daniel damião gomes seabra desenvolvimento e ... - Unifesp
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DANIEL DAMIÃO GOMES SEABRA<br />
DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE PROGRAMA<br />
MULTIMÍDIA APLICADO AO ENSINO DO CÂNCER DA<br />
PRÓSTATA<br />
Tese apresentada à Universidade<br />
Federal de São Paulo - Escola<br />
Paulista de Medicina para obtenção<br />
do Título de Doutor em Medicina.<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM UROLOGIA<br />
COORDENADOR: Prof.Dr. AGNALDO PEREIRA CEDENHO<br />
ORIENTADOR: Prof.Dr. MIGUEL SROUGI<br />
CO-ORIENTADOR: Prof.Dr. DANIEL SIGULEM<br />
SÃO PAULO<br />
2000<br />
1
INTRODUÇÃO<br />
Atualmente, a educação médica, em nível de graduação, praticada na<br />
maioria das Faculdades de Medicina do mundo, baseia-se em preceitos<br />
firmados no início do século XVIII: aulas expositivas e teóricas, ministradas<br />
em salas de aula com dezenas de alunos, associadas às aulas práticas nos<br />
laboratórios ou à beira do leito dos pacientes. Este último método, hipocrático,<br />
foi revivido por Hermann Boerhaave no século XVIII (SAFFRON, 1987 e<br />
MARGOTTA, 1998).<br />
Esse modelo está em crise e passa por importantes questionamentos.<br />
Dentre os motivos, destacam-se o aumento das restrições dos recursos<br />
financeiros destinados à manutenção e à criação de novos programas<br />
educacionais voltados à graduação médica (WAUGH, MAYER, EWY e col.,<br />
1995), a importância dada à memorização de conceitos em detrimento da<br />
intuição e da racionalidade (LANA-PEIXOTO, 1993), a relativa redução do<br />
número de profissionais dedicados ao ensino das disciplinas básicas, muitos<br />
deles desviados para a pesquisa (JONAS, ETZEL E BARZANSKY, 1993),<br />
assim como a redução dos membros das disciplinas clínico-cirúrgicas,<br />
empenhados no ensino dos residentes, na pesquisa e na extensão<br />
(SCHWARTZ, DONELLY, YOUNG e col., 1992). Fatores de menor<br />
importância, mas que devem ser lembrados, são a pletora de novas<br />
2
informações advindas das pesquisas científicas (FRIEDL, WIESHAMMER,<br />
KEHRER e col., 1996) e a diminuição da ênfase e do tempo dedicados às<br />
aulas práticas (SESTINI, RENZONI, ROSSI e col., 1995).<br />
Como conseqüência desses fenômenos tem ocorrido uma diminuição<br />
dos níveis de retenção de conhecimento e o aumento do desinteresse dos<br />
alunos com o sistema de ensino vigente (SCHWARTZ, DONELLY, YOUNG<br />
e col.,1992).<br />
Preocupando-se com estes problemas, em 1984, o relatório do “General<br />
Professional Education of the Physician” (GPEP) dos EUA, recomendou que<br />
o currículo médico deveria ser revisado, baseando-se menos em aulas<br />
expositivas e mais no estudo independente e na resolução de problemas. O<br />
objetivo seria aumentar o aprendizado ativo (modelo andragógico) e elevar os<br />
níveis de retenção de conhecimento (WOODS, JONES, SHOULTZ e col.,<br />
1988). A partir daí, houve um incremento da preparação de materiais de<br />
estudo independente, destacando-se as fitas de vídeo e os programas<br />
computacionais.<br />
O computador é usado para fins educacionais desde o início da década<br />
de 60. No entanto, somente após a revolução dos microcomputadores, no fim<br />
da década de 70, é que a informática se tornou viável economicamente para<br />
esse fim. Esperava-se, com o advento de aparelhos menos dispendiosos e<br />
relativamente poderosos, algo como uma reação em cascata: os<br />
microcomputadores tornar-se-iam disponíveis para propósitos didáticos,<br />
criando um mercado para os programas computacionais destinados à<br />
educação. Isto aceleraria o <strong>desenvolvimento</strong> de novos programas, o que<br />
tornaria os computadores mais úteis no ensino médico (JONES, WOODS,<br />
TOWBIN e col., 1986).<br />
3
No entanto, na década de 80, houve uma situação paradoxal: enquanto o<br />
<strong>desenvolvimento</strong> sinergístico de hardware e de software ocorria<br />
continuamente na informática de modo geral, situava-se apenas nos estágios<br />
iniciais da educação médica (PIEMME, 1988).<br />
Paralelamente, os primeiros programas computacionais destinados ao<br />
ensino médico não tiveram grande aceitação devido a dois fatores: pouca<br />
didática e falta de método em sua elaboração. Esse panorama mudou no<br />
decorrer da década de 90, quando se passaram a fabricar microcomputadores<br />
mais poderosos, suficientes para se manipularem quantidades massivas de<br />
informação, permitindo-se, desse modo, a criação de programas educacionais<br />
mais didáticos (CHODOROW, 1996). Aliado a esse fato, iniciou-se a<br />
normatização para o <strong>desenvolvimento</strong> dos programas computacionais<br />
dirigidos ao ensino médico (BERNARDO, 1996 e MARKS, PENSON,<br />
MALLER e col., 1997).<br />
Mesmo com os progressos que ocorreram na década de 90, torna-se<br />
necessário, ainda, definir o papel do computador no ensino da medicina<br />
(JAFFE & LINCH, 1996).<br />
O ensino baseado na informática é uma inovação que pode<br />
complementar a limitada educação tradicional oferecida aos estudantes de<br />
medicina (MARKOU, KOUKOURAS, PIMENIDIS e col., 1995). Além disto,<br />
o objetivo dos novos programas é descobrir um balanço da forma, na qual o<br />
valor dos métodos tradicionais de ensino pode ser preservado, com a máxima<br />
oportunidade de inovação (CALHOUN & FISHMAN, 1994). Ademais,<br />
princípios da psicologia cognitiva, como o auto-aprendizado e o aprendizado<br />
baseado na resolução de problemas, juntamente com os progressos recentes da<br />
informática, especialmente no campo da multimídia, estão propiciando as<br />
4
ases para o <strong>desenvolvimento</strong> de sistemas de ensino auxiliados pelo<br />
computador (FRIEDL, WIESHAMMER, KEHRER e col., 1996).<br />
O termo mídia é muito empregado em propaganda e, por definição,<br />
refere-se ao veículo ou meio de divulgação da ação publicitária. Em linhas<br />
gerais, refere-se ao método de divulgação de toda e qualquer informação. Os<br />
cinco meios mais conhecidos são: texto, som, imagens estáticas, animação e<br />
vídeo. Por conseguinte, a palavra composta "multimídia" (ou mídias, provindo<br />
do plural do inglês medium) é a combinação desses diversos meios.<br />
Corresponde à informatização do que, em arte e em pedagogia, se conhece<br />
como multimeios, com a vantagem da interatividade, ou seja, da possibilidade<br />
do usuário comandar o acesso à informação nela contida, de múltiplas formas,<br />
como em um diálogo (CARVALHO JR. & SABBATINI, 1994).<br />
O microcomputador permite criar, armazenar, manipular e expor todos<br />
os meios. O processo que viabiliza isso denomina-se digitalização. Programas<br />
multimídia são sofisticados materiais audiovisuais de ensino, construídos a<br />
partir de textos, ilustrações, fotografias, gravações de áudio ou vídeo e<br />
animações. Desde que digitalizados, podem ser mostrados na tela do<br />
computador (WEBBER & RINEHART, 1992 e MARKS, PENSON,<br />
MALLER e col, 1997).<br />
O valor potencial dos programas multimídia como ferramenta útil e<br />
eficaz para o ensino médico já foi demonstrado em praticamente todas as<br />
