campinas/FAPESP<br />
Bomba no Riocentro: os militares e outras memórias.<br />
Este trabalho analisa algumas leituras sobre um episódio ocorri<strong>do</strong> no Brasil no começo <strong>do</strong>s<br />
anos 80, quan<strong>do</strong> o processo de transição para a democracia se encontrava em estágio bastante<br />
avança<strong>do</strong> e as forças conserva<strong>do</strong>ras tentavam, desesperadamente, reverter a situação. O<br />
episódio: duas bombas detonadas por militares radicais de direita em um show em<br />
comemoração ao Dia <strong>do</strong> Trabalho. O show havia si<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong> por um órgão liga<strong>do</strong> ao<br />
Parti<strong>do</strong> Comunista e contava com a presença de vários nomes importantes da Música Popular<br />
Brasileira e de um grande público de jovens. A releitura <strong>do</strong> caso Riocentro, passa<strong>do</strong> mais de<br />
vinte anos, não tem como objetivo desvendar o mistério em torno dele e, muito menos,<br />
responder às várias questões suscitadas desde a noite de 30 de abril de 1981.<br />
Procuramos, através deste trabalho, analisar a luta pela memória que vem sen<strong>do</strong> travada desde<br />
1981 em torno <strong>do</strong> caso, em especial pelos militares e pela imprensa, e perceber qual a<br />
representação que estes atores relevantes procuraram construir em relação ao caso, enquanto<br />
uma própria releitura <strong>do</strong> regime militar.<br />
Nome: Pio Penna Filho<br />
Titulação: Doutor<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong>: Universidade Federal de Mato Grosso<br />
(UFMT)<br />
Título da apresentação: A África na História das Relações Internacionais <strong>do</strong> Brasil<br />
Contemporâneo (1946-2004)<br />
Resumo da Conferência: Essa apresentação tem o objetivo de discutir em perspectiva histórica<br />
como se deu a inserção internacional contemporânea <strong>do</strong> Brasil, especialmente no seu<br />
relacionamento com o continente africano. O marco inicial refere-se ao contexto pós-Segunda<br />
Guerra Mundial, quan<strong>do</strong> se intensificou o debate sobre o processo de descolonização. Assim,<br />
discute-se como tal debate foi percebi<strong>do</strong> pelo Brasil e como o país se manifestou perante o<br />
fenômeno de surgimento de inúmeros novos Esta<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong> durante a década de 1960. As<br />
- 32 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
transformações verificadas na estrutura econômica e política <strong>do</strong> Brasil após a década de 1960<br />
implicaram em mudanças também em sua política exterior, inclusive para a África. Essa nova<br />
perspectiva perante ao continente africano será discutida dan<strong>do</strong> ênfase nos processos internos<br />
brasileiros e na reconfiguração mundial, chegan<strong>do</strong> até os dias atuais. O trabalho discute,<br />
portanto, aspectos internos e externos da História <strong>do</strong> Brasil Contemporâneo, contemplan<strong>do</strong><br />
uma abordagem situada no marco teórico da História das Relações Internacionais.<br />
TEMA: AS DIVERSAS ABORDAGENS HISTÓRICAS<br />
Nome: José Antônio Dabdab Trabulsi<br />
Professor Titular Dep. de História<br />
UFMG<br />
Título: Visão e visibilidade na cidade grega.<br />
Resumo: O trabalho examinará alguns aspectos importantes da polis grega, sobretu<strong>do</strong> da<br />
Atenas democrática, especialmente os relativos ao sentimento de força coletiva nas reuniões<br />
públicas, a visibilidade das decisões, e o "dar a ver” na publicidade <strong>do</strong>s atos de governo.<br />
Nome: Tarcísio R. Botelho<br />
Titulação: Doutor em História Social pela USP<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong>: PUC-MG<br />
Título da apresentação: História demográfica e História Social: convergências e perspectivas<br />
Resumo da Conferência:<br />
Dentre os novos campos desenvolvi<strong>do</strong>s pelos estu<strong>do</strong>s históricos na segunda metade <strong>do</strong> século<br />
XX, a demografia histórica ocupou um lugar especial. Ela incorporou fontes até então<br />
ignoradas ou pouco utilizadas e desenvolveu procedimentos técnicos e meto<strong>do</strong>lógicos<br />
inova<strong>do</strong>res; penso, sobretu<strong>do</strong>, nos estu<strong>do</strong>s de reconstituição de família e de estrutura de<br />
<strong>do</strong>micílios. Para o Brasil, muito embora os estu<strong>do</strong>s demográficos e de família tenham<br />
conheci<strong>do</strong> uma considerável expansão na década de 1980, pouco se avançou em termos da<br />
compreensão <strong>do</strong> seu sistema familiar dentro de um regime demográfico específico. Proponho<br />
refletir sobre algumas das possibilidades ainda abertas para a compreensão <strong>do</strong> passa<strong>do</strong><br />
brasileiro face aos novos rumos que têm assumi<strong>do</strong> em outros países os estu<strong>do</strong>s de história<br />
social com abordagens quantitativas.<br />
Nome: Joaci Pereira Furta<strong>do</strong><br />
Titulação: Doutor em história social pela Universidade de São Paulo<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong>: Editora Globo S/A<br />
Título da apresentação: "Memórias sentimentais: lembranças de um ex-aluno"<br />
Resumo da conferência: Ten<strong>do</strong> em vista a amplitude <strong>do</strong> tema desta mesa-re<strong>do</strong>nda e a<br />
motivação desse I Encontro <strong>Memorial</strong> <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>, esta conferência reúne considerações de<br />
cunho memorialístico que o autor, na condição de ex-aluno <strong>do</strong> Instituto, pretende expor, na<br />
esperança de contribuir para a memória da instituição.<br />
- 33 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
TEMA: LINGÜÍSTICA APLICADA: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO-<br />
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA E PARA TRADUÇÃO<br />
Nome: José Luiz Vila Real Gonçalves<br />
Titulação: Doutor<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong>: DELET-<strong>ICHS</strong>-<strong>UFOP</strong><br />
Título da Apresentação: O Espaço da linguagem e da cognição nos estu<strong>do</strong>s da tradução e<br />
algumas implicações para o ensino da tradução<br />
Resumo: No contexto atual <strong>do</strong>s Estu<strong>do</strong>s da Tradução, é patente a natureza multidisciplinar<br />
dessa área de conhecimento, o que lhe tem conferi<strong>do</strong> o rótulo de inter- ou trans-disciplina.<br />
Nesse panorama de múltiplas interfaces, os estu<strong>do</strong>s da cognição e os estu<strong>do</strong>s da linguagem, em<br />
geral, e a Lingüística Aplicada, em particular, têm trazi<strong>do</strong> contribuições importantes – muitas<br />
vezes decisivas – para o avanço da nossa compreensão acerca <strong>do</strong>s limites teóricos, práticos e<br />
didáticos da tradução. Nesta apresentação, preten<strong>do</strong> discutir a inserção de objetos da<br />
Lingüística Geral e Aplicada e das Ciências Cognitivas na complexidade <strong>do</strong> fazer tradutório,<br />
buscan<strong>do</strong> parâmetros para definir a tradução e entender o complexo processo de formação <strong>do</strong><br />
tradutor profissional. Para isto, utilizarei pressupostos de uma teoria pragmático-lingüística (a<br />
Teoria da Relevância – Sperber & Wilson, 1986/1995), além de suas aplicações à tradução<br />
(Gutt, 1991/2000; Alves, 1996 e 1997) e de abordagens conexionistas da cognição (Elman,<br />
1996). Espero, assim, colocar em discussão aspectos relevantes para os Estu<strong>do</strong>s da Tradução,<br />
que permitirão também estabelecer algumas interfaces com a Lingüística Aplicada ao ensinoaprendizagem<br />
de línguas estrangeiras.<br />
Nome: Leina Cláudia Viana Jucá<br />
Mestre em Lingüística Aplicada ao Ensino de Línguas Estrangeiras<br />
Professora Substituta<br />
Setor de Línguas Estrangeiras Modernas e Tradução<br />
Departamento de Letras<br />
Instituto de Ciências Humanas e Sociais Universidade Federal de Ouro Preto<br />
Ou você nada ou morre afoga<strong>do</strong>: as contribuições da lingüística aplicada e o papel da<br />
universidade na formação <strong>do</strong> professor de língua estrangeira<br />
O Objetivo <strong>do</strong> presente trabalho é discutir as contribuições da Lingüística Aplicada para a<br />
formação de professores de língua estrangeira (LE) e o papel da universidade pública na<br />
utilização de recursos - principalmente no que diz respeito à prática reflexiva - que colaborem<br />
para o desenvolvimento <strong>do</strong> processo de formação inicial de professores de LE. O trabalho<br />
visa, especificamente, a formação inicial de professores de inglês, graduan<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Curso de<br />
Letras <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais (<strong>ICHS</strong>) da Universidade Federal de Ouro<br />
Preto (<strong>UFOP</strong>).<br />
Nome: Fernan<strong>do</strong> G. Ferreira Júnior.<br />
Titulação: Mestre (Unicamp) e <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> (UFMG) em Lingüística Aplicada.<br />
Instituições: CEFET-OP / UFMG.<br />
Título da apresentação: Cognição e Aquisição de Segunda Língua: insights conexionistas.<br />
Resumo: A discussão será pautada pelas recentes teorizações conexionistas sobre<br />
aprendizagem. Sustento que a aquisição de uma segunda língua (L2) parece ser resultante de<br />
- 34 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
processos de categorização, generalização, construção e chunking basea<strong>do</strong>s essencialmente na<br />
memória, desde simples palavras, passan<strong>do</strong> por fórmulas até estruturas mais complexas e<br />
abstratas (i.e., a gramática). Processos implícitos e probabilísticos subjazem a maior parte da<br />
aprendizagem de uma L2, no entanto a aprendizagem explícita tem também um papel<br />
importante no constante mapeamento entre forma/significa<strong>do</strong> (principalmente em contextos<br />
de não-imersão ou sala de aula).<br />
Nome:Edson José Martins Lopes<br />
Titulação: Doutor<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong> :IBMEC-MG/UNIFENAS-BH<br />
Título da apresentação: mesa re<strong>do</strong>nda:lingüística aplicada:<br />
Contribuições para o ensino-aprendizagem de lingua estrangeira e para tradução. resumo da<br />
conferência: estratégicas e táticas discursivas <strong>do</strong>s intérpretes de conferências. o que a lingüística<br />
oferece ao intérprete como ferramentas de trabalho.<br />
- 35 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
TEMA: ITINERÁRIOS PROFISSIONAIS: PERSPECTIVAS DO TRABALHO EM<br />
EDUCAÇÃO<br />
Nome: Luiz Carlos Villalta<br />
Nome <strong>do</strong> trabalho: Ensinan<strong>do</strong> a história por meio da meto<strong>do</strong>logia da investigação<br />
Titulação: Doutor e Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo<br />
Instituição em que concluí o <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>: Universidade de São Paulo<br />
Resumo: Neste trabalho, tenho por objetivo narrar minha experiência no campo de ensino de<br />
História, desde os tempos em que era o responsável pelas disciplinas de Didática da História,<br />
no Departamento de Educação <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais da <strong>UFOP</strong>, até o<br />
presente momento, em que sou professor de Prática de Ensino de História e História <strong>do</strong><br />
Brasil, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Procurarei, primeiramente,<br />
fazer um balanço <strong>do</strong>s artigos que publiquei sobre a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> ensino e os livros didáticos<br />
de História. Em seguida, abordarei minha experiência como co-autor de livros didáticos de<br />
História e Geografia, de primeira à quarta série, e de História, da quinta série, dentro da<br />
Coleção Didática Pitágoras. Por fim, tratarei <strong>do</strong> projeto que desenvolvo no momento na<br />
UFMG, "Pesquisa e Produção de Material Didático para o Ensino de História <strong>do</strong> Brasil<br />
Colonial", com apoio da Pró-Reitoria de Graduação da UFMG.<br />
Nome: Luiz Otavio Carvalho G. de Souza<br />
Doutor em Artes: Artes Cênicas pela Escola<br />
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.<br />
O Título da minha exposição é: O Teatro: Educação e Arte.<br />
O Resumo é: "Uma viagem por algumas áreas da Educação até a Arte propriamente dita. O meio utiliza<strong>do</strong> para<br />
essa viagem é a Cena Teatral. Ao longo desse caminho há paradas, bifurcações, chegadas e<br />
partidas. A viagem, ainda em percurso, segue cada vez mais significativamente para a<br />
exploração das articulações estéticas da arte de ator e de diretor teatral. Durante o trajeto, as<br />
pesquisas artísticas se fortalecem no diálogo com o processo ensino-aprendizagem."<br />
Nome: Vanderlice <strong>do</strong>s Santos Andrade Sól<br />
Titulação: Mestre em Lingüística Aplicada<br />
Instituição a qual está vincula<strong>do</strong>: CEAD/<strong>UFOP</strong> e Curso de Idiomas AI School<br />
Título da apresentação: Formação de professores e identidade profissional<br />
Resumo da Conferência: Esta apresentação focaliza os desafios e as contribuições <strong>do</strong> trabalho<br />
em educação nos contextos de formação de professores. Tais contextos podem interferir de<br />
maneira positiva ou negativa na construção de uma identidade profissional. Nessa perspectiva,<br />
é imprescindível o engajamento <strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>res de professores rumo a mudanças efetivas<br />
tanto em suas próprias práticas quanto na conscientização <strong>do</strong>s professores em formação e <strong>do</strong>s<br />
que já estão em atuação.<br />
- 36 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
COMUNICAÇÕES<br />
- 37 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
EDUCAÇÃO<br />
CRISE OU FALTA DE EDUCAÇÃO EM VALORES?<br />
Marger da Conceição Ventura Viana 1<br />
O propósito deste trabalho é analisar alguns argumentos que reforçam a necessidade da<br />
educação em valores. Com esse objetivo considera uma <strong>do</strong>cumentação básica constituída de<br />
artigos sobre a violência em família escritos por jornalistas, psicólogos, psiquiatras, filósofos e<br />
educa<strong>do</strong>res de um mo<strong>do</strong> geral. Procura vincular a ausência de educação em valores à violência<br />
social, tão generalizada, que tem culmina<strong>do</strong> com casos chocantes de assassinatos em família.<br />
Basean<strong>do</strong>-se na ausência de valores morais necessários à interação <strong>do</strong> indivíduo com o seu<br />
meio, faz uma reflexão sobre o papel <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r mediante o caos em que se encontra a<br />
sociedade atual. Chama a atenção para a necessidade de vínculos saudáveis, como afeto e<br />
confiança, e não somente de vantagens ou ganhos econômicos. É citada a omissão da<br />
sociedade e principalmente <strong>do</strong>s meios de comunicação que, ao apenas denunciar crimes e<br />
criminosos, se esquecem de que também lhes cabe a tarefa da formação de valores, quan<strong>do</strong><br />
remetem toda a responsabilidade <strong>do</strong>s fatos indeseja<strong>do</strong>s à família. Assim, embora defenda a<br />
responsabilidade da instituição familiar, agremiações sociais também são citadas como<br />
essenciais na educação <strong>do</strong> indivíduo. Considera que a educação deve colocar a pessoa em<br />
condições de conviver com o outro, e que não se pode fazer tu<strong>do</strong>. Não se pode dizer tu<strong>do</strong> o<br />
que se pensa pois o pensamento está liga<strong>do</strong> ao imaginário e este não tem barreiras senão<br />
simbólicas. A educação é a barreira simbólica. E a ciência da conduta humana é a ética,<br />
entendida como ciência <strong>do</strong> comportamento moral <strong>do</strong>s homens em sociedade, atitude reflexiva<br />
da pessoa em relação ao que faz, como e para quê. Aprende-se com o outro, já que o ser<br />
humano nasce sem bula, incapaz de saber o que fazer para sobreviver. É com o outro que se<br />
aprende a satisfazer as necessidades básicas e a se comunicar. Finalmente, emite considerações<br />
sobre conteú<strong>do</strong>s de ensino e aborda aqueles representa<strong>do</strong>s por atitudes, normas e valores,<br />
conteú<strong>do</strong>s esses que a escola, preferencialmente, também deveria abordar.<br />
1 Professora Adjunta <strong>do</strong> Departamento de Matemática <strong>do</strong> Instituto de Ciências Exatas e Biológicas da Universidade Federal de Ouro<br />
Preto, Mestre em Matemática pela UnB e Doutora em Ciências Pedagógicas pelo ICCP-CUBA. Linhas de pesquisa: Currículos e<br />
Formação de Professores de Matemática.<br />
marger@iceb.ufop.br Venturaviana@aol.com<br />
- 38 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
O ENSINO DE HISTÓRIA NA DÉCADA DE 1970 NA CIDADE DE IPUÃ – SP<br />
Renata Fernandes e Silva. 2<br />
O presente trabalho tem como objetivo avaliar o Ensino de História na década de setenta <strong>do</strong><br />
século XX na cidade de Ipuã - SP. A partir desse recorte procuraremos o analisar o Ensino de<br />
História sob um novo ângulo, o da História Cultural, que de acor<strong>do</strong> com a professora Thaís<br />
Fonseca é a principal herdeira da Nova História e tem contribuí<strong>do</strong> substancialmente para a<br />
historiografia Ocidental 3 . Ainda de acor<strong>do</strong> com FONSECA, podemos afirmar que a História<br />
da Educação é fortemente influenciada pela História Cultural, sobretu<strong>do</strong> em alguns de seus<br />
conceitos chaves.<br />
Devemos ressaltar também um outro ponto de fundamental relevância no desenvolvimento<br />
deste projeto, que refere-se às fontes a serem utilizadas. Essas fontes são provas aplicadas<br />
pelos professores <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, e também pareceres e relatórios escolares envia<strong>do</strong>s a Inspeção<br />
Federal. Esse último ponto, aliás, é ressalta<strong>do</strong> por FONSECA:<br />
“(...) fica claro que, em consonância com as tendências historiográficas contemporâneas, a<br />
história das disciplinas escolares tenha que apurar seus instrumentos conceituais e ampliar seu<br />
espectro e fontes, rompen<strong>do</strong> com a barreira <strong>do</strong> convencionalismo e oficialismo” 4<br />
A meto<strong>do</strong>logia a ser utilizada em nossa pesquisa será primeiramente a análise aprofundada das<br />
fontes primárias e da bibliografia levantada. Concluída essa primeira etapa partiremos para o<br />
estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ensino de História em si, analisan<strong>do</strong> as fontes primárias: provas, planos de curso,<br />
relatórios da Inspeção Federal, sempre nos respaldan<strong>do</strong> na bibliografia existente e na legislação<br />
vigente. Outro ponto a ser aborda<strong>do</strong> em nossa pesquisa será a utilização de fontes orais,<br />
entrevistan<strong>do</strong> professores e alunos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, seguin<strong>do</strong> sempre o nosso objetivo de<br />
compreender como se era concebi<strong>do</strong> o Ensino História durante a década de setenta <strong>do</strong> século<br />
XX.<br />
O PROFESSOR DE PORTUGUÊS: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA<br />
PEDAGÓGICA<br />
Abigail Guedes Magalhães 5<br />
Lúcia Furta<strong>do</strong> de Men<strong>do</strong>nça Cyranka 6<br />
Maria Luiza Scafutto 7<br />
Tânia Guedes Magalhães 8<br />
Este trabalho é parte de um programa de pesquisa de viés qualitativo, que pretende investigar e<br />
analisar a relação entre a fundamentação teórica <strong>do</strong> professor de português e sua prática<br />
pedagógica. Em uma fase inicial <strong>do</strong> projeto, a equipe de pesquisa tem grava<strong>do</strong> em fita K7<br />
entrevistas com os professores de língua portuguesa de 1ª a 8ª séries, de uma cidade de Minas<br />
Gerais, enfocan<strong>do</strong> perguntas que levem o professor a se expressar sobre sua concepção de<br />
linguagem e o trabalho escolar com essa disciplina. A partir <strong>do</strong> que os estu<strong>do</strong>s de Lingüística<br />
2<br />
Graduanda em História pela Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
3<br />
FONSECA, Thaís Nívea de Lima & VEIGA, Cynthia Greive. História e Historiografia da Educação no Brasil. Belo Horizonte:<br />
Autêntica 2003.<br />
4<br />
Ibidem, Idem.<br />
5<br />
Especialista em Arte Educação Infantil pela UFJF, aluna especial <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> em Educação <strong>do</strong> CES/JF.<br />
6<br />
Mestre em Teoria Literária pela UFRJ, <strong>do</strong>utoranda em Lingüística pela UFF.<br />
7<br />
Especialista em Orientação Educacional pela UFJF/UFRJ.<br />
8 Mestre em Lingüística pela UFJF.<br />
- 39 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Aplicada têm proposto sobre concepções de linguagem e de gramática (Travaglia: 2000, 2003),<br />
já nessa fase inicial da pesquisa, como já esperávamos, identificamos o equívoco que diz<br />
respeito à concepção de linguagem e de gramática. Tu<strong>do</strong> indica que as discussões sobre essa<br />
questão, desde há muito empreendidas pela comunidade científica e pelas universidades,<br />
resultan<strong>do</strong>, inclusive, em inúmeras publicações, já têm chega<strong>do</strong> às escolas. Essas discussões, no<br />
entanto, possivelmente não estão sen<strong>do</strong> acompanhadas de reflexões suficientes para<br />
redundarem em efetiva mudança na prática pedagógica. Desse mo<strong>do</strong>, a substituição da<br />
pedagogia tradicional por outra dita “moderna”, sem suficiente fundamentação teórica, tem<br />
redunda<strong>do</strong> em verdadeiras aberrações, o que torna a situação mais grave, com resulta<strong>do</strong>s piores<br />
que os anteriores.<br />
Ricar<strong>do</strong> Carvalho de Figueire<strong>do</strong>9<br />
Arte-Educação: o “Ouro das Minas”<br />
O estu<strong>do</strong> dentro da área historiográfica tem cresci<strong>do</strong> nos últimos anos. Pesquisa<strong>do</strong>res da<br />
Educação investigam os modelos herda<strong>do</strong>s pela nossa civilização (seriação, aulas<br />
compartimentadas, descanso entre os horários, salas uniformizadas etc.), afim de compreender<br />
e analisar quais eram os propósitos para a instalação <strong>do</strong>s grupos escolares no Brasil.<br />
Caminhan<strong>do</strong> nessa perspectiva, o trabalho ora apresenta<strong>do</strong> é fruto da compilação entre o<br />
Grupo Escolar – na cidade de Ouro Preto – MG e <strong>do</strong> Teatro Municipal de Ouro Preto, visto<br />
que em muitas funções (apropriações, usos e significa<strong>do</strong>s) se dialogam no discurso pedagógico<br />
e republicano e artístico. Dentro <strong>do</strong> centro histórico de Ouro Preto, o primeiro Grupo Escolar<br />
data de 17/11/1908, cria<strong>do</strong> pelo governa<strong>do</strong>r de Minas Gerais Dr. João Pinheiro da Silva, com<br />
a denominação de Grupo Escolar Dom Pedro II 10 . Acredita-se que após a transferência da<br />
capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, a primeira “sentiu-se” aban<strong>do</strong>nada pelo<br />
governo, viven<strong>do</strong> dias de melancolia e estagnação. A construção desse grupo veio então<br />
simbolizar o interesse <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> pela “velha cidade”, como forma <strong>do</strong> governo presentear ao<br />
povo ouropretano com o símbolo da modernidade: a escola! O objeto de pesquisa circunda<br />
essa temática, pois se o governo necessitou ampliar horizontes e “substituir a ‘velha e<br />
decadente’ Ouro Preto por Belo Horizonte” 11 , a criação deste grupo escolar teve uma dinâmica<br />
específica, uma vez que as ladeiras, as curvas e a Igreja impregnavam nos corpos, conceitos e<br />
valores decadentes para a modernidade. Como professor de Teatro-educação venho<br />
observan<strong>do</strong> os diversos discursos da escola ao acrescentar as artes dentro <strong>do</strong> seu currículo. A<br />
música, o canto, os trabalhos manuais, as festas escolares e mesmo o teatro fazem parte dessa<br />
“cultura escolar 12 ”. Através dessas manifestações artísticas realizadas no âmbito escolar é que<br />
se deu o “uso” das artes pela escola, construin<strong>do</strong> assim um discurso utilitário e formata<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />
corpos.<br />
9 Professor <strong>do</strong> Departamento de Artes da Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
10 Esse grupo foi o primeiro prédio público ergui<strong>do</strong> na cidade após a mudança <strong>do</strong> poder político-administrativo.<br />
11 Expressão utilizada por Cynthia Greive VEIGA 2003.<br />
12 André CHERVEL (1988); Jean-Claude FORQUIN (1992); Dominique JULIA (1995); Antonio Viñao FRAGO (1995).<br />
- 40 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA <strong>UFOP</strong>: UMA ANÁLISE CURRICULAR<br />
DOS CURSOS DE LICENCIATURA<br />
Nunes, Camilla de Jesus 13<br />
Nunes, Célia M. Fernandes 14<br />
A partir <strong>do</strong>s projetos político-pedagógicos <strong>do</strong>s cursos de licenciatura (Letras, História, Artes<br />
Cênicas, Filosofia, Música, Matemática e Ciências Biológicas) da Universidade Federal de Ouro<br />
Preto (<strong>UFOP</strong>) buscamos identificar e analisar seus currículos em sua formação e distribuição<br />
de disciplinas de conteú<strong>do</strong> “específico” e pedagógico, além da carga horária <strong>do</strong>s estágios<br />
supervisiona<strong>do</strong>s. No meio educacional, o debate a respeito das licenciaturas procura analisar as<br />
dicotomias existentes no que se refere à relação teoria/prática, saber da disciplina/saber<br />
didático, formação prática/formação teórica e, interdisciplinaridade. E o processo de<br />
estruturação <strong>do</strong>s currículos <strong>do</strong>s cursos de formação de professores está na base desta análise.<br />
Este estu<strong>do</strong> foi basea<strong>do</strong> em leis que fomentam o ensino superior como a LDB 9394/96; em<br />
resoluções <strong>do</strong> Conselho Nacional de Educação; em entidades como o MEC e ANFOPE; e na<br />
literatura voltada para área educacional sobre currículos aprofundamos em Gatti (1997) e<br />
Lüdke (1994). Para essa investigação comparamos os currículos <strong>do</strong>s cursos de licenciatura a<br />
fim de identificar dicotomias existentes entre eles; e numa segunda etapa da pesquisa,<br />
aplicamos questionários objetivos aos professores e alunos que freqüentaram esses cursos<br />
durante o 1º semestre de 2004, com intuito de conhecer suas opiniões sobre como as<br />
disciplinas vêm sen<strong>do</strong> oferecidas nos currículos.<br />
O futebol na escola:<br />
um estu<strong>do</strong> sobre a produção de práticas lúdicas no recreio<br />
Ricar<strong>do</strong> Carvalho de Figueire<strong>do</strong> 15<br />
Múltiplos olhares recaem sobre a escola, mas ainda são incipientes os que buscam extrapolar as<br />
questões pedagógicas, os limites da sala de aula e as questões referentes aos conteú<strong>do</strong>s de<br />
ensino. Caminhan<strong>do</strong> na contramão dessa perspectiva, esse trabalho (parte da monografia de<br />
Iniciação Científica 16 ) centra-se em reflexões sobre as interações estabelecidas na escola<br />
(precisamente no tempo <strong>do</strong> recreio) e na sua interpretação como espaço de construção de<br />
saberes, de tensão, de sujeitos e de produção de cultura – o que foi feito a partir <strong>do</strong> diálogo<br />
com as práticas lúdicas (especificamente <strong>do</strong> futebol). Foram observa<strong>do</strong>s os mo<strong>do</strong>s de<br />
organização e significação <strong>do</strong> futebol produzi<strong>do</strong>s no recreio escolar, investigan<strong>do</strong> as relações<br />
com a produção cultural da infância e a participação na tessitura de construção de outros<br />
senti<strong>do</strong>s para a escola.<br />
13 Graduanda em Licenciatura de Língua Inglesa e Bacharela<strong>do</strong> em Tradução<br />
14 Professora Doutora em Educação.<br />
15 Professor <strong>do</strong> Departamento de Artes da Universidade Federal de Ouro Preto<br />
16 Projeto de Pesquisa desenvolvi<strong>do</strong> pelo Programa PIP/<strong>UFOP</strong> no ano de 2003.<br />
- 41 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: FACILITADORA DA DINÂMICA DA<br />
APRENDIZAGEM<br />
Isabella Silva Ribeiro •<br />
A proposta desse artigo consiste em um estu<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> no trabalho de Orientação<br />
Profissional realiza<strong>do</strong> com alunos <strong>do</strong> terceiro ano <strong>do</strong> Ensino Médio de uma escola particular<br />
