FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista
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coronel Eucly<strong>de</strong>s, do qual Paulo Duarte fazia parte, <strong>de</strong>cidiu resistir.<br />
No primeiro dia <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1932, os que persistiam na luta assinaram <strong>um</strong><br />
compromisso com o coronel Eucly<strong>de</strong>s, dando-lhe “ampla, irrestrita e incondicional<br />
solidarieda<strong>de</strong> para prosseguir na luta armada <strong>de</strong>ntro da revolução <strong>constitucionalista</strong>, on<strong>de</strong><br />
fosse possível e em qualquer lugar do país para on<strong>de</strong> fosse <strong>de</strong>slocada” (DUARTE, 1947, p.<br />
319).<br />
Na ocasião, Paulo Duarte já era comandante do Trem Blindado (posição ocupada em<br />
Lorena, quando o Blindado foi colocado em ação novamente, após <strong>um</strong> tempo <strong>de</strong> abandono<br />
por falta <strong>de</strong> armamento), e o colocou à disposição dos planos <strong>de</strong> Eucly<strong>de</strong>s. O coronel<br />
pretendia formar <strong>um</strong>a coluna, que teve a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> comandantes que garantiram cerca <strong>de</strong><br />
3.000 homens. As estradas <strong>de</strong> ferro levariam ao Mato Grosso ou ao Rio Paraná. Contudo, os<br />
trilhos foram obstruídos para dar passagem aos comboios da Força Pública.<br />
No dia 2 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1932, a Força Pública não só assinou o armistício, como se<br />
comprometeu com os ditatoriais, em <strong>um</strong> acordo separado, assinado pelo coronel Herculano <strong>de</strong><br />
Carvalho. O governo civil e os políticos não foram consultados, o que gerou <strong>um</strong>a certa<br />
apreensão sobre o que aconteceria em São Paulo. O pacto firmado entre Herculano e o<br />
Governo Provisório assinalava que a Força Pública era encarregada <strong>de</strong> garantir a or<strong>de</strong>m<br />
pública no estado e <strong>de</strong> preparar a transição do governo. O próprio Herculano ass<strong>um</strong>iu<br />
provisoriamente a interventoria 41 .<br />
Estávamos irremediavelmente liquidados! Impossível atravessar São Paulo,<br />
já sob o po<strong>de</strong>r do inimigo. O comandante da Força Pública, que a êste se<br />
aliara, <strong>de</strong>pusera o governo e guarnecera a cida<strong>de</strong>. Na estação do Norte, on<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>veríamos <strong>de</strong>sembarcar, esperava-nos <strong>um</strong> batalhão para <strong>de</strong>sarmar os<br />
últimos intransigentes<br />
O Julinho enviara relatório <strong>de</strong> tudo ao cel. Eucly<strong>de</strong>s, informando a pressa<br />
com que foram tomadas providências contra nós. (DUARTE, 1947, p. 329)<br />
Nessas condições, o Trem Blindado teve <strong>de</strong> ser abandonado, pois “não estava<br />
disposto a cair nas mãos dos vencedores” (DUARTE, 1947, p. 329). Muitos soldados que<br />
formavam a coluna foram liberados a voltarem para as casas. Desfeita a coluna, formou-se <strong>um</strong><br />
grupo <strong>de</strong> fugitivos que partiriam para o sul, em <strong>um</strong>a pequena embarcação, com planos <strong>de</strong> que<br />
se não pu<strong>de</strong>ssem continuar a luta, procurariam asilo político em outros países.<br />
Nessa parte da narrativa, o autor admite a “vitória” dos ditatoriais. Fala em “ditadura<br />
vencedora” associada a <strong>um</strong> momento <strong>de</strong> escuridão sob o país. Contudo, o reconhecimento da<br />
41 Ver José Alfredo Vidigal Pontes, op. cit.<br />
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