disciplinas médicas, incluindo a Urologia (VOLPE & SABBATINI, 1994 e<br />
TEICHMAN & RICHARDS, 1999). Entretanto, a maioria desses trabalhos<br />
não seguiram as normas de validação científica, não se podendo aferir o seu<br />
real valor como método de ensino. Na Urologia, o que mais se aproximou<br />
desse objetivo foi um programa multimídia sobre hematúria, desenvolvido no<br />
Texas, EUA, por TEICHMAN & RICHARDS, 1999. Neste estudo houve um<br />
5
incremento de 40% nas notas obtidas pelos alunos em uma prova após a<br />
utilização do referido programa. No entanto, não se utilizou um grupo<br />
controle. Isso teria aumentado a credibilidade do estudo.<br />
Procuramos desenvolver e validar um programa multimídia direcionado<br />
ao ensino médico em nível de graduação. Caso aplicado com sucesso para um<br />
determinado tópico, o modelo poderia ser estendido com maior abrangência<br />
para o ensino da Urologia e da Medicina de modo geral. O tópico escolhido<br />
foi o câncer da próstata, que apresenta relevância ímpar na prática médica<br />
atual (SROUGI, 1996). Trata-se da neoplasia não-dermatológica mais<br />
freqüentemente diagnosticada nos Estados Unidos, na Europa e nas regiões<br />
Sul e Sudeste do Brasil. Ademais, é a segunda causa de óbitos por câncer nos<br />
Estados Unidos e na Europa e a terceira no Brasil, sendo que neste último é o<br />
responsável pela morte de mais de 5.000 indivíduos por ano (SEABRA,<br />
1999).<br />
6
Os objetivos deste estudo foram:<br />
próstata,<br />
2. OBJETIVOS<br />
1) criar um programa multimídia didático sobre câncer da<br />
2) e validá-lo como instrumento de ensino para os estudantes<br />
de Medicina em nível de graduação.<br />
8
3.1- DESENHO:<br />
3. MATERIAL E MÉTODO<br />
O presente estudo caracterizou-se por ser prospectivo, duplo-cego e<br />
randomizado.<br />
3.2- LOCAL E ÉPOCA:<br />
O local escolhido para a confecção do programa multimídia foi o<br />
Departamento de Informática em Saúde – DIS, da Universidade Federal de<br />
São Paulo – UNIFESP, na cidade de São Paulo. Essa fase se iniciou em 01-07-<br />
1997 e terminou em 24-09-1999.<br />
3.3- PARTICIPANTES:<br />
Definiu-se como amostra para o estudo o total de 60 alunos do curso de<br />
Medicina da UNIFESP.<br />
10
3.3.1- Critérios de inclusão: permitiu-se que qualquer aluno do 3º<br />
ano médico da Instituição participasse do estudo.<br />
3.3.2- Critérios de exclusão: como a Urologia é uma disciplina que<br />
faz parte do 4º ano médico, muitos alunos deste ano já tiveram aulas sobre<br />
câncer da próstata. Por este motivo descartou-se a possibilidade de qualquer<br />
aluno desse ano participar do estudo. Não se permitiu, também, que os alunos<br />
do 3° ano, membros da LUA - Liga Urológica Acadêmica, participassem.<br />
3.4- INTERVENÇÃO:<br />
O método de criação do referido programa baseou-se na dissertação de<br />
mestrado “Metodologia para o Desenvolvimento de Projeto Multimídia<br />
aplicado ao ensino da Medicina”, de 1996, de autoria de Viviane Bernardo,<br />
membro integrante do Departamento de Informática em Saúde – DIS, da<br />
UNIFESP (BERNARDO, 1996). A metodologia esteve centrada em quatro<br />
subfases de <strong>desenvolvimento</strong>: definição do escopo, planejamento, produção e<br />
implementação.<br />
3.4.1- Definição do escopo: consistiu em delinear o objetivo<br />
principal do projeto, organizar o seu conteúdo, definir o público-alvo e<br />
especificar os recursos computacionais disponíveis. As etapas foram:<br />
3.4.1.1- Pesquisa: Esta etapa se caracterizou pela organização das<br />
idéias iniciais e pela identificação das necessidades dos alunos. Como idéia<br />
inicial, optou-se pela confecção de um programa computacional que pudesse<br />
ser aplicado ao ensino da Medicina. O tópico escolhido foi o câncer da<br />
próstata. Definiu-se, após discussões com o corpo docente do setor de Uro-<br />
11
Oncologia da Disciplina de Urologia da UNIFESP, que os alunos, caso<br />
estudassem o programa em <strong>desenvolvimento</strong>, deveriam, ao fim dele, ter<br />
adquirido níveis de conhecimento similares ou superiores aos obtidos com o<br />
ensino tradicional a eles ministrado no currículo ora vigente.<br />
3.4.1.2- Definição do conteúdo: Para se definir o conteúdo do<br />
programa em <strong>desenvolvimento</strong>, o autor baseou-se no conteúdo das aulas<br />
teóricas ministradas aos alunos do 4° ano médico da UNIFESP, assim como<br />
no de livros-texto disponíveis para os alunos estudarem. (ANEXO 1). A fim<br />
de torná-lo o mais didático possível, mas mantendo a interatividade comum<br />
aos programas multimídia, definiu-se que o programa teria dez capítulos: a) A<br />
próstata, em que, ao final, o aluno teria aprendido noções de anatomia,<br />
histologia, fisiologia, bioquímica e biologia molecular da glândula prostática;<br />
b) Etiologia, em que conheceria os fatores de proteção e os fatores de risco<br />
associados ao <strong>desenvolvimento</strong> do câncer da próstata; c) Epidemiologia, no<br />
qual teria noções da incidência, prevalência e mortalidade do câncer da<br />
próstata no Brasil e no mundo; d) História natural, para aprender as etapas da<br />
carcinogênese prostática, desde as fases iniciais até o óbito; e) Diagnóstico,<br />
para o conhecimento dos métodos empregados para se diagnosticar o câncer<br />
da próstata; f) Estadiamento, no qual compreenderia a importância do<br />
estadiamento do câncer da próstata, assim como os sistemas empregados para<br />
fazê-lo; g) Patologia, em que se forneceriam noções específicas sobre a<br />
neoplasia intra-epitelial e o sistema de graduação histológica do<br />
adenocarcinoma da próstata; h) Tratamento, com noções sobre os métodos de<br />
terapia do câncer da próstata localizado, localmente avançado e metástatico; i)<br />
Prognóstico, que apresentaria os conhecimentos sobre os fatores prognósticos<br />
associados à neoplasia, e j) Caso clínico, no qual vivenciaria uma situação<br />
12
hipotética de atendimento e de tratamento de um portador do câncer da<br />
próstata.<br />
3.4.1.3- Definição do público-alvo: o usuário-alvo definido foi o<br />
aluno do 3° ano médico.<br />
3.4.1.4- Análise dos recursos computacionais disponíveis: a)<br />
Recursos de software: definiu-se o Sistema Windows 95 como plataforma de<br />
<strong>desenvolvimento</strong> do programa multimídia. O sistema de autoria escolhido foi<br />
o Macromedia Director 6.5. A digitalização deu-se através da utilização do<br />
scanner HP 9600 dpi. Os meios disponíveis e que serviram de base para a<br />
criação das animações foram: 102 pranchas de desenho de autoria da<br />
ilustradora Ester Bueno, contratatada especialmente para esse fim ; 48<br />
fotomicrografias de câncer da próstata cedidas pela Dra. Kátia Leite, do<br />
Laboratório de Patologia Cirúrgica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo-<br />
SP; 96 fotografias, relacionadas ao tema câncer da próstata, obtidas pelo<br />
próprio autor, e 45 imagens digitalizadas de exames de imagem (radiografias,<br />
ultra-sonografias, tomografias computadorizadas, ressonâncias magnéticas e<br />
cintilografias ósseas) cedidas pelo Dr. José Marcelo A. de Oliveira, da<br />