<strong>do</strong> interior de Minas Gerais. Para tanto, objetivamos analisar, de forma teórica, como se dá o<br />
processo de aprendizagem de um projeto de vida profissional, bem como as mudanças<br />
perceptíveis que alteram a maneira <strong>do</strong> aluno envolver-se com os conteú<strong>do</strong>s ministra<strong>do</strong>s em<br />
sala de aula, encontran<strong>do</strong> um engajamento efetivo com sua vida e a escola. Desta forma,<br />
propomos discorrer sobre como Piaget aborda o desenvolvimento da aprendizagem na<br />
a<strong>do</strong>lescência, o que nos possibilita associarmos essa teoria com o processo de Orientação<br />
Profissional desenvolvi<strong>do</strong> na escola.<br />
Alguns questionamentos referentes à Orientação Profissional nas escolas serviram para buscar<br />
subsídios para compreensão <strong>do</strong> processo de escolha profissional associa<strong>do</strong> ao processo de<br />
desenvolvimento da aprendizagem escolar. Assim podemos questionar:<br />
*Qual a contribuição da Orientação Profissional para o aluno <strong>do</strong> Ensino Médio?<br />
*A Orientação Profissional pode ser um fator mobiliza<strong>do</strong>r no processo de aprendizagem <strong>do</strong>s<br />
conteú<strong>do</strong>s escolares, aprendi<strong>do</strong>s pelos alunos?<br />
Essas questões nos remetem certamente a outras que se interrelacionam; nosso objetivo<br />
principal é tentar clareá-las. Sabemos que aprender, assim como orientar alunos no seu futuro<br />
profissional, é uma constante construção que vai sen<strong>do</strong> formulada a cada dia. Na medida em<br />
que os alunos fazem sua escolha profissional os conteú<strong>do</strong>s escolares passam a ter uma maior<br />
significação com a sua realidade e seu projeto de vida.<br />
UM SONHO, UM BELO SONHO: A EDUCAÇÃO TRANSFORMADA PELO<br />
CINEMA.<br />
João Alegria (Multirio/PUC-Rio)<br />
No Esta<strong>do</strong> Nacional que se instaurou pós 1930 no Brasil, o cinema passou a ser entendi<strong>do</strong><br />
como um instrumento capaz de operar modificações objetivas e planificadas no<br />
funcionamento da sociedade. O filme passou a ser trata<strong>do</strong>, oficialmente, como um recurso<br />
didático incomparável, uma opção certeira na educação das massas incultas espalhadas por<br />
to<strong>do</strong> o território nacional.<br />
Para muitos intelectuais que pensaram a nacionalidade nesta década, a indústria<br />
cinematográfica teria realiza<strong>do</strong> a síntese de to<strong>do</strong>s os meios de comunicação humana<br />
conheci<strong>do</strong>s até então: ...avião, ferrovia, telefone, rádio etc. Tornan<strong>do</strong>-se, o filme, uma sonda<br />
para o progresso, de fazer inveja as linhas de telégrafo que Ron<strong>do</strong>n espalhou pelo imenso<br />
interior <strong>do</strong> Brasil. Vencen<strong>do</strong> distâncias antes intransponíveis - no espaço, na cultura, no tempo,<br />
na reunião de interesses -, estava o cinema chegan<strong>do</strong> ao Paranapanema antes <strong>do</strong> missionário,<br />
como exagerou Tristão de Athayde, intelectual cristão em atividade na época: ...hoje em dia, no<br />
• Graduação em Psicologia pela Universidade Fumec (MG)<br />
Pós-graduação em Orientação Profissional pela Universidade Estadual de Minas Gerais<br />
Pós-graduação em Psicologia da Educação: ênfase em psicopedagogia preventiva pela PUC Minas<br />
- 42 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
mais remoto sertão brasileiro, no Paranapanema, por exemplo, quan<strong>do</strong> se quer formar um<br />
povoa<strong>do</strong> começa-se montan<strong>do</strong> um cinema.<br />
Para os ideólogos da nacionalidade brasileira, uma graduação da incapacidade <strong>do</strong>s povos<br />
poderia ser estabelecida pela cifra <strong>do</strong>s seus ignorantes. Para eles o desconhecimento estava<br />
diretamente relaciona<strong>do</strong> ao analfabetismo, à impossibilidade de acesso ao código escrito. Não<br />
saber ler e escrever implicava em não poder comunicar-se com o resto da humanidade. No<br />
belo sonho de Afrânio Peixoto, o cinema vem transformar radicalmente esse fato, ao permitir<br />
um projeto de facilitação da educação <strong>do</strong> povo, um diálogo sem fronteiras e sem a limitação <strong>do</strong><br />
letramento, visan<strong>do</strong> à produção de um novo país.<br />
Neste trabalho as principais vertentes desta perspectiva da educação das massas pelo uso de<br />
audiovisuais é examinada, buscan<strong>do</strong>-se determinar a permanência de propostas <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> nos<br />
discursos sobre a educaçao no tempo presente.<br />
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA<br />
DO ENSINO MÉDIO: PERSPECTIVAS DE MUDANÇA<br />
SANTOS, Lilian 17<br />
NUNES, Célia 18<br />
Nos últimos anos, têm ocorri<strong>do</strong> inúmeras discussões acerca de como se deve ensinar a Língua<br />
Portuguesa nas escolas. O que se tem em pauta é a proposta de rompimento com a visão<br />
tradicional que considera que o ensino da Língua Portuguesa deve reduzir-se à assimilação da<br />
gramática normativa e sua nomenclatura. Propõe-se a criação de uma nova maneira de se<br />
ensinar a língua nas escolas que considere a produção de textos – orais ou escritos – como<br />
ponto de partida para o aprendiza<strong>do</strong> da língua. Assim novas abordagens para o ensino da<br />
Língua Portuguesa têm surgi<strong>do</strong> apresentan<strong>do</strong> novos enfoques e méto<strong>do</strong>s de ensino. Estes<br />
novos programas são basea<strong>do</strong>s nos Parâmetros Curriculares Nacionais <strong>do</strong> Ensino Médio<br />
(PCNEM) que trazem novas formas de se trabalhar todas as áreas de conhecimento, inclusive<br />
a Língua Portuguesa. Assim é que estamos desenvolven<strong>do</strong> uma pesquisa que, dentre outros<br />
assuntos, investiga as práticas pedagógicas <strong>do</strong>s professores de Língua Portuguesa <strong>do</strong> Ensino<br />
Médio. Através da gravação de entrevistas que estão sen<strong>do</strong> realizadas junto a professores de<br />
Mariana e região, procuramos investigar se os <strong>do</strong>centes estão desenvolven<strong>do</strong> estas novas<br />
competências em seus alunos e de que forma isto vem acontecen<strong>do</strong>. Em entrevistas já<br />
realizadas tem si<strong>do</strong> possível constatar a preocupação <strong>do</strong>s professores em desenvolver uma<br />
prática educativa que considere a realidade <strong>do</strong>s alunos com o intuito de trabalhar os conteú<strong>do</strong>s<br />
de forma interessante, usan<strong>do</strong> a melhora na produção de textos <strong>do</strong>s discentes, fugin<strong>do</strong>, assim,<br />
das aulas tradicionais. Além deste aspecto, pode-se perceber também a vontade que os<br />
professores manifestam em buscar um crescimento profissional através da participação de<br />
atividades de formação continuada que apontam novos caminhos para conduzir o<br />
ensino/aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s alunos.<br />
17 Aluna de Licenciatura em Letras (<strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong>)<br />
18 Professora <strong>do</strong> Departamento de Educação (<strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong>)<br />
- 43 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Práticas de linguagem no ambiente escolar: a reprodução das desigualdades sociais?<br />
Carla Aparecida de Almeida 19<br />
Nossa pesquisa tem por objeto investigar em que medida o uso de certas práticas de linguagem<br />
(cultura escrita e cultura oral) contribui para a situação de fracasso escolar, sobretu<strong>do</strong> em<br />
escolas freqüentadas por crianças oriundas de meios carentes. Assim, por cultura entendemos<br />
algo que confere senti<strong>do</strong> a diferentes práticas sociais, produzin<strong>do</strong> e reproduzin<strong>do</strong> significa<strong>do</strong> e<br />
significante. Desta sorte, ao partir <strong>do</strong> pressuposto de que vivemos em uma sociedade<br />
grafocêntrica, uma vez que nosso universo social e simbólico assenta-se pre<strong>do</strong>minantemente<br />
sobre formas sociais de escrita, formas estas construídas historicamente contra ou em oposição<br />
às formas sociais orais, interessa-nos investigar o que vem acontecen<strong>do</strong> em escolas cujos<br />
alunos têm uma forte tradição oral e esta é desprestigiada em relação à cultura escrita. Será que<br />
não haveria nesta relação de poder (pre<strong>do</strong>mínio da cultura escrita versus a cultura oral) uma<br />
descontinuidade no processo de ensino-aprendizagem? Isto porque a escola (e aqueles que<br />
implementam suas normas) freqüentemente classifica homogeneamente o que se deve ensinar,<br />
sem levar em conta as particularidades culturais, de classe, gênero e etnia, as quais definem o<br />
sujeito dentro de sua realidade circundante. Assim, a partir de um universo empírico bem<br />
circunscrito (uma escola localizada em um bairro popular onde estamos realizan<strong>do</strong> a pesquisa)<br />
pretendemos cotejar todas as observações realizadas em campo (méto<strong>do</strong> etnográfico) no que<br />
tange à observância da proposição aventada, cotejan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s posteriormente com uma<br />
escola freqüentada por alunos de classe social mais elevada. Assim, buscaremos perscrutar as<br />
formas de linguagem que não são, em absoluto, destituídas de relações de poder e que podem<br />
contribuir para o sucesso escolar entre indivíduos que <strong>do</strong>minam determina<strong>do</strong> código de<br />
linguagem e inversamente para aqueles que não o <strong>do</strong>minam.<br />
INTERDICIPLINARIDADE, POR UMA PEDAGOGIA CONTRA A<br />
ESPECIALIZAÇÃO.<br />
Everton Moreira Magalhães 20<br />
A interdisciplinaridade, palavra que hoje se encontra em vários projetos pedagógicos, é na<br />
verdade uma idéia que já tem algum tempo no meio acadêmico. No Brasil temos os primeiros<br />
trabalhos tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> conceito a partir da segunda metade da década de 70, com Hilton<br />
Japiassu trabalhan<strong>do</strong> a idéia no campo da epistemologia e Ivani Fazenda buscan<strong>do</strong> uma visão<br />
ampla da prática pedagógica interdisciplinar.<br />
Estes <strong>do</strong>is teóricos brasileiros têm como base meto<strong>do</strong>lógica à obra de Georges Gus<strong>do</strong>rf, que<br />
apresenta a idéia de que a divisão <strong>do</strong> conhecimento em disciplinas leva cada vez mais uma<br />
maior especialização, o que por sua vez leva o conhecimento a um plano extremamente<br />
abstrato, sen<strong>do</strong> que ele passa a perder o senti<strong>do</strong> para qualquer um que não seje o próprio<br />
especialista. É neste ponto que os teóricos levantam o questionamento se esta especialização<br />
seria realmente “conhecimento”.<br />
Este trabalho terá como fontes e meto<strong>do</strong>logia de pesquisa a bibliografia em torno <strong>do</strong> conceito<br />
interdisciplinar, assim como sobre a prática deste conceito em sala de aula. Contan<strong>do</strong> com uma<br />
19 Aluna <strong>do</strong> 4º perío<strong>do</strong> de Letras /<strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong>.<br />
20 Graduan<strong>do</strong> em história na <strong>UFOP</strong>.<br />
- 44 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
revisão bibliográfica partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> livro “Interdisciplinaridade a patologia <strong>do</strong> saber” de Japiassu<br />
publica<strong>do</strong> em 1976, até o estu<strong>do</strong> sobre a prática interdisciplinar apontada por Heloisa Luck em<br />
“ Pedagogia Interdisciplinar” lança<strong>do</strong> no ano de 1994. No entanto o trabalho se concentra na<br />
obra de Japiassu e de Fazenda por serem considerar<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>is teóricos brasileiros basilares <strong>do</strong><br />
conceito.<br />
A Terceira Idade da Vida, A Terceira Margem <strong>do</strong> rio, O Terceiro Olhar da Arte:<br />
Des (re) construin<strong>do</strong> imagens através <strong>do</strong>s jogos <strong>do</strong> Teatro <strong>do</strong> Oprimi<strong>do</strong><br />
Clóvis Domingos <strong>do</strong>s Santos 21<br />
Ricar<strong>do</strong> Carvalho de Figueire<strong>do</strong> 22<br />
O trabalho ora apresenta<strong>do</strong> propõe aos atuantes <strong>do</strong> Projeto de Extensão: “3ª Idade: vivências<br />
lúdicas”, parte <strong>do</strong> Programa: “3ª Idade: vitalidade e cidadania” da <strong>UFOP</strong>, um exercício ousa<strong>do</strong>,<br />
desafiante e crítico: questionar as imagens construídas socialmente sobre os mais varia<strong>do</strong>s<br />
temas. O Teatro caminha junto com a Educação quan<strong>do</strong> propõe que o homem se perceba<br />
com mais profundidade, se transforme pelo contato com o outro, se aprimore pelo exercício<br />
artístico e assim derrube todas as correntes que insistem em aprisioná-lo a formas, rótulos e<br />
conceitos.<br />
O Teatro <strong>do</strong> Oprimi<strong>do</strong> 23 é um conjunto de técnicas e jogos lúdicos que visam o despertar <strong>do</strong><br />
Ser na construção de sua verdadeira humanidade: sujeito único, social, criativo, estético e<br />
comunicante.<br />
O jogo teatral pode estimular também às pessoas mais maduras a desconstruirem preconceitos,<br />
a reconstruírem seus sonhos e desejos para a elaboração de uma nova imagem.<br />
A Arte está cada vez mais queren<strong>do</strong> tornar-se conhecimento. E conhecer significa “nascer<br />
com”: o homem está queren<strong>do</strong> ter novos nascimentos, está ele próprio queren<strong>do</strong> nascer com<br />
aquilo que vai aprenden<strong>do</strong>, ele próprio simbolizan<strong>do</strong> e crian<strong>do</strong> imagens que expressem sua<br />
visão de mun<strong>do</strong>.<br />
No meio da vida, no curso <strong>do</strong> rio e no centro <strong>do</strong> palco – são esses os lugares que o i<strong>do</strong>so deve<br />
ocupar.<br />
21 Bacharelan<strong>do</strong> em Direção Teatral / Artes Cênicas <strong>do</strong> Departamento de Artes <strong>do</strong> Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da Universidade<br />
Federal de Ouro Preto e bolsista <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> projeto.<br />
22 Professor <strong>do</strong> Departamento de Artes <strong>do</strong> IFAC/<strong>UFOP</strong> e coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> Projeto de Extensão.<br />
23 Augusto BOAL (1970).<br />
- 45 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
A TECNOLOGIA NA SALA DE AULA.<br />
Nova ordem mundial e emersão das novas tecnologias na política de Esta<strong>do</strong> para a<br />
educação nacional.<br />
João Alegria (Multirio/PUC-Rio)<br />
Em 2004 a IBM comemora 40 anos <strong>do</strong> lançamento <strong>do</strong> mainframe System/360: um<br />
computa<strong>do</strong>r de grande porte, um sistema de computação de larga escala com alto potencial de<br />
processamento de da<strong>do</strong>s. O S/360 levava até uma semana para processar instruções que hoje<br />
ocupam apenas 11 segun<strong>do</strong>s da capacidade de um T-Rex!, o mais novo modelo de mainframe<br />
da IBM. Essa evolução atesta o incrível desenvolvimento tecnológico e a ampliação da<br />
capacidade de processamento e controle de informações que as Tecnologias da Informação e<br />
da Comunicação possibilitaram no pós II Grande Guerra e principalmente a partir <strong>do</strong>s anos<br />
1960, inclusive com o desvendamento da programação individual <strong>do</strong>s códigos de informação<br />
da matéria viva, o genoma.<br />
As novas tecnologias e a engenharia genética estão na base da sofisticada arquitetura social<br />
contemporânea. Porém, nos mesmos diários onde se lê sobre as comemorações em torno <strong>do</strong>s<br />
40 anos <strong>do</strong> S/360, é uma sociedade de desigualdades marcantes, exclusão, <strong>do</strong>minação, injustiça<br />
e guerras o que salta aos olhos em manchetes e notícias. Um mun<strong>do</strong> dividi<strong>do</strong> entre ricos<br />
detentores <strong>do</strong>s novos meios de controle e processamento da informação, essenciais à nova<br />
maneira de organizar a produção e à margem da nova ordem mundial, uma nova ordem<br />
produtiva inclusive, em que nações e seus povos replicam em cascata os esquemas de<br />
<strong>do</strong>minação e dependência protagoniza<strong>do</strong>s pelos grandes conglomera<strong>do</strong>s transnacionais<br />
priva<strong>do</strong>s.<br />
Este trabalho se propõe a pensar o que a educação tem a ver com essa nova ordem mundial.<br />
Aqui se busca saber como as transformações sociais da história recente, e os interesses que as<br />
movem, fazem-se presentes na escola pelo viés das mudanças promovidas por iniciativa <strong>do</strong><br />
poder público. E, principalmente, como se prevê -- nos textos oficiais da LDB, CDB e <strong>do</strong>s<br />
Parâmetros Curriculares Nacionais -- a incorporação das Tecnologias da Informação e da<br />
Comunicação na aprendizagem.<br />
- 46 -
Maria Teresa Gonçalves PEREIRA<br />
Maria José Ferro de SOUSA<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
HISTÓRIA<br />
REORGANIZANDO SONS E VIDAS<br />
Pretendemos, neste artigo, expor o processo de reorganização <strong>do</strong> acervo de manuscritos <strong>do</strong><br />
Museu da Música de Mariana, desenvolvi<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> de 2001 a 2003. O Projeto Acervo da<br />
Música Brasileira - Restauração e Difusão de Partituras, da Fundação Cultural e Educacional da<br />
Arquidiocese de Mariana, financia<strong>do</strong> pela Petrobrás e coordena<strong>do</strong> pelo Santa Rosa Bureau<br />
Cultural. O qual foi nortea<strong>do</strong> através de procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos que são fruto de<br />
recentes e constantes discussões das áreas de musicologia, arquivologia, paleografia, grafologia<br />
e história. Conseqüentemente, a interdisciplinaridade nos possibilitou estreitar o diálogo entre<br />
estas diversas áreas e reorganizarmos os <strong>do</strong>cumentos manuscritos musicais <strong>do</strong>s Séculos XVIII<br />
a XX, assim como também adquirimos, um manancial de informações das pessoas envolvidas<br />
com a música encontradas nas mais variadas situações, tais como: sociais, econômicas,<br />
funcionais, artísticas, históricas, psicológicas, etc., incorporadas ao <strong>do</strong>cumento na sua trajetória<br />
temporal e espacial, resgatadas através de um banco de da<strong>do</strong>s.<br />
Para melhor conhecermos a inserção <strong>do</strong> músico no mun<strong>do</strong> como sujeito histórico analisamos<br />
estes indivíduos e suas obras dentro <strong>do</strong> contexto histórico, sócio-econômico e simbólico que<br />
lhes eram imanentes. Neste senti<strong>do</strong>, os manuscritos <strong>do</strong> Museu da Música de Mariana não<br />
contêm apenas os registros musicais destes séculos. Trazem também, indícios <strong>do</strong> vivi<strong>do</strong> das<br />
pessoas envolvidas cotidianamente com o universo musical, na sua pluralidade espacial e<br />
temporal. Estes <strong>do</strong>cumentos nos legaram uma gama importantíssima de informações sobre o<br />
músico. Esse indivíduo multifaceta<strong>do</strong> que aparece como compositor, copista, proprietário,<br />
educa<strong>do</strong>r, desenhista, e nos relacionamentos com seus pares. Assim, o diálogo entre as diversas<br />
áreas acima nomeadas nos possibilitou organizarmos a parte física e musical <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos e<br />
resgatarmos indícios <strong>do</strong> vivi<strong>do</strong> destas pessoas inseridas neste universo.<br />
A utilização da imagem como representação cultural passível de uma análise histórica:<br />
uma abordagem culturalista<br />
CRISTIANO OLIVEIRA DE SOUSA 24<br />
O uso de imagens como fontes para uma análise histórica pode ser plenamente empregada em<br />
conjunto com a abordagem culturalista, que vê a cultura como sen<strong>do</strong> socialmente construída<br />
através da escolha de determina<strong>do</strong>s símbolos e representações para explicar a visão de mun<strong>do</strong>,<br />
os valores, enfim, a realidade de um determina<strong>do</strong> povo situa<strong>do</strong> no espaço e no tempo,<br />
conforme propõe o historia<strong>do</strong>r Roger Chartier. Segun<strong>do</strong> Eduar<strong>do</strong> França Paiva desde os<br />
primeiros tempos <strong>do</strong> cristianismo as imagens sempre foram utilizadas como instrumentos<br />
pedagógicos poderosos e eficazes. Partin<strong>do</strong> deste pressuposto podemos realizar, por exemplo,<br />
uma análise das representações imagéticas presentes no interior da capela da Ordem Terceira<br />
de São Francisco de Assis de Ouro Preto, capela esta que foi construída pelos membros desta<br />
ordem que correspondiam à nobreza colonial da época; homens brancos, ricos e influentes de<br />
Vila Rica, que não escolheram aleatoriamente os símbolos e representações imagéticas que ali<br />
24 Graduan<strong>do</strong> <strong>do</strong> 8º perío<strong>do</strong> de História da Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
- 47 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
figurariam, mas foram guia<strong>do</strong>s por alguma intenção levan<strong>do</strong> em conta que essas representações<br />
teriam algum significa<strong>do</strong> para os fiéis que a freqüentariam. A análise desse tipo de<br />
representação nos permitiria conhecer quais eram os desejos, os anseios e os me<strong>do</strong>s dessa<br />
parcela importante da sociedade mineira, ou seja, a reconstrução de fragmentos <strong>do</strong> pensar e <strong>do</strong><br />
agir de uma parcela importante da população ouro-pretana. A imagem contém em si uma<br />
enorme gama de significa<strong>do</strong>s. Foi produzida para ser vista e especialmente neste caso,<br />
representações imagéticas que foram produzidas para figurarem no interior de uma capela, o<br />
foram com o intuito de passar alguma mensagem. Dessa forma, acreditamos que a análise<br />
histórica feita através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> das representações imagéticas de uma determinada sociedade<br />
situada no espaço e no tempo permite uma aproximação <strong>do</strong> objeto analisa<strong>do</strong> com sua<br />
significação cultural e social no momento de sua construção, ou seja, permite um maior<br />
conhecimento desta sociedade e desta cultura.<br />
À Face da Justiça: aspectos socioculturais de um advoga<strong>do</strong> setecentista.<br />
Álvaro de Araújo Antunes 25<br />
A partir <strong>do</strong> universo sociocultural <strong>do</strong> Dr. José Pereira Ribeiro, a comunicação tratará da<br />
administração da justiça em Mariana, Minas Gerais, na segunda metade <strong>do</strong> século XVIII.<br />
Assim, o dimensionamento da presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> é pauta<strong>do</strong> pelo desempenho <strong>do</strong>s<br />
funcionários e <strong>do</strong>s agentes que compunham a máquina administrativa colonial, em especial os<br />
serventuários da Justiça que, à época, era considerada principal via de reconhecimento <strong>do</strong><br />
poder régio. No exercício desses funcionários intervinham não apenas as determinações legais<br />
e as expectativas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, como também aspectos de um ambiente cultural e social. Tais<br />
aspectos são de fundamental importância para a compreensão da prática cotidiana da Justiça. À<br />
face da justiça o que se revela é a prática de advoga<strong>do</strong>s como o Dr. Ribeiro, cujo universo<br />
sociocultural será apresenta<strong>do</strong> nessa comunicação.<br />
OS TERMOS DE ARREMATAÇÃO E CONTRATOS - ASPECTOS DE UMA<br />
FONTE DOCUMENTAL<br />
Cecília Maria Fontes Figueire<strong>do</strong> *<br />
As considerações se baseiam em trabalho desenvolvi<strong>do</strong> no Arquivo Histórico da Câmara<br />
Municipal de Mariana em que foram identifica<strong>do</strong>s em torno de mil e setecentos Termos de<br />
Arrematação e Contratos de 1715 a 1926. A natureza das informações de tal fonte permitiu um<br />
mapeamento inicial <strong>do</strong>s assuntos e algumas observações sobre a riqueza de informações de seu<br />
conteú<strong>do</strong> no que se refere ao mecanismo das contratações de serviços e arrematação de<br />
funções de caráter público pelas câmaras, assim como sobre as pessoas que os arrematam,<br />
evidencian<strong>do</strong> a tessitura de relações de troca, poder e apoio entre os arrematantes. Aspectos <strong>do</strong><br />
cotidiano e da vida urbana colonial, aspectos litúrgicos da vida política estão fartamente<br />
expostos na <strong>do</strong>cumentação e constituem rico celeiro para temas e abordagens da micro-história<br />
e da história cultural, bem como aspectos da vida econômica liga<strong>do</strong>s ao abastecimento e aos<br />
cofres públicos, entre outros, sen<strong>do</strong> fartamente corrobora<strong>do</strong>s com outros tipos <strong>do</strong>cumentais.<br />
25 Doutoran<strong>do</strong> da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP/ Bolsista da Fapesp.<br />
* Historia<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Departamento de História <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong><br />
- 48 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
História, memória e identidade no Arquivo Público Mineiro<br />
Bruno Franco Medeiros *<br />
Orienta<strong>do</strong>r: Valdei Lopes de Araujo **<br />
A situação política <strong>do</strong> Brasil, após a Proclamação da República, além de instaurar uma maior<br />
autonomia aos esta<strong>do</strong>s federativos, fez com que esses esta<strong>do</strong>s buscassem forjar um caráter<br />
identitário que viesse a singularizá-los no cenário nacional.<br />
Minas Gerais vai forjar essa identidade cultural através da rememoração de ações e fatos<br />
pretéritos e signos que remetessem a um “passa<strong>do</strong> mineiro”. Este caráter de formação de um<br />
“povo mineiro” será mostra<strong>do</strong> neste trabalho através de estu<strong>do</strong>s feitos sobre o Arquivo<br />
Público Mineiro e suas publicações na Revista <strong>do</strong> Arquivo Público Mineiro, abarcan<strong>do</strong> o<br />
perío<strong>do</strong> que se inicia em 1896, ano de publicação <strong>do</strong> primeiro fascículo da Revista, e vai até<br />
1913, ano em que a periodicidade da Revista é interrompida, voltan<strong>do</strong> a circular oito anos<br />
depois. Será mostra<strong>do</strong> neste trabalho como os autores que publicavam na Revista, muni<strong>do</strong>s de<br />
uma parcialidade política, buscavam suprir anseios ideológicos através da manipulação de<br />
<strong>do</strong>cumentos e fatos históricos, que convergiriam na formação de uma imagem identitária<br />
futura capaz de justificar o presente e o passa<strong>do</strong>, usan<strong>do</strong> em seu campo discursivo aparatos<br />
teóricos basea<strong>do</strong>s na herança de um historicismo romântico além de um historicismo<br />
cientificista.<br />
Para este estu<strong>do</strong> será feita uma análise crítica <strong>do</strong>s artigos da Revista durante o recorte<br />
cronológico proposto, no intuito de demonstrar como um mapeamento, uma territorialização,<br />
uma identidade estavam sen<strong>do</strong> intentada a favor da singularidade <strong>do</strong> “povo mineiro”. Como<br />
sinal desse empreendimento, percebe-se uma descaracterização <strong>do</strong> indivíduo, tornan<strong>do</strong> ele<br />
inteiramente identifica<strong>do</strong> com o esta<strong>do</strong>: não existe um cidadão, mas um povo. Os indivíduos<br />
estão sujeitos a intentos coletivos, mesmo que uma identificação imediata não seja constatada.<br />
Caio Pinheiro Teixeira 26<br />
Debates historiográficos: 1964, causas e personagens<br />
Embora tenhamos nota<strong>do</strong> neste ano um relevante interesse por parte <strong>do</strong> público (ou ao menos<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> editorial, em função da comemoração <strong>do</strong>s quarenta anos <strong>do</strong> golpe) pela a ditadura<br />
militar pós-64, trata-se de um fenômeno recente. Ainda que menos recente, o interesse da<br />
historiografia também não recua muito no tempo.<br />
Esta pesquisa pretende traçar um quadro geral <strong>do</strong>s debates historiográficos acerca das<br />
explicações dadas ao golpe. O debate será desenvolvi<strong>do</strong> através das concepções teóricas de<br />
brazilianists, como Thomas Skidmore e Alfred Stefan, de concepções preocupadas com os<br />
