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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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História.<br />

Palmares pelo Avesso carrega <strong>um</strong> projeto <strong>de</strong> oposição, <strong>de</strong>núncia e registro <strong>de</strong> memória<br />

que se torna mais claro ao se refletir sobre a escrita e seu lugar. Mais do que “recuperar” e<br />

“representar” o passado, o autor visa a construção <strong>de</strong>ste a partir do presente. Essa escrita <strong>de</strong><br />

oposição nasceu em momento <strong>de</strong> transformações sociais e terminou como testemunho da<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse processo, apresentando a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> olhares e percepções <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

tempo. Para aqueles que lutaram do lado <strong>constitucionalista</strong>, trata-se <strong>de</strong> <strong>um</strong> tempo heroico.<br />

Paulo Duarte, esse “Dom Quixote”, bateu-se contra o mundo e foi vencido. Resta contar a<br />

história como lição.<br />

2.1 Momentos da escrita<br />

Palmares pelo avesso foi escrito por Paulo Duarte, <strong>de</strong> janeiro a maio <strong>de</strong> 1933, em<br />

Paris, enquanto o autor c<strong>um</strong>pria o primeiro exílio em <strong>de</strong>corrência do final da revolução<br />

<strong>constitucionalista</strong>. Embora vencidos militarmente, os i<strong>de</strong>ais do movimento continuaram a ser<br />

aclamados pelo ex-combatente que não permitiu que a expatriação o silenciasse. O cotidiano<br />

nas trincheiras paulistas é o tema <strong>de</strong>sse livro, em que o autor busca pela escrita tornar<br />

inesquecível a memória do que consi<strong>de</strong>ra ser o “mais belo capitulo da história <strong>de</strong> São Paulo”<br />

no século XX (DUARTE, 1947, p. 8).<br />

Paulo Duarte participou do movimento <strong>de</strong> 1932, da conspiração aos últimos atos <strong>de</strong><br />

resistência, quando foi preso na costa do litoral <strong>de</strong> Florianópolis juntamente com Eucly<strong>de</strong>s<br />

Figueiredo e encaminhado para a Casa <strong>de</strong> Correção no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Na prisão, o autor<br />

encontrou com outros ex-combatentes e vivenciaram juntos momentos <strong>de</strong> incertezas sobre o<br />

<strong>de</strong>stino ao qual a ditadura varguista lhes reservaria. Mesmo cientes da penalida<strong>de</strong> a que<br />

Getúlio con<strong>de</strong>nou seus opositores em 1930, foram surpreendidos com a expatriação.<br />

Os <strong>constitucionalista</strong>s embarcaram no navio-presídio “Pedro I”, que os levou até<br />

Recife, on<strong>de</strong> foram transferidos para o “Siqueira Campos”, navio que <strong>de</strong>sembarcou em<br />

Portugal em 14 <strong>de</strong> novembro com 73 brasileiros banidos <strong>de</strong> sua pátria para se juntarem aos<br />

outros exilados.<br />

Após três meses <strong>de</strong> guerra, <strong>um</strong> mês e meio <strong>de</strong> prisão e sem ao menos ter tido<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedir-se dignamente da família, Paulo Duarte foi obrigado a <strong>de</strong>ixar o<br />

Brasil, <strong>de</strong>siludido com os r<strong>um</strong>os da política nacional. Essa é a atmosfera com que o autor<br />

encerra Palmares pelo Avesso:<br />

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