disciplina de Diagnóstico por Imagem da UNIFESP e do Serviço de<br />
Diagnóstico por Imagem do Laboratório Fleury, em São Paulo-SP. b)<br />
Recursos de hardware: para a confecção do programa multimídia, o<br />
Departamento de Informática em Saúde – DIS disponibilizou dois de seus<br />
microcomputadores Blaster®, com processador Intel Pentium II®, 266 MHz,<br />
128 MB de memória RAM e 4 GB de mémoria em disco rígido.<br />
A subfase de definição do escopo iniciou-se em 01-07-1997 e terminou<br />
em 31-01-1998.<br />
3.4.2- Planejamento: teve como principal meta a criação do protótipo<br />
completo do projeto. As etapas foram:<br />
13
3.4.2.1- Organização do conteúdo: os conteúdos selecionados e os<br />
recursos de mídia obtidos durante a fase anterior foram organizados e<br />
esboçados seqüencialmente. Os tópicos foram estruturados de forma<br />
hierárquica, partindo-se do conteúdo geral para os detalhes específicos,<br />
respeitando-se a ordem dos capítulos listados em 1.1.2. Os esboços do<br />
conteúdo foram possíveis graças à utilização dos programas Microsoft Word<br />
7.0 (para os itens textuais que descreviam as seqüências de apresentação) e<br />
Microsoft PowerPoint 4.0 (para gerar telas de apresentação). Com os esboços,<br />
foi possível definir todos os elementos de mídia, efeitos sonoros, narração e<br />
conteúdo textual. Desse modo, montou-se o roteiro do projeto, ou seja, a<br />
seqüência de sua apresentação.<br />
3.4.2.2- Desenho da interface: consistiu na criação de telas gráficas e na<br />
determinação dos elementos componentes destas telas. Cada capítulo ou<br />
subcapítulo dispunham de esboços completos com padronização dos eventos<br />
(coerência na formatação dos textos, na barra de controle de navegação e na<br />
narração). Usou-se, nesta etapa, o programa Macromedia Director 6.5.<br />
3.4.2.3- Prototipação: consistiu na criação do protótipo do programa.<br />
Nessa etapa, testaram-se todos os elementos componentes do projeto: a idéia,<br />
a interface e a plataforma de hardware. Com o protótipo foi possível a<br />
padronização e a revisão de idéias. Usou-se o programa Macromedia Director<br />
6.5.<br />
08-1998.<br />
A subfase de planejamento iniciou-se em 01-02-1998 e terminou em 13-<br />
3.4.3- Produção: consistiu em construir o programa multimídia e testar o<br />
seu funcionamento. As etapas foram:<br />
3.4.3.1- Reunião de esboços finais: consistiu em organizar e reunir os<br />
esboços. O formato da interface foi determinado definitivamente. Acertou-se<br />
14
que a tela-padrão seria de fundo negro, com botões de navegação em azul, que<br />
ora permitiriam o acesso direto às informações na própria tela, ora<br />
transfeririam a navegação para outra tela com mais detalhes.<br />
3.4.3.2- Processamento da mídia: definiram-se as seqüências das<br />
animações e processaram-se os elementos de áudio.<br />
3.4.3.3- Análise de erro na programação: realizou-se uma verificação<br />
com o intuito de detectar e corrigir os erros de programação. Testou-se,<br />
exaustivamente, cada recurso e cada função do aplicativo, visando a garantir a<br />
sua operacionalidade.<br />
Esta subfase se iniciou em 14-08-1998 e terminou em 30-06-1999.<br />
3.4.4- Implementação: teve por objetivo disponibilizar o projeto<br />
multimídia para a utilização, assim como supervisionar o seu funcionamento.<br />
As etapas foram:<br />
3.4.4.1- Análise crítica do aplicativo: o projeto foi avaliado<br />
primeiramente pela equipe de <strong>desenvolvimento</strong>, ou seja, o Grupo de Educação<br />
do Departamento de Informática em Saúde da UNIFESP. Realizaram-se testes<br />
funcionais a fim de detectar erros de conteúdo ou de programação. Em uma<br />
segunda etapa, o orientador da tese, Dr. Miguel Srougi, corrigiu o conteúdo<br />
final e o co-orientador, Dr. Daniel Sigulem, corrigiu os erros de programação.<br />
A análise crítica do programa procurou assegurar a sua funcionalidade, de<br />
modo que os requisitos iniciais, contidos no item 3.4.1, fossem atendidos.<br />
3.4.4.2- Revisão final: uma vez realizados todos os testes e corrigidos<br />
todos os problemas, realizaram-se revisões adicionais do projeto, o que<br />
permitiu a correção de falhas de planejamento do conteúdo e acertos de<br />
irregularidades mínimas da programação. O resultado foi a versão final do<br />
projeto.<br />
Esta subfase se iniciou em 01-07-1999 e terminou em 24-09-1999.<br />
15
3.5- CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO:<br />
Após a fase de <strong>desenvolvimento</strong> do programa, o mesmo foi validado.<br />
Esta fase se iniciou em 15-09-1999, quando os alunos do 2º e 3º anos médicos<br />
da UNIFESP foram convidados a participar da avaliação do programa. Em 28-<br />
09-99, de um total de 60 alunos que aceitaram o convite, foram selecionados,<br />
aleatoriamente, dois grupos: o grupo I, com 31 estudantes, foi orientado a<br />
estudar o programa multimídia durante duas horas, através de navegação<br />
individual em 31 computadores da sala de aula do Laboratório de Informática<br />
do DIS. Simultaneamente, o grupo II, com 29 alunos, foi levado a assistir a<br />
uma aula sobre câncer da próstata, organizada com os mesmos tópicos<br />
apresentados no programa multimídia, com duração de duas horas, ministrada<br />
pelo Dr. Luciano Nesrallah, membro do setor de Uro-Oncologia da Disciplina<br />
de Urologia da UNIFESP. Logo após essa etapa, os alunos foram convidados<br />
a responder a duas avaliações: uma objetiva e outra subjetiva. A avaliação<br />
objetiva constou de uma prova com 25 testes de múltipla escolha, elaborada<br />
pelo Dr. Homero Arruda, membro do setor de Uro-Oncologia da já<br />
mencionada Disciplina (ANEXO 2). Adicionalmente, foi solicitado aos alunos<br />
do grupo I que procedessem a uma avaliação subjetiva do programa, através<br />
de um questionário com seis afirmativas baseado na escala de Likert, no qual<br />
deveriam responder se concordavam ou não com as respectivas afirmações<br />
(QUADRO 1).<br />
16
QUADRO 1 - Questionário de opinião baseado na escala de Likert.<br />
1) O programa é de fácil uso<br />
2) O programa é agradável<br />
3) O programa propôs-me feed-<br />
back imediato<br />
4) O programa foi didático<br />
5) Gostaria de ter programas assim<br />
para outros tópicos<br />
6) Programas como este já são<br />
suficientes para substituir o<br />
professor<br />
Discordo<br />
plenamente<br />
Discordo Não concordo<br />
nem discordo<br />
Concordo Concordo<br />
plenamente<br />
Os autores do programa multimídia não sabiam o conteúdo da aula<br />
teórica nem o conteúdo da prova. O Dr. Luciano Nesrallah, que ministrou a<br />
aula teórica, não sabia o conteúdo do programa multimídia nem o conteúdo da<br />
prova. O Dr. Homero Arruda, responsável pela prova, não sabia o conteúdo do<br />
programa multimídia nem da aula teórica.<br />
3.6- ANÁLISE ESTATÍSTICA:<br />
Com o auxílio da Disciplina de Bioestatística do Departamento de<br />
Medicina Preventiva da UNIFESP, utilizou-se o teste estatístico de Mann-<br />
Whitney para comparar as notas obtidas pelos alunos nos dois grupos. Para a<br />
