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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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Nesse momento, começavam a circular os boatos <strong>de</strong> que o Comando pedia o<br />

armistício. Brussolo <strong>de</strong>stacou que <strong>um</strong>a atmosfera diferente rondava as cida<strong>de</strong>s: a população<br />

<strong>de</strong>monstrava estar apreensiva e insatisfeita. As notícias chegavam <strong>de</strong>sencontradas e<br />

dificultavam a ativida<strong>de</strong> jornalística: “Nós, os repórteres, andamos em terreno acci<strong>de</strong>ntado<br />

(sic). Não logramos pisar com firmesa (sic). Corremos atabalhoadamente, à cata <strong>de</strong> notícias. E<br />

não obtemos informações que nos venham illucidar (sic) e arrancar <strong>de</strong>sta teia que nos<br />

envolve” (p. 246).<br />

O final do conflito é apresentado como <strong>um</strong>a traição da Força Pública, que se ren<strong>de</strong>u,<br />

e do General Bertholdo Klinger, que organizou o armistício. Crescia-se a cólera contra os que<br />

favoreceram os entendimentos com o Governo De Vargas e, especialmente, contra o general.<br />

Segundo o repórter, os mais exaltados falavam em fuzilamento dos traidores, que abusaram da<br />

boa fé ilimitada do povo.<br />

A população e os soldados foram inocentados da responsabilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>rrota e<br />

continuaram sendo glorificados. O comportamento dos paulistas após o armistício <strong>de</strong>monstrou<br />

a vergonha e a revolta com o <strong>de</strong>sfecho inesperado. Segundo o autor (1932, p. 260), a opinião<br />

pública se levantou para patentear seu <strong>de</strong>sagrado ao manifestar: “Ser vencido, sim; mas,<br />

vencido com honra!”. Ao final da guerra, o povo gritava: “Antes vêr (sic) São Paulo arrazado<br />

(sic) e todos seus filhos mortos que mais <strong>um</strong> vez tornal-o captivos (sic)! Gran<strong>de</strong> terra! Gran<strong>de</strong><br />

terra!” (p. 260-261). Buscavam proteger a honra dos ban<strong>de</strong>irantes, da terra <strong>de</strong> Piratininga.<br />

Como repórter, Armando Brussolo presenciou a guerra <strong>de</strong> perto e apresentou ao<br />

público as pretensões <strong>de</strong> imparcialida<strong>de</strong>. Contrariamente, sua exposição apresenta-se pouco<br />

informativa e bastante subjetiva. Até o último instante tentou-se manter o moral elevado dos<br />

<strong>constitucionalista</strong>s. Assim, ocultavam as dificulda<strong>de</strong>s e limitações enfrentadas pelo grupo, que<br />

culminaram no avanço das tropas ditatoriais e na <strong>de</strong>rrota <strong>constitucionalista</strong>.<br />

Ao final da guerra, Armando Brussolo comentou seu <strong>de</strong>sfecho, que envergonhara os<br />

homens dispostos a morrer pelo movimento <strong>constitucionalista</strong> e, sucessivamente, elogiou a<br />

gran<strong>de</strong>za do movimento: “Tudo, portanto, está terminado! Findou esse gran<strong>de</strong> movimento,<br />

essa épica revolução <strong>constitucionalista</strong> que, na história da nação brasileira, há <strong>de</strong> passar como<br />

sendo a Epopéa <strong>de</strong> São Paulo!” (p. 277).<br />

Nos capítulos seguintes, <strong>de</strong>dica-se a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a superiorida<strong>de</strong> paulista, afastando<br />

qualquer contrassenso. Procurou <strong>de</strong>smentir os arg<strong>um</strong>entos ditatoriais, i<strong>de</strong>ntificando o<br />

separatismo como o motivo da guerra, e que São Paulo estava em penúria em razão do<br />

bloqueio organizado pelo governo.<br />

Em seus comentários finais sobre a obra, Armando Brussolo (Ibi<strong>de</strong>m, p. 286-287)<br />

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