movimentos da estrutura econômica, como Armand Dreifuss e Jacob Gorender, de versões<br />
jornalísticas, como a de Elio Gaspari e memorialistas. Nossa atenção está voltada para as<br />
causas <strong>do</strong> golpe, para os debates acerca da participação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e para a<br />
* Graduan<strong>do</strong> no Departamento de História da <strong>UFOP</strong>.<br />
** Professor Adjunto, <strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong>.<br />
26 Graduan<strong>do</strong> em História na Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
- 49 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
importância de cada um <strong>do</strong>s grupos sociais envolvi<strong>do</strong>s no processo, como a elite econômica,<br />
os diversos grupos políticos e os próprios militares.<br />
O momento é bastante propício para uma revisão historiográfica pois, em função da data<br />
comemorativa, algumas visão tem conquista<strong>do</strong> grande espaço junto ao público de nãohistoria<strong>do</strong>res<br />
que consome literatura no país.<br />
ALERTAR PELO RISO:<br />
O BINÔMIO E O DIA DE TIRADENTES EM OURO PRETO<br />
Aline Fonseca Carvalho 27<br />
O jornal “Binômio – Sombra e Água Fresca” circulou de 1952 a 1964. O “Binômio” tratava-se<br />
de um jornal de crítica política e durante a primeira fase de sua existência realizou esta crítica<br />
através <strong>do</strong> humor. As historinhas, ane<strong>do</strong>tas e ilustrações faziam com que os leitores refletissem<br />
sobre os acontecimentos políticos criticamente, além de denunciarem fatos que não chegavam<br />
aos ouvi<strong>do</strong>s da população, especialmente a da capital mineira – Belo Horizonte. Um <strong>do</strong>s<br />
personagens preferi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> jornal era Juscelino Kubitschek, que por sua vez, foi o idealiza<strong>do</strong>r<br />
da festa <strong>do</strong> dia de Tiradentes que acontece to<strong>do</strong>s os anos na cidade de Ouro Preto. Antes desta<br />
iniciativa as comemorações em memória <strong>do</strong> mártir da Inconfidência Mineira eram pequenas e,<br />
em sua maioria, fechadas ao público. Esta festa atrai para a cidade de Ouro Preto centenas de<br />
participantes entre convida<strong>do</strong>s ilustres e especta<strong>do</strong>res. O objetivo deste trabalho é demonstrar<br />
a visão <strong>do</strong> “Binômio” sobre a festa <strong>do</strong> 21 de abril em Ouro Preto, durante a fase mais cômica<br />
<strong>do</strong> jornal. O ato de rir de alguém ou de alguma coisa quan<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com a intenção de<br />
criticar acaba por tornar o objeto de riso ridículo. O riso desmoraliza, diminui. O periódico em<br />
questão apresentava duas características: a de ser panfletário e a de ser engraça<strong>do</strong>. Ambas estas<br />
características davam a ele um caráter caustico, que rendeu algumas perseguições e culminou<br />
com o fechamento <strong>do</strong> mesmo. Para tanto foram escolhi<strong>do</strong>s como fontes exemplares <strong>do</strong> jornal<br />
“Binômio” <strong>do</strong> ano de 1953 a 1958. Nesta fase o jornal era mensal e, portanto, foram<br />
seleciona<strong>do</strong>s os correspondentes aos meses em que deveriam ser publicadas as matérias sobre<br />
a festa <strong>do</strong> dia de Tiradentes em Ouro Preto. A análise é pautada em teorias que tratam <strong>do</strong> riso<br />
como arma política e das publicações panfletárias como instrumento importante para o ato<br />
político, sejam estas publicações humorísticas ou não.<br />
O aspecto anticomunista na conjuntura política <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> pré-1964.<br />
Francis W. de B. Andrade<br />
A comunicação a ser apresentada é parte integrante de uma pesquisa que possui como tônica<br />
principal, ou em melhores palavras, como objeto de estu<strong>do</strong>, a dinâmica anticomunista em<br />
periódicos católicos de alcance regional e publica<strong>do</strong>s durante o pré-1964 pela Igreja Católica<br />
das cidades de Mariana, Divinópolis, Curvelo e Juiz de Fora, situadas no Esta<strong>do</strong> de Minas<br />
Gerais. Para tanto, o estu<strong>do</strong> está pauta<strong>do</strong> em uma meto<strong>do</strong>logia que busca conjugar as análises<br />
quantitativa e qualitativa. A referida pesquisa, que possui sua gênese em minha graduação em<br />
História cursada na Universidade Federal de Ouro Preto, vem sen<strong>do</strong> desenvolvida no<br />
mestra<strong>do</strong> <strong>do</strong> programa de pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense<br />
27 Mestranda em História – UFMG.<br />
- 50 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
desde o início de 2004. O ensaio referente a este resumo, é concernente à relação <strong>do</strong> aspecto<br />
anticomunista, próprio das matérias veiculadas em tais periódicos, com a conjuntura política<br />
<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> já indica<strong>do</strong>. No caso mais específico, a fonte utilizada para a formalização deste<br />
texto será um desses periódicos, qual seja, “O Arquidiocesano” da cidade de Mariana. A<br />
exposição privilegiará, como já sublinha<strong>do</strong>, a relação da linha editorial deste periódico com a<br />
conjuntura sócio-política percebida entre os anos de 1961 e 1964, mais precisamente entre<br />
junho/61 e junho/64. O principal pressuposto teórico a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como nortea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> trabalho<br />
até aqui desenvolvi<strong>do</strong>, parte da conceitualização da Igreja Católica como um “aparelho priva<strong>do</strong> de<br />
hegemonia” de acor<strong>do</strong> com o conceito gramsciano, isto é, passível de influência <strong>do</strong> cenário<br />
político não só em sua linha editorial única e exclusivamente, mas sim e principalmente, no que<br />
se refere às decisões de seus responsáveis quanto à questão das matérias de cunho<br />
anticomunistas que tinham sua veiculação aceita ou não. Dessa forma, o que vem sen<strong>do</strong><br />
aprecia<strong>do</strong> no trato das fontes de maneira geral, é a heterogeneidade da Igreja Católica, não se<br />
constituin<strong>do</strong> assim, como um simples bloco monolítico e homogêneo, ou seja, apenas um<br />
“aparelho ideológico de Esta<strong>do</strong>” na expressão althusseriana.<br />
Santo rosário x ateísmo vermelho: conserva<strong>do</strong>rismo católico no discurso anti-janguista<br />
Diego Omar Silveira 28<br />
Isabel Cristina Leite 29<br />
Pretendemos neste trabalho apresentar alguns <strong>do</strong>s motivos católicos recorrentes nas falas <strong>do</strong>s<br />
setores anti-janguistas nos anos que antecederam imediatamente ao golpe de 1964. Anos nos<br />
quais em meio a uma classe média amedrontada pelo “perigo vermelho”, fez-se brotar uma<br />
grande onda conserva<strong>do</strong>ra que arregimentou elites políticas de to<strong>do</strong> nosso país, sobretu<strong>do</strong> da<br />
região sudeste. É notável neste perío<strong>do</strong> a insistência com que os setores da direita utilizavam-se<br />
de um discurso caricaturalmente católico (e anti-comunista), colocan<strong>do</strong>-se como defensores da<br />
moral, da família e <strong>do</strong>s bons costumes. Baseamo-nos, assim, nos trabalhos de Heloísa Starling,<br />
René Dreifus, Solange Simões e Flávio Deckes, para traçar pontos de convergência entre o<br />
discurso <strong>do</strong>s diversos grupos envolvi<strong>do</strong>s no processo que culminaria na derrubada <strong>do</strong><br />
Governo Goulart, como, por exemplo, a CAMDE (Campanha da Mulher pela Democracia), a<br />
LIMDE (Liga da Mulher Democrata), o MAF (Movimento de Arregimentação Feminina) e a<br />
TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, da Família e da Propriedade). Dois pontos<br />
de destaque no trabalho ora proposto são: a notação de que embora estas ligas femininas<br />
sugerisse a existência de um movimento pensa<strong>do</strong> e concretiza<strong>do</strong> pelas próprias mulheres, tal<br />
fato fica bastante obscureci<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> notamos a atuação <strong>do</strong>s IPÊS, uma organização<br />
masculina cujos integrantes muitas das vezes eram casa<strong>do</strong>s com as mulheres militantes e<br />
idealiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s movimentos em que elas militavam. Em seguida ressaltamos o fato de que o<br />
discurso integrista de alguns setores católicos não correspondeu, em momento algum, ao<br />
discurso de toda a instituição, onde desde muito ce<strong>do</strong> apareceram posicionamentos favoráveis<br />
a sustentação de um governo eleito democraticamente e a realização das reformas de base por<br />
ele propostas.<br />
28 Aluno <strong>do</strong> 5° perío<strong>do</strong> de História / <strong>ICHS</strong> / <strong>UFOP</strong>.<br />
29 Aluna <strong>do</strong> 6° perío<strong>do</strong> de História / <strong>ICHS</strong> / <strong>UFOP</strong>.<br />
Os Militares e a “Banalidade <strong>do</strong> Mal”<br />
- 51 -
Isabel Cristina Leite 30<br />
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
A presente comunicação se trata de um tema transversal da pesquisa que desenvolvemos sobre<br />
a atuação da esquerda revolucionária na cidade de Belo Horizonte, intitulada “COLINA –<br />
Oposição Armada e Gênero em Belo Horizonte (1967-1969)”. Pretendemos, a partir <strong>do</strong><br />
conceito de “Banalidade <strong>do</strong> Mal”, explicita<strong>do</strong> por Hannah Arendt, mostrar a aplicabilidade<br />
deste dentro da instituição militar, com todas as suas regras e hierarquia, que usou a tortura<br />
como méto<strong>do</strong> de política no perío<strong>do</strong> da ditadura ocorrida no Brasil (1964-1985) e ainda<br />
analisar os reflexos deste perío<strong>do</strong> e as mudanças ocorridas nesta instituição nos dias atuais.<br />
Quan<strong>do</strong> e como ocorre a Banalidade <strong>do</strong> mal? Para tanto, embasaremos em trabalhos sobre<br />
memórias de militares <strong>do</strong>s anos de chumbo e artigos escritos pelos próprios militares hoje,<br />
para a Ouvi<strong>do</strong>ria da Polícia, além de intérpretes de Hannah Arendt, entre os quais destacamos<br />
Christophe Dejours que fala sobre a normopatia , como agravante da banalidade <strong>do</strong> mal e<br />
Norma Souki que nos dá apontamentos de como o mal começa no plano individual, passa a<br />
atingir grupos até terminar no Esta<strong>do</strong>, além de outros autores.<br />
A IDADE MÉDIA NO ORIENTE. PERSPECTIVAS DE PESQUISA<br />
Celso Taveira 1<br />
A ausência de estu<strong>do</strong>s bizantinos e <strong>do</strong> Oriente Próximo na Universidade Brasileira resulta num<br />
quadro de perplexidade. Desconhecimento da geografia, de sociedades, das línguas e de uma<br />
história que prima simultaneamente pela alta complexidade, pelo fascínio e por uma<br />
importância que é sistematicamente esquecida. Trata-se de uma história na qual não apenas o<br />
passa<strong>do</strong> e o presente, como também o Ocidente e o Oriente se encontram, mas tal encontro<br />
infelizmente torna-se condiciona<strong>do</strong> por uma abruma<strong>do</strong>r desconhecimento em nosso meio<br />
acadêmico. A lenta mas contínua iniciativa <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da história bizantina no Departamento<br />
de História <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais da <strong>UFOP</strong> pretende despertar, e<br />
efetivamente vem despertan<strong>do</strong>, o interesse <strong>do</strong>s estudantes, procuran<strong>do</strong> assim criar<br />
pesquisa<strong>do</strong>res numa área de conhecimento tão importante quanto desconhecida no Brasil.<br />
O “REGIME DE THEMATA” EM BIZÂNCIO: ECONOMIA AGRÁRIA,<br />
SOCIEDADE E MILITARIZAÇÃO. 31<br />
Rafael Mansano Dalbon<br />
Prof. Dr. Celso Taveira (orienta<strong>do</strong>r)<br />
O Império Bizantino no século VII apresenta-se diante de uma série de problemas<br />
administrativos acarreta<strong>do</strong>s pelas invasões: uma economia exaurida pelo pagamento de<br />
tributos, forte pressão fiscal sobre a população, um território bastante retraí<strong>do</strong> e um exército<br />
enfraqueci<strong>do</strong> caracterizam o contexto em que se desenvolveu o “regime <strong>do</strong>s themata” (pl.).<br />
Esse sistema pode ter si<strong>do</strong> inseri<strong>do</strong> em Bizâncio ao longo da dinastia de Heráclio (610-717),<br />
que teria forma<strong>do</strong> os primeiros themata durante sua contra-ofensiva sobre os persas na Ásia<br />
Menor (619). Assim, o thema (sing.) consiste no assentamento de tropas em uma circunscripção<br />
30 Aluna <strong>do</strong> 6° perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> curso de História<br />
31 Esse estu<strong>do</strong> faz parte <strong>do</strong> Projeto: “Política, religião direito e ideologia na Idade Média” , desenvolvi<strong>do</strong> com financiamento da Cnpq<br />
(PIBIC/CNPq/<strong>UFOP</strong>) no perío<strong>do</strong> de 01/08/2003 a 31/07/2004.<br />
- 52 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
aduaneira, com o objetivo de manter linhas defensivas permanentes sob o coman<strong>do</strong> civil e<br />
militar de um estratego. Podemos caracterizar um sistema agrário de amplas repercussões sociais,<br />
militares e fiscais; através de um regime em que o camponês passa a exercer também funções<br />
militares (além das fiscais), o chama<strong>do</strong> estratíotai. Visamos por tanto, apresentar uma discussão<br />
historiográfica sobre as origens, organização e repercussões desse sistema em Bizâncio; ten<strong>do</strong><br />
como principais referenciais teóricos: Paul Lemerle e Georg Ostrogorsky. Mesmo diante de<br />
uma ampla escassez de fontes diretamente referentes ao contexto de formação <strong>do</strong> thema, seus<br />
trabalhos apresentam fatores em que o regime <strong>do</strong>s themata podem ser considera<strong>do</strong>s a base fiscal<br />
e administrativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> século VII. O tema se apresenta de fundamental<br />
importância para analisarmos o sistema agrário bizantino e suas implicações - econômicas,<br />
sociais e militares - no desenvolvimento <strong>do</strong> Império no Oriente a partir desse perío<strong>do</strong>. Devi<strong>do</strong><br />
ao fato de terem possibilita<strong>do</strong> a formação de uma importante organização civil e militar, diante<br />
das peculiaridades contextuais em que a História de Bizâncio está inserida, os themata<br />
representaram o eixo principal de manutenção e desenvolvimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Bizantino até o<br />
século XII.<br />
Debates sobre a natureza <strong>do</strong> Cristo no Oriente no primeiro milênio e sua relação com a<br />
crise iconoclasta<br />
Renato Viana Boy *<br />
Nesse trabalho estaremos analisan<strong>do</strong> um argumento teológico muito bem formula<strong>do</strong> pelo<br />
impera<strong>do</strong>r bizantino Constantino V, apresenta<strong>do</strong> no síno<strong>do</strong> iconoclasta de Hieria, em 754,<br />
através <strong>do</strong> qual o culto de imagens dentro <strong>do</strong> cristianismo passou a ser encara<strong>do</strong> não somente<br />
como peca<strong>do</strong> de i<strong>do</strong>latria, mas foi habilmente relaciona<strong>do</strong> aos pensamentos heréticos em torno<br />
das naturezas <strong>do</strong> Cristo.<br />
Trabalhamos com a idéia de que a heterogeneidade da população bizantina, particularmente na<br />
parte asiática <strong>do</strong> Império, formava um campo favorável não só para o surgimento, mas<br />
também proliferação e manutenção desses conceitos, principalmente nas províncias orientais.<br />
Prova disso é que, mesmo três séculos após o Concílio da Calcedônia (451), que teoricamente<br />
teria encerra<strong>do</strong> a discussão em torno das naturezas <strong>do</strong> Cristo, uma definição a respeito <strong>do</strong><br />
iconoclasmo retorna a duas dessas discussões para justificar a destruição de ícones. Segun<strong>do</strong><br />
Constantino V, para que um Cristão cultue uma imagem sacra, ele deve obrigatoriamente<br />
escolher entre <strong>do</strong>is caminhos, ambos heréticos: ou se crê que o Verbo foi circunscrito com a<br />
carne, sen<strong>do</strong> sua representação assim digna de culto, ou se admite apenas a representação<br />
humana <strong>do</strong> Cristo, separada <strong>do</strong> Verbo. Dessa forma, condena-se o cristão ou por prática de<br />
monofisismo, que admite em Cristo apenas a natureza divina, ou de nestorianismo, que<br />
distingue suas duas naturezas, a humana e a divina.<br />
As definições <strong>do</strong> concílio de 754 foram destruídas pelos iconófilos após o Concílio Ecumênico<br />
de Nicéia, em 787, favorável às imagens. Entretanto, o historia<strong>do</strong>r consegue hoje reconstruir<br />
os argumentos de Hieria indiretamente, através das próprias atas de Nicéia, visto que antes das<br />
definições iconófilas, há nessa <strong>do</strong>cumentação a reconstituição <strong>do</strong> pensamento iconoclasta,<br />
formulada por Constantino V. Portanto, nossa investigação parte de fontes indiretas, o que se<br />
constitui num obstáculo para o historia<strong>do</strong>r, embora vejamos essa destruição <strong>do</strong>cumental<br />
também como uma fonte importante de informações a respeito <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />
* Licencia<strong>do</strong> e Bacharel em História pela Universidade Federal de Ouro Preto<br />
- 53 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
O ORIENTE SAGRADO: OS SANTOS NA SOCIEDADE BIZANTINA E<br />
ORTODOXA<br />
Marina de Oliveira Furlan 32<br />
O estu<strong>do</strong> da vida <strong>do</strong>s santos situa-se no <strong>do</strong>mínio da hagiografia. Trata-se de área pouco<br />
estudada, o que não corresponde à importância histórica que a beatificação assume na história<br />
social tanto no Ocidente como no Oriente cristãos. Assim, partimos da seguinte premissa, que<br />
é uma interrogação: o por que da necessidade sentida pela sociedade de cultuar um<br />
determina<strong>do</strong> tipo de indivíduo, num mecanismo que, por princípio, contradiz uma religião que<br />
se apresenta como monoteísta, ou seja, cultua um Deus único.<br />
Para o presente estu<strong>do</strong>, o que pode ser considera<strong>do</strong> como fonte primária é constituí<strong>do</strong>, na<br />
verdade, por referências secundárias, que são as vidas de santos, muitas vezes redigidas<br />
posteriormente ao tempo de vida <strong>do</strong>s mesmos.<br />
O Oriente cristão foi escolhi<strong>do</strong> para o nosso estu<strong>do</strong> por vários motivos: primeiramente pelo<br />
fato de ainda não ter si<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong> em nosso país; em segun<strong>do</strong> lugar o fato de que é lá que<br />
surge o fenômeno histórico <strong>do</strong> santo nos primeiros séculos <strong>do</strong> Cristianismo, assim como é lá<br />
que tem origem um outro fenômeno interliga<strong>do</strong> que é o monaquismo; também devemos<br />
registrar o fato de lá terem floresci<strong>do</strong> inúmeras divergências acerca da questão fundamental da<br />
religião cristã, qual seja: como estabelecer consenso acerca da natureza de um Deus que foi<br />
também homem?<br />
Por extensão, pretendemos abordar a importante questão <strong>do</strong>s mecanismos através <strong>do</strong>s quais<br />
surge ao longo da história e tornam necessária a figura <strong>do</strong> santo.<br />
A construção e utilização da figura de Agripina como instrumento de formação da<br />
imagem <strong>do</strong> governo de Nero.<br />
Flávia Florentino Varella 33<br />
Na construção da imagem <strong>do</strong> principa<strong>do</strong> de Nero, 54–68 d.C., Tácito se utiliza de diversos<br />
instrumentos para caracterizar seu governo como bom ou mau. Um <strong>do</strong>s instrumentos<br />
negativos emprega<strong>do</strong>s nessa construção foi a participação feminina na administração <strong>do</strong><br />
principa<strong>do</strong>. Nossa comunicação se concentra, principalmente, em analisar como Tácito<br />
descreve a figura de Agripina na conjuntura política <strong>do</strong> governo de Nero e a emprega como<br />
instrumento na construção da imagem deste governo. Agripina, mãe de Nero, é a personagem<br />
feminina que obteve maior destaque por Tácito nos Anais, sen<strong>do</strong> caracterizada como uma<br />
mulher de grande lascívia e ambição. A posição de Nero como impera<strong>do</strong>r é atribuída por<br />
Tácito a Agripina. Foi através das artimanhas e crimes de sua mãe que Nero se tornou o<br />
sucessor <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r Cláudio. Tácito relata que, quan<strong>do</strong> Agripina casou-se com Cláudio, suas<br />
primeiras articulações dentro da Domus Caesaris foram para garantir que Nero fosse o futuro<br />
impera<strong>do</strong>r. Com isso, Tácito caracteriza Nero como sen<strong>do</strong> deve<strong>do</strong>r de seu império a uma<br />
mulher. No decorrer da sua construção retórica, Tácito atribuí à Agripina uma acentuada<br />
participação em decisões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que não deveriam passar pelas mãos de uma mulher,<br />
mesmo sen<strong>do</strong> está mãe <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r. A atuação política da mulher era juridicamente nula,<br />
32 Graduanda em História pela Universidade Federal de Ouro Preto – bolsista PIVIC- orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Celso Taveira<br />
33 Graduanda em História pela <strong>UFOP</strong>.<br />
- 54 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
porém isso não significa que socialmente não havia brechas para que elas pudessem<br />
desenvolver uma participação política. Agripina foi um bom exemplo dessa possibilidade de<br />
poder feminino, mesmo que limita<strong>do</strong>, na esfera política. Contu<strong>do</strong>, a participação da mulher em<br />
decisões políticas não foi bem vista por Tácito. Utilizan<strong>do</strong>-se, assim, dessa crítica para reforçar<br />
a imagem de Nero como um governante fraco, <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> por sua mãe e empregan<strong>do</strong>, em larga<br />
medida, a analogia: mulher com poder de influência nas decisões <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> igual a um mau<br />
governo.<br />
CONSTRUÇÕES RETÓRICAS NOS ANAIS DE TÁCITO:<br />
A OPOSIÇÃO SÊNECA/TIGELINO<br />
Fábio Oliveira Araújo 34<br />
Nosso trabalho está basea<strong>do</strong> na obra Anais <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r latino Tácito e tem como recorte<br />
temporal o principa<strong>do</strong> de Nero, que compreende o perío<strong>do</strong> de 54 a 68 d.C. É sabi<strong>do</strong> que, na<br />
Antigüidade Clássica, a História era um gênero de discurso e, como tal, era tratada no âmbito<br />
da retórica. Partin<strong>do</strong> dessa premissa, temos consciência de que Tácito lança mão de uma<br />
grande diversidade de instrumentos retóricos para construir sua obra. Para que esta alcançasse<br />
o seu objetivo, a saber, uma obra na qual os futuros impera<strong>do</strong>res pudessem buscar exemplos<br />
de boas e más condutas de um governante. A partir daí, acreditamos que, se o aspecto moral é<br />
marcante em seus escritos, isso se deve a uma concepção pragmática de história, em que a<br />
representação de determina<strong>do</strong>s episódios históricos visa a estabelecer uma identidade cultural<br />
com seus leitores e propor regras de conduta no contexto <strong>do</strong> Principa<strong>do</strong>.<br />
Em nossa comunicação pretendemos compreender e analisar o artifício narrativo que Tácito<br />
constrói em torno <strong>do</strong> principa<strong>do</strong> de Nero, utilizan<strong>do</strong> como personagens centrais Sêneca e<br />
Tigelino. Nossa hipótese é que Tácito utiliza esses <strong>do</strong>is personagens para convencer o leitor de<br />
que a influência que eles exerciam sobre Nero foi preponderante para o desenvolvimento <strong>do</strong><br />
governo <strong>do</strong> jovem Impera<strong>do</strong>r, passan<strong>do</strong> de um governo modera<strong>do</strong> com Sêneca – moderação<br />
tanto em seu comportamento político quanto social - a um governo desregra<strong>do</strong> sem nenhuma<br />
prudentia política e social com Tigelino. A partir daí, a necessidade da leitura da obra tacitena ser<br />
feita ten<strong>do</strong> em mente a existência desse “filtro”, que nos leva a ter uma interpretação enviesada<br />
da participação de Sêneca e Tigelino no consilium princepis. Outro ponto que corrobora nossa<br />
hipótese advém <strong>do</strong> levantamento quantitativo <strong>do</strong>s assassinatos e suicídios cita<strong>do</strong>s pelo<br />
historia<strong>do</strong>r no perío<strong>do</strong> neroniano. Vemos um significativo aumento desses eventos durante os<br />
anos compreendi<strong>do</strong>s entre 62 e 66 (a parte <strong>do</strong> texto referente ao anos de 67 e 68 está<br />
desaparecida).<br />
34 Graduan<strong>do</strong> em História (<strong>ICHS</strong> – <strong>UFOP</strong>) e bolsista <strong>do</strong> PIBIC/CNPQ - <strong>UFOP</strong><br />
- 55 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Ideais de fé, conduta e salvação em Clemente de Alexandria<br />
Germano Moreira Campos<br />
Através deste estu<strong>do</strong>, objetivarei apresentar e mesmo propor um resgate acerca <strong>do</strong>s<br />
pensamentos e escritos de Clemente de Alexandria, um <strong>do</strong>s mais instruí<strong>do</strong>s padres que a Igreja<br />
já conheceu.<br />
De importância fundamental nos primórdios <strong>do</strong> cristianismo (para sua fixação), Clemente<br />
atuou tanto na difusão quanto na defesa <strong>do</strong>s conhecimentos cristãos – da <strong>do</strong>utrina de Cristo.<br />
Ao mesmo tempo em que prega a necessidade de todas as pessoas se instruírem no<br />
conhecimento religioso (busca da única Verdade), o padre alexandrino guarda para si<br />
informações muito preciosas; para que não caiam em "mãos erradas" (<strong>do</strong>s inimigos da Igreja);<br />
onde se destacam, principalmente os sofistas.<br />
A associação da filosofia pagã aos ideais cristãos acontece na obra clementina, ten<strong>do</strong> ele<br />
nasci<strong>do</strong> no paganismo e se converten<strong>do</strong> à religião cristã.<br />
Dentre os vários dizeres presentes na obra <strong>do</strong> alexandrino, torna-se interessante destacar a<br />
questão da dificuldade encontrada pelos ricos para ingressarem no reino <strong>do</strong>s céus.<br />
A FILOSOFIA DA HISTÓRIA NUMA PERSPECTIVA KANTIANA<br />
Rafael Martins 35<br />
Inseri<strong>do</strong> na consciência <strong>do</strong> Iluminismo setecentista, Immanuel Kant abor<strong>do</strong>u a Filosofia da<br />
História buscan<strong>do</strong> compreender os limites racionais <strong>do</strong> comportamento humano e deste mo<strong>do</strong><br />
atingiu a discussão sobre o caráter forma<strong>do</strong>r da identidade cultural, o senti<strong>do</strong> da História e <strong>do</strong><br />
processo civilizatório <strong>do</strong>s povos. Com vista nestes pontos, pretendemos avaliar a contribuição<br />
da obra kantiana para o desenvolvimento da Filosofia da História. A partir <strong>do</strong>s textos de Kant<br />
sobre este tema trabalhamos a possibilidade de análise de uma concepção coerente de<br />
antropologia como elemento <strong>do</strong> sistema filosófico kantiano incluída na sua ética. Desta forma<br />
a pergunta que nos move é: será possível realizar uma avaliação das condições empíricas <strong>do</strong><br />
princípio racional e da natureza humana nos textos de filosofia da história e de antropologia de<br />
Kant? Segun<strong>do</strong> este filósofo a história humana parece seguir um plano determina<strong>do</strong> pela<br />
natureza, onde a espécie humana é permanente. E somente através da manutenção da<br />
passagem <strong>do</strong> conhecimento, da cultura, da religião e da política de geração em geração pode-se<br />
garantir a continuidade <strong>do</strong> processo civilizatório. A análise da produção intelectual de um<br />
determina<strong>do</strong> filósofo permite a possibilidade de apreensão de uma consciência históricofilosófica<br />
que ao mesmo tempo representa e influencia seu próprio contexto. A interpretação<br />
da filosofia kantiana consideran<strong>do</strong> também seus da<strong>do</strong>s empíricos fortemente negligencia<strong>do</strong>s<br />