rejeição da hipótese de nulidade considerou-se o nível crítico de 5% (p =<br />
0,05).<br />
17
4. RESULTADOS<br />
4.1- DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA MULTIMÍDIA<br />
SOBRE CÂNCER DA PRÓSTATA:<br />
Obteve-se um Programa Multimídia sob a forma de CD-ROM, com 250<br />
Megabytes de memória, 40 minutos de narração e navegação estimada em 120<br />
minutos.<br />
orientações:<br />
Para abrir o programa no computador, devem-se seguir as seguintes<br />
a) colocar o CD no leitor de CD-ROM;<br />
b) clicar no ícone "Meu computador";<br />
c) clicar em D: (ou na letra correspondente ao leitor de CD-<br />
ROM do computador);<br />
d) clicar em "Próstata". O programa abrirá.<br />
e) Com o programa aberto, ater-se a todas as informações da<br />
tela inicial, especialmente as referentes ao item “Como navegar”.<br />
19
4.2- VALIDAÇÃO DO PROGRAMA:<br />
A comparação entre as notas obtidas pelos alunos de ambos os grupos<br />
(TABELAS I e II) mostrou que a diferença entre elas não foi estatisticamente<br />
significante.<br />
TABELA I – Descrição do número de acertos obtidos pelos alunos na prova<br />
em um total de 25 testes.<br />
GRUPO I (CD) GRUPO II (AULA)<br />
Nº. Aluno Respostas corretas Nº. Aluno Respostas corretas<br />
01 9 01 12<br />
02 12 02 13<br />
03 12 03 13<br />
04 13 04 14<br />
05 13 05 14<br />
06 14 06 14<br />
07 14 07 14<br />
08 14 08 14<br />
09 14 09 14<br />
10 14 10 14<br />
11 14 11 15<br />
12 15 12 15<br />
13 15 13 15<br />
14 15 14 15<br />
15 15 15 15<br />
16 15 16 15<br />
17 15 17 15<br />
18 15 18 16<br />
19 16 19 16<br />
20 16 20 16<br />
21 16 21 16<br />
22 16 22 17<br />
23 16 23 17<br />
24 16 24 18<br />
25 17 25 18<br />
26 17 26 19<br />
27 17 27 19<br />
28 18 28 20<br />
29 18 29 20<br />
30 18<br />
31 19<br />
21
TABELA II – Comparação entre o número de acertos obtidos pelos alunos na<br />
prova, em um total de 25 testes.<br />
Grupo Alunos<br />
Respostas corretas<br />
Média Mediana<br />
1 31 15,1 15<br />
2 29 15,2 15<br />
Teste de Mann-Witney, Z(U) = 0,488 (p > 0,005)<br />
Em relação a TABELA III e Gráfico 1, observamos que nenhum aluno<br />
discordou que o programa foi agradável e didático, todos gostariam de ter<br />
programas similares a este em estudo para outros tópicos da Medicina,<br />
somente 3,22% dos alunos discordaram que o programa foi de fácil uso e que<br />
não proporcionou memorização imediata e, em relação ao último item, 74,2%<br />
discordaram da substituição do professor por programas similares a este em<br />
estudo.<br />
TABELA III- Opinião dos alunos do grupo I acerca das afirmativas sobre o<br />
programa multimídia (em %).<br />
Discordo<br />
plenamente<br />
Discordo Não concordo<br />
nem discordo<br />
Concordo Concordo<br />
22<br />
plenamente<br />
1) O programa é de fácil uso 0,00 3,22 6,45 32,25 58,08<br />
2) O programa é agradável 0,00 0,00 6,45 74,19 19,36<br />
3) O programa propôs-me feed-<br />
back imediato<br />
0,00 3,22 45,17 35,48 16,13<br />
4) O programa foi didático 0,00 0,00 0,00 77,41 22,59<br />
5) Gostaria de ter programas<br />
assim para outros tópicos<br />
6) Programas como este já são<br />
suficientes para substituir o<br />
professor<br />
0,00 0,00 0,00 48,38 51,62<br />
9,68 64,52 22,58 3,22 0,00
Gráfico 1 – Opinião dos alunos do grupo I acerca das afirmativas sobre o<br />
Substitui<br />
professor<br />
Outros<br />
programas<br />
Feed-back<br />
imediato<br />
Agradável<br />
programa multimídia (em %).<br />
Didático<br />
Fácil uso<br />
0 25 50 75 100<br />
conc comp<br />
concordo<br />
não/nem<br />
discordo<br />
disc comp<br />
23
5. DISCUSSÃO<br />
No presente trabalho, procuramos demonstrar que a técnica multimídia,<br />
com todos os recursos a ela agregados, pode ser um instrumento útil e eficaz<br />
para o ensino da Medicina. Para este fim, criamos um programa multimídia<br />
aplicado ao ensino do câncer da próstata e o avaliamos formal e<br />
cientificamente, tanto do aspecto objetivo como subjetivo. Isto foi possível<br />
através de um estudo em que 31 alunos do curso de Medicina da nossa<br />
Instituição navegaram no programa, enquanto 29 alunos assistiram a uma aula<br />
sobre câncer da próstata. Em seguida, compararam-se as notas obtidas em uma<br />
prova e as respostas a um questionário de opinião baseado na Escala de Likert,<br />
aplicados aos dois referidos grupos de alunos. Com este modelo<br />
demonstramos que o programa multimídia propiciou aos alunos o mesmo grau<br />
de aprendizado obtido através de uma aula teórica formal.<br />
O ensino médico praticado em nível de graduação passa por importantes<br />
modificações. O modelo atual baseia-se no binômio aula teórica/aula prática.<br />
O novo paradigma tende a alicerçar-se na resolução de problemas e no auto-<br />
aprendizado (SIGULEM, 1997). Neste contexto, o ensino baseado na<br />
informática e na utilização da multimídia é uma inovação que pode<br />
complementar a limitada educação tradicional oferecida aos estudantes de<br />
medicina (MARKOU, KOUKOURAS, PIMENIDIS e col., 1995).<br />
25
Existem quatro requisitos fundamentais para se justificar a adoção de<br />
qualquer novo sistema , tecnologia ou estratégia de ensino: rapidez na<br />
elaboração, menor dispêndio, maior facilidade e obtenção de melhores<br />
resultados (LINDSTROM, 1996).<br />
A tecnologia multimídia permite ao educador a economia de tempo pois<br />
possibilita a introdução de novos textos, gráficos, áudios, animações e<br />
gravações em vídeo. Estes podem ser rapidamente trocados, reeditados ou<br />
apagados em poucas horas, o que não é possível em um ambiente não-digital.<br />
Por exemplo, para corrigir ou atualizar os dados de uma revista médica, torna-<br />
se necessário, no mínimo, aguardar a próxima edição. Já para a reedição de<br />
um livro, são necessários alguns anos (ANDREW & BENBOW, 1997).<br />
Nos estágios iniciais, a adoção da multimídia no ensino médico mostra-<br />
se mais dispendiosa. Isto se relaciona diretamente ao método de confecção do<br />
novo sistema, em que são necessários gastos com o hardware e com o<br />
software. No entanto, à medida que a criação de novos programas multimídia<br />
dedicados à Medicina se populariza, os gastos diminuem de tal modo que a<br />
versão final (disponibilizada sob a forma de CD-ROM ou como página<br />
eletrônica da Internet) custa até dez vezes menos do que a versão em papel<br />
(CARVALHO Jr. & SABBATINI, 1994).<br />
A utilização de um programa multimídia é simples e fácil. Desde que<br />
existam orientações iniciais mínimas (como navegar, como utilizar os botões<br />
para avanço, pausa ou retrocesso, como sair do programa), não se necessita de<br />
muita familiaridade com o computador (MARS & MCLEAN, 1996).<br />
A utilização da multimídia para o ensino médico é, em tese, melhor do<br />
que os métodos tradicionais de ensino, porque a transmissão do conhecimento<br />
se torna mais eficiente e mais produtiva quando se utilizam imagens de alta<br />
26
qualidade, se adicionam som e movimento, se altera o conteúdo mais<br />
rapidamente e se reduzem os custos da produção (LINDSTROM, 1996).<br />
Outra diferença fundamental dos processos didático-instrucionais<br />
