12.04.2013 Views

FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que elogiavam a competência <strong>de</strong> alguns lí<strong>de</strong>res e as operações por eles comandadas – mesmo<br />

em caso <strong>de</strong> retiradas, ressaltando o ponto <strong>de</strong> vista tático. Assim, o autor também elaborou <strong>um</strong>a<br />

imagem <strong>de</strong> si que apresenta ao leitor, que lhe <strong>de</strong>u credibilida<strong>de</strong> e autorida<strong>de</strong> para tratar do<br />

assunto.<br />

104<br />

O retraimento das nossas fôrças neste setor é <strong>um</strong>a <strong>de</strong>ssas operações que não<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritas, no laconismo <strong>de</strong> <strong>um</strong>a crônica. Trabalho gigantesco,<br />

assombroso, que só por si revela a tática dos gran<strong>de</strong>s chefes militares sob<br />

cujos ombros pesa a enorme responsabilida<strong>de</strong> da guerra, <strong>de</strong>ntre os quais se<br />

<strong>de</strong>stacam os coronéis Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo, Palimércio <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong>, Andra<strong>de</strong><br />

e Sampaio […]. A<strong>de</strong>mais, a efetivação dêsse (sic) plano viria melhorar as<br />

nossas condições e eficiência, <strong>de</strong> vez que passaríamos da <strong>de</strong>fensiva para a<br />

ofensiva. (A TRIBUNA, 1932 apud FIGUEREDO, 1977, p.239)<br />

As estações <strong>de</strong> Cruzeiro e Cachoeira e das localida<strong>de</strong>s intermediárias<br />

achavam-se literalmente repletas <strong>de</strong> famílias […]. Não se notava, entretanto,<br />

na fisionomia <strong>de</strong>ssa pobre gente, nenh<strong>um</strong> sinal <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespêro (sic) ou <strong>de</strong><br />

pesar. Tal como no semblante dos soldados, lia-se em tôdas (sic) as<br />

expressões o palpitar da alma paulista, capaz <strong>de</strong> todos os sacrifícios, neste<br />

instante memórável (sic) da nossa nacionalida<strong>de</strong>, para o trunfo final <strong>de</strong>ssa<br />

jornada épica […]. De tal estratégia foi a retirada, que o inimigo <strong>de</strong>la não se<br />

apercebeu, relutando para ocupar, até hoje, as posições que abandonamos. (A<br />

TRIBUNA, 1932 apud FIGUEREDO, 1977, p.240-241)<br />

As citações tratam do trabalho <strong>de</strong> retirada das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cruzeiro e Cachoeira – <strong>um</strong>a<br />

operação forçada pelo abandono das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Silveiras, Pinheiros e pelo retraimento do<br />

Túnel. Anteriormente, o autor narrou <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> precipitações, em que flancos importantes<br />

foram abandonados, comprometendo as regiões mais próximas que, <strong>de</strong>sguarnecidas, sofreram<br />

fortes investidas dos ditatoriais. Segundo o autor, os comandos superiores não foram<br />

surpreendidos com a contingência das retiradas. Essas foram <strong>de</strong>cisivas para a <strong>de</strong>rrota<br />

<strong>constitucionalista</strong> e, apesar <strong>de</strong> sua amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcance, os jornais ainda divulgavam a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong>a luta ofensiva.<br />

Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo pon<strong>de</strong>rou que as retiradas tornaram-se inevitáveis, mas criticou<br />

a premência <strong>de</strong> sua realização, pois acreditava que po<strong>de</strong>riam continuar combatendo mais dias<br />

na região, pois: “Importava, porém, do ponto <strong>de</strong> vista tático, como do ponto <strong>de</strong> vista moral,<br />

resistir on<strong>de</strong> estávamos, para <strong>de</strong>sgastar as fôrças do adversário, o mais possível e não lhe<br />

proporcionar o gôsto (sic) <strong>de</strong> <strong>um</strong>a vitória fácil” (p. 236).<br />

O coronel buscava evitar a <strong>de</strong>sonra <strong>de</strong> <strong>um</strong> movimento que <strong>de</strong>fendia i<strong>de</strong>ais dignos, o<br />

que justificava maiores investidas e sacrifícios. Todavia, o coronel preocupava-se também<br />

com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa resistência que, para ser duradoura, <strong>de</strong>veria continuar acontecendo em

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!