torna possível “lermos” a História com maior discernimento crítico <strong>do</strong>s fatos, como também<br />
aprofundarmos na compreensão da relação entre as exigências da vida social, e as inclinações e<br />
necessidades individuais. Dentro deste contexto meto<strong>do</strong>lógico surgem novas linhas de<br />
investigação relativa ao conhecimento histórico definin<strong>do</strong> assim novos parâmetros para o<br />
posicionamento teórico <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r. Por esta via, a filosofia se une à historiografia como<br />
importante ferramenta para a compreensão das realidades sociais que conformam o cotidiano<br />
<strong>do</strong>s indivíduos.<br />
35 Aluno de graduação <strong>do</strong> curso de História - <strong>UFOP</strong><br />
- 56 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Neaspoc – <strong>UFOP</strong>:<br />
Uma experiência de indissociabilidade entre o Ensino, a Pesquisa e a Extensão.<br />
Antônio Netto Júnior 36<br />
O Neaspoc – <strong>UFOP</strong> (Núcleo de Estu<strong>do</strong>s Aplica<strong>do</strong>s e Sociopolíticos Compara<strong>do</strong>s, da<br />
Universidade Federal de Ouro Preto) foi funda<strong>do</strong> em abril de 1999 com uma dupla finalidade:<br />
1. incentivar as abordagens ligadas à história comparada; 2. estimular a utilização de<br />
meto<strong>do</strong>logia quantitativa na área das ciências humanas, especialmente na História. Para realizar<br />
o segun<strong>do</strong> objetivo, optou-se pela realização de pesquisas de opinião pública. A primeira delas,<br />
já em 1999, investigou, entre outras coisas, que visão os marianenses tinham <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>.<br />
Ao longo destes mais de cinco anos o Neaspoc – <strong>UFOP</strong> realizou dezenas de pesquisas de<br />
âmbito nacional, estadual e municipal. Já atuaram no Neaspoc – <strong>UFOP</strong> centenas de alunos,<br />
especialmente <strong>do</strong>s cursos de História e Letras. Esta atividade garantiu uma oportunidade de<br />
qualificação para os alunos e, ao mesmo tempo, geração de informação original e isenta sobre<br />
diferentes comunidades, notadamente as de Mariana e Ouro Preto, que abrigam a <strong>UFOP</strong>. O<br />
Neaspoc – <strong>UFOP</strong> vem desenvolven<strong>do</strong> pesquisas regulares junto a estas populações desde sua<br />
fundação e hoje reúne um valioso acervo que tem si<strong>do</strong> permanentemente utiliza<strong>do</strong> tanto por<br />
pesquisa<strong>do</strong>res quanto por membros externos à comunidade acadêmica. Assim, o Neaspoc –<br />
<strong>UFOP</strong> construiu uma experiência de realização indissociável de ensino, pesquisa e extensão<br />
com grande repercussão interna e externa à Universidade.<br />
Esta comunicação visa a apresentação desta experiência com maior detalhe.<br />
A IDENTIFICAÇÃO IDEOLÓGICA NO ESPECTRO ESQUERDA-DIREITA<br />
COMO CONDICIONANTE DA DECISÃO DE VOTO<br />
Giovanni G. Ferreira Spineli 37<br />
A presente comunicação trata da identificação ideológica como um <strong>do</strong>s fatores condicionantes<br />
da decisão de voto.<br />
Para o desenvolvimento da pesquisa utilizamos os conceitos de esquerda e direita como<br />
defini<strong>do</strong>s por Norberto Bobbio. Além de Bobbio, utilizamos outros autores para a construção<br />
de nosso marco teórico visan<strong>do</strong> a testar a seguinte hipótese: qual o nível de auto-identificação<br />
da população na escala esquerda – direita? Nossas hipóteses complementares estão ligadas ao<br />
nível de auto-identificação: se pré-conceitual ou conceitual. Utilizan<strong>do</strong> esse marco teórico,<br />
elaboramos um survey não-probabilístico, realiza<strong>do</strong> junto à população <strong>do</strong> município de Ouro<br />
Preto, que tem nos servi<strong>do</strong> de base de da<strong>do</strong>s. As diversas variáveis nos permitiram a<br />
construção de um índice esquerda - direita, que tem servi<strong>do</strong> para testar nossas hipóteses.<br />
Paralelamente, tem si<strong>do</strong> realizada a análise bibliográfica referente ao objeto de estu<strong>do</strong>.<br />
Buscamos, com isso, estabelecer não só se há identificação ideológica, mas também em que<br />
nível ela se dá, já uma série de elementos conjunturais estão presentes no momento da decisão<br />
política.<br />
36 Graduan<strong>do</strong> em História (<strong>ICHS</strong> – <strong>UFOP</strong>) e estagiário <strong>do</strong> Neaspoc – <strong>UFOP</strong>.<br />
37 Graduan<strong>do</strong> em História pela Universidade Federal de Ouro Preto<br />
- 57 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
ESTUDO DO COMPORTAMENTO POLÍTICO-ELEITORAL NO PERÍODO DE<br />
1985-1989.<br />
Rodrigo de Araújo Ferreira 38<br />
O trabalho a ser apresenta<strong>do</strong> trata <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatores de decisão de voto nas eleições<br />
presidenciais brasileiras. Serão analisadas as relações entre as avaliações de governo através das<br />
pesquisas de opinião e a escolha <strong>do</strong> candidato por parte <strong>do</strong> eleitora<strong>do</strong>, bem como a influência<br />
que essa avaliação exerce sobre a composição <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s e das coligações políticas nos<br />
perío<strong>do</strong>s eleitorais.<br />
O perío<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong> vai desde a posse <strong>do</strong> presidente José Sarney, em 1985, até as eleições<br />
presidenciais de 1989. Será discutida a importância <strong>do</strong> Plano Cruza<strong>do</strong> como determinante da<br />
eleição de Fernan<strong>do</strong> Collor de Mello, em 1989, e, simultaneamente, outros fatores de peso<br />
segun<strong>do</strong> a visão de autores que tratam <strong>do</strong> tema em questão.<br />
Ten<strong>do</strong> como base a análise bibliográfica (Thomas Skidmore, Francisco Iglesias, Boris Fausto,<br />
Jairo Nicolau, André Singer, Bolívar Lamonier, Earl Babbie, Carlos Alberto Pereira, entre<br />
outros) e da<strong>do</strong>s conti<strong>do</strong>s no CESOP-UNICAMP das pesquisas de opinião realizadas no<br />
perío<strong>do</strong> referi<strong>do</strong>, serão apresenta<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e conceitos alcança<strong>do</strong>s.<br />
A partir <strong>do</strong> cruzamento das variáveis, a pesquisa testou hipóteses da provável influência destas<br />
pesquisas no que se refere às mudanças ocorridas no cenário político nacional. A apresentação<br />
<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da pesquisa será objeto da comunicação e de debate junto ao público<br />
interessa<strong>do</strong>.<br />
TRADIÇÃO, MEMÓRIA, RESSIGNIFICAÇÃO CULTURAL: A TRAJETÓRIA DO<br />
ZÉ PEREIRA DA CHÁCARA DOS ANOS 60 AOS DIAS DE HOJE<br />
Newton Car<strong>do</strong>so Junior 39<br />
Imaginar o carnaval de Mariana sem a presença <strong>do</strong> Zé Pereira da Chácara: eis uma tarefa<br />
insólita. Com efeito, os catitões <strong>do</strong> bairro São José são a marca registrada da folia de Momo na<br />
cidade. Atraem crianças e adultos, mora<strong>do</strong>res e turistas, emprestan<strong>do</strong> colori<strong>do</strong> e irreverência<br />
ímpares ao carnaval da primeira capital de Minas.<br />
Para<strong>do</strong>xalmente, o prestígio de que o grupo desfruta não se traduziu em estu<strong>do</strong>s que<br />
buscassem elucidar sua obscura história. Uma história que é marcada por sucessivas<br />
ressignificações, apropriações e pela aliança formalizada pelo grupo com a prefeitura<br />
municipal, em 1980.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> pressuposto de que o campo cultural é dinâmico e seus significa<strong>do</strong>s<br />
múltiplos e historicamente condiciona<strong>do</strong>s, o presente trabalho tem como objetivo pontuar a<br />
trajetória recente <strong>do</strong> Zé Pereira da Chácara, tema desenvolvi<strong>do</strong> em Sem (Vi)Eira nem Beira: por<br />
uma história <strong>do</strong> Zé Pereira da Chácara (Mariana, 1960 – 2002), dissertação de mestra<strong>do</strong><br />
defendida pelo autor junto à Universidade Federal Fluminense.<br />
Para a redação <strong>do</strong> trabalho, foram utiliza<strong>do</strong>s depoimentos orais, jornais, fotografias e atas das<br />
reuniões <strong>do</strong> Zé Pereira da Chácara, bem como o estatuto da entidade.<br />
38 Graduan<strong>do</strong> em História pela Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
39 Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense.<br />
- 58 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
HISTÓRIA ORAL: RELATOS DA TRAJETÓRIA DO ÚLTIMO MESTRE<br />
CANTEIRO DE MINAS GERAIS<br />
Deise Simões Rodrigues*<br />
Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Carlos Alberto Pereira<br />
Co-orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Valdei Lopes de Araújo<br />
Este trabalho visa apresentar o Projeto de Pesquisa PIBIC intitula<strong>do</strong> “O resgate <strong>do</strong> ofício de<br />
cantaria na memória de Mestre Juca”. A cantaria, técnica de lavrar pedras destinadas tanto para<br />
a estruturação ou ornamentação de construções arquitetônicas, foi um ofício largamente<br />
emprega<strong>do</strong> nas obras da colonial Vila Rica no século XVIII. Já nos fins <strong>do</strong>s oitocentos os<br />
artesãos canteiros na ausência de demanda pelo ofício perdem sua utilidade na cidade, sen<strong>do</strong><br />
que no século XX, diante da necessidade de restaurar monumentos de cantaria, Ouro Preto vêse<br />
obrigada a contar com profissionais <strong>do</strong> ofício de cantaria oriun<strong>do</strong>s de Portugal e da<br />
Espanha. Somente em 1980, José Raimun<strong>do</strong> Pereira, numa iniciativa pioneira, resgata o<br />
saber/fazer da cantaria e atua hoje, aos 81 anos, como o último mestre canteiro a <strong>do</strong>minar o<br />
ofício em Minas Gerais. Sen<strong>do</strong> assim, busca-se com a pesquisa relacionar as diversas questões<br />
intrínsecas ao processo <strong>do</strong> resgate de cantaria que serão engendradas a partir <strong>do</strong>s relatos de<br />
memória de Mestre Juca e de testemunhas deste momento. Para tanto, escolheu-se a<br />
meto<strong>do</strong>logia de história oral, entendida aqui como sen<strong>do</strong> aquela que possibilita ao<br />
entrevista<strong>do</strong>r/historia<strong>do</strong>r a “criação de fontes orais”, permitin<strong>do</strong>-o escrever a história <strong>do</strong><br />
presente sem reduzir o rigor <strong>do</strong> trabalho historiográfico.<br />
Outros Olhares sobre a cidade de Ouro Preto: "as falas <strong>do</strong> citadino-cidadão".<br />
Ligia Garcia Diniz, Juliano Ferreira e Marcia da Massena. 40<br />
Este trabalho faz parte da pesquisa intitulada "Olhares sobre a cidade de Ouro Preto",<br />
financiada pela Pró-reitoria de Extensão e desenvolvida pela professora Ligia Garcia Diniz -<br />
coordena<strong>do</strong>ra - e pelos alunos de história Juliano Ferreira e Marcia C. da Massena Arévalo.<br />
O recorte escolhi<strong>do</strong> pelos pesquisa<strong>do</strong>res são as "falas <strong>do</strong> cidadão ouropretano", onde trazemos<br />
a tona categorias como patrimonio e cidadania. Observamos principalmente as questões e<br />
possíveis soluções de problemas cotidianos da cidade nos quais se encontram envolvi<strong>do</strong>s os<br />
citadinos-cidadãos. Utilizamos aqui da meto<strong>do</strong>logia da história oral onde procuramos<br />
encontrar os novos sujeitos sociais nas formulações de políticas públicas para a cidade.<br />
Lugares de memória ou a prática de preservar o invisível através <strong>do</strong> concreto.<br />
Marcia da Massena Arévalo 41<br />
O decreto 3551/2000 que institui “o registro de bens culturais de natureza imaterial que<br />
constituem o Patrimônio Cultural Brasileiro [e] cria o programa nacional <strong>do</strong> Patrimônio<br />
40<br />
Respectivamente: professora mestra <strong>do</strong> depto. de pós-graduação em Ciência política da UFMG e coordena<strong>do</strong>ra desta pesquisa,<br />
graduan<strong>do</strong>s de história da <strong>UFOP</strong>.<br />
41<br />
Graduanda de história <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
- 59 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Imaterial [...]" 42 tem como suporte meto<strong>do</strong>lógico a abertura de livros temáticos. Nesses livros<br />
os bens culturais serão registra<strong>do</strong>s depois de agrupa<strong>do</strong>s por sua característica principal.<br />
Um destes é o Livro de Lugares, que deverá registrar aqueles espaços importantes para o<br />
desenvolvimento de uma prática cultural coletiva<br />
Dentro deste trabalho apresentaremos as noções que unem as idéias <strong>do</strong> patrimônio como<br />
preserva<strong>do</strong>r e <strong>do</strong> espaço como veicula<strong>do</strong>r da memória. Isto leva ao uso da categoria "lugares<br />
de memória", que destaca o espaço físico (material) como suporte para a formação de uma<br />
memória coletiva (imaterial) importante.<br />
Utilizaremos, para tanto, a análise de Nora sobre esta categoria e exemplificaremos este uso na<br />
política preservacionista brasileira com o estu<strong>do</strong> da primeira ação <strong>do</strong> IPHAN na qual se utiliza<br />
a noção de espaço como porta<strong>do</strong>r de um bem imaterial: a preservação <strong>do</strong> terreiro Casablanca<br />
em Salva<strong>do</strong>r no ano de 1982.<br />
A Construção da identidade <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais<br />
(1979-85)<br />
Arnal<strong>do</strong> José Zangelmi 43<br />
Esse trabalho é resulta<strong>do</strong> da realização de uma pesquisa (PIBIC/CNPq – 2003/2004) que está<br />
reconstruin<strong>do</strong> parte da história <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais (<strong>ICHS</strong>-<strong>UFOP</strong>),<br />
trazen<strong>do</strong> como problemática principal o choque entre grupos distintos, com “visões de<br />
mun<strong>do</strong>” distintas, numa dinâmica de articulações políticas, acadêmicas e ideológicas que, como<br />
veremos, foi de fundamental importância para o desenvolvimento posterior <strong>do</strong> Instituto.<br />
Dessa forma, este estu<strong>do</strong> utiliza-se da dicotomia criada entre um núcleo mais antigo de<br />
professores e funcionários <strong>do</strong> Instituto e seus opositores, um grupo que chegou<br />
posteriormente, mudan<strong>do</strong> drasticamente a feição <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong> e seus rumos.<br />
Para a consecução desse trabalho lançamos mão de um aparato meto<strong>do</strong>lógico comumente<br />
denomina<strong>do</strong> de História Oral. Essa meto<strong>do</strong>logia esta possibilitan<strong>do</strong> a obtenção, através de<br />
depoimentos, das impressões e reminiscências válidas para o estu<strong>do</strong> em andamento. Os<br />
depoentes são professores, funcionários, ex-alunos e outras pessoas que tiveram, de uma<br />
forma ou de outra, maior participação, nesse perío<strong>do</strong>, com relação à problemática <strong>do</strong> trabalho.<br />
Utilizamos ainda, como fontes complementares, <strong>do</strong>cumentos escritos como, por exemplo,<br />
relatórios, jornais, monografias, atas, etc, disponíveis nos arquivos <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>.<br />
Nosso aparato teórico baseia-se no conceito de memória, enquanto fenômeno seletivo e<br />
resignificante. Cada pessoa entrevistada lembra <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong>, principalmente, com suas<br />
preocupações <strong>do</strong> presente. No momento de acessar sua memória, de dar senti<strong>do</strong> a seu<br />
passa<strong>do</strong>, o sujeito tem uma carga de referências atuais que moldam sua perspectiva sobre sua<br />
lembrança, selecionan<strong>do</strong> e resignifican<strong>do</strong> o que vai ser lembra<strong>do</strong>. Com isso em vista, pode-se<br />
fazer um trabalho histórico, basea<strong>do</strong> em depoimentos, de forma mais rica e consistente.<br />
42 Decreto 3551/2000 de 4 de agosto de 2000.<br />
43 Graduan<strong>do</strong> em História da Universidade Federal de Ouro Preto<br />
- 60 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
UM DIREITO SAGRADO – OS ADVOGADOS DE MARIANA E SUA ATUAÇÃO<br />
NAS AÇÕES DE LIBERDADE (1871-1888).<br />
Luiz Gustavo Santos Cota 44<br />
A presente comunicação tem por objetivo apresentar parte de um estu<strong>do</strong> sobre o<br />
Emancipacionismo e o Abolicionismo na cidade de Mariana, no perío<strong>do</strong> entre 1871 a 1888.<br />
Nesta pesquisa procuramos, dentre outras coisas, constatar a participação de bacharéis<br />
marianenses na campanha pela extinção <strong>do</strong> elemento servil. Para tanto, analisamos a atuação<br />
de vários advoga<strong>do</strong>s em processos conheci<strong>do</strong>s como Ações de Liberdade, processos movi<strong>do</strong>s<br />
pelos escravos contra seus próprios senhores, visan<strong>do</strong> a obtenção da liberdade. Tentamos<br />
perceber através <strong>do</strong> discurso <strong>do</strong>s bacharéis envolvi<strong>do</strong>s nessas ações elementos da campanha<br />
pela extinção <strong>do</strong> elemento servil. O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> exercício argumentativo desenvolvi<strong>do</strong> pelos<br />
advoga<strong>do</strong>s é uma peça importantíssima para compreendermos como eles se posicionavam<br />
diante da questão da escravidão e de sua extinção, foco central de nosso trabalho. Não<br />
obstante, também podemos perceber através <strong>do</strong>s processos de liberdade como os escravos<br />
traçavam estratégias para alcançar a tão sonhada alforria, mostran<strong>do</strong> como a lei não é uma via<br />
de mão única. A legislação criada para servir como mecanismo de controle social pode ser<br />
reapropriada pelas classes populares. Muitas vezes, as regras criadas pelos <strong>do</strong>minantes<br />
ajudaram seus oponentes diretos a encontrarem as armas necessárias para a vitória.<br />
AS NOSSAS “ÁFRICAS”: UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A COMPOSIÇÃO<br />
ÉTNICA DOS ESCRAVOS NAS MINAS GERAIS DOS SÉCULOS XVIII E XIX.<br />
Rodrigo Castro Rezende ∗<br />
O presente trabalho tem por objetivo primo analisar e comparar as origens <strong>do</strong>s mancípios das<br />
Gerais <strong>do</strong>s séculos XVIII e XIX, buscan<strong>do</strong> perceber as preferências étnicas cativas pelos<br />
proprietários de escravos, assim como identificar os signos da<strong>do</strong>s pela população mineira sobre<br />
os grupos étnicos <strong>do</strong>s cativos. Por este prisma, o estu<strong>do</strong> incidirá sobre as análises em conjunto<br />
<strong>do</strong>s contextos africano e mineiro, como também, o desenvolvimento de uma leitura <strong>do</strong> tráfico<br />
de escravos da África para os portos luso-brasileiros da Bahia e <strong>do</strong> Rio de Janeiro, e destes para<br />
Minas Gerais. Dessa forma, um outro propósito deste estu<strong>do</strong> seria compreender quais foram<br />
os merca<strong>do</strong>s abastece<strong>do</strong>res de escravos em Minas a pre<strong>do</strong>minarem entre os séculos XVIII e<br />
XIX.<br />
Para os des<strong>do</strong>bramentos desses objetos de análise serão usadas as Listas <strong>do</strong>s Quintos Reais da<br />
Coleção Casa <strong>do</strong>s Contos <strong>do</strong> Arquivo Público Mineiro nos anos de 1718 e 1719, para as<br />
localidades de Mariana e São João del Rei, e das listas da mesma coleção, porém localizadas no<br />
Arquivo Nacional, para o ano de 1804. E,ainda, <strong>do</strong> rol de confessa<strong>do</strong>s para São José no ano de<br />
1796. Dessa forma, pretende-se, também, comparar as etnias das populações cativas das<br />
comarcas de Ouro Preto e <strong>do</strong> Rio das Mortes, procuran<strong>do</strong> perceber suas diferenças e suas<br />
similitudes. Portanto, este é um estu<strong>do</strong> de demografia histórica.<br />
44 Graduan<strong>do</strong> em História pela Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
∗ Gradua<strong>do</strong> em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Professor substituto da <strong>UFOP</strong> e aluno <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong> em<br />
História Social da Cultura da UFMG.<br />
- 61 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Por último, ressalta-se que este estu<strong>do</strong> está ainda em sua fase inicial e é inédito em sua<br />
proposta. Destaca-se ainda, que o presente resumo faz parte da minha dissertação de mestra<strong>do</strong><br />
em História, mais precisamente na linha de pesquisa História Social da Cultura, que está sen<strong>do</strong><br />
desenvolvida na UFMG, sob os auspícios <strong>do</strong> Professor Doutor Douglas Cole Libby.<br />
Camila Carolina Flausino*<br />
Tráfico interno de escravos em Mariana: 1861-1886<br />
O presente estu<strong>do</strong> investiga o Termo de Mariana, situa<strong>do</strong> na região Metalúrgica – Mantiqueira,<br />
e insere-se na discussão sobre o tráfico interno de escravos, intensifica<strong>do</strong> a partir de 1850<br />
(quan<strong>do</strong> a lei Euzébio de Queiroz (04/09/1850) proibiu o tráfico atlântico de cativos no<br />
Brasil) e pratica<strong>do</strong> até as vésperas da abolição (1888).<br />
Buscaremos identificar, através <strong>do</strong>s Registros de Compra e Venda de escravos, a intensidade, a<br />
freqüência e o senti<strong>do</strong> desse processo de transferências da população escrava de Mariana, que<br />
objetivavam suprir a demanda por braço escravo nas novas atividades agropecuárias que<br />
surgiram e se expandiram com o fim <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> minera<strong>do</strong>r.<br />
Neste estu<strong>do</strong>, levaremos em conta as peculiaridades da região estudada, bem como<br />
objetivamos dar nossa contribuição para os debates acerca da questão presente na<br />
historiografia brasileira, referente às transferências de escravos <strong>do</strong>s municípios de antiga<br />
atividade minera<strong>do</strong>ra para regiões mais dinâmicas, como por exemplo, a região cafeeira.<br />
O COMPORTAMENTO CAMPONÊS: Características econômico-sociais <strong>do</strong><br />
campesinato e inovação de técnicas agrícolas. Piranga: 1780-1880.<br />
Luís Henrique de Oliveira 45<br />
O presente trabalho tem como objetivo, analisar um <strong>do</strong>s mais polêmicos temas da<br />
historiografia brasileira, o campesinato.<br />
Os recortes espacial e temporal, delimita<strong>do</strong>s para análise <strong>do</strong> tema proposto, nos apresenta as<br />
características propícias para que estudemos esta parcela da economia colonial. A região<br />
especificada é a Freguesia de Guarapiranga, que pertencia ao Termo de Mariana, e que se<br />
refere hoje a atual cidade de Piranga. Localizada na Zona da Mata Mineira, região<br />
tradicionalmente conhecida como propícia às atividades agropecuárias, esta freguesia<br />
apresentava as condições para a existência de um "complexo agrário camponês". O perío<strong>do</strong><br />
delimita<strong>do</strong> tem como marco inicial, o momento em que, segun<strong>do</strong> estudiosos da economia<br />
mineira, esta deixa de ter a mineração como atividade principal, e as atividades agropecuárias<br />
passaram a ser seu eixo central.<br />
Entretanto, o tema a ser desenvolvi<strong>do</strong>, insere-se em um perío<strong>do</strong> bastante conturba<strong>do</strong> da<br />
política brasileira. É um momento, de profundas transformações políticas e administrativas,<br />
que influenciaram na organização econômico-social brasileira, como o ano de 1808, com a<br />
vinda da corte para o Brasil, a independência <strong>do</strong> Brasil, o perío<strong>do</strong> regencial, e o ano de 1850,<br />
com a abolição <strong>do</strong> tráfico, e a Lei de Terras. Através da <strong>do</strong>cumentação, observaremos as<br />
possíveis oscilações na economia da região delimitada, em função das alterações na trajetória<br />
política brasileira.<br />
45 Mestran<strong>do</strong> em História – ICHL - UFJF<br />
- 62 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Nossa hipótese inicial, é que na Freguesia de Guarapiranga, caracteristicamente agrícola e<br />
marcada por uma economia de subsistência, havia a presença de um complexo agrário<br />
camponês, que seria marca<strong>do</strong> tanto pela presença de camponeses, quanto pela combinação<br />
com o trabalho escravo, possui<strong>do</strong>res de lógicas distintas da plantation. No entanto, mesmo<br />
frente às alterações políticas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, estes camponeses, teriam a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> uma postura<br />
marcada pela estabilidade econômico-social, visan<strong>do</strong> a manutenção de seus padrões de vida.<br />
Tal sistema econômico garantiu a sobrevivência da população local, geran<strong>do</strong>, no entanto, uma<br />
estrutura avessa à inovação técnica. O aspecto central para explicar essa situação, está no fato,<br />
de que o campesinato local, foi gera<strong>do</strong> no interior de um sistema escravista, estimulan<strong>do</strong> assim<br />
o desvio de recursos para a aquisição de escravos, e não para a inovação técnica.<br />
Assim, este trabalho contribuirá para que preenchamos um pouco, a lacuna nos estu<strong>do</strong>s<br />
econômicos coloniais, analisan<strong>do</strong>, a conduta de grupos sociais, envolvi<strong>do</strong>s na economia<br />
familiar agrícola.<br />
Índios e caipiras: destribalização indígena e a conquista da fronteira agrícola na Zona<br />
da Mata mineira (1770-1830).<br />
Ricar<strong>do</strong> Batista de Oliveira 46<br />
Este trabalho tem por objetivo investigar o processo de destribalização e redução <strong>do</strong>s<br />
indígenas que habitavam os sertões <strong>do</strong> Leste Mineiro e verificar a relação desse processo para<br />
com a conquista e colonização dessa área, dan<strong>do</strong> atenção especial à região <strong>do</strong> Rio Pomba<br />
como núcleo irradia<strong>do</strong>r da colonização na Zona da Mata mineira entre 1770 e 1830. Destarte<br />
serão feitas considerações sobre o mo<strong>do</strong> de vida indígena nestas localidades: caracteres étnicos<br />
e raciais, organização social, cultura e produção material serão estuda<strong>do</strong>s. Em seguida, serão<br />
analisa<strong>do</strong>s mecanismos destribalizantes de grande importância, dentre os quais, pode-se citar: a<br />
catequese levada pelo Pe. Manoel de Jesus Maria, a ação “civiliza<strong>do</strong>ra” empreendida por Gui<strong>do</strong><br />
Thomaz Marlière e o escambo; sobretu<strong>do</strong>, aquele envolven<strong>do</strong> a cobiçada poaia, (raiz de uso<br />
medicina) há tempos utilizada pelos índios e a aguardente (produto que o branco logo<br />
percebeu ser altamente aprecia<strong>do</strong> pelo índio). Por fim, será verifica<strong>do</strong> o processo de efetivação<br />
da conquista da fronteira agrícola da Zona da Mata mineira: as diversas formas de resistência<br />
indígena, a formação da sociedade na Mata mineira, a incipiente atividade cafeeira e a tentativa<br />
de supressão da identidade indígena. Além de uma bibliografia específica, para a execução <strong>do</strong><br />
trabalho pode-se contar com diverso material primário (fontes diretas): listas nominativas,<br />
registros paroquiais, cartas de <strong>do</strong>ações de sesmarias, petições, processos-crime e determinações<br />
policiais. O suporte meto<strong>do</strong>lógico se dará pelo apoio da história demográfica, numa<br />
perspectiva da história social.<br />
BANDITISMO NAS MINAS COLONIAL: O BANDO DO LENDÁRIO “MÃO DE<br />
LUVA”. ( MACACU: 1783-1786)<br />
Rodrigo Leonar<strong>do</strong> de Sousa Oliveira 1 .<br />
Esse trabalho pretende enfocar a questão da ocupação e exploração econômica ilegal nos<br />
sertões de leste da Mantiqueira, denomina<strong>do</strong> Cachoeira de Macacu. Sen<strong>do</strong> assim, analisaremos<br />
46 Graduan<strong>do</strong> em história pela <strong>UFOP</strong>. Bolsista da FAPEMIG.<br />
- 63 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
as formas de ação <strong>do</strong> ban<strong>do</strong> comanda<strong>do</strong> pelo lendário Mão de Luva, pois este grupo<br />
representou um excelente exemplo de homens que exploraram ilegalmente ouro nos sertões<br />
proibi<strong>do</strong>s, onde foram posteriormente aniquila<strong>do</strong>s pelas forças de repressão <strong>do</strong> governo. As<br />
fontes utilizadas na realização desta comunicação estão concentradas em <strong>do</strong>cumentos<br />