tradicionais (texto escrito e aula expositiva) em relação aos que utilizam a<br />
multimídia é que os últimos permitem que as diferenças individuais dos<br />
alunos sejam preservadas, já que quem impõe o ritmo e a ordem do<br />
aprendizado é o próprio estudante. A apresentação das informações não se faz<br />
de modo linear, pois o programa pode ter recursos que permitem examinar o<br />
material informativo em qualquer ordem, ou acessá-lo de acordo com a<br />
necessidade (VOLPE & SABBATINI, 1994).<br />
O resultado é um aprendizado mais ativo, direto, através de uma melhor<br />
visualização e, conseqüentemente, de uma melhor compreensão do tópico<br />
estudado (RICHARDSON & BIRGE, 1995).<br />
Associada a isto, a utilização da multimídia como método de<br />
aprendizado também parte do pressuposto de que se aprende mais<br />
rapidamente, compreende-se melhor e retém-se mais o conhecimento, quando<br />
nossos sentidos são estimulados de modo contínuo e em múltiplos níveis<br />
(LINDSTROM, 1996).<br />
A multimídia estimula continuamente o estudante, pois as narrações, as<br />
ilustrações e as animações mudam constantemente, enquanto que as pausas<br />
são freqüentes, fazendo que o aluno se mantenha mais atento. Por outro lado,<br />
em uma aula expositiva tradicional, os alunos mantêm-se alerta somente nos<br />
dez minutos iniciais. A partir daí, a atenção declina continuamente e só volta a<br />
crescer próximo ao encerramento (HINDLE, 1999).<br />
Estima-se em 20% a redução da carga-horária despendida em aulas<br />
expositivas com a adoção da multimídia no ensino médico (DICK, LEAVEN,<br />
DILLMAN e col., 1998). Além disso, as apresentações que incorporam meios<br />
27
visuais diversos, tais como os slides de 35 mm, as transparências e os gráficos<br />
coloridos, demonstraram ser 43% mais eficazes na compreensão do assunto do<br />
que as apresentações que não utilizam estes meios (LINDSTROM, 1996).<br />
Para se confeccionar um programa multimídia, deve-se utilizar um<br />
sistema de autoria. São programas computacionais que permitem ao educador<br />
preparar materiais didáticos, desde que se tenha familiaridade mínima com o<br />
aparelho, não havendo, porém, a necessidade do conhecimento de linguagem<br />
computacional aprofundada (MARKON et al, 1995). O sistema de autoria<br />
escolhido para confeccionar o programa multimídia aplicado ao ensino do<br />
câncer da próstata foi o Macromedia Director 6.5 . As principais vantagens<br />
deste programa no nosso estudo foram o provimento da estrutura hierárquica e<br />
a ordenação da navegação mista, por índice e não-seqüencial.<br />
A elaboração do programa procurou seguir os princípios que devem<br />
nortear a criação de programas multimídia para o ensino médico: elaboração<br />
simples, semelhante a um livro-texto, relativamente pouco dispendiosa e<br />
realizada em um ambiente completamente digital (TEICHMAN &<br />
RICHARDS, 1999).<br />
O conteúdo e o roteiro dos programas multimídia utilizados na área<br />
biomédica, como o nosso, devem ser desenvolvidos por médicos ou<br />
paramédicos, já que são eles os que podem proporcionar cognição nesta área<br />
(CONSTANTIN, 1996). A programação deve ser realizada preferencialmente<br />
por um informata médico, capaz de associar os conhecimentos da informática<br />
aos da área da saúde (VOLPE & SABBATINI, 1994).<br />
Dos meios disponíveis, textos, ilustrações ou fotografias, animações e<br />
gravações de áudio ou de vídeo, optou-se pela utilização de todos eles, à<br />
exceção de ilustrações com detalhes anatômicos complexos e de gravações em<br />
vídeo. A razão é que estes recursos, por serem demasiadamente sofisticados,<br />
28
pioram, de forma comprovada, o aprendizado, em vez de melhorá-lo<br />
(JOHANSEN & KRYUL, 1989).<br />
Validação, por definição, é o ato de se legitimar um fenômeno. Validar<br />
formalmente um programa multimídia como instrumento de ensino é<br />
importante para melhor se compreender o seu impacto na educação médica<br />
(LEE, AULT, KIRK e col., 1995).<br />
A importância do nosso estudo é que ele se apoiou num desenho<br />
experimental rigoroso, com validação científica da sua eficiência. Não houve<br />
preocupação com o nível de familiaridade dos alunos com o computador, já<br />
que sabidamente isto não restringe ou impede o uso do aparelho, desde que o<br />
programa computacional seja de fácil uso (MARS & MCLEAN, 1996).<br />
Optou-se pela não-aplicação de uma prova (pré-teste) antes do estudo<br />
(navegação versus aula), porque, mesmo sabendo-se que a aplicação do pré-<br />
teste não influi no resultado da prova aplicada após o estudo (pós-teste),<br />
também não influi no aprendizado final (HILL, 1992).<br />
A avaliação de um programa como instrumento de ensino pode ser<br />
dividida em dois âmbitos: o objetivo e o subjetivo. O primeiro, por exemplo,<br />
através da comparação das notas obtidas em uma prova. O segundo, através<br />
das respostas a um questionário de opiniões sobre a eficácia do método em<br />
estudo (RICHARDSON, 1997).<br />
No presente estudo, a avaliação objetiva constou da realização de uma<br />
prova com 25 testes de múltipla escolha, tendo como meta a verificação do<br />
aprendizado real do tópico câncer da próstata. O grupo I (que se utilizou do<br />
programa multimídia) obteve 60% de acertos, enquanto que o grupo II (que<br />
assistiu à aula) obteve 62% de acertos. A diferença entre os grupos não foi<br />
estatisticamente significativa (TABELA II).<br />
29
A avaliação subjetiva foi empregada apenas para os alunos do grupo I e<br />
constou da realização de um questionário baseado na Escala de Likert, que se<br />
caracteriza por delinear em um nível crescente a concordância para com a(s)<br />
afirmativa(s) em questão. No presente estudo, utilizamos a escala com cinco<br />
pontos, em que o estudante, em cada afirmativa, poderia discordar<br />
completamente, discordar, manter-se neutro, concordar ou concordar<br />
completamente. A partir de seis afirmações criadas pelo autor sobre a<br />
aceitação do programa, os alunos puderam mencionar o seu grau de<br />
concordância com elas. O objetivo desta fase foi analisar duas dúvidas<br />
educacionais: os alunos consideram satisfatório o emprego do programa<br />
multimídia para o ensino médico? (afirmativas de 1 a 5); na concepção deles,<br />
chegou o momento de o computador substituir o professor no ensino da<br />
Medicina? (afirmativa 6).<br />
Em relação à primeira dúvida, pode-se afirmar que, de modo global, os<br />
alunos aceitaram o programa multimídia de modo muito satisfatório: 90%<br />
concordaram com que o programa havia sido de fácil uso; 94% acharam<br />
agradável; 52% alegaram ter havido um retorno imediato (feedback) de<br />
conhecimento; 100% consideraram o programa didático e gostariam de ter<br />
programas como este para outros tópicos da Medicina (TABELA III e Gráfico<br />
1).<br />
Em relação à segunda dúvida, a grande maioria (74%) dos alunos<br />
discordaram da afirmação de que programas como este já são suficientes para<br />
substituir o professor.<br />
Os dados mostram que a utilização da multimídia no ensino da<br />
Medicina faz que os alunos tenham o mesmo desempenho e, por conseguinte,<br />
