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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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nessa obra, <strong>de</strong>senvolvemos a pesquisa Paulo Duarte: história e memória, integrando o plano<br />

intitulado Entre a memória e a História: Os Exilados da Velha República 2 , em que fui aluna<br />

contemplada pelo Programa Institucional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Iniciação Científica – PIBIC.<br />

Nos dois primeiros vol<strong>um</strong>es <strong>de</strong> suas <strong>Memórias</strong>, Paulo Duarte trata do contexto <strong>de</strong>ssas<br />

revoluções e do tempo em que esteve na Europa, em seu primeiro exílio. A narrativa é<br />

encerrada ao receber a notícia <strong>de</strong> que lhe fora permitido retornar ao Brasil. Paulo Duarte<br />

<strong>de</strong>stacava-se na carreira como jornalista e era membro do Partido Democrático, tendo<br />

inclusive participado <strong>de</strong> sua fundação. Em <strong>Memórias</strong>, o autor se apresentou como membro do<br />

grupo político do jornal O Estado <strong>de</strong> São Paulo, li<strong>de</strong>rando por Júlio <strong>de</strong> Mesquita, que<br />

participou ativamente da Aliança Liberal.<br />

Assim, o autor fazia parte do grupo que apoiou a ascensão <strong>de</strong> Getúlio Vargas ao<br />

po<strong>de</strong>r, em <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong> Washington Luís. Contudo, com a política dos interventores fe<strong>de</strong>rais,<br />

o Partido Democrático foi alijado dos cargos pretendidos no governo <strong>de</strong> São Paulo. A<br />

intervenção do governo provisório em São Paulo provocou forte reação da elite paulista que<br />

rapidamente ultrapassou as fronteiras regionais, ganhando <strong>um</strong>a amplitu<strong>de</strong> nacional, falava-se<br />

em todo país sobre o caso <strong>de</strong> São Paulo.<br />

O Partido Democrático, que saudou os vitoriosos revolucionários <strong>de</strong> 1930, mudou a<br />

postura adotada. Nos jornais O Estado <strong>de</strong> São Paulo e o Diário Nacional percebe-se o<br />

arrefecimento do entusiasmo dos primeiros dias por sucessivos revezes, até ass<strong>um</strong>ir a posição<br />

<strong>de</strong> reserva e <strong>de</strong> ação radical para criar ambiente favorável para a insurreição. Envolvidos nos<br />

fatos, os <strong>de</strong>mocratas não percebem que a situação política do momento era o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

inevitável das contradições da revolução <strong>de</strong> 1930, vez que a oposição a Washington Luiz aliou<br />

grupos dos mais variados projetos (COSTA, 1982). Para esses, prevalecia a imagem da<br />

traição e violação dos princípios liberais e <strong>de</strong>mocráticos, outrora <strong>de</strong>fendidos.<br />

O sentimento <strong>de</strong> perda revitalizou as fortes expressões <strong>de</strong> paulistanida<strong>de</strong>. Tanto<br />

perrepistas como <strong>de</strong>mocráticos se viram hostilizados pelo governo getulista. As agremiações,<br />

ora dispersas e discordantes, anunciaram a confluência em <strong>um</strong>a só diretriz: a Frente Única<br />

Paulista 3 , que arregimentou forçar com militares <strong>de</strong>scontentes e, principalmente, com a<br />

2 Ver o artigo 1930: Entre História e Memória, publicado, em 2003, pelo Professor Noé Freire San<strong>de</strong>s na<br />

Revista do Departamento <strong>de</strong> História da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, que serviu como diretriz do grupo <strong>de</strong><br />

pesquisa por ele coor<strong>de</strong>nado.<br />

3 Paulo Duarte não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ver com discrição a sincerida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa fraternização. O autor expôs que “fora contra<br />

a i<strong>de</strong>ia da frente única com o PRP, porque não acreditava que os elementos melhores <strong>de</strong>ste partido pu<strong>de</strong>ssem<br />

impor-se sobre a maioria perrepista composta <strong>de</strong> gente sem escrúpulos, falcatrueiros, irremediáveis politiqueiros<br />

à caça <strong>de</strong> emprego, ladrões <strong>de</strong> votos” (DUARTE, 1974, p. 60). Contudo, o <strong>de</strong>sapontamento com a formação da<br />

Frente Única Paulista, não impediu que Paulo Duarte integrasse a causa paulista. Nas obras analisadas, percebese<br />

que o autor transformou-se em <strong>um</strong> crítico observador <strong>de</strong>ssa dinâmica relacional.<br />

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