deposita<strong>do</strong>s no Arquivo Histórico Ultramarino, além <strong>do</strong>s Códices 223 ao 242 da Seção<br />
Colonial <strong>do</strong> Arquivo Público Mineiro. Consta ainda, <strong>do</strong>cumentação transcrita presente na<br />
Revista <strong>do</strong> Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e <strong>do</strong> Arquivo Público Mineiro.<br />
A pesquisa concentra-se no âmbito da História social e política, onde será dada atenção a um<br />
estu<strong>do</strong> que contempla o campo da Micro-História, sem esquecer-nos da Macro-História. Em<br />
outras palavras, além da estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ban<strong>do</strong> de Macacu, tentaremos enfocar a questão<br />
extremamente complexa <strong>do</strong>s Homens pobres livres, além <strong>do</strong>s mecanismos de repressão<br />
envolvi<strong>do</strong>s na repressão à esses indivíduos.<br />
QUANDO A FÉ É REMÉDIO: BENZEDURAS, EX-VOTOS E MEDICINA NO<br />
SÉCULO XVIII NA REGIÃO DAS MINAS.<br />
Walisson Antônio Pereira 47<br />
A presente comunicação, fruto de uma pesquisa de Iniciação Científica PROBIC/FAPEMIG,<br />
tem como objetivo verificar procedimentos medicinais populares e eruditos na região<br />
minera<strong>do</strong>ra setecentista. A medicina na América Portuguesa caracterizava-se por uma<br />
precariedade de recursos e procedimentos. As poucas vantagens profissionais proporcionadas<br />
pelo trabalho na Colônia e o exótico quadro nosológico <strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong> podem ser<br />
aponta<strong>do</strong>s como causas da quase inexistência de médicos, cirurgiões e boticários na região das<br />
minas vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Reino, o que comprometeu a assistência à população, que “quase sempre<br />
padecia de grandes necessidades” 48 . O sincretismo cultural que se deu a partir <strong>do</strong> convívio<br />
entre indígenas, portugueses e africanos foi crucial para a formação de uma medicina popular,<br />
<strong>do</strong>tada de procedimentos curativos provin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> uso de ervas, minerais, práticas mágicas e<br />
religiosas. A fé, com isso, atrelou-se à magia, geran<strong>do</strong> uma série de procedimentos que<br />
atendessem às necessidades de cura das mais diversas moléstias. A <strong>do</strong>ença era concebida como<br />
um mal que deveria ser expurga<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo. Com isso, a fé em Deus e nos Santos<br />
desenvolveu, na crendice popular, procedimentos curativos para as mais diversas <strong>do</strong>enças,<br />
como o uso de palavras e petições aos padroeiros por curas. Os ex-votos, apresenta<strong>do</strong>s<br />
geralmente em formas de tábuas votivas, eram ofereci<strong>do</strong>s aos Santos como forma de<br />
agradecimento por diversas graças alcançadas , entre elas, curas de diversos males. O uso de<br />
palavras que curam, a benzedura, também era comum como alternativa de expurgar o mal <strong>do</strong><br />
corpo <strong>do</strong>ente. A presente comunicação objeta lançar um olhar sobre como eram concebidas a<br />
<strong>do</strong>ença e a cura pela população mineira <strong>do</strong> século XVIII, utilizan<strong>do</strong>-se de <strong>do</strong>cumentos <strong>do</strong><br />
Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, <strong>do</strong>s ex-votos da Igreja de Bom Jesus de<br />
Matozinhos (Congonhas - MG) e <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de medicina Erário Mineral, <strong>do</strong> cirurgião licencia<strong>do</strong><br />
Luis Gomes Ferreira.<br />
47 Gaduan<strong>do</strong> em História pela Universidade Federal de Ouro Preto e aluno bolsista PROBIC/FAPEMIG.<br />
48 FERREIRA, Luis Gomes. Erário Mineral. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002, PROÊMIO.<br />
- 64 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
A FAMÍLIA AMPLIADA: AS RELAÇÕES DE COMPADRIO E<br />
APADRINHAMENTO ENTRE ESCRAVOS NA MARIANA SETECENTISTA<br />
Moacir Rodrigo de Castro Maia 49<br />
Este trabalho visa apresentar as relações de parentesco construídas pelos escravos na Mariana<br />
setecentista, utilizan<strong>do</strong>, para tal, as ligações estabelecidas pelo ato <strong>do</strong> batismo de inocentes<br />
cativos.<br />
Pelo batismo criava-se <strong>do</strong>is tipos de relações o de apadrinhamento e o de compadrio. Essas<br />
ligações são chamadas de parentesco espiritual, alargan<strong>do</strong> assim a família, agora constituída<br />
pelos pais, a criança, e os parentes eleitos - o compadre (padrinho) e a comadre (madrinha) e<br />
também a família destes.<br />
Estas ligações têm uma grande importância nas sociedades de Antigo Regime, pois, a rede<br />
familiar se abria e acabava por criar novos vínculos ou reforçar os já existentes.<br />
O apadrinhamento era um ato com uma pluralidade de senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>s. Revela a<br />
existência de um “círculo relacional”, no qual pretende-se reforçar e estreitar os laços, ou num<br />
círculo que se pretende fazer parte. Nestas duas opções se colocam tanto os desejos <strong>do</strong>s pais<br />
da criança quanto os desejos <strong>do</strong>s padrinhos, escolher e aceitar ser escolhi<strong>do</strong>. O compadrio é<br />
assim, uma relação na qual as duas partes fazem uma aliança e se tornam parentes espirituais.<br />
Perceber se a família escrava buscava os seus parentes espirituais entre o próprio grupo<br />
escravo, ou <strong>do</strong>s ex-escravos ou mesmo <strong>do</strong>s livres é o objetivo da presente comunicação, pois<br />
assim, poderemos entender as ações sociais <strong>do</strong>s escraviza<strong>do</strong>s na urbe mineira.<br />
Para perceber as práticas de escolhas de padrinhos na Mariana <strong>do</strong> século XVIII utilizaremos as<br />
atas batismais, registro precioso, pois, se descortina as relações familiares construídas pelo ato<br />
<strong>do</strong> batismo. Apresentaremos os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s para os perío<strong>do</strong>s de 1721-1725, 1751-1755 e<br />
1781-1785, registros <strong>do</strong>s inocentes batiza<strong>do</strong>s na Sé Marianense. Estes <strong>do</strong>cumentos se<br />
encontram no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana. Faremos uso da meto<strong>do</strong>logia<br />
da História Social e Quantitativa.<br />
Erlaine Aparecida Januário ∗<br />
Jóias de a<strong>do</strong>rno, como investimento e de devoção.<br />
O presente estu<strong>do</strong> surgiu <strong>do</strong> levantamento realiza<strong>do</strong> nos inventários post-mortem <strong>do</strong> segmento<br />
composto por homens e mulheres pobres livres e libertos de Vila Rica colonial, existentes no<br />
Arquivo Histórico Museu da Inconfidência/OP, cujo objetivo central da pesquisa foi<br />
compreender a realidade da vida material, a relação e os significa<strong>do</strong>s que a população pobre<br />
vilarriquenha estabeleceu com suas indumentárias, acessórios e jóias uma vez que esses artigos<br />
estiveram incumbi<strong>do</strong>s de marcar as distâncias sociais e simbolizaram poder, prestígio e<br />
reconhecimento da posição social dentro da paisagem urbana, evidencian<strong>do</strong> o caráter<br />
hierarquiza<strong>do</strong>r e simbólico <strong>do</strong> vestuário, jóias e insígnias. Durante a análise desses elementos<br />
que constituíram o universo material <strong>do</strong>s livres e libertos pobres foi observa<strong>do</strong> que a aquisição<br />
49 Mestran<strong>do</strong> em História pela Universidade Federal Fluminense.<br />
∗ Pós-graduada pela Universidade Federal de São João Del Rei. Este trabalho faz parte de minha monografia <strong>do</strong> curso de especialização<br />
em História de Minas Gerais Século XIX, intitulada “A Sociedade das aparências: Vila Rica (1789 –1807). Curso de Pós-Graduação Latu<br />
Senso. São João Del Rei/ UFSJ, 2003.<br />
- 65 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
de jóias nem sempre estava relacionada ao poder aquisitivo, prestígio social e ao tgosto<br />
estético; ora representaram uma forma de investimento para o momento presente e futuro, ora<br />
objetos de pura devoção. Nesse senti<strong>do</strong>, o estu<strong>do</strong> das jóias, permitiu conhecer o significa<strong>do</strong><br />
desse objeto que compôs o universo <strong>do</strong>s bens, sobretu<strong>do</strong>, a capacidade de perceber os<br />
meandros econômicos e culturais que envolveram a esfera social.<br />
MULHERES SOLTEIRAS CHEFES DE D0MICÍLIO: MARIANA: C.1800 – C.1822<br />
Romilda Oliveira Alves 50<br />
O presente trabalho virá apresentar o projeto PIP que propõe o estu<strong>do</strong> da chefia feminina nos<br />
<strong>do</strong>micílios de Mariana, a partir da primeira metade <strong>do</strong> século XIX, nos anos entre 1800 e 1822.<br />
Nesse estu<strong>do</strong>, analisaremos a estratégia de sobrevivência das mulheres dentro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios<br />
rurais e urbanos, procuran<strong>do</strong> similaridades e diferenças entre eles. A partir de mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
século XVIII, houve elevada porcentagem de mulheres chefian<strong>do</strong> <strong>do</strong>micílios em Vila Rica,<br />
fenômeno que poderia ser explica<strong>do</strong>, pela baixa freqüência de casamentos e também pela<br />
emigração masculina em busca de terras férteis nas regiões de fronteira agrícola, como era o<br />
caso da Zona da Mata mineira. As mulheres por não terem, aparentemente, um companheiro<br />
apresentavam eleva<strong>do</strong> grau de autonomia social e econômica, em muitos casos para sustentar a<br />
prole ilegítima. A pesquisa que está em andamento utiliza a meto<strong>do</strong>logia da Demografia<br />
Histórica, para analisar os <strong>do</strong>micílios chefia<strong>do</strong>s por mães solteiras de Mariana de fins <strong>do</strong><br />
perío<strong>do</strong> colonial. Dessa forma, os registros paroquiais, inventários post-mortem, testamentos,<br />
listas nominativas e a bibliografia especializada são as bases <strong>do</strong> projeto.<br />
“A CONSTRUÇÃO HISTORIOGRÁFICA Do MOVIMENTO DE 1842”<br />
Valéria Cristina Rodrigues de Souza 51<br />
Este trabalho pretende demonstrar como a historiografia sobre o movimento de 1842 é<br />
recorrente nos livros “História <strong>do</strong> Movimento de 1842” e “A Revolução de 1842” de Cônego<br />
Antonio Marinho e Andrade Martins respectivamente. Os autores <strong>do</strong>s livros analisa<strong>do</strong>s<br />
tiveram participação direta ou indireta no movimento, seus livros foram escritos ainda no calor<br />
da causa onde os autores não tiveram acesso aos <strong>do</strong>cumentos oficiais a respeito <strong>do</strong><br />
movimento, e os perigos da parcialidade na escrita <strong>do</strong> livro são inclusive anuncia<strong>do</strong>s por<br />
Marinho em seu livro. Entender como o movimento é representa<strong>do</strong> por esses autores e a<br />
maneira com que estes livros, por serem os mais importantes acerca <strong>do</strong> tema, afetam a<br />
construção <strong>do</strong> tema ate os dias de hoje é o nosso objetivo. Utilizamos o conceito de Eric<br />
Hobsbawm de a ‘Invenção das tradições’, ou seja, foi produzi<strong>do</strong> um padrão que se tornou um<br />
paradigma para o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> movimento. É interessante também estar atento ao <strong>do</strong>gma<br />
‘mineiridade’ que integra os movimentos mineiros. Pelas palavras de Maria Arminda Arruda<br />
“esboça-se o conceito de que os artífices <strong>do</strong>s movimentos importantes foram homens de razão<br />
suprema.” 52<br />
50 Graduanda em História pela Universidade Federal de Ouro Preto<br />
51 Aluna <strong>do</strong> 5º perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> curso de Historia.<br />
52 ARRUDA, Maria Arminda. Mitologia da mineiridade: O Imaginário Mineiro na Vida Política e Cultural <strong>do</strong> Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1990 , p.66 .<br />
- 66 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Guerra <strong>do</strong> Paraguai: Controvérsias da historiografia sobre as causas <strong>do</strong> conflito.<br />
Thiago Rabelo Sales 53<br />
Esta comunicação é parte integrante de um trabalho de pesquisa sobre o restabelecimento das<br />
Relações Internacionais entre o Brasil e o Paraguai no pós-guerra da Tríplice Aliança. Através<br />
da análise de autores clássicos como Leon Pomér e Júlio José Chiavenatto e de outros mais<br />
contemporâneos como Francisco Doratioto, podemos observar grandes disparidades em suas<br />
obras, principalmente com relação às causas da Guerra. Isto se dá, devi<strong>do</strong> às diversas correntes<br />
que se formaram na análise <strong>do</strong> tema, suscitan<strong>do</strong> o debate historiográfico. Na presente<br />
Comunicação, pretende-se apresentar esta primeira parte da pesquisa, que é o entendimento <strong>do</strong><br />
conflito, através da leitura de fontes primárias impressas, artigos e livros sobre o tema,<br />
mostran<strong>do</strong> as diferenças apontadas por diversos autores, analisan<strong>do</strong> suas fontes e<br />
meto<strong>do</strong>logias utilizadas na construção de seus discursos, dan<strong>do</strong> a relevância e o<br />
reconhecimento mereci<strong>do</strong>s à cada autor. Analisar o papel <strong>do</strong> Império brasileiro na elaboração<br />
das políticas internas e externas durante e depois da guerra também é nossa preocupação, já<br />
que é de suma importância que se acompanhe as movimentações e transformações no cenário<br />
das Relações Internacionais ocorridas neste que foi o episódio mais violento da história <strong>do</strong><br />
país. Mostrar o impacto <strong>do</strong> conflito em questão sobre as nações Americanas e como esses<br />
países se posicionaram em relação ao tema aborda<strong>do</strong> também será de nosso interesse, visto<br />
que a Guerra os obrigou à uma revisão de seus papéis no cenário das relações internacionais.<br />
A busca por uma identidade latino- americana através da Literatura: um estu<strong>do</strong> da<br />
obra de Gabriel García Márquez, Cien Años de Soledad e de Octávio Paz, El Laberinto<br />
de la Soledad.<br />
Karla Pereira Cunha 54<br />
Este trabalho visa discutir a respeito da formação da identidade na América Latina na segunda<br />
metade <strong>do</strong> século XX, particularmente <strong>do</strong>s anos de 1950 e 1960. Terá como ponto de partida o<br />
estu<strong>do</strong> de duas obras: o ensaio El Laberinto de la Soledad, <strong>do</strong> mexicano Octávio Paz e o romance<br />
Cien Años de Soledad, <strong>do</strong> colombiano Gabriel García Márquez, obras publicadas em 1950 e 1967<br />
respectivamente.<br />
A pesquisa partirá <strong>do</strong> pressuposto de que, no século XX, a Literatura da América Latina teve<br />
como uma de suas principais preocupações a busca da especificidade <strong>do</strong> ser latino-americano e<br />
por meio dela, os escritores participaram da política e das reivindicações sociais. Tem como<br />
objetivo fazer uma história social da literatura ten<strong>do</strong> como eixo o conceito de solidão<br />
formula<strong>do</strong> pelos <strong>do</strong>is autores menciona<strong>do</strong>s.<br />
Solidão <strong>do</strong> homem latino-americano aqui será entendida como uma criação literária, recorrente<br />
nos escritos <strong>do</strong>s anos de 1950 e 1960. Estaremos então, verifican<strong>do</strong> as abordagens dadas ao<br />
tema pelos intelectuais hispânicos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. Assim as problemáticas apontadas por Paz e<br />
García Márquez serão vistas como inseridas dentro de um universo cultural mais amplo, como<br />
vozes que se levantam e questionam acerca <strong>do</strong> futuro da América Latina e um certo ceticismo<br />
53 Graduan<strong>do</strong> em História pela Universidade Federal de Ouro Preto<br />
54 Bacharelanda em História <strong>UFOP</strong><br />
- 67 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
quanto aos benefícios advin<strong>do</strong>s com a modernização, um mal-estar vin<strong>do</strong> das incertezas<br />
quanto ao desenvolvimento <strong>do</strong> continente.<br />
Cláudio Lúcio de Carvalho Diniz i<br />
TRISTEZA TUPINIQUIM<br />
Esta comunicação tem o objetivo de oferecer uma análise <strong>do</strong>s motivos da tristeza brasileira no<br />
Retrato <strong>do</strong> Brasil, de Paulo Pra<strong>do</strong>, a partir das matrizes que caracterizaram suas escolhas teóricometo<strong>do</strong>lógicas.<br />
Pensamos que fica evidente na leitura da obra que existe aí uma tensão entre<br />
um campo de idéias típicas <strong>do</strong> século XIX e outro, que reinventa o primeiro, de idéias<br />
pertinentes ao modernismo brasileiro. O livro de Pra<strong>do</strong> inaugura uma nova etapa na<br />
historiografia brasileira quan<strong>do</strong> busca constituir-se numa síntese da história <strong>do</strong> Brasil através de<br />
uma generalização ensaística. Esse membro da aristocracia cafeeira paulista estabeleceu uma<br />
rede de relações heterogênea que contava com intelectuais e artistas de procedência diversa.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, sua análise da tristeza brasileira é uma releitura da obra de autores de diversos<br />
horizontes intelectuais. Forma<strong>do</strong> por diversas escolas, seu escopo demonstra a presença <strong>do</strong><br />
elemento tradicional reinventa<strong>do</strong> pelo modernismo. A tradição que se reveste em novo na obra<br />
de Paulo Pra<strong>do</strong> oferece um indicativo da tensão que alimentou a idéia modernista. Para tal<br />
intento, trabalhamos com as obras de Paulo Pra<strong>do</strong>, sua correspondência com Capistrano de<br />
Abreu, Eça de Queiroz, Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>, Mário de Andrade, René Thiollier etc e o catálogo de<br />
sua biblioteca particular.<br />
ABORDAGENS SOBRE OS HOMENS DE NEGÓCIOS EM FINS DO SÉCULO<br />
XVIII E INÍCIO DO XIX NO TERMPO DE MARIANA<br />
Andréa Trus<br />
Esta apresentação abordará alguns <strong>do</strong>s temas desenvolvi<strong>do</strong>s na pesquisa para a dissertação <strong>do</strong><br />
mestra<strong>do</strong> em histórica cultural.<br />
Visa compreender através <strong>do</strong>s testamentos e inventários entre 1778-1810 no Termo de<br />
Mariana, quem eram esses negociantes como viviam, suas relações sociais, de trabalho, posses<br />
de escravos, entre tantos elementos encontra<strong>do</strong>s em tais fontes.<br />
Naquele momento a economia das Minas ao contrário de uma idéia de crise e estagnação, se<br />
modificava, decorrente da queda de extração <strong>do</strong> ouro. De forma que, a retomada da economia,<br />
estabeleceu-se no abastecimento interno no Sul desta região, e o termo de Mariana, passou a<br />
fornecer produtos para o Sul, e com isso, manteve de alguma forma o funcionamento de um<br />
merca<strong>do</strong> de abastecimento interno.<br />
Portanto, analisar e entender quem eram os negociantes, as diversas maneiras de negociar e<br />
como eram as práticas cotidianas, num momento de mudanças para a economia desta região.<br />
Vale ressaltar que este trabalho não está concluí<strong>do</strong>.<br />
- 68 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
ABASTECIMENTO ALIMENTAR EM GOIÁS NO SÉCULO XIX: ESCASSEZ,<br />
CARESTIA E FOME<br />
Sônia Maria de Magalhães 55<br />
Em Goiás, da mesma forma que se verificou em outras regiões, imperavam a falta, a penúria, a<br />
carestia e, costumeiramente, a fome propriamente dita. Desde os tempos mais remotos, os<br />
goianos habituaram-se a buscar suprimentos alimentícios nas matas para completar a sua dieta,<br />
diante da insuficiente produção de alimentos. Praticava-se a agricultura em pequenas<br />
propriedades, sobretu<strong>do</strong> em sítios, empregan<strong>do</strong>, na maioria das vezes, somente a força de<br />
trabalho familiar, carente de recursos para investir na compra de equipamentos capazes de<br />
melhorar a produção. A extensão de terra denominada mato grosso de Goiás abrigava grande<br />
número de sítios dedica<strong>do</strong>s à produção de alimentos. As fazendas, ao contrário <strong>do</strong>s sítios, eram<br />
unidades maiores e apresentavam grande potencial produtivo. Nelas, empregava-se largamente<br />
o trabalho escravo e, apesar de se dedicarem à agropecuária, especializaram-se mais na criação<br />
de ga<strong>do</strong>, atividade econômica mais rentável. Havia um pre<strong>do</strong>mínio dessas propriedades,<br />
principalmente no sertão <strong>do</strong> Paranã e em Formosa.<br />
Embora surtissem alguns efeitos, as ações administrativas, apenas paliativas, mostraram-se<br />
ineficazes no combate às crises alimentícias. A ação <strong>do</strong>s atravessa<strong>do</strong>res, a sazonalidade<br />
climática, a falta de estímulo à agricultura, a ausência de técnicas, a falta de braços, os altos<br />
impostos, as dificuldades de comércio e transporte são fatores que se cruzam e entrecruzam<br />
para justificar aquela realidade.<br />
Por intermédio <strong>do</strong> cruzamento de informações contidas nos relatórios <strong>do</strong>s Presidentes de<br />
Província, <strong>do</strong>s relatórios militares, da literatura <strong>do</strong>s viajantes estrangeiros e das noticias<br />
contidas no jornal A Matutina Meyapontese é possível conhecer um pouco melhor os<br />
mecanismos de produção e consumo de alimentos em Goiás ao longo <strong>do</strong> oitocentos.<br />
Carlo Monti 56<br />
TRANSIÇÃO PARA LIBERDADE<br />
Apresentar as relações que se estabeleciam entre senhor e escravo em meio ao processo de<br />
alforria. As cartas de liberdade não são consideradas como o fim das obrigações devidas pelos<br />
escravos e sim como o momento inaugural de um novo tipo de relacionamento entre senhor e<br />
escravo. Estes vínculos mantinham o escravo alforria<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> ao seu ex-senhor de algum<br />
mo<strong>do</strong>. A continuidade de um relacionamento entre ex-proprietário e liberto pode ser vista<br />
como a reprodução <strong>do</strong> padrão de <strong>do</strong>minação anterior, nesse caso, as alforrias revelariam a<br />
política escravista. Cartas de liberdade, testamentos e inventários registra<strong>do</strong>s no termo de<br />
Mariana entre os anos de 1750 e 1779, são as fontes trabalhadas. O conjunto <strong>do</strong>cumental<br />
passou por análise quantitativa (SPSS) e qualitativa, seguin<strong>do</strong> os parâmetros da história<br />
econômica e social. A literatura sobre as liberdades em Minas Gerais permitiu a prática de<br />
análises comparativas.<br />
55 Mestre e <strong>do</strong>utoranda em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP - Campus de Franca / SP).<br />
56 Doutoran<strong>do</strong> USP-SP. Prof. e Coord. da Especialização em História <strong>do</strong> “Centro Universitário Barão de Mauá”.<br />
- 69 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
AS ELITES COLONIAIS E A COROA NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE<br />
MINEIRA: OS COBRADORES DOS QUINTOS REAIS EM MARIANA (1713-1724)<br />
Simone Cristina de Faria 57<br />
Este trabalho tem como objeto de estu<strong>do</strong> os cobra<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s quintos reais que atuaram na<br />
região das minas, especificamente no termo de Mariana, no perío<strong>do</strong> de 1713 a 1724.<br />
O que se pretende é compreender o papel desse grupo na formação da estrutura social das<br />
Minas Setecentistas, buscan<strong>do</strong> comprovar a hipótese de que eram obtentores de um lugar<br />
específico entre as elites coloniais e, que assim, possuíam poder de negociação com a coroa,<br />
mantinham redes de relações de poder e interdependência e tinham certo grau de interferência<br />
na sociedade. Consideramos que dentre os serviços presta<strong>do</strong>s à coroa dificilmente poderíamos<br />
imaginar um mais importante <strong>do</strong> que a arrecadação de impostos, e dentro desta é evidente que<br />
os quintos possuíam importância fundamental, daí a importância de tal cargo.<br />
Faz-se necessário para o estu<strong>do</strong> compreender o contexto em que esta sociedade está inserida,<br />
bem como a evidência na mesma de elementos que comprovam que segue um modelo de<br />
sociedade de Antigo Regime, caracterizada por padrões nobiliárquicos de reprodução.<br />
Buscan<strong>do</strong> visualizar melhor o panorama das hierarquias sociais, nos apoiamos em estu<strong>do</strong>s<br />
recentes da historiografia brasileira e portuguesa, que têm demonstra<strong>do</strong> percepção da força das<br />
elites coloniais. Esses estu<strong>do</strong>s mostram-se essenciais para a definição dessas elites, bem como<br />
para a compreensão das suas estratégias de acumulação e reprodução social.<br />
As fontes a serem trabalhadas encontram-se no Arquivo Histórico da Câmara Municipal de<br />
Mariana e na Casa Setecentista de Mariana e são respectivamente os livros de recebimento <strong>do</strong>s<br />
quintos de ouro e os inventários post-morten. A meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada será de levantamento e<br />
posterior cruzamento de da<strong>do</strong>s. Primeiramente serão levanta<strong>do</strong>s os nomes <strong>do</strong>s cobra<strong>do</strong>res e os<br />
seus respectivos inventários e depois cruzar-se-á esses da<strong>do</strong>s com a <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong> Arquivo<br />
Histórico Ultramarino e <strong>do</strong> Códice Costa Matoso.<br />
A Historiografia sobre o debate acerca da economia colonial brasileira<br />
Leandro Braga de Andrade 58<br />
O objetivo desta comunicação é apresentar um esboço geral sobre o debate historiográfico<br />
acerca da economia colonial brasileira. O texto se refere ao primeiro capítulo <strong>do</strong> relatório de<br />
pesquisa sobre a economia mineira no século XIX, envia<strong>do</strong> ao CNPq/PIBIC. A<br />
construção historiográfica tem como elemento importante as exigências <strong>do</strong> presente. Os<br />
temas, as abordagens e os problemas propostos mostram a busca pelo entendimento <strong>do</strong>s<br />
processos históricos. No caso da História <strong>do</strong> Brasil a lógica da colonização é essencial para<br />
entender o processo que culminou na crise e na ruptura <strong>do</strong> sistema colonial. Este, por sua vez<br />
contribui para o entendimento da formação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da nação brasileiras.<br />
O perío<strong>do</strong> colonial tornou-se, assim, objeto de pesquisa da História Econômica na busca da<br />
compreensão da lógica <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> sistema colonial brasileiro e conseqüentemente<br />
da formação contemporânea <strong>do</strong> Brasil. Esta área <strong>do</strong> conhecimento histórico alimentou debates<br />
durante o século XX, principalmente a partir da década de 1970. As discussões, tratam, ainda<br />
57 Graduanda em História pela Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
58 Graduan<strong>do</strong> em História pela <strong>UFOP</strong>.<br />
- 70 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
hoje, da busca de modelos explicativos para a dinâmica e senti<strong>do</strong> da economia no perío<strong>do</strong><br />
colonial/imperial da História <strong>do</strong> Brasil.<br />
Ainda hoje, podemos identificar as correntes de interpretação sobre os ritmos da economia<br />
brasileira, dividida entre as visões clássicas, ou externalistas, e as visões revisionistas, ou<br />
internalistas. Preferimos entendê-las como complementares, não como oponentes ou<br />
antagônicas, pois apesar das falhas identificadas, cada trabalho possui algo a acrescentar na<br />
formação das explicações acerca da economia colonial/imperial brasileira.<br />
O TRABALHO DE CRIANÇAS LIVRES EM MARIANA, NA PRIMEIRA METADE<br />
DO SÉCULO XIX<br />
André Soares da Cunha 59<br />
Nossa pesquisa, que se encontra em andamento, e portanto não dispõe de resulta<strong>do</strong>s<br />
conclusivos, pretende analisar o papel <strong>do</strong> trabalho infantil na sociedade marianense, na<br />
primeira metade <strong>do</strong> século dezenove, principalmente, naquele tipo de ocupação em que era<br />
indispensável algum grau de aprendiza<strong>do</strong> – a tecelagem, por exemplo. Especificamente, nos<br />
preocupamos em compreender como era realizada a transmissão desse saber. De acor<strong>do</strong> com<br />
nossa hipótese ela dependia <strong>do</strong> ensino <strong>do</strong>méstico, ou seja, de uma estrutura familiar. Podemos<br />