infere-se que obtenham os mesmos níveis de cognição, quando comparados à<br />
aula expositiva tradicional. O mesmo foi verificado em estudos realizados<br />
30
com a utilização de um programa multimídia sobre: Urologia Geral<br />
(KHANDRA & GUINEA, 1996), Neuroanatomia (LAMPERTI &<br />
SODICOFF, 1997), Técnica Cirúrgica (ROGERS e col., 1998) e Hematúria<br />
(TEICHMAN & RICHARDS, 1999). No estudo de KHANDRA & GUINEA<br />
(1996), a adição de um texto previamente à utilização do programa multimídia<br />
não alterou a eficiência do aprendizado final.<br />
Assim, a grande maioria dos alunos concorda com que o programa é<br />
agradável, didático, de fácil uso, além de proporcionar uma memorização<br />
imediata. Resultados semelhantes foram verificados em estudos que<br />
empregaram a multimídia para ensinar Riscos Ambientais e Ocupacionais<br />
para a Saúde Humana (FRANCO, 1991) e Fisiologia Humana (MARS &<br />
MCLEAN, 1996 e RICHARDSON, 1997). No entanto, os alunos não<br />
gostariam de ver os professores afastados do processo de aprendizado. No<br />
estudo sobre Riscos Ambientais e Ocupacionais para a Saúde Humana, o<br />
principal motivo alegado pelos alunos para explicar este sentimento foi a<br />
perda do “contato humano”, fenômeno impossível de ser verificado com o uso<br />
do computador (FRANCO, 1991).<br />
Com o presente estudo, não foi possível averiguar a retenção de<br />
conhecimento proporcionado pelo programa multimídia. Isto só seria possível<br />
se, após determinado período de tempo, os mesmos alunos fossem convocados<br />
e respondessem a mesma prova ou prova semelhante (com questões similares<br />
às do estudo original). Correr-se-ia o risco de eventual contaminação do<br />
resultado, caso algum(uns) estudante(s) conduzisse(m) estudos adicionais em<br />
câncer da próstata através de livros-texto ou de quaisquer outros métodos de<br />
ensino.<br />
Esta nova fase do estudo também poderia esclarecer outro ponto<br />
duvidoso, ou seja, qual a taxa de alunos que realizaria pesquisas adicionais<br />
31
sobre o tema após determinado período de tempo. Para este fim, seria<br />
necessário disponibilizar o programa multimídia para o uso domiciliar (por<br />
exemplo, sob a forma de CD-ROM). Esta informação seria importante, pois<br />
em um estudo com um programa computacional para o ensino do câncer,<br />
realizado há uma década, esta taxa foi de apenas 20% (RINGENBERG,<br />
JOHNSON, DOLL e col., 1989).<br />
A mudança de paradigma ocorre lentamente. O nosso estudo mostrou<br />
que a multimídia é um método útil para o ensino da Medicina e que, em<br />
termos de eficácia, é similar ao atual, baseado em giz, apagador, retroprojetor,<br />
projetor de slides e livro-texto, ambientado em uma sala repleta de alunos<br />
desmotivados. Prevê-se, para o futuro, a transferência de boa parte do ensino<br />
médico para o domicílio do aluno, onde ele poderá estudar do seu próprio<br />
modo (SIGULEM, 1997).<br />
A maneira pela qual isto será possível está em estudo nas grandes<br />
universidades mundiais, assim como na UNIFESP (SIGULEM, 1997). Vale<br />
lembrar que, com a tecnologia atualmente existente, a maior parte da<br />
informação científica necessária para o ensino e prática da medicina está<br />
disponível na ponta dos dedos, através dos teclados dos computadores<br />
(LANA-PEIXOTO, 1993).<br />
Ademais, páginas eletrônicas na Internet, relevantes para o ensino das<br />
disciplinas médicas, proliferam rapidamente. Inovações, como a inteligência<br />
artificial, o Hospital Virtual (baseado na tecnologia da realidade virtual), a<br />
Telemedicina e a Internet 2, uma nova rede mundial de computadores que<br />
interligará as universidades e centros de pesquisa de modo mais rápido,<br />
permitirão a simulação de casos clínico-cirúrgicos, assim como a transmissão<br />
mais nítida e em tempo real dos textos, animações, áudio e vídeo.<br />
32
O professor manter-se-á em seu posto. Os alunos, tal qual o nosso<br />
estudo também demonstrou, apesar de amplamente favoráveis à utilização do<br />
computador para o ensino da Medicina, não desejam perder o “contato<br />
humano”, afetivo, proporcionado pelo mestre. Mas o papel deste deverá ser<br />
revisado, pois, sendo o elo humano da nova corrente, provavelmente atuará<br />
como tutor ou guia, permanecendo disponível para as eventuais consultas<br />
assim como para sanar as dúvidas dos alunos.<br />
Finalmente, a postura dos estudantes frente ao novo paradigma também<br />
deverá ser mudado. As novas tecnologias educacionais provenientes da<br />
informática aprimorarão e fortalecerão a capacidade de aprendizado. Por outro<br />
lado, haverá um montante sempre crescente de novos conhecimentos advindos<br />
da pesquisa. Apesar da tutoria do professor, muitas vezes caberá ao próprio<br />
aluno, no regime de auto-aprendizado que o computador proporciona, saber<br />
pesquisar e selecionar as novas informações, separando as úteis das inúteis.<br />
33
6. CONCLUSÕES<br />
Em relação ao programa multimídia sobre câncer da próstata como<br />
instrumento de ensino médico em nível de graduação podemos afirmar que:<br />
1. Este programa proporcionou o mesmo nível de cognição<br />
que a aula expositiva ministrada pelo professor com experiência no<br />
tópico;<br />
2. Os alunos discordaram de que programas como este já são<br />
suficientes para substituir o professor e o contato professor-aluno.<br />
35
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42
RESUMO<br />
O modelo atual de ensino médico em nível de graduação está em<br />
debate, já que os níveis de retenção de conhecimento e o interesse dos alunos<br />
parecem estar declinando nos últimos anos. Para entender melhor esse<br />
fenômeno, desenvolvemos um programa multimídia sobre câncer da próstata<br />
com a intenção de avaliar o seu papel como um instrumento de ensino da<br />
Urologia em nível de graduação.<br />
Sessenta estudantes do terceiro ano médico foram divididos em dois<br />
grupos: Grupo I, com 31 estudantes, que foram expostos ao programa<br />
multimídia sobre câncer da próstata; Grupo II, com 29 alunos, que assistiram a<br />
uma aula expositiva sobre o mesmo assunto. No final, o nível de aquisição de<br />
conhecimento de ambos os grupos foi avaliado através de uma prova com<br />
testes de múltipla escolha. Adicionalmente, os componentes do Grupo I<br />
responderam a um questionário sobre suas opiniões no ensino baseado na<br />
informática.<br />
As notas obtidas pelos membros dos Grupos I e II foram similares (60%<br />
versus 62%, p>0,05). Por outro lado, a maioria dos estudantes (23/31),<br />
expostos ao programa multimídia, mencionaram que o professor não pode ser<br />
substituído pelo programa e que a interação com o professor ainda é relevante.<br />
44
De acordo com os dados do presente estudo, programas multimídia já<br />
podem ser utilizados como instrumento de ensino de graduação em Medicina,<br />
desde que adicionalmente seja oferecido um contato com o professor.<br />
45
SUMMARY<br />
The present model of undergraduate teaching is in debate, since the<br />
amount of knowledge retention and the students interest seems to be declining<br />
