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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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agrícolas, atingidos pela Gran<strong>de</strong> Depressão. O partido se colocou contra as políticas<br />

protecionistas <strong>de</strong>fendidas por setores da incipiente indústria paulista.<br />

Entre os proprietários e o corpo editorial <strong>de</strong> O Estado <strong>de</strong> São Paulo havia<br />

representantes do PRP e do PD. Apesar da composição controvérsia, Paulo Duarte afirmava<br />

que os proprietários do jornal não se colocaram <strong>de</strong> maneira neutra. O Estado <strong>de</strong> São Paulo foi<br />

o principal articulador do projeto liberal <strong>de</strong> oposição na década <strong>de</strong> 1920-30 (CAPELATO,<br />

1989). O jornal era porta-voz da resistência ruralista à urbanização e dos intelectuais que<br />

trabalhavam em prol <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>senvolvimento cultural que levaria a coletivida<strong>de</strong> à construção<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a socieda<strong>de</strong> civil madura capaz <strong>de</strong> conduzir com luci<strong>de</strong>z os r<strong>um</strong>os das reformar<br />

políticas.<br />

Os jornalistas <strong>de</strong> O Estado <strong>de</strong> São Paulo que se aproximaram do PD colaboraram com<br />

a organização do órgão <strong>de</strong> imprensa <strong>de</strong>sse partido: o jornal Diário Nacional, proclamador dos<br />

princípios <strong>de</strong>mocratas e liberais. Paulo Duarte relatou que:<br />

Nacional.<br />

Quando se reorganizou o Diário Nacional, ainda em 1929, do qual fui <strong>um</strong><br />

dos fundadores, ele [Júlio Mesquita Filho] recomendou a Joaquim Sampaio<br />

Vidal o meu nome para substituir Couto <strong>de</strong> Barros, que abandonava a<br />

redação. Era <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> ligar o Estado, sem compromisso, como órgão<br />

<strong>de</strong>mocrático. (DUARTE, 1974, p. 72)<br />

O autor ingressou no novo partido como militante e como jornalista do Diário<br />

A gente vivia conspirando. Aconteceu que, antes <strong>de</strong> 30, o Partido<br />

Democrático resolveu editar <strong>um</strong> jornal oficial, e certo dia apareceram lá no<br />

"O Estado" o Joaquim Sampaio Vidal, o Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais Neto e o<br />

Val<strong>de</strong>mar Ferreira para pedirem ao Júlio Mesquita que eu fosse emprestado a<br />

eles, a fim <strong>de</strong> fundarmos <strong>um</strong> jornal, que seria o "Diário Nacional". Lá fiquei<br />

até 1929, ano em que o Ama<strong>de</strong>u Amaral voltou do Rio e eu o indiquei para<br />

redator-chefe do "Diário Nacional". Foi o Ama<strong>de</strong>u, <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> jornalista,<br />

quem <strong>de</strong>u ao jornal <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scortino e <strong>um</strong>a nova feição. (DUARTE,<br />

1979, p. 2)<br />

Os jornais eram os espaços em que os grupos e partidos políticos difundiam seus<br />

projetos e disputavam a direção da socieda<strong>de</strong>. Há, portanto, <strong>um</strong> sentido pedagógico na<br />

atuação dos jornais, que ass<strong>um</strong>iam a função regeneradora da or<strong>de</strong>m social (CAPELATO,<br />

1989). O PD encarnou a resistência aos projetos políticos promovidos pelo PRP, cuja ação<br />

aviltava a representação política para se perpetuar no Executivo, assegurando a continuida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> suas práticas.<br />

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