perceber que por trás da discussão acerca <strong>do</strong> trabalho infantil existe a questão de uma maior ou<br />
menor estabilidade no interior <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios. É importante ter em conta que esse aprendiza<strong>do</strong><br />
acontecia, na maioria das vezes, nos primeiros quatorze anos de vida, ou seja, durante o que é<br />
denomina<strong>do</strong> hoje como infância. Após esta idade a criança já era considerada, na maior parte<br />
<strong>do</strong>s casos, um profissional e não mais apenas um aprendiz. Até o momento usamos como<br />
fonte primária a lista nominativa de Sumi<strong>do</strong>uro (atual Padre Viegas) <strong>do</strong> ano de 1819. Outras<br />
listas ainda estão sen<strong>do</strong> estudadas como a de Mariana, Passagem (ambas de 1819) e Furquim,<br />
datada de 1835 – encontradas no Arquivo Municipal de Mariana, a fim de verificar quais eram<br />
as principais atividades praticadas pelas crianças daquela cidade e se essas ocupações eram<br />
realmente aquelas em que um perío<strong>do</strong> de aprendiza<strong>do</strong> se fazia necessário. Levamos em conta<br />
que todas as crianças estavam, de alguma forma, envolvidas na mesma atividade econômica <strong>do</strong><br />
chefe <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio onde elas viviam. Após o término da análise quantitativa passaremos a<br />
pesquisar as fontes qualitativas, como os <strong>do</strong>cumentos de ações cíveis a respeito de tutela e<br />
“redução de pessoa livre ao cativeiro”, localiza<strong>do</strong>s na Casa Setecentista de Mariana, para<br />
verificar se crianças eram requisitadas em <strong>do</strong>micílios onde seus pais biológicos não residiam, o<br />
que pode demonstrar que os menores eram importantes para alguns chefes de <strong>do</strong>micílio. E o<br />
que consistia esse interesse, possivelmente, era a utilização da força de trabalho dessas crianças.<br />
59 Graduan<strong>do</strong> em História.<br />
- 71 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
O CRIMINOSO SEGUNDO A CÂMARA DE MARIANA (1800-1810)<br />
ALAN NARDI DE SOUZA 60<br />
A perspectiva da história vista de baixo atraiu de imediato aqueles historia<strong>do</strong>res ansiosos por<br />
ampliar os limites de sua disciplina, abrir novas áreas de pesquisa e explorar as experiências<br />
históricas daqueles homens e mulheres, cuja existência é freqüentemente ignorada. Para Jim<br />
Sharpe, mesmo hoje, grande parte da história ensinada nas universidades considera a<br />
experiência da massa <strong>do</strong> povo no passa<strong>do</strong> como inacessível ou sem importância. Segun<strong>do</strong><br />
Sharpe, aqueles que escrevem a história vista de baixo não apenas proporcionam um campo de<br />
trabalho que nos permite conhecer mais sobre o passa<strong>do</strong>, mas também tornam claro que<br />
existem muitos segre<strong>do</strong>s que poderiam ser conheci<strong>do</strong>s e que ainda estão encobertos por<br />
evidências inexploradas. É com esta perspectiva, a da “história vista de baixo”, que buscamos<br />
desenvolver a pesquisa. Em fins <strong>do</strong> século XIX e mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX uma grande<br />
quantidade de mudanças ocorreu no Brasil, atingin<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os níveis da experiência social.<br />
Nunca, em um perío<strong>do</strong> anterior, tantas pessoas foram envolvidas de mo<strong>do</strong> tão completo e tão<br />
rápi<strong>do</strong> num intenso processo de transformação de seus hábitos cotidianos. Em meio a estas<br />
mudanças, introduzem-se no cenário brasileiro, teorias de pensamento até então desconhecidas<br />
no país, como o positivismo, o evolucionismo e o darwinismo. A antropologia criminal é mais<br />
um componente da produção científica brasileira no início <strong>do</strong> século XX, que visava, através<br />
de práticas de prevenção e repressão criminais, identificar, criminalizar e punir certos<br />
indivíduos através da crença de que seus caracteres biológicos, frente às adversidades sociais e<br />
climáticas, determinavam comportamentos anti-sociais. Ao que parece, a abordagem proposta<br />
pela antropologia criminal, já teria si<strong>do</strong> implementada um século antes na cidade mineira de<br />
Mariana. De forma incomum, encontramos entre a <strong>do</strong>cumentação da Cadeia de Mariana,<br />
referente ao início <strong>do</strong> século XIX, autos de prisão que caracterizavam de forma detalhada os<br />
criminosos, de maneira semelhante à antropologia criminal da escola Positiva de Lombroso,<br />
Ferri e Garofalo. É com esta hipótese que procuramos trabalhar.<br />
A participação da Província de Minas Gerais e da Escola de Minas de Ouro Preto nas<br />
Exposições Universais <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> século XX<br />
Paulo Coelho Mesquita Santos 61<br />
Este trabalho pretende apresentar os resulta<strong>do</strong>s iniciais <strong>do</strong> projeto “ORGANIZAÇÃO,<br />
RESTAURAÇÃO E DIFUSÃO DO ACERVO TÉCNICO CIENTÍFICO DA <strong>UFOP</strong>:<br />
NOVOS ELEMENTOS PARA A HISTÓRIA DA CIÊNCIA NO BRASIL”. O material que<br />
vem sen<strong>do</strong> levanta<strong>do</strong> e analisa<strong>do</strong> consiste em <strong>do</strong>cumentos relativos a Escola de Minas desde a<br />
sua fundação.<br />
A Escola de Minas de Ouro Preto, fundada em 1876 com vinda de engenheiros franceses, fez<br />
parte de uma política de incentivo ao desenvolvimento da ciência a<strong>do</strong>tada pelo governo<br />
imperial <strong>do</strong> Brasil na segunda metade <strong>do</strong> século XIX. Nesse processo de estruturação <strong>do</strong><br />
capitalismo na Europa e na América <strong>do</strong> Norte, consolida-se a figura <strong>do</strong> engenheiro como<br />
profissional capaz de viabilizar o progresso da humanidade através da aplicação <strong>do</strong><br />
60 Graduan<strong>do</strong> <strong>do</strong> 8º perío<strong>do</strong> de História da Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
61 Estudante de História <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong> - <strong>UFOP</strong>.<br />
- 72 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
conhecimento científico e tecnológico. Por intermédio da participação nas Exposições<br />
Universais de Berlim (1886), Paris (1889), Chicago (1893), Santiago (1894), Saint Louis (1904),<br />
Bruxelas (1910) e Turim (1911), a EMOP contribuiu para a divulgação <strong>do</strong>s recursos minerais<br />
<strong>do</strong> Brasil visan<strong>do</strong> atrair investimentos para o país. Nessas Exposições expunham-se as<br />
inovações <strong>do</strong> capitalismo que se consolidava em escala mundial.<br />
Destaca-se neste contexto a criação da “Sociedade de Geographia Econômica de Minas<br />
Geraes” em 1889 (seu primeiro presidente foi Henri Gorceix) que visava promover a<br />
“industria, o comércio e a imigração na província de Minas Gerais”. Há uma estreita relação<br />
entre a SGE, os engenheiros da EMOP, e a organização e classificação <strong>do</strong>s materiais<br />
recolhi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s seus sócios para serem envia<strong>do</strong>s para as Exposições Universais visan<strong>do</strong><br />
representar a província de Minas. A análise da posição social e econômica destes sóciosmembros<br />
pode trazer evidências sobre a elite econômica e política que se consoli<strong>do</strong>u em Minas<br />
Gerais entre o final <strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> século XX.<br />
MESSIANISMO DA RAZÃO: AS REPRESENTAÇÕES DA UTOPIA<br />
O discurso anarquista nas redes da episteme racionalista<br />
Antônio Luiz Vieira ∗<br />
O artigo analisa a “luta de representações” na formação de um novo imaginário social.<br />
Estabelece correlações entre as representações produzidas pelo discurso anarquista e as<br />
representações produzidas pelo discurso hegemônico das elites intelectuais no Brasil, nas<br />
primeiras décadas <strong>do</strong> século XX. Um “jogo de espelhos” entre representações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que<br />
formam redes de forças e estratégias de poder. Trabalhamos com a hipótese de que, não<br />
obstante podermos aproximar o discurso anarquista a uma “razão emancipatória”, o mesmo<br />
acaba por produzir-se como “presa” dentro da episteme racionalista que sustenta os discursos<br />
e as estratégias da ordem burguesa emergente. Negan<strong>do</strong> o capitalismo emergente, o discurso<br />
anarquista afirma a mesma constelação simbólica das elites reforma<strong>do</strong>ras.<br />
Kelly Cristina Nascimento 62<br />
As representações <strong>do</strong> feminino na imprensa mineira<br />
A proposta deste trabalho visa pensar o processo de emancipação das mulheres mineiras entre<br />
o final <strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> século XX, passan<strong>do</strong> por uma análise <strong>do</strong> ideal de mulher<br />
difundi<strong>do</strong> pela sociedade. Os estu<strong>do</strong>s historiográficos sobre a família brasileira, salvo<br />
importantes exceções, confirmam a supremacia masculina em relação à mulher no interior <strong>do</strong><br />
quadro social. Durante séculos a mulher foi vista como inferior ao homem e via de regra esta<br />
esteve à mercê de suas decisões. No entanto, não devemos fechar os olhos para as diversas<br />
manifestações contrárias a esta imposição social que muitas mulheres explicitaram em<br />
diferentes regiões <strong>do</strong> Brasil. Importantes pesquisas sobre o tema foram desenvolvidas nas<br />
últimas décadas, no campo da Sociologia, Psicologia, Educação, História dentre outras. A<br />
História das Mulheres constitui-se como um campo específico no interior da História Social e<br />
∗<br />
Mestre em História Social, na linha “Política e Imaginário”, pela Universidade Federal de Uberlândia. Professor da rede municipal de<br />
ensino de Ribeirão Preto – SP.<br />
62<br />
Mestranda em História Social da Cultura pela UFMG.<br />
- 73 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Cultural, e particularmente quanto à temática sugerida neste projeto, deve-se destacar as<br />
representações <strong>do</strong> cotidiano e <strong>do</strong>s costumes. Toda esta discussão será realizada a partir de<br />
artigos seleciona<strong>do</strong>s de jornais e revistas mineiros <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> cita<strong>do</strong>, uma vez que neste<br />
momento a imprensa é a responsável pela formação de uma opinião pública ou de opiniões.<br />
Através das informações contidas nestes periódicos, buscar-se-á perceber como era a conduta<br />
social - idealizada e/ou real- das mulheres mineiras, assim como analisar as visões da sociedade<br />
e especialmente destas mulheres quanto ao processo de emancipação feminina.<br />
- 74 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
LETRAS<br />
Estratégias argumentativas na política de cotas nas instituições públicas<br />
William Augusto Menezes 63<br />
Gilmar Bueno Santos 64<br />
Fernanda Borges Ferreira 65<br />
Maysa da Pádua Teixeira<br />
A presente comunicação situa-se no campo da Análise <strong>do</strong> Discurso. Ela tem por objeto o<br />
exame de algumas estratégias argumentativas a respeito da questão de se reservar ou não uma<br />
cota de 50% das vagas das Instituições Federais de Educação Superior aos negros, aos índios e<br />
aos par<strong>do</strong>s que tenham cursa<strong>do</strong> integralmente o Ensino Médio em escolas públicas. Esta é,<br />
sabemos, uma proposição legislativa <strong>do</strong> Governo Federal, sob o argumento que a medida<br />
promove uma correção histórica da discriminação racial, contribuin<strong>do</strong> para um acesso<br />
realmente igualitário aos bens públicos, em particular, à educação superior. O assunto<br />
encontra-se na ordem <strong>do</strong> dia das discussões, com manifestações a favor e contra, evidencian<strong>do</strong><br />
uma variedade de discursos no interior da opinião pública, e permitin<strong>do</strong> que os defensores das<br />
diversas posições utilizem estrategicamente determina<strong>do</strong>s procedimentos argumentativos e<br />
valores socialmente partilha<strong>do</strong>s. A partir da Teoria da Argumentação de Ch. Perelman e L.<br />
Olbrechts-Tyteca, a Nova Retórica, concentramos a atenção nas condições básicas para o<br />
início da relação argumentativa, a constituição <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> básico entre os ora<strong>do</strong>res e os seus<br />
auditórios, e em saber como se combinam a finalidade persuasiva desta tipologia discursiva e<br />
determina<strong>do</strong>s aspectos legais na formação de novos direitos e deveres. De uma maneira geral,<br />
tais questões podem ser sintetizadas pelo conhecimento acerca da interação entre os campos<br />
normativo e discursivo, no processo de deliberação em curso.<br />
REDUÇÃO DAS VOGAIS POSTÔNICAS [I, U] NO PORTUGUÊS BRASILEIRO:<br />
ANÁLISE AUDITIVA/ACÚSTICA.<br />
Gleice de Andrade Neves 66<br />
Profª. Drª. Adriana S. Marusso<br />
A presente proposta tem o intuito de relatar o desenvolvimento de uma pesquisa em<br />
andamento na Universidade Federal de Ouro Preto que verifica a realização fonética das vogais<br />
postônicas [I, U] no português brasileiro, especificamente da cidade de Belo Horizonte e região<br />
metropolitana. Este estu<strong>do</strong> pretende ainda caracterizar foneticamente tais vogais através de<br />
uma análise auditiva e acústica. Para isso, primeiramente, os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s de duas informantes<br />
<strong>do</strong> sexo feminino foram submeti<strong>do</strong>s a uma análise auditiva para verificar se o ouvi<strong>do</strong> humano<br />
registra essas variantes postônicas como reduzidas e, portanto, distintas de suas<br />
correspondentes plenas. Com o término dessa etapa podemos perceber que o ouvi<strong>do</strong> humano<br />
identifica diferenças na produção dessas vogais tanto em termos de quantidade quanto de<br />
qualidade vocálica. Assim, partimos para a análise acústica para verificar se essas diferenças<br />
63 Doutor em Estu<strong>do</strong>s Lingüísticos: Análise <strong>do</strong> Discurso. Pesquisa<strong>do</strong>r FAPEMIG-FALE/UFMG.<br />
64 Mestran<strong>do</strong>. POSLIN-FALE/UFMG.<br />
65 Mestranda. POSLIN-FALE/UFMG.<br />
66 Graduanda em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto.<br />
- 75 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
observadas durante a análise auditiva são as mesmas em termos acústicos. A fim de verificar as<br />
diferenças acústicas existentes entre as variantes postônicas [I, U] e suas correspondentes<br />
tônicas, ambas serão analisadas, pois assim, poderemos traçar um panorama mais específico da<br />
produção dessas vogais. A análise acústica que se encontra em processo inicial está sen<strong>do</strong><br />
realizada através <strong>do</strong> programa de computa<strong>do</strong>r PRAAT 4.0.2 de análise da fala, desenvolvi<strong>do</strong><br />
por Paul Boersma e David Weenink <strong>do</strong> Departamento de Fonética da Universidade de<br />
Amsterdam, e que pode ser adquiri<strong>do</strong> gratuitamente através da internet. Finalmente, as análises<br />
auditiva e acústica serão cotejadas. Ao comparamos as vogais em contexto às vogais<br />
produzidas isoladamente, percebemos que as primeiras são mais centrais e reduzidas na<br />
qualidade. Sabemos ainda que as vogais átonas, alvo de nosso estu<strong>do</strong>, estão mais vulneráveis<br />
aos efeitos co-articulatórios, ou seja, tendem a sofrer maiores influências <strong>do</strong>s demais<br />
segmentos, se comparadas com suas correspondentes tônicas. Assim, buscaremos caracterizar<br />
auditiva e acusticamente as variantes [I, U] a fim de ampliar os conhecimentos a respeito das<br />
vogais <strong>do</strong> português brasileiro.<br />
O PROGRAMA PRAAT 4.0.2 ©: UMA FERRAMENTA AUXILIAR<br />
NO ENSINO DE FONÉTICA E FONOLOGIA<br />
Adelma L.O. Silva. Araújo 1 (mestranda)<br />
Thaïs Cristófaro Silva 2 (orienta<strong>do</strong>ra)<br />
Adriana Silvia Marusso 3 (co-orienta<strong>do</strong>ra)<br />
No Brasil, há, segun<strong>do</strong> Albano (1998), apenas cinco laboratórios de fonética, <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s quais<br />
estão na UNICAMP, e os três últimos são de propriedade da UFRJ, UFSC e a UFMG,<br />
respectivamente. É fato, portanto, que a maioria <strong>do</strong>s estudantes de graduação sairá da<br />
universidade sem ter conheci<strong>do</strong> um instrumento sequer de análise acústica. O custo<br />
elevadíssimo de um laboratório restringe a manipulação <strong>do</strong>s seus instrumentos somente a<br />
poucos estudantes de pós-gradução e professores pesquisa<strong>do</strong>res. Mas a não disponibilidade de<br />
laboratórios em todas universidades não pode ser um empecilho ao conhecimento, já que<br />
como alia<strong>do</strong> <strong>do</strong> ensino de fonética e fonologia está a revolução tecnológica. A disponibilidade<br />
via internet de programas de análise acústica poderá ser um elo que faltava para a descoberta<br />
de como associar a teoria á prática de análise acústica. Respostas a diversas perguntas poderiam<br />
ser encontradas através <strong>do</strong> uso da tecnologia. Algumas dessas perguntas seriam: quais<br />
ferramentas podem auxiliar o ensino da fonética acústica? Existem programas de acústica de<br />
fácil manipulação? É necessário conhecimento profun<strong>do</strong> para manipular um programa de<br />
acústica? Como devo proceder para usar um programa deste tipo? Qual será o ganho para o<br />
aluno se a prática (uso <strong>do</strong> programa) for associada à teoria?<br />
A exposição consistirá da análise da realização fonética pela autora de uma vogal <strong>do</strong> espectro<br />
vocálico <strong>do</strong> português brasileiro. Serão descritos a etapas meto<strong>do</strong>lógicas realizadas durante a<br />
análise acústica descreven<strong>do</strong>-se os passos desde a gravação até aferição <strong>do</strong>s três primeiros<br />
formantes forneci<strong>do</strong>s pelo programa Praat 4.2.0 ©. Pretende-se mostrar as vantagens que<br />
seriam obtidas pelos alunos se esses associassem a teoria à prática na análise acústica. A curva<br />
1 Aluna <strong>do</strong> Programa de Pós-Graduação em Estu<strong>do</strong>s Lingüísticos – FALE/UFMG<br />
2 Profª. Adjunta da Faculdade de Letras da FALE/UFMG<br />
3 Profª. Adjunta <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais – <strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong><br />
- 76 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
de onda sonora será utilizada para mostrar as características identifica<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> segmento<br />
analisa<strong>do</strong>. A partir deste traça<strong>do</strong> pode-se delimitar as fronteiras segmentais. Por fim, pretendese<br />
incentivar a comunidade acadêmica à busca de instrumentos que tornem o estu<strong>do</strong> de<br />
Fonética e Fonologia menos abstrato.<br />
A VARIABILIDADE DO /a/ PRETÔNICO EM CONTEXTO INICIAL, MEDIAL<br />
E PRÓXIMO À SILABA TÔNICA, EM PALAVRAS POLISSILÁBICAS<br />
Adelma L.O. Silva. Araújo 1 (mestranda)<br />
Thaïs Cristófaro Silva 2 (orienta<strong>do</strong>ra)<br />
Adriana Silvia Marusso 3 (co-orienta<strong>do</strong>ra)<br />
O espectro vocálico oral átono <strong>do</strong> português brasileiro tem si<strong>do</strong> objeto de estu<strong>do</strong> de muitas<br />
pesquisas ao longo das últimas décadas, sen<strong>do</strong> as vogais médias [Ε,ε, ,ο,] as mais investigadas.<br />
A alternância dessas vogais em sílaba pretônica foi estudada por Lemos (2001), Callou & Leite<br />
(1987), Bortoni et all (1992) Viegas (1987) dentre outros. Viegas atestou uma elevada<br />
probabilidade <strong>do</strong> processo de alçamento ocorrer quan<strong>do</strong> essas vogais se encontram em<br />
contexto início de palavra. Para Bisol (1981), o alçamento <strong>do</strong> [ε] ~ [i] estuda<strong>do</strong> por Viegas<br />
pode ser descrito pela regra de harmonia vocálica. Schmidt (1995) corrobora os resulta<strong>do</strong>s<br />
apresenta<strong>do</strong>s por Bisol e acrescenta, no entanto, que a ocorrência <strong>do</strong> processo de alçamento se<br />
pontencializa quan<strong>do</strong> no contexto seguinte a vogal alçada se encontrar mais de uma vogal alta<br />
em contigüidade.<br />
Vê-se que já é possível traçar um perfil <strong>do</strong>s processos aos quais as vogais médias se submetem.<br />
O mesmo, entretanto, não pode ser dito da vogal baixa /a/. Embora já Matoso Câmara<br />
(1983:42) saliente que há no Brasil uma oposição da vogal baixa no registro informal, este<br />
segmento só recentemente passou de desconheci<strong>do</strong> a fértil campo de investigação. Araújo &<br />
Freitas (2001, 2002) analisaram qualitativamente o /a/ pretônico a partir das produções <strong>do</strong>s<br />
informantes de Mariana e Ouro Preto. As autoras atestaram que esse processo fonológico,<br />
bastante produtivo na região, é favoreci<strong>do</strong> pela presença em contexto seguinte de consoantes<br />
velares e vogais altas em contigüidade. O presente trabalho pretende mostrar que existe uma<br />
variabilidade <strong>do</strong> /a/ pretônico influenciada por vários fatores, dentre outros, tipo silábico e<br />
distância em que se insere a vogal em relação à sílaba tônica. As vogais pretônicas de [a. ba. ka.<br />
'ΣΙ] e [a. ba. 'ka. tΣΙ] foram analisadas acusticamente e os resulta<strong>do</strong>s tanto inter- quanto<br />
intrafalante serão expostos e interpreta<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s gráficos de dispersão <strong>do</strong> programa<br />
Excel.<br />
1 Aluna <strong>do</strong> Programa de Pós-Graduação em Estu<strong>do</strong>s Lingüísticos – FALE/UFMG<br />
2 Profª. Adjunta da Faculdade de Letras da FALE/UFMG<br />
3 Profª. Adjunta <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais – <strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong><br />
- 77 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
BREVE INTRODUÇÃO AO PROGRAMA DE ANÁLISES ESTATÍSTICAS COM<br />
MÚLTIPLAS VARIÁVEIS GOLDVARB, VERSÃO 2001<br />
Adelma Lúcia de Oliveira Silva Araújo 1<br />
Thaïs Cristófaro Silva 2<br />
Adriana Silvia Marusso 3<br />
Este trabalho tem como objetivo fazer uma breve exposição das ferramentas que compõem o<br />
programa Goldvarb 2001 (Robinson, Lawrence & Tagliamonte 2001). Esse programa de<br />
análise acústica permite o tratamento estatístico de da<strong>do</strong>s em análise de múltiplas variáveis<br />
realiza<strong>do</strong> através de modelos matemáticos. Por rodar na plataforma win<strong>do</strong>ws possibilita um<br />
processamento de da<strong>do</strong>s com maior rapidez. O uso de programas estatísticos para a análise de<br />
estu<strong>do</strong>s lingüísticos, envolven<strong>do</strong> variação, otimizou a análise da variação sonora, não somente<br />
por oferecer os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s cálculos em forma de peso relativo, de freqüência de ocorrência,<br />
das probabilidades e <strong>do</strong>s percentuais sobre os da<strong>do</strong>s estuda<strong>do</strong>s, mas além de tu<strong>do</strong> por fornecer<br />
o papel desempenha<strong>do</strong> pelas variáveis lingüísticas e extralingüísticas, como agentes<br />
condiciona<strong>do</strong>res ou não da ocorrência da variação.<br />
Almeja-se, portanto, despertar nos estudantes de graduação o interesse de se familiarizar com o<br />
Goldvarb 2001, um programa utiliza<strong>do</strong> em diversas pesquisas, especialmente na área de<br />
Fonética e Fonologia. É mister, ainda, salientar que esse programa poderá ser utiliza<strong>do</strong> como<br />
instrumento adicional no ensino de várias disciplinas, dentre elas podemos citar: Prática de<br />
Pesquisa Lingüística, Meto<strong>do</strong>logia de Pesquisa, etc. A seqüência de apresentação desse<br />
programa obedecerá a seguinte ordem: (a) criação de arquivos; (b) a codificação e uso <strong>do</strong>s<br />
da<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com os critérios prescritos pelo programa; (c) criação de células; (d) análise<br />
das variáveis; (e) breve explicação ao processo de tabulação cruzada e, por fim, (f) a discussão<br />
sobre a interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, tanto em relação ao peso relativo quanto ao peso<br />
percentual.<br />
Gil Vicente: A Literatura Portuguesa e a Intertextualidade Bíblica<br />
Danúbia Aline Silva*<br />
Gil Vicente, um homem consciente e preocupa<strong>do</strong> com as questões sociais e religiosas de sua<br />
época, exerceu um papel determinante para o desenvolvimento <strong>do</strong> Teatro Português. Suas<br />
obras Literárias apresentam uma forte intertextualidade com vários textos bíblicos. Suas<br />
preocupações com a moralidade, com a sociedade e até mesmo com as autoridades religiosas<br />
são reveladas ao leitor através de diversas referências à Bíblia, que Gil Vicente faz de uma<br />
maneira inteligente e bem elaborada.<br />
Quan<strong>do</strong> lemos a Barca <strong>do</strong> Inferno ou o Auto da Alma dentre outras obras nos certificamos de<br />
que há muitas mensagens implícitas que requerem um estu<strong>do</strong> mais atento e contextualiza<strong>do</strong><br />
desses textos da literatura portuguesa. Os versículos bíblicos preenchem a obra vicentina de<br />
1 Aluna <strong>do</strong> Programa de Pós-Graduação em Estu<strong>do</strong>s Lingüísticos – FALE/UFMG<br />
2 Profª. Adjunta da Faculdade de Letras da FALE/UFMG - Orienta<strong>do</strong>ra<br />
3 Profª. Adjunta <strong>do</strong> Instituto de Ciências Humanas e Sociais – <strong>ICHS</strong>/<strong>UFOP</strong> – Co-orienta<strong>do</strong>ra<br />
- 78 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
uma religiosidade enraizada nos princípios e nas verdades presentes neste livro sagra<strong>do</strong>. O<br />
estu<strong>do</strong> dessa intertextualidade visa a identificar e comparar as relações diretas entre estes textos<br />
da Literatura Portuguesa e textos bíblicos específicos. Durante a comparação, são aponta<strong>do</strong>s<br />
os contextos em que se encontra o fragmento de texto da obra literária, assim como o<br />
respectivo texto a que se refere na Bíblia. Ao realizarem-se as comparações e as relações entre<br />
os textos, é feito um estu<strong>do</strong> da história <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> dentro da obra vicentina, enfocan<strong>do</strong> a<br />
presença <strong>do</strong>s sete peca<strong>do</strong>s capitais (avareza, ira, gula, inveja, luxúria, preguiça e vaidade).<br />
Uma pesquisa séria e fundamentada da intertextualidade bíblica dentro das Barcas e de outras<br />
obras de Gil Vicente abre um importante leque de novas possibilidades de interpretações e<br />
conclusões para o entendimento crítico <strong>do</strong>s estudiosos.<br />
O TERCEIRO NÍVEL DO AMOR NA NOVELA BURITI, DE GUIMARÃES ROSA<br />
Marina de Souza Jacob 67<br />
O tema <strong>do</strong> amor na obra de Guimarães Rosa conta como um <strong>do</strong>s principais críticos Benedito<br />
Nunes, o qual enfoca a perspectiva amorosa a partir das idéias platônicas. De acor<strong>do</strong> com o<br />
crítico o percurso <strong>do</strong> amor em Guimarães Rosa “parte <strong>do</strong> mais baixo para atingir o mais alto”.<br />
Este amor ‘mais baixo’ está relaciona<strong>do</strong> à matéria, ao prazer sexual, enquanto o ‘mais alto’ ligase<br />
ao nível espiritual, à ascese da alma.<br />
Verifica-se, por outro la<strong>do</strong>, que a interpretação <strong>do</strong> estudioso de Guimarães Rosa, Luis Roncari,<br />
parece divergir da de Benedito Nunes. Roncari, ao analisar o “São Marcos”, de Sagarana,<br />
relaciona o simbolismo de três árvores existentes na estória deste conto com três níveis de<br />
amor presentes na obra rosiana. Assim, o amor carnal, sexual – considera<strong>do</strong> ‘baixo’ para Nunes<br />
- é visto sob nova perspectiva, a qual será abordada neste trabalho cuja atenção se volta para a<br />
novela Buriti.<br />
TERRA IGNOTA: OS SENTIDOS DA PALAVRA “SERTÃO” EM OS SERTÕES,<br />
DE EUCLIDES DA CUNHA<br />
Rivânia Maria Trotta Sant’Ana 68<br />
O trabalho ora proposto para comunicação apresenta uma primeira versão da análise da visão<br />
<strong>do</strong> Brasil presente em Os Sertões, de Euclides da Cunha, através da observação <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s<br />
atribuí<strong>do</strong>s à palavra “sertão” em sua narrativa.<br />
Partimos <strong>do</strong> pressuposto de que o livro de Euclides se insere na tradição <strong>do</strong>s relatos de<br />