in the last years. To further clarify this situation we developed a multimedia<br />
program in prostate cancer aiming to evaluate its role as an instrument of<br />
undergraduate teaching in Urology.<br />
Sixty third year medical students were divided in two groups: Group I,<br />
31 students that were exposed to a multimedia program on prostate cancer.<br />
Group II, 29 students that attended to a classical conference on the same<br />
subject. At the end the level of knowledge aquisition from both groups was<br />
evaluated through a multiple choice test. Furthermore, the subjects from<br />
Group I answered a questionaire about their subjective feelings on the<br />
computer based teaching.<br />
The test performance from both Group I and II was similar (60% versus<br />
62%, p>0.05). On the other hand most of the students (23/31) exposed to the<br />
computer-assisted learning felt that the teacher was not well replaced by the<br />
multimedia program and the interaction whit the teacher still seems to be<br />
relevant.<br />
According to our data, multimedia programs already can be used as<br />
teaching tool for undergraduate education in Medicine, providing that a direct<br />
contact with the teacher is concomitantly offered to the students.<br />
47
ANEXO I:<br />
TABELA AUXILIAR DE CONTEÚDO<br />
O conteúdo do Programa Multimídia Aplicado ao Ensino do Câncer da<br />
Próstata foi baseado em informações retiradas das seguintes referências<br />
bibliográficas e páginas eletrônicas da Internet (listadas de acordo com a<br />
ordem dos capítulos do referido programa).<br />
Próstata<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In Câncer Urológico. Marprint Editora,<br />
Fotolito e Gráfica, Ltda. São Paulo, p 281- 359, 1996.<br />
SROUGI, M. - Hiperplasia Prostática. Editora Record, Rio de janeiro, 304p,<br />
1995.<br />
WALSH, P. C. & WORTHINGTON, J .F. - Doenças da Próstata. Martins<br />
fontes, são Paulo, 420p, 1998.<br />
Etiologia<br />
KIRBY, R.S., CHRISTMAS, T. J., BRAWER, M. - Prostate Cancer. Mosby,<br />
Londres, 170p. 1996.<br />
WALSH, P. C. & WORTHINGTON, J .F. - Doenças da Próstata. Martins<br />
fontes, são Paulo, 420p, 1998.<br />
49
Epidemiologia<br />
SEABRA, D. D. G. - Epidemiologia do câncer da próstata. Sinopse de<br />
Urologia, 3: 39-40, 1999.<br />
Estimativa de Incidência e Mortalidade por Câncer no Brasil em 1999.<br />
Instituto Nacional de Câncer/Ministério da Saúde<br />
www.inca.org.br/<br />
American Cancer Society's Prostate Cancer Resource Center<br />
www.cancer.org/<br />
História Natural<br />
NARAYAN, P. Neoplasms of the Prostate. In TANAGHO, E. &<br />
McANINCH, J. Smith's General Urology. Lange Medical Book, San<br />
Francisco, p 392-433, 1995.<br />
KIRBY, R.S., CHRISTMAS, T. J., BRAWER, M. - Prostate Cancer. Mosby,<br />
Londres, 170p. 1996.<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In Câncer Urológico. Marprint Editora,<br />
Fotolito e Gráfica, Ltda. São Paulo, p 281- 359, 1996.<br />
Diagnóstico<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In Câncer Urológico. Marprint Editora,<br />
Fotolito e Gráfica, Ltda. São Paulo, p 281- 359, 1996.<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In HERING, F & SROUGI, M. Urologia -<br />
Diagnóstico e Tratamento. Roca, São Paulo, p 363-67, 1998.<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In SCHOR, N. & SROUGI, M. Nefrologia<br />
Urologia Clínica. Sarvier, São Paulo, p 225-40, 1998.<br />
WALSH, P. C. & WORTHINGTON, J .F. - Doenças da Próstata. Martins<br />
fontes, são Paulo, 420p, 1998.<br />
50
Estadiamento<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In Câncer Urológico. Marprint Editora,<br />
Fotolito e Gráfica, Ltda. São Paulo, p 281- 359, 1996.<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In SCHOR, N. & SROUGI, M. Nefrologia<br />
Urologia Clínica. Sarvier, São Paulo, p 225-40, 1998.<br />
Patologia<br />
NARAYAN, P. Neoplasms of the Prostate. In TANAGHO, E. &<br />
McANINCH, J. Smith's General Urology. Lange Medical Book, San<br />
Francisco, p 392-433, 1995.<br />
KIRBY, R.S., CHRISTMAS, T. J., BRAWER, M. - Prostate Cancer. Mosby,<br />
Londres, 170p. 1996.<br />
WALSH, P. C. & WORTHINGTON, J .F. - Doenças da Próstata. Martins<br />
fontes, são Paulo, 420p, 1998.<br />
Tratamento<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In Câncer Urológico. Marprint Editora,<br />
Fotolito e Gráfica, Ltda. São Paulo, p 281- 359, 1996.<br />
SROUGI, M. - Prostatectomia radical com preservação da potência sexual. In<br />
Câncer Urológico. Marprint Editora, Fotolito e Gráfica, Ltda. São Paulo, p<br />
361-76, 1996.<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In HERING, F & SROUGI, M. Urologia -<br />
Diagnóstico e Tratamento. Roca, São Paulo, p 363-67, 1998.<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In SCHOR, N. & SROUGI, M. Nefrologia<br />
Urologia Clínica. Sarvier, São Paulo, p 225-40, 1998.<br />
51
NARAYAN, P. Neoplasms of the Prostate. In TANAGHO, E. &<br />
McANINCH, J. Smith's General Urology. Lange Medical Book, San<br />
Francisco, p 392-433, 1995.<br />
KIRBY, R.S., CHRISTMAS, T. J., BRAWER, M. - Prostate Cancer. Mosby,<br />
Londres, 170p. 1996.<br />
WALSH, P. C. & WORTHINGTON, J .F. - Doenças da Próstata. Martins<br />
fontes, são Paulo, 420p, 1998.<br />
Prognóstico<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In Câncer Urológico. Marprint Editora,<br />
Fotolito e Gráfica, Ltda. São Paulo, p 281- 359, 1996.<br />
SROUGI, M. - Câncer da Próstata. In SCHOR, N. & SROUGI, M. Nefrologia<br />
Urologia Clínica. Sarvier, São Paulo, p 225-40, 1998.<br />
I CONSENSO BRASILEIRO DE CÂNCER DE PRÓSTATA - Sociedade<br />
Brasileira de Urologia. Fatores Prognósticos na Doença Avançada. BG<br />
Editora e Produções Culturais Ltda. São Paulo, p 65-67, 1998.<br />
52
ANEXO II:<br />
PROVA SOBRE CÂNCER DE PRÓSTATA<br />
Nome....................................................................................................................Data.............<br />
Escolha sempre a melhor alternativa:<br />
1. A próstata é uma glândula situada na base da bexiga que:<br />
a) tem a finalidade de armazenar o esperma,<br />
b) contrai para impedir a eliminação de urina,<br />
c) embriologicamente eqüivale ao útero na mulher,<br />
d) é irrigada por um ramo da artéria vesical inferior.<br />
2. O tecido prostático normal é composto por:<br />
a) glândulas excretoras e cápsula muscular,<br />
b) glândulas, ductos e estroma fibromuscular,<br />
c) glândulas, ductos ejaculadores e cápsula muscular,<br />
d) glândulas secretoras e cápsula muscular.<br />
3. O câncer prostático se desenvolve:<br />
a) principalmente das células das glândulas periféricas,<br />
b) geralmente nos ductos da região central,<br />
c) igualmente das glândulas, do estrroma e da cápsula,<br />
d) depende do estímulo da testosterona.<br />
4. No <strong>desenvolvimento</strong> do câncer de próstata,<br />
a) é necessário um evento genético no cromossoma 5,<br />
b) as alterações genéticas são mais numerosas que na hiperplasia benígna,<br />
c) a expressão do P53 é sempre positiva,<br />
d) surgem marcadores moleculares ausentes no indivíduo normal.<br />
