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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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Casper Líbero era filho do médico Honório Líbero, <strong>um</strong> dos fundadores do Partido<br />

Republicano Paulista nas localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Bragança Paulista. Empunhando sua ban<strong>de</strong>ira<br />

política, posicionou-se ao lado do PRP em 1930 e, durante o Movimento Constitucionalista,<br />

usou o jornal para difundir os i<strong>de</strong>ais revolucionários. Segundo Maria Helena Capelato (1989),<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo e A Gazeta comandaram o movimento 1932 no âmbito da imprensa<br />

paulista, sendo o primeiro representante dos <strong>de</strong>mocratas e o último, dos perrepistas.<br />

Em Tudo pelo Brasil, percebe-se que os artigos escritos por Armando Brussolo<br />

tinham como objetivo incentivar o leitor a ass<strong>um</strong>ir certas posições diante da guerra. O título é<br />

bastante sugestivo: aparta as acusações governistas <strong>de</strong> que o movimento era separatista ou<br />

regionalista e afirma a concepção <strong>de</strong> que o movimento (mesmo tendo como território <strong>de</strong> luta<br />

apenas os estados <strong>de</strong> São Paulo e, menos expressivamente, o Mato Grosso) perseguia a <strong>de</strong>fesa<br />

do bem nacional. Isso constitui em <strong>um</strong> coeso discurso que conclamava a população à luta e<br />

<strong>de</strong>monstrava a preocupação primordial <strong>de</strong> garantir a continuida<strong>de</strong> da hegemonia paulista.<br />

[…] aqui, em meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsas florestas e impenetráveis bosques é que<br />

po<strong>de</strong>mos conhecer profundamente o quanto é gran<strong>de</strong> e o quanto é nobre a<br />

nobilíssima alma do paulista cioso <strong>de</strong> suas gigantescas tradições. Não se<br />

illudam, na zona <strong>de</strong> guerra em que se opera o formidável movimento<br />

<strong>constitucionalista</strong>, cada soldado é <strong>um</strong> patriota e cada patriota é <strong>um</strong> heróe<br />

prompto a arrastar as maiores vicissitu<strong>de</strong>s e a <strong>de</strong>rramar seu sangue em pról<br />

da causa abraçada […]. Esses milhares e milhares <strong>de</strong> moços se erguem e,<br />

encarnados n<strong>um</strong> só homem, <strong>de</strong>sfraldam a ban<strong>de</strong>ira da Liberda<strong>de</strong> e saberão<br />

honral-a e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>l-a como bons e leaes brasileiros que são! (BRUSSOLO,<br />

1932, p. 108-109)<br />

A propaganda <strong>constitucionalista</strong>, até o último momento, buscou elevar o moral das<br />

tropas e do povo paulista, divulgando os i<strong>de</strong>ais da luta e impedindo que fosse abalada a<br />

convicção no “pre<strong>de</strong>stino histórico” do estado como principal promovedor dos bens<br />

nacionais. São Paulo, em guerra, mais <strong>um</strong>a vez <strong>de</strong>safiava as adversida<strong>de</strong>s do ambiente,<br />

caminhando para o fim <strong>de</strong>terminado: a <strong>de</strong>fesa da liberda<strong>de</strong>.<br />

Ao <strong>de</strong>finir os significados <strong>de</strong> 1932, Brussolo (como outros jornalistas<br />

<strong>constitucionalista</strong>s) propaga o sentido do “patriotismo paulista”: o estado se coloca a serviço<br />

do bem do país, <strong>de</strong>votando a ele o que tem <strong>de</strong> melhor. Para o autor (1932, p. 139), os paulistas<br />

eram os paladinos <strong>de</strong>fensores da “pátria oprimida”, que queria ser libertada dos “grilhões dos<br />

autocratas que se aboletaram no po<strong>de</strong>r”. São Paulo é representado como o gran<strong>de</strong> patriota que<br />

construído no Brasil para abrigar <strong>um</strong>a se<strong>de</strong> <strong>de</strong> jornal, que reunia todos os <strong>de</strong>partamentos necessários para o<br />

funcionamento <strong>de</strong> <strong>um</strong> jornal. Foi instalado também <strong>um</strong> auditório, <strong>um</strong> restaurante e, mais tar<strong>de</strong>, a Rádio Gazeta).<br />

A nova se<strong>de</strong>, inaugurada em 1939, foi construída com verba proveniente da in<strong>de</strong>nização paga pelo Governo <strong>de</strong><br />

Getúlio Vargas ao jornal, após a <strong>de</strong>struição da redação em 1932, quando A Gazeta a<strong>de</strong>riu aos <strong>constitucionalista</strong>s.<br />

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