FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista
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Contribuição para a História da Revolução Constitucionalista <strong>de</strong> 1932 foi publicado<br />
(pela primeira vez) em 1954. Nos anos anteriores (entre os fatos e a publicação da obra),<br />
Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo atuou mais ativamente na oposição a Getúlio Vargas. Com a <strong>de</strong>rrota do<br />
movimento paulista, o militar partiu para o exílio, on<strong>de</strong> confabulava contra Vargas. Ao<br />
regressarem do exílio, Eucly<strong>de</strong>s e Palimércio foram candidatos a <strong>de</strong>putados fe<strong>de</strong>rais pelo<br />
Partido Republicano Paulista, na expectativa <strong>de</strong> participação na Assembleia Constituinte, mas<br />
não obtiveram êxito.<br />
Figueiredo aquiesceu em apoiar a tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição do presi<strong>de</strong>nte organizada<br />
por integralistas e <strong>de</strong>mocratas, em 1938. Foi preso (1938-1942), teve cassada sua patente <strong>de</strong><br />
coronel e foi <strong>de</strong>cretado como morto. Depois <strong>de</strong> liberto e anistiado 47 , teve participação na<br />
fundação da União Democrática Nacional (UDN) e no processo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização do país<br />
em 1945. Foi eleito <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral, atuando no parlamento <strong>de</strong> 1946-51.<br />
O Governo Dutra foi o momento propício para a erupção da memória <strong>de</strong> 1932, que<br />
só então pô<strong>de</strong> ocupar os espaços oficiais. Apesar do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> produções, a memória<br />
do movimento restringiu-se ao memorialismo, sendo assim, era marginalizada nos meios<br />
políticos. Como <strong>de</strong>putado, Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo teve a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registrar a discussão<br />
nos meios parlamentares, relembrando e explicando os acontecimentos da Era Vargas em seus<br />
pronunciamentos.<br />
Com a publicação do livro sobre a guerra paulista, em 1954, Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo<br />
voltou a registrar a memória <strong>constitucionalista</strong>. O lançamento da obra já estava sendo<br />
preparado para esse ano comemorativo, que correspondia ao IV Centenário da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo. Segundo Sílvio Luiz Lofego (2004), a comemoração ganhou a dimensão <strong>de</strong> portadora<br />
da memória paulistana, fazendo da evocação do passado <strong>um</strong>a das suas marcas mais<br />
expressivas: trouxe para o epicentro das festas a lembrança <strong>de</strong> marcos históricos. O momento<br />
impôs a produção <strong>de</strong> <strong>um</strong> manancial memorialístico, que constituiu <strong>um</strong> magnífico esforço <strong>de</strong><br />
concentração <strong>de</strong> forças para naturalizar a imagem <strong>de</strong> <strong>um</strong> elo entre o passado glorioso e <strong>um</strong><br />
futuro pre<strong>de</strong>stinado. Nesse contexto, Eucly<strong>de</strong>s Figueiredo <strong>de</strong>dicou o livro aos paulistas, no<br />
aniversário <strong>de</strong> sua imortalida<strong>de</strong>, e à memória <strong>de</strong> Palimércio <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong>, apresentado como<br />
“soldado brasileiro”, veiculando a guerra <strong>de</strong> 1932 às expressões da paulistanida<strong>de</strong>.<br />
No contexto político nacional, o assunto voltou a surgir no final do segundo governo<br />
<strong>de</strong> Vargas, marcado por conturbadas crises políticas e pela proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eleições do<br />
parlamento. A UDN e a imprensa, especialmente na figura <strong>de</strong> Carlos Lacerda, intensificaram a<br />
47 Em abril <strong>de</strong> 1945, o presi<strong>de</strong>nte Getúlio Vargas assinou o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> anistia a todos que cometeram crimes<br />
políticos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1934.<br />
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