5. Dentre os elementos abaixo qual(is) não se constitui(em) fator de proteção ao<br />
<strong>desenvolvimento</strong> do câncer de próstata?<br />
a) tomates devido a presença dos licopenos,<br />
b) soja devido a presença de licopenos,<br />
c) algumas raízes que produzem fitoestrógenos,<br />
d) beringela devido a vit A.<br />
6. Atletas que fazem suplementação com testosterona,<br />
a) têm 10-15% mais câncer de próstata histológico,<br />
b) podem ter mais câncer de próstata clínico,<br />
c) para se proteger devem ingerir 200 mg de AAS/dia,<br />
d) somente o podem fazer se a próstata for pequena.<br />
53
7. Atualmente devido às campanhas educativas para o diagnóstico precoce do câncer de<br />
próstata observa-se:<br />
a) maior prevenção das causas e diminuição da incidência,<br />
b) mais diagnóstico precoce dos estágios avançados,<br />
c) mais diagnóstico precoce da doença localizada,<br />
d) mais esclarecimento portanto menos necessidade de ir ao médico.<br />
8. Como deve ser feito modernamente a suspeita inicial do câncer de próstata ? Através<br />
de: (PSA- Antígeno prostático específico)<br />
a) exames periódicos sempre após os 40 anos,<br />
b) do toque prostático e o PSA,<br />
c) da ultra-sonografia e o PSA,<br />
d) dosagem do PSA total e do PSA livre.<br />
9. O PSA: (escolha a alternativa incorreta)<br />
a) se eleva na prostatite,<br />
b) se eleva na hiperplasia nodular da próstata,<br />
c) é uma kalicreína específica para o câncer de próstata,<br />
d) geralmente se altera em ciclistas.<br />
10.O câncer histológico de próstata:<br />
a) ocorre em ~60% dos homens aos 80 anos,<br />
b) ocorre em ~4% dos homens aos 40 anos,<br />
c) se manifestará em ~15% da população masculina,<br />
d) acomete igualmente negros e brancos americanos.<br />
11.Quanto à disseminação do câncer de próstata:<br />
a) depende da circulação colateral da próstata,<br />
b) geralmente atinge ossos por disseminação linfática,<br />
c) acomete ossos da bacia e coluna em ~2/3 dos pacientes,<br />
d) as metástases à distância são semeadas por via linfática.<br />
12.As metástases ósseas apresentam-se geralmente:<br />
a) com a distribuição axial de lesões osteolíticas,<br />
b) com a distribuição para o esqueleto apendicular e são osteoblásticas,<br />
c) com distribuição axial de lesões mistas, más com muita osteogênenese,<br />
d) após o <strong>desenvolvimento</strong> de lesões pulmonares.<br />
13.Em que estágio (TNM) você classifica um paciente com câncer de próstata,<br />
diagnosticado por biópsia porque apresentou apenas alteração no PSA?<br />
a) T1c porque é um câncer incidental (clínica e toque normais e PSA elevado),<br />
b) T1a porque independe do número de focos com câncer,<br />
c) T1b porque o toque não detectou nódulos,<br />
d) T1a ou b, conforme o número de nódulos microscópicos.<br />
54
14.Um paciente que apresenta ao toque glândula pétrea, fixa e PSA acima de 100ng/ml ,<br />
pode ser estagiado como:<br />
a) T4M0 se a ultra-sonografia for normal,<br />
b) T4N0 se os linfonodos pélvicos forem ausentes,<br />
c) T4M1 se apresentar metástase nodal,<br />
d) T4Nx se não for avaliado linfonodo.<br />
15. Atualmente a agressividade do adenocarcinoma de próstata é medida por meio do<br />
Escore de Gleason, que:<br />
a) valoriza o grau de anaplasia celular e das glândulas,<br />
b) valoriza o padrão glandular e o estroma prostático,<br />
c) valoriza todo o padrão histológico predominante com notas de 1 a 10,<br />
d) representa a soma dos padrões de anaplasia das células.<br />
16. O Escore de Gleason se correlaciona (quanto mais elevado maior a probabilidade), com<br />
os ítens abaixo exceto:<br />
a) presença de metástases ósseas,<br />
b) sobrevida dos pacientes,<br />
c) existência de hidronefrose obstrutiva pelo tumor,<br />
d) tamanho da próstata.<br />
17. O esclarecimento diagnóstico da origem de um adenocarcinoma metastático em<br />
linfonodo, pode ser feito por estudo imunohistoquímico com o seguinte marcador:<br />
a) PSA e fosfatase ácida,<br />
b) PSA e fosfatase alcalina,<br />
c) citoqueratina e fosfatase ácida,<br />
d) citoqueratina e fosfatase alcalina.<br />
18. Anátomopatologia de biópsia prostática com neoplasia intra-epitelial de alto grau<br />
indica:<br />
a) que o motivo da elevação do PSA foi esclarecido,<br />
b) que a biópsia deve ser repetida,<br />
c) que é pequena a probabilidade de câncer de próstata concomitante,<br />
d) que a lesão está prestes a se transformar em adenocarcinoma.<br />
19. Um paciente com 60 anos e com PSA de 6, adenocarcinoma localizado, e uma próstata<br />
de 60g, macia, deve ser tratado por meio de:<br />
a) braquiterapia,<br />
b) radioterapia externa,<br />
c) prostatectomia por via suprapúbica,<br />
d) prostatectomia por via perineal.<br />
55
20. Caso o paciente acima apresente Escore de Gleason baixo e expectativa de vida de 5<br />
anos, qual conduta você recomendaria?<br />
a) bloqueador anti-androgênico,<br />
b) orquiectomia,<br />
c) observação,<br />
d) radioterapia.<br />
21.Quando após 1m da realização da prostatectomia radical o PSA se encontra em 2ng/ml,<br />
você acredita que:<br />
a) se a margem cirúrgica for negativa deve haver doença residual não diagnosticada,<br />
b) é provável que exista doença metastática não diagnosticada,<br />
c) deve-se esperar mais tempo para concluir,<br />
d) o PSA está normal.<br />
22. O adenocarcinoma metastático é melhor controlado com bloqueio hormonal,<br />
a) porque as celulas tumorais são estrógeno-dependentes,<br />
b) porque antiandrogênios bloqueiam a função testicular,<br />
c) que impede a ação androgênica e o estímulo tumoral,<br />
d) porque a testosterona esta anormalmente elevada.<br />
23.O aparecimento de novas metástases e elevações seguidas do PSA, em paciente usando<br />
acetato de ciproterona, indica:<br />
a) que deve ser tratado com radioterapia e mudança do hormônio,<br />
b) que orquiectomia não funciona para estes pacientes,<br />
c) necessidade de quimioterapia,<br />
d) indica metástase hormonio-resistente se a testosterona estiver alta.<br />
24.Consideram-se fatores prognósticos para o adenocarcinoma, exceto:<br />
a) estádio da neoplasia e PSA,<br />
b) invasão da cápsula prostática e espaço peri-neural,<br />
c) volume tumoral e anemia,<br />
d) escore de Gleason e invasão de vesículas seminais.<br />
25.As complicações mais comuns com o uso da Radioterapia e Cirurgia Radical suprapúbica<br />
são:<br />
a) sintomas irritativos vesicais e impotência,<br />
b) hematúria e estenose de uretra,<br />
c) incontinência urinária e fecal,<br />
d) linfedema e fístula.<br />
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FOLHA DE RESPOSTAS<br />
Nome:...................................................................................................................<br />
1 ) a b c d<br />
2 ) a b c d<br />
3 ) a b c d<br />
4 ) a b c d<br />
5 ) a b c d<br />
6 ) a b c d<br />
7 ) a b c d<br />
8 ) a b c d<br />
9 ) a b c d<br />
10) a b c d<br />
11) a b c d<br />
12) a b c d<br />
13) a b c d<br />
14) a b c d<br />
15) a b c d<br />
16) a b c d<br />
17) a b c d<br />
18) a b c d<br />
19) a b c d<br />
20) a b c d<br />
21) a b c d<br />
22) a b c d<br />
23) a b c d<br />
24) a b c d<br />
25) a<br />
57