estrangeiros e brasileiros em viagem pelo País, empenha<strong>do</strong>s em conhecer seu território e<br />
também em revelar/denunciar as mazelas <strong>do</strong> povo brasileiro.<br />
Consideramos, porém, que a narrativa euclidiana transcende essa tradição, na medida em que<br />
não só denuncia as condições de aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> sertão e <strong>do</strong> sertanejo, mas aponta também na<br />
direção contrária, fazen<strong>do</strong> um paralelo entre sertão e litoral brasileiros, para revelar<br />
semelhanças trágicas subjacentes entre essas regiões.<br />
67 Graduanda em Licenciatura de Língua Portuguesa, <strong>UFOP</strong><br />
68 Professora da Universidade Federal de Ouro Preto, mestranda em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais.<br />
- 79 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
O PERCURSO DA NEGRITUDE NAS LITERATURAS AFRICANAS<br />
DE EXPRESSÃO PORTUGUESA<br />
-<strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> ao nacionalismo-<br />
César Francioso Martins*<br />
O trabalho aqui apresenta<strong>do</strong> propõe-se a, através de análises e interpretações crítico-literárias,<br />
identificar, definir e sistematizar através da literatura o que se convencionou chamar negritude<br />
nas culturas africanas de expressão portuguesa.<br />
Para tal, como pressupostos teóricos a embasar a pesquisa, lança-se mão de duas<br />
sistematizações lítero-culturais profundamente dialogantes entre si e intensamente baseadas no<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> termo-conceito negritude através da história de tais países africanos de<br />
expressão portuguesa (a saber: Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique).<br />
Trata-se de estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Prof. Dr. da Universidade de Coimbra Luís Pires Laranjeira e <strong>do</strong> poetaensaísta<br />
e intelectual português profundamente envolvi<strong>do</strong> com a causa africana de expressão<br />
portuguesa Alfre<strong>do</strong> Margari<strong>do</strong>.<br />
Assim, a partir <strong>do</strong> confrontamento desses <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s (extremamente apoia<strong>do</strong>s na idéia e no<br />
desenvolvimento da chamada negritude em tais culturas) sistematiza<strong>do</strong>res das fases líteroculturais<br />
das literaturas africanas de expressão portuguesa acompanha<strong>do</strong> de análises literárias<br />
de textos referentes a cada uma das fases sistematizadas pelos referi<strong>do</strong>s estudiosos, procurarse-á<br />
traçar o percurso, refleti<strong>do</strong> através da literatura, desse tão controverso e expressivo termoconceito<br />
encontra<strong>do</strong> nas culturas africanas, desde sua gênese –quan<strong>do</strong> ainda de cunho<br />
estritamente sagra<strong>do</strong> e vincula<strong>do</strong> às raízes tribais-, passan<strong>do</strong> pelo pan-africanismo e pelo<br />
independentismo de inícios <strong>do</strong> século XX até o momento nacionalista e globalizatório em que<br />
hoje podemos encontrar parte de tais culturas.<br />
Esperanças da Revolução: ideais marxistas e a influência de Antonio Gramsci em<br />
Gaibéus.<br />
Carla Aparecida de Almeida 69<br />
Diego Omar da Silveira 70<br />
Pretendemos no trabalho ora proposto notar e refletir de que forma Alves Re<strong>do</strong>l, importante<br />
expoente <strong>do</strong> neo-realismo português, expressa na obra Gaibéus seus ideais marxistas, que<br />
acreditamos manifestar-se por uma profunda influência gramsciana. Já no prólogo <strong>do</strong> livro ao<br />
qual nos referimos e nos propomos analisar, Re<strong>do</strong>l conta-nos a importância de alguns filósofos<br />
e teóricos marxistas para a maturidade de seu pensamento e a leitura, refletida em Gaibéus, que<br />
ele próprio faria das situações de exclusão e marginalidade em que se encontravam os<br />
trabalha<strong>do</strong>res portugueses de então. A obra da qual tratamos constitui, por sua força e<br />
densidade, o primeiro romance neo-realista português. Foi e é uma obra militante e política, a<br />
favor de um ideal comum, a favor <strong>do</strong> povo, e por isso mesmo um romance social que traz<br />
consigo suas Ideologias. Trata-se de um livro que, sen<strong>do</strong> um “embrião”, como disse o próprio<br />
Re<strong>do</strong>l, é um romance belo e contagiante, pois nos leva a experimentar esta<strong>do</strong>s diversos ao<br />
longo da leitura: êxtase, <strong>do</strong>r, revolta, nojo, pena... Mas acima de tu<strong>do</strong>, força. Gaibéus incomoda,<br />
porque toca a ferida social <strong>do</strong> realizar-se humano, em uma tentativa séria de solução <strong>do</strong>s<br />
69 Aluna <strong>do</strong> 4° perío<strong>do</strong> de Letras / <strong>ICHS</strong> / <strong>UFOP</strong>.<br />
70 Aluno <strong>do</strong> 5° perío<strong>do</strong> de História / <strong>ICHS</strong> / <strong>UFOP</strong>.<br />
- 80 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
problemas que enfrentavam os escritores neo-realistas, ou seja, a dificuldade de exprimir a<br />
realidade dentro da dinâmica de suas tensões internas. Para a análise aqui proposta, baseamonos<br />
nos próprios escritos <strong>do</strong> filósofo Antonio Gramsci, bem como em alguns de seus<br />
comentaristas e em críticos literários que fizeram realçar o valor estético e proposistivo <strong>do</strong>s<br />
escritos de Alves Re<strong>do</strong>l, como Álvaro Pina.<br />
Mani Scorza*<br />
Dulce Viana Mindlin**<br />
Mito: Criação e permanência<br />
A inevitabilidade de atender os anseios <strong>do</strong> homem de compreender o mun<strong>do</strong> que o cerca<br />
origina a criação <strong>do</strong>s mitos, formas primordiais de interpretar a realidade, questionan<strong>do</strong> e<br />
simultaneamente interpretan<strong>do</strong> a origem desta. Tais narrativas provêm portanto de<br />
determinada disposição mental, de questionamento e elucidação, que origina por sua vez a<br />
concretização de um pensamento, defini<strong>do</strong> por Ortega como algo que fazemos para saber a<br />
que nos ater, sain<strong>do</strong> da dúvida.<br />
A veemente contraposição entre mito e logos torna-se então questionável, o mito possui um logos<br />
que lhe é peculiar, uma lógica envolta em crenças.<br />
O desenvolvimento desta relativa contraposição, proposta <strong>do</strong> trabalho, dar-se-há basea<strong>do</strong> nas<br />
idéias de Andrè Jolles, Gilberto de Mello Kujawski e Mircea Eliade, ten<strong>do</strong> em vista que a razão e a<br />
história são mutáveis e contestáveis e os mitos permanecem hirtos, pois são arquétipos,<br />
formam o inconsciente coletivo.<br />
O Inicia<strong>do</strong> <strong>do</strong> Vento - O Menino e o Vento: Tradução Fílmica<br />
Fernan<strong>do</strong> Alves Sales 71<br />
Exporemos no seguinte trabalho a análise da tradução <strong>do</strong> conto: “O Inicia<strong>do</strong> <strong>do</strong> Vento”, 1956,<br />
de Aníbal Macha<strong>do</strong>, para o filme: “O Menino e o Vento” 1966, de Carlos Hugo Christiansen.<br />
Os tópicos com que trabalharemos serão “ponto de vista”, “caracterização das personagens”,<br />
“traduções”, “relação enre<strong>do</strong>/trama” e “simbologia”, sen<strong>do</strong> que mais profundamente o<br />
segun<strong>do</strong> e o terceiro tópicos.<br />
A bibliografia que utilizaremos será a seguinte: o conto acima cita<strong>do</strong>, o livro “O Foco<br />
Narrativo”, os textos: “Narrativa Verbal e Narrativa Visual: Possíveis Aproximações”, de Tânia<br />
Pellegrini e: “Do texto ao filme, a cena e a construção <strong>do</strong> olhar no cinema”, de Ismail Xavier,<br />
ambos <strong>do</strong> Literatura, Cinema e Televisão, organiza<strong>do</strong> pela primeira. E alguns dicionários de<br />
simbologia para os significa<strong>do</strong>s simbólicos tanto de vento quanto de cavalo, sen<strong>do</strong> mais<br />
adiante explica<strong>do</strong>s os motivos.<br />
Seguiremos a meto<strong>do</strong>logia de Ismail Xavier e de Tânia Pelegrini, e seus devi<strong>do</strong>s pressupostos<br />
teóricos para tradução fílmica, explicita<strong>do</strong>s mais claramente no decorrer <strong>do</strong> trabalho.<br />
Temos por intenção mostrar o bom trabalho feito pelo cineasta em sua tradução fílmica <strong>do</strong><br />
presente conto.<br />
71 Graduan<strong>do</strong> da Ufop<br />
- 81 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
Adaptan<strong>do</strong> Angela Carter: Companhia <strong>do</strong>s Lobos, de Neil Jordan<br />
Thaïs Flores Nogueira Diniz[1]<br />
O trabalho tem o objetivo de analisar a tradução/adaptação de uma cena <strong>do</strong> conto de Angela<br />
Carter, “The Company of Wolves” para o cinema, realizada pelo cineastairlandês Neil Jordan.<br />
A análise será baseada na teoria de adaptação fílmica <strong>do</strong> teórico australiano Brian McFarlane,<br />
que classifica as funções narrativas em <strong>do</strong>is grupos, o das funções que são facilmente<br />
transferíveis para o cinema—funções distribucionais-- e o das que necessitam passar pelo<br />
processo que ele denomina de “adaptation proper”—funções integracionais. A análise da<br />
tradução/adaptação da cena demonstra que o processo, além de realizar a “adaptation proper”,<br />
isto é, usar recursos puramente cinematográficos na transposição de sentimentos e percepções<br />
<strong>do</strong>s personagens, ainda enfatiza a diferença no que chamamos de “narratividade”, termo<br />
utiliza<strong>do</strong> por Robert Scholes para se referir à participação <strong>do</strong> leitor na construção <strong>do</strong><br />
significa<strong>do</strong>.<br />
LEITE, Délia Ribeiro 72<br />
O Popular na Obra de Oswald de Andrade<br />
Oswald de Andrade é poeta da primeira geração modernista, conhecidamente radical e autor<br />
importante na implantação <strong>do</strong> movimento modernista no Brasil. Este movimento buscava<br />
romper tanto as tendências estéticas quanto as temáticas até então presentes na literatura<br />
brasileira. As tendências estéticas de composição foram profundamente modificadas,<br />
influenciadas pelos movimentos modernistas advin<strong>do</strong>s da Europa e pelas próprias<br />
transformações <strong>do</strong> tempo, como urbanização e industrialização. As modificações temáticas<br />
relacionam-se com a construção da identidade nacional. Nesse senti<strong>do</strong>, a poética modernista<br />
buscava incorporar valores até então marginaliza<strong>do</strong>s ou idealiza<strong>do</strong>s na representação literária.<br />
Esta nova concepção tentou substituir a visão elitista muitas vezes presente na Literatura por<br />
uma visão mais popular que representasse a verdadeira formação e identidade nacionais. Além<br />
disso, essa popularização permitiria um acesso mais amplo ao próprio povo brasileiro, tão em<br />
voga num momento de urbanização e pré-revolução. A pesquisa, portanto, apóia-se em como<br />
essa mudança temática se deu na obra de Oswald de Andrade. Busca descobrir se essa inserção<br />
<strong>do</strong> popular em sua obra representou realmente o povo brasileiro ou somente o aspecto<br />
popular brasileiro. Para tanto, são estuda<strong>do</strong>s poemas e manifestos <strong>do</strong> autor. A análise é<br />
baseada em textos teóricos e nas concepções de popular. A pesquisa é de ordem bibliográfica,<br />
mas visa fazer um paralelo entre a visão popular da época e a atual. Dessa forma, procura<br />
resgatar a obra <strong>do</strong> autor à face de nosso tempo, observan<strong>do</strong> em que senti<strong>do</strong> retratou e<br />
continua retratan<strong>do</strong> a visão e expressão populares. O trabalho estuda, portanto, como o<br />
popular influenciou na obra de Oswald de Andrade, por meio <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> desta e da<br />
contextualização histórica daquele conceito. Em seguida, trata de como a obra de Oswald de<br />
Andrade influenciou o popular, resgatan<strong>do</strong>-a à visão atual <strong>do</strong> conceito.<br />
72 Graduanda em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto<br />
- 82 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
JACQUES PRÉVERT E O SURREALISMO: A REVOLUÇÃO SURREALISTA<br />
SEMPRE<br />
Eclair Antonio Almeida Filho 73<br />
A presente comunicação pretende tratar da participação <strong>do</strong> escritor francês Jacques Prévert<br />
(1900-1977) no Surrealismo, primeiramente de 1924 até sua ruptura com André Breton, em<br />
1930, expressa no panfleto “Un cadavre”, escrito contra Breton. Nesse panfleto, além de<br />
Prévert, outros 11 (onze) dissidentes <strong>do</strong> Surrealismo tornam pública sua insatisfação com o<br />
então chama<strong>do</strong> “papa <strong>do</strong> Surrealismo”.<br />
Em nosso estu<strong>do</strong>, temos 2 (<strong>do</strong>is) objetivos: a) mostrar que, embora tenha rompi<strong>do</strong><br />
violentamente com André Breton em 1930, Prévert não aban<strong>do</strong>na o Surrealismo como atitude<br />
e esta<strong>do</strong> de espírito. B) discutir como, em sua obra poética, embora não tenha publica<strong>do</strong> nada<br />
durante sua esta<strong>do</strong> no grupo surrealista, Jacques Prévert desenvolve uma escritura surrealista<br />
tanto com temas caros aos surrealistas como o amor, a revolução, a poesia e a liberdade,<br />
quanto com associações fortuitas, jogos de linguagem e colagens verbais no plano da<br />
linguagem.<br />
Para realizar tais objetivos, analisaremos poemas de Prévert, <strong>do</strong> seu primeiro livro paroles (1946)<br />
até seu último livro Choses et autres (1972), com base nos escritos teóricos de André Breton<br />
sobre o Surrealismo, exposto nos <strong>do</strong>is primeiros manifestos surrealistas e em suas entrevistas<br />
publicadas em 1960.<br />
Veremos que Prévert pratica em sua obra uma escritura coletiva com os surrealistas e seus<br />
temas prediletos a fim de que “a poesia seja feita por to<strong>do</strong>s” (Lautréamont) com os objetivos<br />
de “transformar o mun<strong>do</strong>” (Marx) e “mudar a vida” (Rimbaud).<br />
Rafael Tibo ∗<br />
Borboletas Tatuadas: Contracultura e arte Contra a Cultura.<br />
O presente artigo é parte de uma pesquisa maior que deu resulta<strong>do</strong> à uma monografia<br />
intitulada Autobiografia e seqüelas sociais da contracultura na obra de Caio Fernan<strong>do</strong> Abreu Onde Andará<br />
Dulce Veiga. Para o presente texto foi feito um recorte específico no que toca a questão da<br />
análise simbológica <strong>do</strong> romance. Através de uma leitura baseada principalmente em materiais<br />
primários, como cartas e entrevistas <strong>do</strong> autor, o texto expõe a significação de três elementos<br />
presentes no romance, são eles: a borboleta, o labirinto de mercúrio e o número sete. Neste<br />
artigo, o leitor encontrará toda uma releitura simbológica <strong>do</strong>s elementos cita<strong>do</strong>s e as diferentes<br />
visões de diversas culturas sobre eles. O objetivo principal é averiguar a função sintática destes<br />
elementos na construção ideológica <strong>do</strong> romance, sem perder de vista o caráter histórico e<br />
social que engloba o desenvolvimento da trama. A partir da análise desses elementos, busco<br />
ressaltar a ligação existente entre o protagonista <strong>do</strong> livro e o autor, Caio Fernan<strong>do</strong> Abreu,<br />
através de uma linha que traço entre as vidas <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is.<br />
Para o trabalho geral, me apoiei principalmente no conceito de Grande Temporalidade de<br />
Bakhtin, por onde discuto a relação dialética <strong>do</strong> romance com a sua contemporaneidade e com<br />
73 Mestre em Língua francesa e literaturas de língua pela UFRJ (2001). Doutoran<strong>do</strong> em Língua francesa e literaturas de língua pela USP<br />
desde agosto de 2001.<br />
∗ <strong>UFOP</strong>: Bacharel em Estu<strong>do</strong>s Literários.<br />
- 83 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
o seu passa<strong>do</strong> mais remoto. A partir de uma análise da era <strong>do</strong> rádio, faço uma ponte com a<br />
história contemporânea e focalizo nela a abordagem <strong>do</strong> romance.<br />
“AMAR, VERBO INTRANSITIVO” – O RETRATO LITERÁRIO DE UMA<br />
SOCIEDADE DE APARÊNCIAS<br />
Edmar de Assis Campelo Ávila 74<br />
O objeto <strong>do</strong> nosso trabalho consiste em uma análise <strong>do</strong>s aspectos literários que compõem um<br />
“retrato” da sociedade brasileira <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> republicano e que estão conti<strong>do</strong>s na obra “Amar,<br />
Verbo Intransitivo” de Mário de Andrade. Nossa análise contempla a crítica social dirigida aos<br />
costumes da elite brasileira <strong>do</strong>s primeiros anos <strong>do</strong> século XX – o “favor” e as heranças<br />
escravistas conviven<strong>do</strong> com as idéias da Europa, ou seja, a “vocação agrícola” em conflito com<br />
os ideais da industrialização.<br />
A elite brasileira – que se ocupava das principais decisões da sociedade, como é o caso <strong>do</strong> voto,<br />
que era aberto e concedi<strong>do</strong> a uma parcela ínfima da população – se caracterizava pelos “novos<br />
costumes”, desregra<strong>do</strong>s e pouco atentos à realidade <strong>do</strong> Brasil republicano. Pretendemos<br />
mostrar como em “Amar Verbo Intransitivo” , Mário de Andrade faz uma crítica a essa<br />
“sociedade de aparências” e às incoerentes atitudes da elite em relação à sua própria condição<br />
“atrasada”. Para isso, recorremos às análises da sociedade brasileira da época feitas por<br />
Antônio Candi<strong>do</strong> – em especial em seu artigo “The Brazilian Family” – e Roberto Schwarz,<br />
sempre consideran<strong>do</strong> o contexto aborda<strong>do</strong> em “Amar, Verbo Intransitivo”.<br />
A abordagem literária <strong>do</strong>s fatores que constituem o perfil social brasileiro, há tempos, compõe<br />
uma vasta gama de estu<strong>do</strong>s culturais descritivos no Brasil, essa comunicação pretende<br />
contribuir, embora muito modestamente, para a ampliação desta gama.<br />
Aspectos Socioculturais das Crenças de uma Professora de Inglês como Língua<br />
Estrangeira<br />
Ciro Medeiros Mendes<br />
Este trabalho teve como objetivo interpretar as crenças que caracterizam a postura de uma<br />
professora a partir de seu estilo individual de ensino, analisar as crenças que caracterizam suas<br />
atitudes a partir da meto<strong>do</strong>logia por ela utilizada, investigar a relação de causa e efeito entre as<br />
crenças e as ações desta professora durante o processo de ensino/ aprendizagem e<br />
conscientizar a professora de suas atitudes com relação às variáveis socioculturais presentes na<br />
sala de aula, com o objetivo maior de aprimorar o processo de ensino/ aprendizagem tanto da<br />
professora participante desta pesquisa como <strong>do</strong>s outros que tomem conhecimento deste<br />
trabalho. Durante o perío<strong>do</strong> previamente estabeleci<strong>do</strong> para a pesquisa foram li<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s<br />
os textos que compõem o material bibliográfico disponível sobre o assunto. Foram feitas<br />
também as observações e a transcrição de uma das aulas de uma professora de inglês como<br />
língua estrangeira, além de uma entrevista semi-estruturada desenvolvida e aplicada com o<br />
propósito de verificar até que ponto os professores têm consciência <strong>do</strong>s aspectos<br />
socioculturais em suas sala. As crenças e as ações da professora foram posteriormente avaliadas<br />
74 Gradua<strong>do</strong> em LETRAS (Licenciatura em Língua Portuguesa) e Bacharelan<strong>do</strong> em Estu<strong>do</strong>s Literários – Professor de Língua Portuguesa.<br />
- 84 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
a partir de um questionário, sen<strong>do</strong> este constituí<strong>do</strong> de 27 afirmações onde a professora deveria<br />
indicar seu nível de concordância com estas afirmações em uma escala de 1 a 5, onde o<br />
número 1 representa o nível máximo de discordância e o número 5 representa o nível máximo<br />
de concordância em relação às afirmações. A partir desses da<strong>do</strong>s, tivemos condições de<br />
detectar algumas crenças e ações de base socioculturais e também a possibilidade de apresentar<br />
sugestões que possam aprimorar o processo de ensino/ aprendizagem.<br />
ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DAS CRENÇAS DE UMA PROFESSORA NO<br />
ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA<br />
Maria Luiza Elias Junqueira 75<br />
Os estu<strong>do</strong>s sobre as crenças de um professor no processo de ensino/aprendizagem da língua<br />
estrangeira têm o objetivo de entender os motivos que levam tais crenças a influenciar tal<br />
processo. Abrangemos, nesse trabalho, mais especificamente as crenças de cunho<br />
sociocultural, aquelas relacionadas com a forma de se aprender a língua estrangeira em um<br />
determina<strong>do</strong> grupo de pessoas que pensam e agem de maneira diferente. As crenças são<br />
relacionadas com idéias ou opiniões, que surgem através de experiências que tivemos ou não e<br />
também pela cultura. Elas são pessoais, episódicas, contraditórias e até inconscientes, além de<br />
serem mutáveis. A sociedade tem uma significativa importância na formação das crenças, e<br />
dentro dela acredita-se e pratica-se maneiras diferentes de ensino. Alguns exemplos de<br />
variáveis sociais que vão caracterizar as crenças são: o ensino nas escolas públicas, aptidão,<br />
motivação, interação, feedback, correção de erros e autonomia. O plano de trabalho elabora<strong>do</strong><br />
para o desenvolvimento da pesquisa, iniciou-se com a leitura de textos e discussão sobre as<br />
crenças no processo de ensino/aprendizagem de língua estrangeira. Depois se iniciou a coleta<br />
de da<strong>do</strong>s feito em uma universidade federal em uma cidade <strong>do</strong> interior de um esta<strong>do</strong> da região<br />
sudeste <strong>do</strong> Brasil. Primeiramente houve a filmagem de quatro aulas de uma hora e quarenta<br />
minutos e a terceira aula foi analisada por ter ti<strong>do</strong> grande interação entre os participantes.<br />
Depois foi feita uma entrevista semi-estruturada com a professora e ainda foi aplica<strong>do</strong> a ela um<br />
questionário também basea<strong>do</strong> nas observações da aula analisada. Foram identificadas algumas<br />
crenças dessa professora e elas puderam ser visualizadas através das atitudes em sala de aula e<br />
de algumas respostas e comentários feitos por ela. As atitudes são às vezes contraditórias e<br />
outras vezes condizentes com as crenças, e a partir disso acredito ainda mais que todas as<br />
crenças devam ser analisadas e criticadas sempre, pois elas interferem como encaramos o<br />
processo de ensino/aprendizagem. Analisan<strong>do</strong>-as e discutin<strong>do</strong>-as podemos tentar nos<br />
desempenhar melhor em nossos papéis de professores e aprendizes.<br />
75 Aluna da Universidade Federal de Ouro Preto<br />
- 85 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
A INFLUÊNCIA DAS CRENÇAS DE ALUNOS SOB O OLHAR<br />
SOCIOCULTURAL NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM DE<br />
INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA<br />
Alexandre Alves França de Mesquita<br />
As variáveis socioculturais presentes nas crenças <strong>do</strong> processo de ensino/aprendizagem de<br />
inglês como Língua Estrangeira (<strong>do</strong>ravante LE), assim como as alterações que tais variáveis<br />
podem provocar nos participantes da sala de aula, constituem uma ferramenta importante a ser<br />
disponibilizada para professores de língua inglesa. Esta pesquisa tem o propósito de buscar<br />
essas variáveis socioculturais que possam influenciar as crenças e as ações de alunos. Em<br />
seguida, com base nessas crenças, desenvolver atividades nas salas de aula, talvez mais eficazes<br />
e que correspondam às espectativas <strong>do</strong>s alunos. Após serem detectadas e estudadas, essas<br />
crenças podem contribuir para uma visão mais clara das interferências socioculturais na sala de<br />
aula, tornan<strong>do</strong> a postura <strong>do</strong> professor também mais crítica. Tivemos a coleta de da<strong>do</strong>s feita<br />
através de filmagem de aula, entrevista e, por fim, um questionário respondi<strong>do</strong> pelos alunos<br />
participantes. Através da análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, pudemos concluir que o professor deve estar<br />
ciente <strong>do</strong>s diferentes estilos de aprendizagem preferi<strong>do</strong>s por seus alunos, e dessa maneira,<br />
variar ao máximo to<strong>do</strong>s os procedimentos realiza<strong>do</strong>s por ele em sala de aula. Outro ponto<br />
importante que pudemos concluir foi que alguns alunos podem apresentar disparidades entre<br />
suas crenças e ações. Para evitar tal situação os professores devem assim, analisar todas as suas<br />
atividades realizadas em sala de aula e selecionar aquelas que obtiveram um melhor resulta<strong>do</strong><br />
por parte <strong>do</strong>s alunos. Justificamos essa necessidade de alternância de atividades também, pelos<br />
diferentes perfís de alunos que podemos encontrar na sala de aula e, pelo fato de que uma<br />
maior variação possivelmente contemplaria as necessidades de, pelo menos, uma maioria <strong>do</strong>s<br />
alunos. Outra conclusão que tivemos foi de que os alunos vêem os laços socioculturais<br />
estabeleci<strong>do</strong>s em sala de aula como facilita<strong>do</strong>res das interações com seus professores e,<br />
portanto, importante no processo de ensino/aprendizagem. Concluimos também que o fato de<br />
que uma certa atividade que tenha da<strong>do</strong> certo em uma turma não significa que ela irá dar certo<br />
em outra.<br />
LEITURA, LITERATURA E TRADUÇÃO:<br />
UMA ADEQUAÇÃO POSSÍVEL NO ENSINO DE LÍNGUAS NÃO-MATERNAS.<br />
Sergio Flores Pedroso*<br />
Neste artigo, a leitura em língua não-materna é a abordada pela via <strong>do</strong> lugar que a literatura<br />
ocupa em livros didáticos de espanhol e mais concretamente através <strong>do</strong> gênero narrativa. A<br />
interpretação e a consideração da tradução no processo de ensino de línguas não-maternas em<br />
geral e da leitura em particular fazem parte <strong>do</strong>s aspectos problematiza<strong>do</strong>s em torno da relação<br />
literatura/ensino a partir <strong>do</strong>s pressupostos da Análise <strong>do</strong> Discurso de linha francesa. Uma de<br />
suas premissas em relação ao ensino de línguas não-maternas é que a língua primeira configura<br />
toda aproximação de outra língua, sen<strong>do</strong> que isto envolve os componentes ideológicos da<br />
linguagem. As fontes de da<strong>do</strong>s são três livros didáticos de espanhol como língua estrangeira.<br />
- 86 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA E CURSOS DE TRADUÇÃO<br />
Fabiana Fernanda de Jesus Parreira 76<br />
Esta apresentação conjunta tem como principal objetivo expor e discutir os resulta<strong>do</strong>s parciais<br />
de uma pesquisa que vem sen<strong>do</strong> desenvolvida por alunos e professores <strong>do</strong> Bacharela<strong>do</strong> em<br />
Tradução <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>, intitulada Cursos de Tradução e Competência Tradutória: em busca de parâmetros e<br />
diretrizes para a formação <strong>do</strong> tradutor. Em linhas gerais, a pesquisa propõe-se a levantar e a analisar<br />
as propostas didático-meto<strong>do</strong>lógicas de diversos cursos de tradução, confrontan<strong>do</strong>-as com os<br />
referenciais teóricos propostos pela literatura especializada. Numa análise preliminar, temos<br />
observa<strong>do</strong>, não só pelo convívio no ambiente acadêmico e profissional da tradução, mas<br />
principalmente pela análise teórica de autores de referência da área, que falta consenso em<br />
relação à delimitação <strong>do</strong>s parâmetros didático-meto<strong>do</strong>lógicos e à natureza <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
da competência <strong>do</strong> tradutor. Através <strong>do</strong> cruzamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s teóricos com os didáticometo<strong>do</strong>lógicos,<br />
pretendemos contribuir para o aprofundamento das discussões acerca da<br />
formação <strong>do</strong> tradutor profissional e, eventualmente, para o entendimento teórico da<br />
competência tradutória. Será aborda<strong>do</strong> nessa apresentação um panorama geral <strong>do</strong> ensino de<br />
