12.04.2013 Views

FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

não se tire daí a ilação <strong>de</strong> que as fôrças (sic) armadas <strong>de</strong>vem ser instr<strong>um</strong>ento<br />

inconscientes nas mãos dos maus governos que, sem amparo da lei, não<br />

po<strong>de</strong>m correspon<strong>de</strong>r aos anseios da Nação. (FIGUEIREDO, 1977, p. 66)<br />

Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo justificou o envolvimento <strong>de</strong> militares no movimento<br />

<strong>constitucionalista</strong>, consi<strong>de</strong>rando que o Exército não po<strong>de</strong>ria ser conivente com os trâmites do<br />

Governo Provisório sem se inquietar com sua ilegalida<strong>de</strong>. O Exército <strong>de</strong>veria estar a serviço<br />

da Nação e atuaria em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> <strong>um</strong> governo legal, garantindo o pleno exercício das funções<br />

reservadas aos civis, mas não po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>voto às usurpações que percorriam o Governo<br />

Vargas. Sendo assim, para o coronel Figueiredo: “A colaboração do Exército visa<br />

particularmente também afastá-lo da política e fazê-lo <strong>de</strong> volta aos quartéis” (PEREIRA,<br />

1982, p. 430)<br />

Paulo Duarte também discutiu a posição dos militares. O autor se i<strong>de</strong>ntificou com as<br />

reivindicações dos tenentes em 1922 e 1924 em <strong>de</strong>fesa dos princípios liberais ultrajados pelos<br />

governos oligárquicos. Entretanto, <strong>de</strong>saprovou a presença dos militares em cargos públicos<br />

para os quais não estavam capacitados, assim apelavam para o autoritarismo como recurso<br />

único para permanecerem no po<strong>de</strong>r.<br />

Durante a guerra, Paulo Duarte enviou cartas ao comandante da Divisão em que<br />

reclamava a presença <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s militares na frente da batalha, sendo as únicas exceções o<br />

coronel Palimércio e o major Oswaldo. As cartas foram respondidas pelo major em <strong>um</strong>a<br />

conversa com o autor, na qual se confirmou que há entre eles <strong>um</strong> ponto <strong>de</strong> vista com<strong>um</strong>:<br />

Não só concordou, mas ainda <strong>de</strong>clarou se os negócios da guerra pertenciam<br />

aos militares, os da política pertenciam aos civis. Na política, os militares só<br />

podiam entrar, como os civis tinham entrado na guerra; por necessida<strong>de</strong> e<br />

para fortalecer a campanha [...]. Os militares na política precisavam <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> ser militares. Por causa da confusão militar é que nos achávamos lutando.<br />

(DUARTE, 1947, p. 208)<br />

Para o coronel Eucly<strong>de</strong>s, as estratégias políticas do período <strong>de</strong>ixaram livre o acesso<br />

dos tenentes aos cargos públicos que, perseguindo ambições pessoais, abandonaram o povo ao<br />

alento, sem garantias, causando <strong>um</strong>a esfera <strong>de</strong> confusão e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m.<br />

[...] <strong>de</strong>ixando o campo inteiramente livre ao “tenentismo”. Alvoroçam-se,<br />

então, as ambições políticas dos militares revolucionários [...]. A confusão e<br />

a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m eram levadas por toda a parte; o sobressalto e a ruína assolavam<br />

o Estado inteiro. A economia paulista, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua pujança, não<br />

resistiria, por muito tempo, aos <strong>de</strong>satinos revolucionários [...] O Estado<br />

dividido em satrapias, a cuja frente foram colocados capitães e tenentes do<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!