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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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coragem”, saíram em luta por ela, tornando-se ferrenhos opositores da ditadura varguista.<br />

O autor (1977, p. 27) afirma que, diante do exposto, “foi a própria ditadura, pelos<br />

seus <strong>de</strong>sregramentos e revelados propósitos <strong>de</strong> se prolongar no Po<strong>de</strong>r, que preparou o clima<br />

para a Revolução <strong>de</strong> 32”. Consi<strong>de</strong>rou que São Paulo foi o estado mais h<strong>um</strong>ilhado, com<br />

<strong>de</strong>signações sucessivas <strong>de</strong> interventores que lhe eram estranhos, e que todos os Estados<br />

sofriam com a falta da Constituição. Assim, repercutia a revolta <strong>de</strong> que São Paulo tomou a<br />

causa para si, envolvendo, sem distinção, toda a população.<br />

Figueiredo explica também o motivo do envolvimento dos militares na guerra civil:<br />

“arrancar o país dos usurpadores do po<strong>de</strong>r, para entregá-los ao povo restabelecendo o império<br />

da Lei, a or<strong>de</strong>m e a segurança nos negócios público e a hierarquia nas classes armadas” (p.<br />

124). Os tenentes que ocupavam postos importantes subvertiam a hierarquia militar,<br />

acirrando as tensões nos quartéis entre a baixa e a alta oficialida<strong>de</strong>. Sendo assim, tratava-se<br />

também <strong>de</strong> <strong>um</strong>a questão <strong>de</strong> honra restaurar a or<strong>de</strong>m e a disciplina do Exército. A <strong>de</strong>fesa da<br />

honra, do povo brasileiro e do Exército, é central para compreen<strong>de</strong>r o envolvimento <strong>de</strong><br />

Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> toda a luta <strong>constitucionalista</strong>.<br />

Com o relato <strong>de</strong>talhado <strong>de</strong> suas impressões, Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo <strong>de</strong>screve o<br />

ambiente <strong>de</strong> preparação da revolução <strong>constitucionalista</strong>, lembrando o evento <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> maio<br />

como <strong>um</strong> marco em que foi <strong>de</strong>rramado o “sangue heroico dos moços paulistas” (p. 41).<br />

Comenta a escolha do general Bertholdo Klinger, que exercia o comando da Circunscrição<br />

Militar <strong>de</strong> Mato Grosso, Comandante Geral da revolução, sendo este indicado por Isidoro<br />

Dias Lopes: “Pon<strong>de</strong>rei que outro não nos po<strong>de</strong>ria trazer maior contingente em homens e em<br />

recursos bélicos, nem mais fôrça (sic) moral, por seu passado e seu renome militar” (p. 38).<br />

Contudo, esses são praticamente os únicos elogios tecidos a Klinger. As críticas<br />

começaram a surgir <strong>de</strong>vido aos motivos da precipitação da data. Segundo o autor, Klinger<br />

havia sido penalizado (reformado <strong>de</strong> seu cargo) em represália à atitu<strong>de</strong> indisciplinar <strong>de</strong><br />

ofen<strong>de</strong>r publicamente o Ministro <strong>de</strong> Guerra: <strong>um</strong> grave acontecimento, “que <strong>de</strong>veria ficar<br />

circunscrito ao âmbito do Exército, intempestivamente precipitou o levante armado em São<br />

Paulo, prejudicando em gran<strong>de</strong> parte seu êxito, pela brusca interrupção que acarretou nas<br />

ligações ainda não ultimadas” (p. 85). O autor expõe que, <strong>de</strong>svanecidas as esperanças <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong>s mais pon<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> Klinger, era imperativo solidarizar-se com o erro antes <strong>de</strong><br />

abandonar à própria sorte <strong>um</strong> companheiro <strong>de</strong> causa e agir com presteza. Começou, assim, a<br />

justificar a <strong>de</strong>rrota, <strong>de</strong>monstrando que foram os fatos que conduziram os homens, provocando<br />

a insurgência antes que essa estivesse <strong>de</strong>vidamente preparada.<br />

101<br />

Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo expõe seus <strong>de</strong>sentendimentos com Bertholdo Klinger, mesmo

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