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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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por meio do ofício <strong>de</strong> jornalista, o autor elegeu-se <strong>de</strong>putado estadual na constituinte. Votada a<br />

Constituição Fe<strong>de</strong>ral, o jornalista buscou consolidar o novo partido nacional que se formava<br />

sob a li<strong>de</strong>rança paulista. O período <strong>de</strong> constitucionalização do país, entre 1934 e o Estado<br />

Novo, foi marcado pela existência <strong>de</strong> conflitos políticos entre o novo partido e o velho PRP.<br />

Paulo Duarte também foi consultor jurídico municipal do prefeito Fábio da Silva<br />

Prado; colaborou ativamente com a criação da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, em 1934,<br />

juntamente com Júlio <strong>de</strong> Mesquita Filho, e do Departamento <strong>de</strong> Cultura e <strong>de</strong> Recreação <strong>de</strong><br />

São Paulo 29 (capital), sonho realizado com Mario <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, que contou com a participação<br />

<strong>de</strong> outros intelectuais mo<strong>de</strong>rnistas, como Sérgio Milliet (seu cunhado), Antônio <strong>de</strong> Alcântara<br />

Machado, Tácito <strong>de</strong> Almeida entre outros.<br />

Conforme Roberto Barbato Júnior (2004, p. 25), “embora o alcance das iniciativas do<br />

Departamento <strong>de</strong> Cultura fosse restrito à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, a aspiração maior <strong>de</strong> seus<br />

dirigentes consistia em expandir ao âmbito nacional aquilo que era visto simplesmente como<br />

<strong>um</strong>a aventura <strong>de</strong> cultura local”. Armando Sales garantiu que o projeto seria efetivado quando<br />

fosse candidato ao governo nas eleições <strong>de</strong> 1937. A candidatura <strong>de</strong> Armando Sales foi apoiada<br />

irrestritamente pelo grupo <strong>de</strong> intelectuais do Departamento <strong>de</strong> Cultura, <strong>de</strong>vido ao vínculo <strong>de</strong><br />

amiza<strong>de</strong> existente entre eles e por ser o candidato <strong>de</strong> oposição a Getúlio Vargas.<br />

Nós sabíamos que o Departamento <strong>de</strong> Cultura era o germe do Instituto<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Cultura. Primeiro, <strong>um</strong> Instituto Paulista, que Armando Sales no<br />

Governo já nos garantira. Para isso o projeto do Departamento do<br />

Patrimônio Histórico e Artístico <strong>de</strong> São Paulo, já estava na Assembléia<br />

Legislativa, ladrado embora pela cachorrada sôlta (sic) do <strong>de</strong>speito e da<br />

incompreensão. Depois, com Armando Sales na Presidência da República,<br />

seria o Instituto Brasileiro, <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> fundação libertada da influência<br />

política, com sedo no Rio, inicialmente instalados, além do <strong>de</strong> São Paulo,<br />

paradigma, outros núcleos em Minas, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, na Bahia, em<br />

Pernambuco e no Ceará. Tivéramos <strong>um</strong>a idéia genial que Armando Sales<br />

aprovou: os Institutos <strong>de</strong> Cultura assistiriam com assiduida<strong>de</strong> todas as<br />

gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, com a colaboração da Universida<strong>de</strong>, porque, não<br />

comportando evi<strong>de</strong>ntemente essas cida<strong>de</strong>s <strong>um</strong>a Faculda<strong>de</strong>, teriam contato<br />

íntimo com esta, através <strong>de</strong> conferências, cursos, teatro, concertos etc.<br />

(DUARTE, 1985 apud BARBATO JR. 2004, p. 25-26)<br />

Contudo, o golpe <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1937 frustrou as expectativas: cancelou as eleições<br />

e impôs <strong>um</strong>a constituição autoritária. A Carta Magna do Estado Novo regulamentou a censura<br />

à imprensa e, por meio do Departamento <strong>de</strong> Imprensa Propaganda (DIP), interveio<br />

29 Com a instituição do ato n° 1146, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1936, fundou-se a Divisão <strong>de</strong> Turismo e Divertimentos<br />

Públicos, e o Departamento <strong>de</strong> Cultura e <strong>de</strong> Recreação passou a se chamar tão somente Departamento <strong>de</strong> Cultura<br />

(BARBATO JR., 2004).<br />

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