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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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“O mais soberbo espetáculo <strong>de</strong> generosida<strong>de</strong>, civismo e<br />

renúncia esta representado na campanha do ouro” (<strong>de</strong>senho<br />

<strong>de</strong> Benedito Bastos Barreto, “Belmonte” in Toral, 2003)<br />

O cartaz <strong>de</strong>senhado por Benedito Bastos Barreto, o cartunista Belmonte, para a<br />

campanha “Ouro para o bem <strong>de</strong> São Paulo”, mostra membros <strong>de</strong> todas as classes sociais, sexo<br />

e ida<strong>de</strong> doando ouro. O cartaz propaga o mito da paulistanida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>alizada<br />

homogeneida<strong>de</strong>, que une os paulistas sem ocultar as diferenciações. Ao lado da imagem <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong> homem e <strong>de</strong> senhoras requintadas, há <strong>um</strong> pobre negro <strong>de</strong>positando <strong>um</strong> objeto não<br />

i<strong>de</strong>ntificado na mesa <strong>de</strong> joias, utensílios valiosos e moedas. André Toral (2003) chama<br />

atenção para o broche com a ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> São Paulo preso ao terno puído, seu cabelo branco e<br />

sua situação mo<strong>de</strong>sta. A imagem preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a dignida<strong>de</strong> dos mais pobres e o<br />

envolvimento do proletariado com o movimento.<br />

Entre ícone e símbolo, a presença do preto velho aparece como <strong>um</strong>a tentativa<br />

<strong>de</strong> se fazer arte com doutrina,emprestando <strong>um</strong> caráter <strong>de</strong> alegoria àquilo que<br />

pretendia ser <strong>um</strong>a representação realista. A obra é tão favorável ao<br />

movimento e as intenções do <strong>de</strong>senhista são tão óbvias que o <strong>de</strong>senho<br />

adquire <strong>um</strong> caráter <strong>de</strong> farsa.(TORAL, 2003, 21)<br />

Segundo o autor, o cartaz evi<strong>de</strong>nciou a posição que era relegada aos negros: ao lado<br />

(no canto do quatro) <strong>de</strong>monstrando que eram consi<strong>de</strong>rados auxiliares, cuja atribuição não era<br />

bem <strong>de</strong>finida (o <strong>de</strong>senho não explicita o objeto <strong>de</strong>positado); suas vestes remetem a origem <strong>de</strong><br />

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