Ficha - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
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AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE PROMOÇÃO<br />
DA INCLUSÃO PRODUTIVA DE JOVENS –<br />
SEGUNDA AVALIAÇÃO<br />
fIChA TéCNICA<br />
Instituição executora: pessoa física<br />
Equipe Responsável: Robert K. Walker<br />
Equipe SAGI: Maria Cristina A. Martins de Lima, Patrícia Costa, Júlia Modesto e<br />
Ângela Tonini<br />
Órgão de Cooperação Técnica Internacional: Programa das Nações Unidas para<br />
o <strong>Desenvolvimento</strong> (PNUD)<br />
Projeto: BRA/05/028 – Programa de Promoção da Inclusão Produtiva de Jovens<br />
Perío<strong>do</strong> de realização da pesquisa: março a novembro de 2008<br />
APRESENTAÇÃO DA PESqUISA<br />
Objetivos da pesquisa<br />
O Projeto <strong>do</strong> Programa das Nações Unidas Para o <strong>Desenvolvimento</strong> (PNUD)<br />
BRA/05/028 – Programa de Promoção da Inclusão Produtiva de Jovens, foi um projeto<br />
orça<strong>do</strong> em oito milhões de reais que ofereceu cooperação técnica e financeira para<br />
implementação de projetos de inclusão produtiva, visan<strong>do</strong> principalmente jovens entre<br />
18 e 24 anos de idade. O projeto previa ainda o desenvolvimento de meto<strong>do</strong>logias de<br />
monitoramento e avaliação e identificação de experiências exitosas para multiplicação.<br />
O objetivo deste estu<strong>do</strong> foi contribuir para a avaliação <strong>do</strong> Projeto PNUD e <strong>do</strong>s os<br />
36 projetos locais financia<strong>do</strong>s em mea<strong>do</strong>s de 2006. Esta consultoria teve o papel de<br />
consolidar as informações coletadas por to<strong>do</strong>s os consultores contrata<strong>do</strong>s no primeiro<br />
estu<strong>do</strong>, conjuntamente com os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s no segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />
Procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos<br />
Os critérios de avaliação utiliza<strong>do</strong>s foram defini<strong>do</strong>s pelo Comitê de Assistência para o<br />
<strong>Desenvolvimento</strong> (CAD), quais sejam: impacto, eficiência, relevância, efetividade e sustentabilidade.<br />
Acrescentou-se um sexto, a exportabilidade, que expressa o grau em que<br />
toda uma intervenção ou alguns de seus elementos são transferíveis (isto é, potencialmente<br />
poderiam fazer uma contribuição importante) a outro contexto.
Foi feito um estu<strong>do</strong> de casos múltiplos, com visitas a cinco projetos considera<strong>do</strong>s bons,<br />
com diferentes abordagens, nas diferentes regiões <strong>do</strong> País, além de observação e entrevistas<br />
com os principais atores, foram feitas e gravadas entrevistas narrativas com amostras de<br />
instruto¬res e de participantes.<br />
Principais resulta<strong>do</strong>s<br />
Dentre os projetos locais avalia<strong>do</strong>s, uma área de relevância praticamente garantida para<br />
os jovens é a informática. O mais comum, no entanto, foi encontrar, nestes cursos,<br />
pessoas em idade maior, principalmente mulheres, acompanhadas no empreendimento<br />
por alguns poucos jovens, muitas vezes seus filhos ou netos menores de idade. Três<br />
<strong>do</strong>s projetos nem atenderam aos jovens na faixa de 18 a 24 anos; para outro, faltaram<br />
informações a respeito.<br />
O fortalecimento da extensão universitária nas instituições públicas e comunitárias e,<br />
consequentemente, da aprendizagem estudantil no senti<strong>do</strong> mais amplo, é outro fator<br />
de relevância, pouco enfatiza<strong>do</strong> pelo Projeto PNUD. Contu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> a Instituição de<br />
Ensino Superior (IES) valoriza esse aspecto mais <strong>do</strong> que o próprio impacto pretendi<strong>do</strong><br />
na situação de pobreza e desemprego (e, eventualmente, <strong>do</strong> meio ambiente), tal fato<br />
prejudica a relevância de seu(s) projeto(s) para o interesse comum.<br />
Eficiência<br />
A modalidade de Carta de Acor<strong>do</strong> firmada com IES traz eficiências que muitas vezes<br />
faltam <strong>à</strong>s prefeituras, tipicamente mais afetadas pelos fatores de política partidária e<br />
solução de continuidade. Por outro la<strong>do</strong>, muitas vezes a IES somente consegue agilizar<br />
os desembolsos quan<strong>do</strong> os recursos estiverem na conta de uma fundação ligada a ela.<br />
Geralmente, a eficiência empresarial não é a característica forte <strong>do</strong> professora<strong>do</strong>, que se<br />
vê diante de novas demandas inusitadas ao se aventurar na seara da inclusão produtiva.<br />
O Projeto PNUD aju<strong>do</strong>u a articular diferentes secretarias <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Desenvolvimento</strong><br />
<strong>Social</strong> e <strong>Combate</strong> <strong>à</strong> <strong>Fome</strong> (MDS). Contu<strong>do</strong>, houve momentos em que<br />
falhas de comunicação prejudicaram o andamento <strong>do</strong> Projeto: cinco projetos sofreram<br />
demoras de 100 dias ou mais entre a solicitação da próxima parcela e o pagamento;<br />
para <strong>do</strong>is destes, essa demora ocorreu duas vezes. Houve demoras de 281 e de 236 dias.<br />
Efetividade e Sustentabilidade<br />
Para o Projeto PNUD, a efetividade se define pelo grau de alcance <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> final<br />
