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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A revolução <strong>constitucionalista</strong> foi a maior guerra civil brasileira em termos <strong>de</strong> mortos<br />

e feridos. Contudo, a memória do movimento ficou restrita ao território <strong>de</strong> São Paulo. As<br />

narrativas da guerra movimentaram o mercado editorial no referido estado: ex-combatentes<br />

escreveram romances, crônicas, poesias e memórias. O esforço intelectual <strong>constitucionalista</strong><br />

<strong>de</strong> registrar a memória do movimento foi notável, sobretudo durante a década <strong>de</strong> 1930 64 .<br />

A memória <strong>constitucionalista</strong>, em São Paulo, conseguiu ocupar os “lugares <strong>de</strong><br />

memória” 65 , sendo registrada, após o fim do Estado Novo, também na convenção <strong>de</strong><br />

celebrações cívicas, dos mon<strong>um</strong>entos, do feriado estadual e dando nome a ruas 66 . Um caso<br />

átipico na história, em que as celebrações cívicas sacralizam o discurso dos vencidos.<br />

Paulo Duarte escreveu e publicou Palmares pelo Avesso nesse período; <strong>um</strong>a obra que<br />

restitui a face violenta da guerra e, simultaneamente, traça o roteiro <strong>de</strong> <strong>um</strong> confronto político<br />

que dividiu o Brasil e gerou “imagens contraditórias” - usando o termo <strong>de</strong> Emília Viotti<br />

(1982). A autora res<strong>um</strong>e que para aqueles que se posicionavam ao lado do Governo <strong>de</strong> Vargas<br />

o movimento era acusado <strong>de</strong> revanchista e reacionário (visando recuperar posições perdidas).<br />

Por isso, era também chamado <strong>de</strong> contrarrevolucionário. E a pior das acusações teria sido a <strong>de</strong><br />

separatismo, em que os paulistas estariam cometendo crime contra a pátria. Do lado<br />

64 É interessante observar <strong>um</strong> “<strong>de</strong>talhe” a respeito da atuação dos intelectuais-escritores que o sociólogo Sérgio<br />

Miceli (2001) analisou: o <strong>de</strong>senvolvimento da indústria editorial no Brasil, que a partir da década <strong>de</strong> 1930,<br />

passou a imprimir os livros no país. Essa era mais <strong>um</strong>a tendência da política do período <strong>de</strong> substituições das<br />

importações. O autor analisou a conjuntura do mercado do livro no país e apresentou também fatores que<br />

influenciaram no a<strong>um</strong>ento do número <strong>de</strong> leitores, como a abertura <strong>de</strong> novas universida<strong>de</strong>s e o a<strong>um</strong>ento do<br />

interesse por saber mais sobre o país.<br />

65 O termo “espaços <strong>de</strong> memória” é usado por Pierre Nora (1993) ao i<strong>de</strong>ntificar espaços on<strong>de</strong> a memória se<br />

cristaliza e materializa. Os lugares <strong>de</strong> memória são produzidos pela socieda<strong>de</strong> para evocar ocorrência que já não<br />

são mais lembradas espontaneamente.<br />

66 Em todas as cida<strong>de</strong>s do Estado <strong>de</strong> São Paulo há <strong>um</strong>a rua 9 <strong>de</strong> julho. Militares e jornalistas que atuaram na<br />

guerra também foram homenageados dando nome a ruas, como: Armando Brussolo, Coronel Alfredo Feijó<br />

(estudado por Vavy Pacheco Borges), Gen. Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo e Júlio <strong>de</strong> Mesquita Filho, entre outros. Paulo<br />

Duarte dá nome a <strong>um</strong>a Biblioteca Municipal, tendo seu envolvimento com o movimento <strong>de</strong> 1932 narrado no link<br />

“patrono” do portal eletrônico do Sistema Municipal <strong>de</strong> Bibliotecas:<br />

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