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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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<strong>constitucionalista</strong>, a versão era contra o Governo Provisório que manipulava a política e se<br />

instalava no po<strong>de</strong>r. Para esses, tratava-se <strong>de</strong> <strong>um</strong>a revolta imbuída <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ais cívicos em <strong>de</strong>fesa<br />

das legítimas tradições <strong>de</strong>mocráticas.<br />

As imagens contraditórias <strong>de</strong> 1932 fizeram do tema terreno fértil <strong>de</strong> pesquisa,<br />

especialmente com a abertura da História à versão dos vencidos e silenciados, dando<br />

visibilida<strong>de</strong>s à narrativa do vivido. Percebe-se o caráter multifacetado que envolve a<br />

construção da memória do conflito armado, que proporcionou <strong>um</strong>a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

experiências. Vitórias e <strong>de</strong>rrotas, heróis e traidores, força e fraqueza, virtu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>feitos<br />

compõem a dualida<strong>de</strong> intrínseca à memória <strong>de</strong> temas conflitantes, como o da guerra, capazes<br />

<strong>de</strong> abarcar a complexida<strong>de</strong> dos afetos e ressentimentos, das experiências individuais e<br />

coletivas.<br />

A guerra <strong>de</strong> 1932 foi o <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong> movimentos em protesto contra as medidas<br />

do Governo Provisório. No início, os opositores eram sobretudo autorida<strong>de</strong>s políticas e<br />

intelectuais, militantes da oposição. A elite intelectual, especialmente dos meios da<br />

comunicação social, colocaram-se à disposição do movimento e abarcaram a colaboração da<br />

população paulista em todas as esferas sócio-econômicas. O movimento, assim, ass<strong>um</strong>iu seu<br />

caráter popular, tornando possível a eclosão da luta armada. A guerra exigiu esforços nas<br />

trincheiras, nas indústrias e oficinas, na agricultura, nas ciências, nas artes e na imprensa, pois<br />

todos estes foram, igualmente, campos <strong>de</strong> batalhas indispensáveis ao <strong>de</strong>senrolar final.<br />

A luta armada é encerrada com o pedido <strong>de</strong> armistício por parte dos<br />

<strong>constitucionalista</strong>s, o que os tornam vencidos militarmente. Mesmo nessas condições, há <strong>um</strong><br />

perceptível esforço dos ex-combatentes paulistas <strong>de</strong> registrarem a memória do movimento.<br />

Busca-se apreen<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>ssa memória <strong>constitucionalista</strong>, em que a<br />

escrita configura-se em <strong>um</strong>a “arma” política <strong>de</strong> intervenção na realida<strong>de</strong> presente e também<br />

<strong>um</strong>a tentativa <strong>de</strong> historicizar a experiência, ou seja, fornecer subsídios para a História por<br />

meio da atribuição <strong>de</strong> significado ao movimento contida no registro pessoal dos fatos.<br />

Neste trabalho, analisamos a versão <strong>constitucionalista</strong> presente na literatura <strong>de</strong> Paulo<br />

Duarte, que faz parte do arsenal <strong>de</strong> produção do grupo paulista. Atenta-se que entre Paulo<br />

Duarte e a maioria dos autores que registraram a memória <strong>constitucionalista</strong> (como Eucly<strong>de</strong>s<br />

Figueiredo e Armando Brussolo) há em com<strong>um</strong> a condição <strong>de</strong> testemunha dos<br />

acontecimentos, que lhe permitiu apresentarem seu julgamento da história e falar em nome da<br />

verda<strong>de</strong>. Cada autor que compõe a bibliografia produzida por sobreviventes e testemunhas<br />

dos eventos <strong>de</strong> 1932 apresenta sua verda<strong>de</strong>, apresentando as pretensões <strong>de</strong> imparcialida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

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