espera<strong>do</strong>, qual seja, a “ampliação da capacidade <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Social</strong><br />
e <strong>Combate</strong> <strong>à</strong> <strong>Fome</strong> de monitoramento e avaliação de políticas públicas e de programas<br />
de redução de pobreza”. Como muitas vezes ocorre com os projetos internacionais,<br />
o “desenvolvimento de capacidades” ocorre pontualmente, mediante a contratação de<br />
consultores; a sustentabilidade (o potencial de dar continuidade <strong>à</strong> efetividade alcançada
durante o projeto) se torna, portanto, problemática. A solução seria o desenvolvimento,<br />
com a ajuda <strong>do</strong>s consultores contrata<strong>do</strong>s, da aprendizagem organizacional.<br />
A Chamada para Apresentação de Projetos e o “Manual de monitoramento e avaliação:<br />
projetos de inclusão produtiva de jovens” determinavam que os próprios formula<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong>s projetos deveriam indicar como o projeto seria monitora<strong>do</strong> e avalia<strong>do</strong>. Os projetos<br />
encaminharam seus planos de monitoramento e, em princípio, os relatórios de<br />
monitoramento exigi<strong>do</strong>s para a aprovação das parcelas, a partir da terceira parcela. De<br />
fato, as informações variaram bastante quanto <strong>à</strong> regularidade e qualidade. Contu<strong>do</strong>,<br />
muitos evidenciaram potencial considerável para a orientação <strong>do</strong>s projetos e correção<br />
de rumos – potencial esse pouco apro¬veita<strong>do</strong>, pelo menos pelo MDS.<br />
As visitas <strong>à</strong> maioria <strong>do</strong>s projetos pela equipe de avalia<strong>do</strong>res e, na presente consultoria,<br />
a cinco projetos seleciona<strong>do</strong>s para a avaliação de casos múltiplos foram de grande valor<br />
na compreensão destes. No entanto, visitar muitos projetos locais não é um papel que<br />
possa ser regularmente assumi<strong>do</strong> pelo <strong>Ministério</strong>.<br />
Na última etapa da fase 1 <strong>do</strong> Projeto PNUD, a SAGI progrediu na montagem de um<br />
sistema de monitoramento on line, conten<strong>do</strong> quatro formulários, cadastros e relatórios<br />
de atingimento de metas.<br />
Impacto<br />
O impacto espera<strong>do</strong> pelo Projeto PNUD era a redução das desigualdades de faixa etária<br />
(maior desemprego na faixa de 15 a 24 anos), região (extrema pobreza no Nordeste) e<br />
raça (pre<strong>do</strong>minância de negros entre os mais pobres).<br />
Dos seis projetos nordestinos, cinco foram efetivamente de produção. O projeto Jovem<br />
no Mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> Trabalho (C/A 23), da Universidade Federal <strong>do</strong> Sergipe, apesar de não<br />
prever a produção e comercialização, trabalha em parceria com a Cooperativa de Agentes<br />
Autônomos de Reciclagem e proporciona faturamento bruto médio mensal de até R$<br />
1.000,00 e retirada média mensal entre R$ 35,01 e R$ 100,00. To<strong>do</strong>s os participantes<br />
são negros. O projeto é liga<strong>do</strong> ao núcleo local da Unitrabalho/Incuba<strong>do</strong>ra Tecnológica<br />
de Empreendimentos Econômicos Solidários.<br />
Os quatro projetos nordestinos de produção, foram de <strong>do</strong>is Centros Federais de<br />
Educação Tecnológica – CEFETs (<strong>do</strong> Ceará e da Paraíba) e da Universidade Federal<br />
da Paraíba (UFPB). Na Paraíba, o projeto Empreende<strong>do</strong>rismo na Rua (Penarua) foi<br />
único, no senti<strong>do</strong> de promover o microempreende<strong>do</strong>rismo juvenil (tipicamente envolven<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>is ou três jovens em cada empreendimento). Havia, entretanto, poucos<br />
casos de efetiva geração de renda. A sustentabilidade <strong>do</strong>s empreendimentos dependia,<br />
naquele segun<strong>do</strong> momento, de recursos para a nova aquisição de matéria prima para a<br />
continuação da produção.
Entre diversos projetos promissores, aquele com maior impacto e sustentabilidade<br />
já confirma<strong>do</strong>s é o PODES, hoje conheci<strong>do</strong> como Cooperativa Pirambu Digital, <strong>do</strong><br />
CEFET-CE. O número de coopera<strong>do</strong>s diretos é 24, <strong>do</strong>s quais 22 trabalham em tempo<br />
integral na cooperativa. Com a exceção de um jovem de classe média, to<strong>do</strong>s moram<br />
no próprio bairro Pirambu ou em outros bairros periféricos de Fortaleza. Ainda que<br />
o projeto não tenha foca<strong>do</strong> especificamente a questão racial, percebe-se que muitos<br />
coopera<strong>do</strong>s e beneficiários são negros ou par<strong>do</strong>s. A expectativa de renda média <strong>do</strong>s<br />
coopera<strong>do</strong>s após a implementação <strong>do</strong> projeto era R$ 1.200,00. No total, 120 jovens já<br />
haviam si<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>s ao merca<strong>do</strong> de trabalho. Confirma-se, também, o alcance<br />
<strong>do</strong> impacto social pretendi<strong>do</strong>: “uma vez incluso no merca<strong>do</strong> de trabalho, esses jovens<br />
continuariam na comunidade alteran<strong>do</strong> as formas de viver e conviver, diminuin<strong>do</strong> os<br />
índices de violência, amplian<strong>do</strong> a sustentação familiar e dan<strong>do</strong> exemplos para que outros<br />
jovens se integrem a projetos similares”.