tradução e da busca da competência tradutória.<br />
COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA E CURSOS DE TRADUÇÃO<br />
Ingrid Trioni Nunes Macha<strong>do</strong> 77<br />
Esta apresentação conjunta tem como principal objetivo expor e discutir os resulta<strong>do</strong>s parciais<br />
de uma pesquisa que vem sen<strong>do</strong> desenvolvida por alunos e professores <strong>do</strong> Bacharela<strong>do</strong> em<br />
Tradução <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>, intitulada Cursos de Tradução e Competência Tradutória: em busca de parâmetros e<br />
diretrizes para a formação <strong>do</strong> tradutor. Em linhas gerais, a pesquisa propõe-se a levantar e a analisar<br />
as propostas didático-meto<strong>do</strong>lógicas de diversos cursos de tradução, confrontan<strong>do</strong>-as com os<br />
referenciais teóricos propostos pela literatura especializada. Numa análise preliminar, temos<br />
observa<strong>do</strong>, não só pelo convívio no ambiente acadêmico e profissional da tradução, mas<br />
principalmente pela análise teórica de autores de referência da área, que falta consenso em<br />
relação à delimitação <strong>do</strong>s parâmetros didático-meto<strong>do</strong>lógicos e à natureza <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
da competência <strong>do</strong> tradutor. Através <strong>do</strong> cruzamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s teóricos com os didáticometo<strong>do</strong>lógicos,<br />
pretendemos contribuir para o aprofundamento das discussões acerca da<br />
formação <strong>do</strong> tradutor profissional e, eventualmente, para o entendimento teórico da<br />
competência tradutória. Será enfatizada nessa apresentação a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />
76<br />
Graduanda <strong>do</strong> Curso de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto, com habilitação em Licenciatura em Língua Inglesa e<br />
Bacharela<strong>do</strong> em Tradução.<br />
77<br />
Graduanda <strong>do</strong> Curso de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto, com habilitação em Licenciatura em Língua Inglesa e<br />
Bacharela<strong>do</strong> em Tradução.<br />
- 87 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA E CURSOS DE TRADUÇÃO<br />
Karina Sarto Szpak 78<br />
Esta apresentação conjunta tem como principal objetivo expor e discutir os resulta<strong>do</strong>s parciais<br />
de uma pesquisa que vem sen<strong>do</strong> desenvolvida por alunos e professores <strong>do</strong> Bacharela<strong>do</strong> em<br />
Tradução <strong>do</strong> <strong>ICHS</strong>, intitulada Cursos de Tradução e Competência Tradutória: em busca de parâmetros e<br />
diretrizes para a formação <strong>do</strong> tradutor. Em linhas gerais, a pesquisa propõe-se a levantar e a analisar<br />
as propostas didático-meto<strong>do</strong>lógicas de diversos cursos de tradução, confrontan<strong>do</strong>-as com os<br />
referenciais teóricos propostos pela literatura especializada. Numa análise preliminar, temos<br />
observa<strong>do</strong>, não só pelo convívio no ambiente acadêmico e profissional da tradução, mas<br />
principalmente pela análise teórica de autores de referência da área, que falta consenso em<br />
relação à delimitação <strong>do</strong>s parâmetros didático-meto<strong>do</strong>lógicos e à natureza <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
da competência <strong>do</strong> tradutor. Através <strong>do</strong> cruzamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s teóricos com os didáticometo<strong>do</strong>lógicos,<br />
pretendemos contribuir para o aprofundamento das discussões acerca da<br />
formação <strong>do</strong> tradutor profissional e, eventualmente, para o entendimento teórico da<br />
competência tradutória. Serão enfatizadas nessa apresentação a identificação e sistematização<br />
das diversas categorias de conhecimentos e habilidades relacionadas à Competência Tradutória.<br />
AS CONSTRUÇÕES AGENTIVAS EM –EIRO: UMA ABORDAGEM<br />
SOCIOCOGNITIVA<br />
Laura Silveira Botelho 79<br />
Neusa Salim Miranda 80<br />
O desafio de pensar os processo de integração conceptual e formal das construções<br />
lingüísticas, enfrentan<strong>do</strong> as questões postas como “residuais” pela tradição formalista, tem si<strong>do</strong><br />
uma tarefa assumida, com vigor teórico, pela Lingüística Cognitiva.<br />
Neste trabalho objetivamos analisar CONSTRUÇÕES AGENTIVAS LEXICAIS EM –EIRO<br />
como uma rede de construções, ten<strong>do</strong> em conta os pressupostos teóricos da Lingüística<br />
Cognitiva, Sociocognitiva e da Gramática das Construções nos termos postula<strong>do</strong>s por<br />
Goldberg (1995), Mandelblit (1999), Fauconnier & Turner (2002), Tomasello (1997),<br />
Fauconnier (1997), Turner(1996), Salomão (2003) e Miranda (2003).<br />
Nossa hipótese é de que existe uma categoria central de agente [+ humano] que motiva uma<br />
rede de construções herdeiras. As construções herdeiras são projeções metafóricas de protonarrativas<br />
da mente humana, expandin<strong>do</strong>-se em personificações de objetos, eventos,<br />
fenômenos, espaço, elementos da natureza e esta<strong>do</strong>. Nossa proposta de análise para tais<br />
construções - uma rede de construções polissêmicas, resultantes de processamentos em<br />
MESCLA (Fauconnier e Turner, 1997, 2002; Miranda, 2003) - se distingue das propostas<br />
estruturalistas e gerativistas que tratam tais construções como concatenação de morfemas ou<br />
como resulta<strong>do</strong> de regras algorítmicas.<br />
78<br />
Graduanda <strong>do</strong> Curso de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto, com habilitação em Licenciatura em Língua Inglesa e<br />
Bacharela<strong>do</strong> em Tradução.<br />
79<br />
Mestre em Letras – Lingüística pela UFJF.<br />
80<br />
Doutora em Educação pela UFMG, orienta<strong>do</strong>ra.<br />
- 88 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
ASPECTOS DIACRÔNICOS DOS DITONGOS EM LÍNGUA PORTUGUESA<br />
Rita de Cássia SILVA 81<br />
Margareth de Souza FREITAS 82<br />
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão da literatura sobre a origem <strong>do</strong>s<br />
ditongos, a fim de buscar subsídios diacrônicos para o processo de monotongação bastante<br />
produtivo na Língua Portuguesa e em que se inserem as reduções [ey] > [e] e [ow] > [o], cujos<br />
ambientes sociolingüísticos favorece<strong>do</strong>res investigamos em projeto de Iniciação Científica<br />
intitula<strong>do</strong> “O Apagamento das semivogais [y] e [w] em ditongos decrescentes na região de<br />
Mariana – MG.”. Em latim, havia somente quatro ditongos: ae, oe, au e eu (este último, mais<br />
raro). A tendência para sua redução ascende ao próprio latim vulgar, onde encontramos formas<br />
como: celebs (caelebs), clostrum (claustrum). Na última fase <strong>do</strong> latim vulgar, surge o ditongo ai, que<br />
gera ei em português. Na opinião de Huber, esta mudança parece ter-se opera<strong>do</strong> no séc. IX: amae<br />
> ame,. hai > hei. A perda <strong>do</strong> –o de haio se explica pelo emprego proclítico deste verbo, quan<strong>do</strong><br />
auxiliar. Acha-se <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> o ditongo ou, desde mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> séc.X. No português moderno,<br />
ou alterna com oi, o que era inusita<strong>do</strong> na língua antiga. O ditongo au pode ainda provir da queda<br />
de fonema medial: amaut por amavit > amou; da transposição <strong>do</strong> –u- para a sílaba anterior: hauve<br />
(houve; da vocalização <strong>do</strong> l diante de c, p , t: fauce (fouce. Cotejan<strong>do</strong>-se o latim<br />
ao português, chega-se à conclusão de que este possui um número maior de ditongos. As<br />
causas que contribuíram para este fato são: a síncope ou a queda de fonema medial: malu ><br />
mau; a vocalização ou transposição de consoante em vogal: factu > faito > feito; a metátese ou<br />
transposição de fonema: primariu > primairo > primeiro; e a epêntese de uma vogal para desfazer o<br />
hiato: creo ( creio, tea ( teia.<br />
HOMEM, ACADÊMICO, POETA E PASTOR: UMA ANÁLISE<br />
SEMIOLINGÜÍSTICA DA CONSTITUIÇÃO DOS SUJEITOS NA OBRA DE<br />
CLAÚDIO MANOEL DA COSTA<br />
ELISSON FERREIRA MORATO 83<br />
Este trabalho investiga a constituição <strong>do</strong>s sujeitos discursivos na obra de Cláudio Manoel da<br />
Costa (1729-1789) através da teoria Semiolingüística de Patrick Charaudeau (1992), segun<strong>do</strong> o<br />
qual, os parceiros de um ato de linguagem instauram um contrato comunicacional em que, no<br />
e pelo discurso, constroem uma representação de si mesmos marcan<strong>do</strong> o papel social destes<br />
que se constituem enquanto sujeitos da enunciação. Através de um discurso acadêmico, de um<br />
prólogo e de um soneto, notamos que Cláudio, homem <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> faz-se enunciar como<br />
acadêmico, o acadêmico, por sua vez, enuncia como poeta, e o poeta, como pastor. O que nos<br />
leva a refletir que, na atividade sócio-linguageira, o sujeito da enunciação não atua em papéis<br />
estanques, mas em papéis específicos exerci<strong>do</strong>s dentro de outros mais amplos.<br />
81 Graduanda em Letras na <strong>UFOP</strong>.<br />
82 Professora Adjunto <strong>do</strong> Departamento de Letras da <strong>UFOP</strong> e orienta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> trabalho.<br />
83 Bacharel em Estu<strong>do</strong>s Lingüísticos, Licencia<strong>do</strong> em Língua Portuguesa<br />
- 89 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
O VOCATIVO EM CORPUS DO DIALETO MINEIRO OITOCENTISTA:<br />
UMA ABORDAGEM VARIACIONISTA<br />
Juliana Costa Moreira<br />
Mônica G. R. de Alkmim<br />
O presente trabalho tem como objeto de estu<strong>do</strong> o vocativo em construções de língua<br />
portuguesa coloquial em Minas Gerais no século XIX.<br />
O objetivo primeiro <strong>do</strong> trabalho em questão foi apresentar uma análise variacionista das<br />
sentenças conten<strong>do</strong> vocativo, consideran<strong>do</strong> a posição <strong>do</strong> termo na oração:[Voc + Oração],<br />
[Or+Voc + Or] e [Oração+Voc].<br />
Os da<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s na presente pesquisa foram retira<strong>do</strong>s de peças de teatro de escritores<br />
nasci<strong>do</strong>s em Minas Gerais, no século XIX.<br />
No intuito de verificar se um processo de mudança se manifestou nas construções envolven<strong>do</strong><br />
vocativos foi feita a comparação de um corpus diacrônico (séc. XIX), levanta<strong>do</strong> no presente<br />
trabalho, com um corpus sincrônico (séc. XX), obti<strong>do</strong> através <strong>do</strong> trabalho de Alkmim e Garcia<br />
(2003) - Relatório CNPq -intitula<strong>do</strong> "O Vocativo no dialeto mineiro oitocentista: uma<br />
abordagem variacionista".<br />
De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s, a modalidade [Voc + Oração] foi a mais utilizada no século XIX,<br />
enquanto que na 2ª metade <strong>do</strong> século XX, pre<strong>do</strong>minou [Oração + Voc]. Tal resulta<strong>do</strong> pode<br />
sugerir que houve uma mudança na posição <strong>do</strong> vocativo em relação à oração.<br />
O Discurso Cristão Evangélico<br />
nas eleições para a presidência <strong>do</strong> Brasil - 2002<br />
Débora Martins da costa Barbosa 84<br />
O crescente número de evangélicos no Brasil 85 tem si<strong>do</strong> acompanha<strong>do</strong> pela também crescente<br />
representação deles no cenário político-social nacional, inclusive com participação no<br />
Congresso 86 . Hoje, esses são fortes empreende<strong>do</strong>res nos meios de difusão e, em meio a to<strong>do</strong>s<br />
os seus recursos de propagação da fé, estão as suas publicações, que não se atêm ao aspecto<br />
religioso, mas também às questões sociais e políticas da sociedade. A trajetória deste segmento<br />
na sociedade brasileira sugere-nos que essa sensível mudança de postura está diretamente<br />
ligada à sua produção discursiva estrategicamente alterada 87 para alcançar finalidades que<br />
anteriormente não faziam parte <strong>do</strong> horizonte evangélico. Consideran<strong>do</strong> o discurso evangélico<br />
como uma categoria de discurso constituinte, 88 a questão básica que orienta a nossa pesquisa<br />
84 Graduada em Letras- Estu<strong>do</strong>s Lingüísticos, pela Universidade Federal de Ouro Preto em 2004.<br />
85 De acor<strong>do</strong> com o Jornal “Folha de São Paulo”, “Os evangélicos cresceram 8% ao ano na década de 90, enquanto os católicos tiveram<br />
um aumento anual de apenas 0,3%”. Estes da<strong>do</strong>s, diz o Jornal, fazem parte de levantamento realiza<strong>do</strong> pela pesquisa<strong>do</strong>ra Nilza de Oliveira<br />
Pereira, <strong>do</strong> Departamento de População e Indica<strong>do</strong>res Sociais <strong>do</strong> IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apresenta<strong>do</strong> na<br />
54 a . Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), realizada em Goiânia, no mês de julho de 2002. Cf.<br />
FOLHAONLINE, 10/07/2002 – 03h 26.<br />
86 Cf. FOLHAONLINE, 10/10/200 – 08h 04. Ver, também, publicações evangélicas, a exemplo da revista “Eclésia”, de julho 2002.<br />
87 A noção de formação discursiva foi introduzida por M. Foucault, em A Arqueologia <strong>do</strong> Saber, para se referir a um conjunto de<br />
enuncia<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s a um mesmo sistema de regras, historicamente determinadas. Em M. Pêcheux, as formações discursivas,<br />
vinculadas às formações ideológicas, “determinam o que pode e deve ser dito (articula<strong>do</strong> sob a forma de uma arenga, de um sermão, de<br />
um panfleto, de uma exposição oral, de um programa etc.) a partir de uma posição dada numa conjuntura dada”. (PÊCHEUX e FUCHS,<br />
1975: 166).<br />
88 Para D. Maingueneau e F. Cossutta (1995) são constituintes aqueles discursos que desempenham um papel “funda<strong>do</strong>r” para outras<br />
produções discursivas de uma coletividade.<br />
- 90 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
pode ser sintetizada na questão: como o discurso evangélico tem se comporta<strong>do</strong> nos<br />
momentos politicamente decisivos? Em nossa hipótese, esse discurso tem-se mostra<strong>do</strong> nos<br />
momentos de mobilização política (a exemplo <strong>do</strong>s processos eleitorais) como um discurso<br />
propagandístico, 89 assumin<strong>do</strong> as características e elementos <strong>do</strong> discurso político. O nosso<br />
trabalho é dividi<strong>do</strong> em três partes. Primeiro, apresentaremos os pressupostos teóricos da<br />
pesquisa, destacan<strong>do</strong>-se as noções de discurso, relação falante-ouvinte em Maingueneau (2002);<br />
discurso constituinte em Maingueneau e F. Cossutta (1995) e Maingueneau (2002); discurso<br />
evangélico, liga<strong>do</strong> ao estabelecimento e manutenção da ordem político-social (Bourdieu 1992),<br />
e discurso político (estrutura e relação com a <strong>do</strong>xa Cossutta e Maingueneau, 1995). Na medida<br />
em que levantamos a hipótese de que o discurso evangélico, no perío<strong>do</strong> em questão, passa a<br />
orientar-se por uma finalidade persuasiva ligada ao fazer-fazer, realizaremos, também, a<br />
apresentação de um aporte sobre o uso da argumentação, basean<strong>do</strong>-nos em Charaudeau (1993)<br />
e Menezes (2001). Na segunda parte, apresentaremos o corpus a ser examina<strong>do</strong> e na terceira<br />
parte realizaremos a análise propriamente dita.<br />
Francisco Elias Simão Merçon 90<br />
A CONSTRUÇÃO DO ETHOS KAFKIANO<br />
Se considerarmos o Curso de Lingüística Geral, de Ferdinand de Saussure, como possivelmente a<br />
primeira publicação a prezar por uma abordagem da linguagem que abolisse o referente de seus<br />
estu<strong>do</strong>s, que, por sua vez, se pautaram na estrutura imanente da linguagem, podemos dizer<br />
que, há pelo menos nove décadas, desde o surgimento dessa obra capital, há um projeto<br />
ininterrupto de constante revisão epistemológica no campo <strong>do</strong> que atualmente é conheci<strong>do</strong><br />
como teoria semiótica. Rompida com a concepção ainda preconizada pelos gramáticos de<br />
Port-Royal, a saber, a de que a linguagem é uma mera expressão <strong>do</strong> pensamento, a concepção<br />
saussuriana vai incitar em outros lingüistas, como por exemplo, o dinamarquês Louis<br />
Hjelmslev, um ponto de vista diferente com relação ao mo<strong>do</strong> de conceber a linguagem. A<br />
partir de então a linguagem não seria mais nem representação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, nem <strong>do</strong> pensamento.<br />
Ela diria respeito, portanto, a um mo<strong>do</strong> de olhar e classificar o mun<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com as<br />
particularidades de cada cultura, cada língua, ou seja, um mo<strong>do</strong> de dar forma e senti<strong>do</strong> ao caos<br />
que se encontra no mun<strong>do</strong> natural.<br />
Num diferente nível hierárquico, pois que já se tem como pressuposta a linguagem, os diversos<br />
textos que circulam ao nosso re<strong>do</strong>r são também um mo<strong>do</strong> de dar forma ao mun<strong>do</strong>, porém de<br />
maneira ainda mais específica e concreta, que, por sua vez, interessarão ao semioticista <strong>do</strong><br />
ponto de vista <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> que eles manifestam.<br />
Após tais considerações, resta afirmar que o presente trabalho parte, portanto, da construção<br />
de senti<strong>do</strong> da novela A Metamorfose, <strong>do</strong> escritor tcheco Franz Kafka, ten<strong>do</strong> como apoio a teoria<br />
semiótica greimasiana, bem como recentes reformulações, para se chegar à instância<br />
enunciativa da obra, mais próximo daquilo que comumente é conheci<strong>do</strong> como ethos kafkiano.<br />
89 Segun<strong>do</strong> P. Charaudeau (1999), os discursos propagandísticos (como o discurso político e o discurso publicitário) têm por finalidade a<br />
persuasão e a sedução <strong>do</strong> outro para um fazer-fazer na sociedade, isto é, um sujeito comunicante na posição de benfeitor endereça-se a<br />
um sujeito interpretante na posição de beneficiário agin<strong>do</strong> sobre este para que realize uma ação. No caso <strong>do</strong> discurso político eleitoral,<br />
essa ação é o voto e, no limite, que o sujeito interpretante possa se tornar um co-enuncia<strong>do</strong>r discursivo.<br />
90 Mestran<strong>do</strong> em Semiótica (FFLCH/USP – bolsista CNPQ)<br />
- 91 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
O “Recrea<strong>do</strong>r Mineiro” como fonte para o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Português oitocentista<br />
Aline Peixoto Gravina *<br />
Para se conhecer o português <strong>do</strong> século XIX, é necessário que se tenha um conjunto confiável<br />
de da<strong>do</strong>s, para assim obter um grupo de informações essenciais para estudiosos de diferentes<br />
áreas da Lingüística, mais exatamente, para aqueles interessa<strong>do</strong>s em Sociolingüística,<br />
Lingüística Histórica, Teoria Gramatical, dentre outros. O presente trabalho, que possui<br />
financiamento da FAPEMIG, tem como objetivo buscar tal conjunto de da<strong>do</strong>s com a<br />
transcrição de artigos publica<strong>do</strong>s no Periódico Literário “O Recrea<strong>do</strong>r Mineiro”, edita<strong>do</strong> no<br />
perío<strong>do</strong> de 1845 a 1848, pela Typografhia Imparcial de Bernar<strong>do</strong> Xavier Pinto de Sousa, na<br />
cidade de Ouro Preto (MG). A coleção completa desse periódico encontra-se microfilmada no<br />
Centro de Estu<strong>do</strong>s Literários Luso-Brasileiros (CELLB), no Instituto de Ciências Humanas e<br />
Sociais (<strong>ICHS</strong>) da Universidade Federal de Ouro Preto (<strong>UFOP</strong>). Inicialmente o projeto busca<br />
identificar marcas e características da linguagem falada nas Minas Gerais <strong>do</strong> século XIX,<br />
através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s artigos publica<strong>do</strong>s no jornal e desta maneira formar um corpus de<br />
transcrição <strong>do</strong>s artigos <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> jornal, explicitan<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s referentes àquele que escreveu<br />
tais artigos, isto é, quem era, profissão, idade, situação econômica, escolarização. E ainda, se o<br />
artigo era escrito por um redator ou se eram assina<strong>do</strong>s por outros autores. Essa busca de<br />
fontes <strong>do</strong>cumentais escritas por brasileiros, educa<strong>do</strong>s no país e que aqui permaneceram até a<br />
idade adulta, é um <strong>do</strong>s primeiros passos para a realização <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da História <strong>do</strong> Português<br />
<strong>do</strong> Brasil (Ramos,1998).Assim, os artigos publica<strong>do</strong>s no jornal “O Recrea<strong>do</strong>r Mineiro”<br />
permitem separar, na coleta de da<strong>do</strong>s, textos escritos por brasileiros aqui educa<strong>do</strong>s daqueles<br />
escritos por portugueses, ou ainda, brasileiros educa<strong>do</strong>s em Portugal. Concluin<strong>do</strong>, “O<br />
Recrea<strong>do</strong>r Mineiro”, desta forma, permite a formação de um corpus representativo de uma<br />
dada época, que apresente os vários segmentos da sociedade. Essa questão é de suma<br />
importância, quan<strong>do</strong> se propõe fazer um estu<strong>do</strong> de Sociolingüística com da<strong>do</strong>s diacrônicos.<br />
ARTIGOS E ENSAIOS CIENTÍFICOS: DOIS LADOS DE UMA MESMA MOEDA?<br />
Elke Beatriz Felix Pena 91<br />
À partir da constatação de que, em publicações científicas, os gêneros textuais artigo e ensaio<br />
são muitas vezes toma<strong>do</strong>s um pelo outro, procuramos desenvolver uma pesquisa sobre<br />
questões relacionadas à constituição destes gêneros, visan<strong>do</strong> suas semelhanças, suas diferenças<br />
e seus pontos de interseção, a fim de melhor caracterizá-los. O corpus utiliza<strong>do</strong> é composto<br />
por textos de publicações da área das Ciências Humanas e Sociais que trazem explicitamente o<br />
nome <strong>do</strong> gênero a que pertencem. Fizemos, então, uma análise comparativa entre as definições<br />
<strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s gêneros já existentes na literatura da área (como manuais de pesquisa e produção<br />
de textos científicos) e os textos classifica<strong>do</strong>s como artigo e aqueles classifica<strong>do</strong>s como ensaio.<br />
Com base em trabalhos de Eduar<strong>do</strong> Guimarães (1995 / 2002), Eni Orlandi (1996), Michel<br />
Foucault (1996), François Rastier (1998) e Luiz Francisco Dias (2004), em nosso estu<strong>do</strong><br />
consideramos tanto aspectos estruturais <strong>do</strong>s textos quanto aspectos discursivos.<br />
* Graduanda em Licenciatura em Língua Portuguesa .<br />
91 O autor desta comunicação é forma<strong>do</strong> em história pelo <strong>ICHS</strong>-<strong>UFOP</strong> (licenciatura e bacharela<strong>do</strong>) e<br />
atualmente cursa o último ano <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong> em história social <strong>do</strong> IFCS-UFRJ.<br />
- 92 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
ANÁLISE AUDITIVA/ACÚSTICA DAS VOGAIS POSTÔNICAS [Ι,Υ] NO<br />
PORTUGUÊS BRASILEIRO.<br />
Fernanda Wermelinger Rocha<br />
O objetivo desta pesquisa consiste em analisar foneticamente a redução vocálica de [Ι,Υ] em<br />
posição postônica, caracterizan<strong>do</strong> sua qualidade em seus aspectos auditivo e acústico,<br />
cotejan<strong>do</strong> esses <strong>do</strong>is aspectos e desvelan<strong>do</strong> conseqüências desta redução nos padrões rítmicos<br />
da língua. O foco de seu esforço analítico se concentra no Português <strong>do</strong> Brasil, em sua<br />
modalidade falada nos municípios mineiros de Ouro Preto e Mariana. Estas análises vêm a<br />
elucidar aspectos peculiares <strong>do</strong> dialeto mineiro, enriquecen<strong>do</strong> assim sua compreensão,<br />
auxilian<strong>do</strong> futuras pesquisas no ramo. A partir de um embasamento teórico e de treinamentos<br />
de extrema importância para o transcorrer deste trabalho, fizemos a coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s<br />
- exemplos de palavras bissílabas e trissílabas com estrutura silábica CVCV (Consoante +<br />
Vogal + Consoante + Vogal). Posteriormente, com esses da<strong>do</strong>s em mão, seguimos para a<br />
elaboração <strong>do</strong> experimento que seria utiliza<strong>do</strong> para uma gravação em estúdio com frases que<br />
continham os exemplos a serem estuda<strong>do</strong>s. Após esta etapa, passamos para a busca por<br />
informantes <strong>do</strong> sexo feminino, entre 20 e 40 anos, residentes das cidades de Ouro Preto ou<br />
Mariana. Com a gravação pronta, chegamos a etapa mais densa e delicada desta pesquisa: as<br />
análises auditiva e acústica. A análise auditiva, como o próprio nome diz, consiste em ouvir as<br />
sentenças com os exemplos deseja<strong>do</strong>s e analisá-los. Já a análise acústica foi feita com o<br />
programa de computa<strong>do</strong>r PRAAT 4.0.2, desenvolvi<strong>do</strong> por BOERSMA, P. & WEENINK, D.<br />
PRAAT 4.0.2. a system for <strong>do</strong>ing phonetics by computer. Web site: www.praat.org. Copyright © 1992-<br />
2001. SIL encore fonts: © 1992-1998 Summer Institute of Linguistics, especificamente para<br />
este fim. A partir <strong>do</strong> cotejo de ambas as análises, to<strong>do</strong>s os objetivos fixa<strong>do</strong>s em nosso projeto<br />
inicial foram alcança<strong>do</strong>s. Com a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s disponíveis, pudemos caracterizar acústica e<br />
auditivamente as variantes pós-tônicas de /Ι/ e /Υ/ <strong>do</strong> português <strong>do</strong> Brasil, perceben<strong>do</strong> uma<br />
centralização das mesmas, além de verificar não haver influência das vogais precedentes e<br />
seguintes sobre as vogais em estu<strong>do</strong>, metas centrais que regeram to<strong>do</strong> o trabalho.<br />
MEMÓRIA LITERÁRIA NOS ARQUIVOS DE INDICAÇÃO DE OBRAS PARA<br />
VESTIBULAR<br />
Leni Nobre de Oliveira<br />
Esta comunicação pretende discutir questões pertinentes ao arquivamento e anarquivo de<br />
autores e obras literárias, ten<strong>do</strong> como base uma pesquisa feita em arquivos de indicação de<br />
obras para vestibulares, em algumas universidades federais e particulares de Minas Gerais. A<br />
partir de uma reflexão sobre a obra de Jacques Derrida Mal de arquivo, percebemos a ação<br />
arquiviolítica de construção de uma lista canônica que inclui e exclui autores e obras e que<br />
interfere na manutenção da memória literária brasileira. Essa pesquisa prioritariamente<br />
quantitativa levou-nos à percepção de que o processo de inclusão de obras na lista de indicação<br />
de leitura para pré-vestibulan<strong>do</strong>s leva ao anarquivo de outras obras, coincidentemente<br />
representativas de minorias, já que essa lista se forma, principalmente por modelos repeti<strong>do</strong>s<br />
eleitos pela cultura hegemônica, que contempla pouco as experiências das margens. Nesse<br />
senti<strong>do</strong>, faz-se pertinente um questionamento sobre o aspecto qualitativo da representatividade<br />
- 93 -
I M e m o r i a l d o I C H S<br />
dessas listas de obras e autores, perante a cultura brasileira que elas pretendem contemplar, se<br />
considerarmos que a prova de vestibular é de Literatura Brasileira.<br />
PRESENÇA DA FILOSOFIA KANTIANA NA TEORIA SEMIÓTICA DE<br />
CHARLES SANDERS PEIRCE<br />
ELISSON FERREIRA MORATO 92<br />
Este trabalho propõe uma leitura da teoria semiótica de C. S. Peirce ((EUA: 1839-1914)<br />
embasada nos postula<strong>do</strong>s filosóficos <strong>do</strong> pensa<strong>do</strong>r alemão Imanuel Kant (1724-1804). Kant<br />
elabora uma <strong>do</strong>utrina de apreensão da realidade na qual os objetos em si mesmos, os noumenos,<br />
são inacessíveis ao conhecimento humano, exceto enquanto fenômenos, os quais consistem no<br />
aspecto com o qual os objetos se apresentam a nossa consciência. Peirce, ampara<strong>do</strong> nessa<br />
premissa, elabora uma <strong>do</strong>utrina na qual os signos são representações mentais que fazemos<br />
sobre um objeto, concreto ou abstrato e que relacionamos, progressivamente, a representações<br />
mais complexas.<br />
92 Bacharel em Estu<strong>do</strong>s Lingüísticos, Licencian<strong>do</strong> em Língua Portuguesa<br />
- 94 -